domingo, 31 de julho de 2022

UM PENSAMENTO CURTO EM RIMA

 

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Volta e meia surge uma guerra

e o Mundo gira apavorado,

esquecemos que tudo na Terra

é finito e tem o tempo contado...


MEALHADA: A POLÍTICA CÁ POR CASA…





Num comunicado plasmado ontem à noite na página do Movimento Independente Mais e Melhor, no Facebook, ficámos a saber que esta força política, que ganhou a Câmara Municipal nas últimas eleições autárquicas na Mealhada, reuniu com Guilherme Duarte, novo presidente nomeado há cerca de um mês pelo Governo para dirigir os destinos da Fundação Mata do Bussaco (FMB) durante os próximos cinco anos. Relembra-se que o agora escolhido, foi ao mesmo tempo, durante oito meses, de Fevereiro a Setembro do ano passado, ex-vice-presidente da edilidade e presidente interino da FMB em regime “pro bono”, trabalhar para o bem, sem retribuição, designado por Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal, na altura. A partir de Setembro de 2021, por o Partido Socialista ter perdido as eleições, sem salário de autarca, durante dez meses, ficou apenas com o ordenado de professor, vinculo a que estava adstrito ao Ministério da Educação.


MÁS LÍNGUAS


Dizem as más línguas, do costume e do contra, obviamente, que Marqueiro, que nunca tivera uma amizade por aí além pelo indigitado, pensando que a vitória estava no “papo”, ao remeter Guilherme para os confins da serra, longe da vista, longe do coração, por um lado, livrava-se de um “empecilho”, por outro, ficava bem na fotografia social.

Mas o destino é como uma faca que só tem um gume visível mas o outro não pode ser escamoteado e, a qualquer momento, numa total imprevisibilidade, pode surpreender o mais precavido. E foi o que aconteceu. De repente a casa política, estruturada num só homem vencedor, logo aceite tacitamente pelos seus pares sem revolta mas à espera da oportunidade do momento certo, caiu com estrondo, e com o fragor arrastou tudo. Como o vento que veio de longe e sopra perto com ferocidade, levou as amizades interesseiras e temporais de ocasião. Com a perda de poder de facto, afastou as moscas que voavam no círculo mais restrito e, nos dias que decorrem, politicamente, o outrora homem forte, bem assessorado e apaparicado, é hoje um homem sem exército, abandonado e sozinho, que, no balanço entre o bom e o mau, vale apenas pela marca que deixou no concelho nas últimas três dezenas de anos.

À frente da Concelhia do Partido Socialista- Mealhada desde 2009, alegadamente, será o resultado de uma gestão de longo-prazo, partidária unipessoal implantada na vertical, de cima para baixo, sem ligar aos “aparelhistas”, da base. E isto não é recente, já começou em 2013, com nomeações pouco ortodoxas – lembremos o caso da freguesia de Luso -, em que os preteridos, de arma em punho na barricada, aparentemente em “banho maria” mas totalmente alertas para, na altura certa, desferirem a palmada sem mão, só esperavam a sua queda. E, inevitavelmente entre o alho e o reviralho, o momento aconteceu.

Embora já afirmasse recentemente em reuniões de Câmara Municipal que “é muito provável que tenha de abandonar a vida política, pela minha saúde e a da minha mulher… e o seu contrário: “Se me querem calar, tirem o cavalo da chuva. Eu vou estar cá quatro anos”, é mais que provável Marqueiro, por falta de apoios internos, do partido, e externos, do povo que o elegeu, não aguentar o cumprimento do mandato.

Além de mais, mesmo fazendo parte da Comissão Política Nacional do PS, em Novembro, próximo, vai haver eleições para a Federação Distrital de Aveiro. Por conseguinte, se não deixar a concelhia nos próximos quatro meses por sua livre vontade, mais que certo, vai ser pressionado para renunciar. E esta falta de averbamento será a primeira “cambalhota” pessoal dentro do ciclo pós-eleitoral.

