segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

UM ENCONTRO NA ESQUINA DA RUA...


(PLACA CRIADA POR MANUEL VILHENA, LOGÓTIPO DO BLOGUE DIAS QUE VOAM)




  São 14H00. Encostado na esquina da Rua dos Dias que Voam, a apanhar este sol que aquece a alma, está o meu amigo Henrique. Está com cara que desafia soco. Ele é comerciante estabelecido com uma pequena loja de pronto-a-vestir.
-Então, como é que vais? Estás a apanhar este solinho que nos faz tão bem? –interrogo.
-Ó pá, estou a ver se aqueço a alma. Hoje, não estou nos meus melhores dias. Não se faz nada. Nem os saldos ajudam. Estou sozinho na loja, não dá para ter nenhuma empregada. Tive de despedir a que tinha –tu conheceste. Custou-me tanto, pá! Mas que se há-de fazer? Às vezes até precisava… tantas vezes que tenho de encerrar para ir tratar de assuntos…
-Pois, eu sei, hoje é um problema destas microempresas –interrompo.
-Ó pá, mas está mal. Já viste as pessoas que estão no desemprego sem nada fazerem? Diz-me lá, o Estado, em vez de lhes dar subsídio de desemprego sem nada lhes pedir em troca, não poderia colocar estas pessoas a trabalharem nas empresas? O ordenado era pago pelo IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional, e as pequenas firmas apenas seriam obrigadas a pagar as contribuições para a Segurança Social…
-Querias ter logo os sindicatos à perna? –atalho eu. Vinham logo dizer que o Governo, para além de estar a desenvolver a precariedade, estava a contribuir para o enriquecimento sem causa das pequenas empresas.
Além disso, como sabes, já existe um programa de apoio aos desempregados, o POC, em que as empresas pagam mais 20 por cento sobre o subsídio de desemprego.
-Provavelmente seria assim, lá viriam os sindicatos, mas já viste os milhares de desempregados que andam por aí a polir esquinas sem terem nada para fazerem? Depois, e mais grave ainda, é o perderem o vínculo que os liga ao trabalho e, acessoriamente, vão sendo invadidos por um sentimento de inutilidade, que, tantas vezes, conduz ao suicídio.
É melhor continuar nesta vida? –Interroga-me o Henrique Ramalhete

5 comentários:

Nuno disse...

Acho que essa ideia é inexequível! Como é que se ia controlar a necessidade de se contratar um empregado para essas empresas? Ia estar a ser ocupado um lugar por um trabalhador que, para todos os efeitos, estava desempregado? Assim, estariam a fechar-se portas para potenciais empregos!!! Discordo totalmente da medida sugerida por esse senhor.

Cumprimentos,
Nuno Antão.

T disse...

A criação dessa placa tiponímica, logotipo do blogue Dias que Voam é da autoria e execução de Manuel Vilhena. Agradecia que lhe atribuíssem esse crédito na imagem que colocaram aqui.
Obrigada:)

LUIS FERNANDES disse...

Para o Nuno:
É assim Nuno, é daqueles problemas de pescadinha de rabo na boca. Não se vai à fonte porque o caminho é de cascalho áspero e parte-se sempre o cântaro na viagem. No entanto, e em subsequência maior, naquela casa, para se conservar o cântaro, morrem todos os inquilinos de sede.
Não sei se fui feliz na metáfora. Pelo menos tentei.
Um grande abraço e volte sempre.

LUIS FERNANDES disse...

Para o T:
É assim: fez muito bem em chamar-me a atenção para a minha negligência, mas, em minha defesa, declaro que "pesquei esta imagem aqui na Internet já há mais de um ano e, sinceramente, já não me lembro onde. Tenho uma vaga ideia que foi no blogue "O Jumento", mas não tenho a certeza. Acredite que tenho o máximo de cuidado -pode verificar ao longo dos post's-, mas, às vezes, por impossibilidade, como agora, meto a pata na poça.
Abraço e obrigado.

T disse...

A T, já agora:)
Não tem problema nenhum, já rectificou. Eu acho que as pessoas já se habituaram a a acreditar que essa rua existe. De qualquer forma, o seu a seu dono e no caso do Manuel, que no-la cedeu mas é o seu criador. Abraço:)