Mas não se pense que o ex-presidente camarário, que, no desempenho político, só olha olhos-nos-olhos quem o confrontar se for do mesmo grau, vereador, ou superior ministro, entrega o jogo facilmente ao adversário. Reconheçamos com admiração mais que merecida, Marqueiro, com a sua aparente pose humilde e pouco carismática – que ainda há pouco tempo em sessão de Câmara afirmou “Eu tenho uma mágoa na vida: fui acusado de ser desonesto. (…) Eu tenho uma vida de impoluto; a minha fortuna resume-se a cento e tal mil euros. Pode ver a declaração no tribunal.” - para além de não temer o confronto político e ser persistente nas suas intervenções, concorde-se ou não, é um político de rara coragem. Quem assistiu à última reunião de Câmara através de “streaming pode ver, no período atribuído ao público, um munícipe, de “peito-feito”, alegando ter sido destratado, intervir para lhe pedir explicações. Numa revira-volta argumentativa digna de registo, o chefe da oposição pareceu colocá-lo no seu lugar e o cidadão retrocedeu, quase pedindo desculpa.


LER NAS ENTRE-LINHAS DO COMUNICADO DO MIMM


Nitidamente, o comunicado emanado do Movimento Independente Mais e Melhor, presumidamente, pretende acentuar as clivagens políticas, e, mais que certo, até pessoais, já existentes entre Guilherme Duarte, presidente da Fundação Mata do Bussaco, e o ex-”maire, agora líder da oposição na Câmara Municipal. Relembramos que, mesmo sendo os dois filiados e companheiros de estrada no PS, na última reunião Marqueiro mandou umas farpas subtis ao seu correlegionário.

Embora a mensagem esteja assinada pelo MIMM, implicitamente, é subliminar a ressalva vincada da contradição das declarações feitas e, claramente, estamos perante um recado de Guilherme Duarte para Rui Marqueiro: Não venhas com um navio de promessas novas que a minha faina mudou.

É como se, inexplicitamente, o presidente da FMB aproveitasse a boleia para, sem falar directamente, dizer o que pensa sobre o seu ex-chefe hierárquico.

Por outro lado, a meu ver, o MIMM quer forçar a Concelhia do PS, presidida (ainda) por Marqueiro a sair do mutismo, do estado comatoso, onde se encontra há cerca de nove meses e a ganhar nova vida.

 

COMUNICADO DO MOVIMENTO INDEPENDENTE MAIS E MELHOR ACERCA DE UMA RECENTE REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MATA DO BUSSACO

 



MOVIMENTO INDEPENDENTE MAIS E MELHOR



Ao contrário do afirmado pelo sr. vereador Rui Marqueiro,

na última reunião de Câmara, não há uma necessidade urgente e

constante de transferências de meios financeiros para a FMB,

por parte da CMM. Inclusive, nem o salário do Presidente

da Fundação, que tanto o preocupa, está em causa.

Constatamos assim, que são falsas as declarações do, ainda,

sr. Presidente da Concelhia do PS na reunião de câmara.”



Fundação Mata do Bussaco – Um novo início depois da injustificável espera”


O Movimento Mais e Melhor reuniu com o sr. Presidente do Conselho Diretivo da Fundação Mata do Bussaco, prof. Guilherme Duarte, e foi recebido com cordialidade e espírito de cooperação, a mesma postura com a qual também o Movimento se apresentou.

O tardar da nomeação do Presidente da Fundação, por parte do governo e consequência dos novos estatutos, teve efeitos nefastos. Porém, a equipa de trabalho está motivada e todo o Conselho Diretivo, agora nomeado, está presente e cooperante.

Foi com agrado que recebemos a informação de que a FMB é financeiramente sustentável e o seu dia-a-dia está garantido. Tal como nos informaram, a gestão tem de ser rigorosa, como sempre, sendo que as receitas são suficientes para o cumprimento das obrigações da instituição (salários e outras despesas correntes do dia-a-dia).

Ao contrário do afirmado pelo sr. vereador Rui Marqueiro, na última reunião de Câmara, não há uma necessidade urgente e constante de transferências de meios financeiros para a FMB, por parte da CMM. Inclusive, nem o salário do Presidente da Fundação, que tanto o preocupa, está em causa.

Constatamos assim, que são falsas as declarações do, ainda, sr. Presidente da Concelhia do PS na reunião de câmara.

Esperamos que agora, em que foi finalmente decidido quem irá liderar a FMB, cessem as lutas internas do PS Mealhada pelo lugar, e que o sr. Presidente da FMB tenha estabilidade e suporte necessários para que possa desenvolver o seu trabalho e projectos para a nossa Mata do Bussaco.

Foi também com agrado que ouvimos que o apoio logístico e institucional da C.M. Mealhada para com a FMB tem sido fundamental, sempre disponível e célere na comunicação. É fucral que esta relação se mantenha, apesar das alterações aos estatutos que relegam a Câmara Municipal da Mealhada para o plano secundário das decisões e da vida da FMB.

Foi-nos comunicado também que há projectos ambiciosos e estruturantes para o futuro da Mata.

Estão a ser executados trabalhos de manutenção regularmente para a melhoria dos espaços e infraestruturas da Mata do Bussaco. Há também uma equipa de trabalho dedicada, competente e motivada que pode vir a ser reforçada.

A maior preocupação do Sr Presidente são os projetos com financiamento aprovado, havendo a necessidade de fundos para investimento, nomeadamente para a comparticipação nacional de fundos europeus.

Consideramos que a CMM deve apoiar os projectos para a Mata do Bussaco, porém na medida das suas capacidades e responsabilidades.

Defendemos que o Governo, que chamou a si a gestão da FMB, deve obviamente assumir a sua parte nestes financiamentos, tal como o ICNF, o Instituto do Turismo de Portugal e a Direção Geral de Património Cultural que tomam lugar na administração. Estas instituições devem também ser chamadas a apoiar a Fundação.

A Fundação Mata do Bussaco tem também capacidade de gerar recursos e a sua gestão deve procurar novas fontes de receita, parcerias e apoios que estão disponíveis no nosso tecido económico para melhorar as suas receitas. Deve promover e colocar à disposição dos privados todo o potencial do património, da imagem e do nome Bussaco. A Mata do Bussaco é recurso de valor incalculável e uma marca a potenciar!

O Movimento assume que estará presente, atento e ativamente cooperante com a Fundação.

Porque o sucesso da Fundação Mata do Bussaco é o sucesso da Mata do Bussaco e a Mata é de todos nós.


(Movimento Independente Mais e Melhor)


sábado, 30 de julho de 2022

UM PENSAMENTO CURTO EM RIMA…

 

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Somos todos tão iguais

neste mundo tão diferente,

filhos de tantos pais,

familiares de tanta gente...



sexta-feira, 29 de julho de 2022

O FOTÓGRAFO ESTAVA LÁ… E VIU, OUVIU, OU TALVEZ NÃO…

(com a devida vénia, imagem do DN)



Na SIC, foi anunciado há cerca de uma hora que Nuno Rogeiro e José Milhazes, os dois comentadores residentes que, há volta de quatro meses, diariamente glosam a Guerra na Ucrânia, só vão voltar a aparecer no canal de Balsemão para o próximo Setembro.

Temendo que esta interrupção abrupta possa ser fatal e catastrófica, gerando desmaios e neuroses colectivas, para muitos portugueses, já que sem estes dois reputados jornalistas não é possível, de modo nenhum, entender o grande conflito bélico, podemos antecipar em primeira mão que no Palácio de Belém já se trabalha a toda a força para tentar mitigar os efeitos psicológicos de uma medida tão estapafúrdia. Mesmo sem informar o Primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Pedindo o anonimato, a minha fonte adianta que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, já está em contacto com António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, e Tayyp Erdogan, presidente da Turquia, para que, mais uma vez, estes dois mediadores possam convencer a Rússia a suspender a invasão à Ucrânia até princípios de Setembro.

Acrescenta ainda o meu informador que o mais certo é Marcelo falar ao país no início da próxima semana. Pedindo desculpa em nome da SIC e sem juízos de valor, o presidente dos afectos vai contemporizar todos os fiéis seguidores desta dupla tão reconhecida e anunciar que brevemente, por serviços tão empenhados e relevantes, vai ser homenageada com uma comenda do grau de Comendador.

 

O FOTÓGRAFO ESTAVA LÁ… E VIU E OUVIU, OU TALVEZ NÃO…

 

(com a devida vénia, imagem da Nacional-Flash)



A velhinha para Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa:


Ó “xenhor” “prexidente”, por amor e "graxa" de “Noxo” “Xenhor” "Jexus" Cristo, “faxa” favor”, recolha a matraca. “Cale-xe”, porra!

Xempre” que o “xenhor” “bota” “faladura”, a “esclarexer” tudo - sem “faxer” “juíxos” de valor, está de “ber” -, a minha “cabexa” “parexe” que vai “arrebentar”.

Não aguento mais! Deixe-me “biber” mais uns anitos...”


quarta-feira, 27 de julho de 2022

RETALHOS DA ÚLTIMA REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)




Numa troca de palavras acesas, atirou o antigo “boss” ao novo pretor:

Eu não tenho confiança na sua honestidade”.

E erguendo no ar uma imagem ameaçou: “vou ceder esta

fotografia ao senhor Procurador da República.


Retirando as melancolias de fumaça que têm atravessado o tecto colectivo que nos cobre em consequência dos incêndios que devastam o país de lés-a-lés, nesta última Segunda-feira, dia de Reunião de Câmara Municipal, o Céu, sem nuvens, pintado de cor azul-marinho, apresentava-se limpo.

Na parede do Salão Nobre, em figurativo institucional, Marcelo Rebelo de Sousa, o revisor constitucional, com cara de enjoado, parecia estar a fazer um grande frete.

Mal o relógio da torre sineira da Igreja Matriz da Mealhada bateu as nove badaladas, António Jorge Franco, o homem do leme do navio autárquico, apresentou cumprimentos a todos os presentes e aqueles que se mantinham em casa a ver o encontro executivo através do YouTube, via “streaming” – nas suas costas, Marcelo não respondeu.

Rui Marqueiro, ex-presidente e agora líder da oposição, o vereador que, inevitavelmente, escrevo mais do que os seus pares todos juntos, pelas suas características singulares de intervenção, entre o irónico e a arte da prestidigitação, no retirar coelhos da cartola, parecia calmo e falava baixinho. E pelos tão famosos "Casos do Dia". Devagar, devagarinho, atirou a primeira seta ao comandante dos trabalhos: “já acabou as obras do Mercado?

E Franco respondeu: “não, não acabei as obras!

Em seguida, Hugo Alves Silva, o responsável pelo pelouro da juventude, puxou a brasa à sua sardinha e disse: “o Fest - o Festival da Juventude que decorreu na Quinta do Murtal no último fim-de-semana – correu muito bem! Contabilizámos cerca de três mil visitantes”.

Luís Tovim, da bancada de oposição, aquiesceu: “reconheço que o festival foi uma iniciativa bem conseguida. Dou os parabéns.

Perguntou ainda Tovim a Franco: “quanto custa a passagem da Volta a Portugal no concelho?”

Respondeu o prefeito:”custa 20 mil euros mais IVA.


E VEIO O PERÍODO DE INTERVENÇÃO DO PÚBLICO


Eram 10h00, momento de interregno dos trabalhos de agenda, tempo de ouvir o cidadão.

O primeiro a intervir foi um eleitor de Barrô. Apresentando uma dissertação sobre um possível (re)aproveitamento do magnífico espaço construído e ainda não inaugurado do novo Mercado Municipal, o munícipe recomendou e defendeu que a maioria, com envolvimento da oposição, impedindo que a edificação realizada se transforme em mais um “elefante branco”, seja criativa e capaz de dar a volta por cima e transformar o projecto vindo do anterior executivo num portão de oportunidade.

Sem compromisso vinculativo, por parte da maioria foi deixado no ar a ideia de “a ver vamos como diz o cego”.

A seguir falou outro munícipe. Afirmou que estava ali para pedir explicações ao senhor vereador Rui Marqueiro. Disse ainda o arguente que entre outras más-abonações o eleito, numa anterior reunião de Câmara, verbalizara que não o conhecia. Falou que, pela desconsideração aduzida, se considerava ferido na sua honra de empresário dinamizador de vários projectos de hotelaria na cidade Isso não é verdade, disse o queixoso, o “senhor doutor Rui Marqueiro conhece-me bem

Na contra-argumentação, disse o nosso mediático animador das lides parlamentares: “sentiu-se ofendido? Paciência!


E ENTROU-SE NO PERÍODO DA ORDEM DO DIA


Como já vem sendo hábito, a pedido da bancada socialista, havia quatro pontos inscritos na agenda do dia, o 2, o 3, o 4 e o 5 – este último, “Análise ao Gabinete de apoio do Senhor Presidente desde o início do mandato”, acabaria por ser retirado a pedido do chefe da oposição.

No ponto 2, “Análise à factualidade de acidente de trabalho” de um funcionário recentemente ocorrido, Marqueiro, virando-se para Franco, acusou de, a toda a pressa, se ter alterado o cenário para fazer crer que as normas de segurança estavam a ser cumpridas. E concluiu: “não se verificavam normas de segurança no momento do acidente.

Ripostou o visado: “lamento a sua posição. O senhor veio para aqui contar histórias. (…) O senhor quer criar aqui uma história.”

Numa troca de palavras acesas, atirou o antigo “boss” ao novo pretor:

Eu não tenho confiança na sua honestidade”.

E erguendo no ar uma imagem ameaçou: “vou ceder esta fotografia ao senhor Procurador da República.

E caiu-se no ponto 7, “Fixação do prazo para entrega do imóvel da Cafetaria da Alameda da Cidade”. Dado o prazo de 10 dias para o alegado incumpridor retirar o seu material do espaço comercial. 

E chegou o ponto 9, “Proposta de deliberação sobre representação do Município na ERSUC”.

Por António Franco foi dito que a percentagem da Câmara Municipal no capital da Empresa de Resíduos Sólidos Urbanos de Coimbra é de 8,34%.

Referiu ainda o nome do representante da edilidade no Conselho de Administração da ERSUC, José Calhoa.

E continuou: “A Câmara não se revê no actual representante” (eleito no tempo de Marqueiro). (…) Quem foi eleita foi a Câmara Municipal. José Calhoa representa a Câmara Municipal. (…) Não vemos ninguém por lá. (…) Por que não nos sentimos representados, estar lá ou não estar é a mesma coisa. Queremos acabar com esta representação.

Acompanhou Gil Ferreira, vereador da Cultura: “a pessoa deveria ter colocado o lugar à disposição.

Foi votada a não continuação da autarquia no Conselho de Administração da ERSUC e, com 3 votos contra dos socialistas, foi aprovada por maioria.


A PRÓXIMA REUNIÃO APENAS EM “STREAMING”


Por estarmos em Agosto, a próxima reunião será realizada no dia 9 e transmitida via “streaming”, “porque muitas pessoas estão de férias”, discorreu António Franco no final da reunião.


segunda-feira, 25 de julho de 2022

REUNIÃO DE CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA: OS CASOS DO DIA

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)


PRESIDENTE DA FMB GANHA MAIS DO QUE O PREFEITO


Foi no Período de Antes da Ordem do Dia, assim naquela coisa entre uma no “cravo e outra na ferradura” que o assunto foi chamado à colação por Rui Marqueiro, ex-presidente da Câmara Municipal de Mealhada e, em representação do Partido Socialista, agora líder da oposição.

No cravo, o ex-pretor urbano começou por “censurar” António Jorge Franco, actual presidente da edilidade, por este ter afirmado que a autarquia não meteria mais dinheiro na Fundação Mata do Bussaco.

Em tom de desaprovação, Marqueiro reprovou a afirmação de Franco e disse que a entidade, apesar de ter alguns projectos candidatos a fundos europeus, continua a precisar de ser financiada na gestão corrente. Para além disso, nos últimos dois anos a gestão só conseguiu ser equilibrada graças ao facto de Guilherme Duarte, não estar a auferir salário – já que, nomeado por Marqueiro, esteve em regime interino desde o início de 2021 e só há cerca de um mês o ministro da tutela o nomeou presidente efectivo.

Sobre esta alegação, respondeu o actual locatário do cadeirão maior não ser verdade. O que disse, isso sim, era que a Fundação, com recursos próprios, tinha de ser auto-sustentável e sem ser preciso a Câmara meter lá mais dinheiro. E rematou: “para investir bem fundamentado a Câmara Municipal da Mealhada estará ao lado da Fundação Mata do Bussaco.”

Quando tudo parecia indicar que o assunto estava sanado, Marqueiro dá uma na ferradura. E o atingido pela martelada foi o seu correlegionário Guilherme Duarte: “o senhor presidente da Fundação Mata do Bussaco ganha mais do que o presidente da Câmara Municipal. Com Segurança Social, aufere qualquer coisa como 6.000 euros por mês, vezes quatorze.

Fosse do calor extremo que se tem feito sentir nos últimos dias ou não, alguém ficou com as orelhas a arder lá para os lados da montanha maior do nosso concelho.


MARQUEIRO NO LIMBO JUDICIAL


Como se numa bivalência, por um lado, mostrasse que continua a dar cartas no campo da informação do concelho da Mealhada sobre assuntos públicos que o envolvem e só ele decide quando quer falar. Por outro, numa aparente mas implícita crítica ao jornalismo pobrezinho, graças a Deus, da nossa santa terrinha e que nem o mais pintado jornalista se dignou estar presente nas várias sessões de instrução do Tribunal Administartivo e Fiscal de Aveiro, Rui Marqueiro declarou hoje no denominado Período de Antes da Ordem do Dia que, apesar da sede de Instrução ter decorrido em Dezembro último, a “juíza tomou a decisão de adiar o processo”. E concluiu: “com o atraso dos tribunais administrativos e fiscais que se conhece, se calhar, eu ainda morro antes da decisão.

Relembra-se que “o ex-presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, e os três vereadores socialistas do executivo estão acusados pelo Ministério Público (MP) pela prática de vários crimes, entre esses abuso de poder e prevaricação, num processo de alegada regularização ilícita do vínculo contratual do assessor de imprensa do município, Miguel Gonçalves” – in Jornal da Bairrada

Estamos completamente de acordo com o desabafo de Marqueiro. Este deixar andar e queimar em lume brando a honra e a dignidade dos cidadãos pelos tribunais é intolerável. Não se admite, em qualquer margem da história e muito menos nos dias que decorrem, um absurdo deste calibre.


ANTEPROJECTO EM FORMA DE IDEIA COMPLEMENTAR AO NOVO MERCADO MUNICIPAL DA MEALHADA, APRESENTADO HOJE NO EXECUTIVO POR UM MUNÍCIPE

 



Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal de Mealhada


INTRODUÇÃO


NOVO MERCADO DA MEALHADA: SACO SEM FUNDO OU UMA OPORTUNIDADE?


Ao primeiro olhar a sua imponência volumétrica impõe-se e estranha-se. Por momentos, damos por nós a pensar que é um monstro de cimento a conspurcar a paisagem.

Damos uma volta, à sua volta, e a leveza da arquitectura paulatinamente entranha-se. Espreitamos através dos vidros e verificamos, com agrado, o seu arejamento saudável e complementado pela sua total exposição à luz solar e pouca dependência de energia eléctrica. Com mais uma circulatura em volta da área rectangular do edificado, estamos rendidos à sua beleza impressionista e moderna.

Aparentemente tudo parece pronto para cortar a fita da inauguração. Quer lá dentro do prédio, quer cá fora na área circundante, não se avista vivalma, como quem diz, qualquer operário a reparar seja o que for. Só o silêncio nos acompanha nesta empreitada de “espreita” e faz-nos sentir nefastos invasores de uma quietude quebrada.

No exterior, cerca de meia centena de lugares de estacionamento, e onde será realizada a feira semanal, esperam a sua ocupação.

No interior, com uma área coberta de aproximadamente 2000 m2, ao longo de toda a superfície visível pelo olhar, cerca de quatro dezenas de bancas individuais, apetrechadas com tudo do mais contemporâneo, para assegurar o asséptico, livre de germes, e a adivinhar o cheiro a novo, esperam os pequenos produtores do concelho. E também "com dois alinhamentos de bancadas fixas, permitindo a existência de 80 mesas de venda".

A Norte, a Sul, a Nascente e a Poente, em torno do palco de gentes, operadores e clientes que se adivinham, entre espaços administrativos, 16 lojas aguardam novos locatários.



ANTEPROJECTO EM FORMA DE IDEIA


I


António Luiz Fernandes Quintans, natural de Barrô, Luso, vem por este meio expor a V. Exª o seguinte:


1 - Em face do “imbróglio” gerado em volta do novo Mercado Municipal da Mealhada, em que com o edifício totalmente pronto, num obra adjudicada em cerca de três milhões de euros, aparentemente para que não se transforme em mais um “elefante branco” com custos incomensuráveis para os contribuintes, tudo indica parecer não se saber o que se fazer com o “monstro”;


2 - Assim sendo, em conformidade, na minha vontade de cooperar com o poder local adstrito à minha residência, tomo a liberdade de lhe apresentar uma ideia singular para preencher com originalidade todo o espaço coberto do novo Mercado Municipal. Um projecto que a ser levado à prática será, por ventura, o primeiro a ser implementado no país. Como referência, o mais parecido será o “Museu do Pão”, em Seia, já com uma vivência de mais de vinte anos.


II


MERCADO MUNICIPAL E CENTRO DE MESTERES ANTIGOS DA MEALHADA (ARTES & OFÍCIOS TRADICIONAIS)


3 – Chegados a este ponto, perguntará V. Ex.ª: afinal, em que consiste este anteprojecto? Pois bem, sem mais demora, apresento-lhe a ideia.


Em abstracção, imagine transpor a porta de uma moderna área comercial e deparar-se com uma vivência “retro”. Com pessoas a trabalharem vestidas à moda de um tempo recuado, onde o mobiliário era antigo, e até na forma de falar se empregasse o vocábulo “vossemecê”, “vossa mercê”.

Perante aquele museu vivo e interactivo, talvez V. Ex.ª deixasse cair o queixo com estrondo pela surpresa.



Pois bem, escrevo sobre um centro comercial, edificado em instalações modernas, virado para a contemporaneidade e, ao mesmo tempo, retratando cenas, usos e costumes de um passado não tão longínquo quanto isso.

Podendo interagir com a compra e venda do presente, pretende-se, acima de tudo, mostrar algumas profissões em vias de desaparecimento, ou já desaparecidas, a laborar interactivamente.

Paralelamente, junto a estes artesãos funcionaria uma parte museológica inactiva também respeitante a profissões já desaparecidas e outras temáticas – Mais à frente mostrarei a listagem para escolha.


4 – Antes de entrar em considerações mais profundas, embora o concelho detenha alguns museus, como sabe a cidade da Mealhada não possui nenhum. Ora, em face desta lacuna cultural, fará sentido pensar num projecto desta dimensão.


5 – A abrangência cultural que defendo para este projecto vai muito para além do local da sua implantação. Visa, sobretudo, a esfera e o alcance nacional – e por que não a internacionalização deste polo de manufactura e mecânico?

Na sua essência, pretende, como objecto, ser um museu vivo, uma estrutura de conhecimento do passado e para os nossos descendentes vindouros.

A ideia é ultrapassar a dimensão doméstica da cidade, dando-lhe uma projecção externa e mediática e explorá-la de uma forma pedagógica, abrindo-a à urbe, aos arredores, ao todo nacional, às escolas, permitindo aos alunos a sua experimentação e o conhecimento científico. Ou seja, transformar este Mercado Municipal e Centro de Mesteres Antigos (Artes & Ofícios Tradicionais) num polo de dinamização, de permuta de conhecimento, com trocas de experiências, e sobretudo permitir o enriquecimento da história do concelho através das suas profissões.

Tem ainda por ambição capitalizar futuros mecenas, assim como, também captar o espólio de coleccionadores de arte e de antiguidades em fim de vida.


III


6 – Como sabemos, para o bem e para o mal, nas cidades, a nível local e nacional, o espectro comercial tem sido invadido por grandes e médias superfícies comerciais modernas, levando ao progressivo desaparecimento de muitas lojas e ofícios tradicionais que fazem parte da nossa memória colectiva. Muito saber empírico, muita experiência adquirida que, se não houver sensibilidade social e política, inevitavelmente se irão perder. Então, tendo em conta que as cidades vão ficando mais desertificadas e que, a nível local, cada executivo autárquico terá de ser criativo, no sentido de trazer pessoas de outros lugares ao seu concelho, através de projectos originais.


7 – Aproveitando o já construído Mercado Municipal em fase de conclusão, juntando o útil prometido ao inovador agora apresentado, por que não juntar sinergias e abrir nas suas instalações um Centro de Mesteres Antigo, onde estariam representadas profissões já desaparecidas e outras em vias de extinção?

Assim como ilustrar a memória com estabelecimentos que só os mais velhos relembram, ou outros “ex-libris”, como exemplo, uma mercearia antiga (a funcionar) onde serão comercializados produtos endógenos, uma tasca antiga (a funcionar), um café/restaurante (a funcionar), um moinho de farinha (em representação figurativa), uma padaria onde se visse amassar o pão e a ser cozido no forno, o assar leitão ao vivo (a funcionar) com balcão para venda directa ao público.

Assim como, costureira-modista, relojoeiro, carpinteiro-marceneiro, barbeiro, construtor de instrumentos musicais, ceramista, arte do vime, alfaiate, ferro forjado (entre outras à escolha). Relembra-se que a nova praça tem 16 lojas.


8 – Estes pequenos estabelecimentos, em réplica o mais fiel possível, e algumas profissões estariam a funcionar, numa fase experimental, entre as 10 e as 19h00, de Segunda a Sexta-feira, e entre as 10 e as 22h00 ao Sábado e Domingo.

A montagem de adereços nas lojas, em principio, seria da responsabilidade dos agentes económicos sob tutela do pelouro da Cultura.


9 – Este parque temático funcionaria também como Escola de Artes & Ofícios Tradicionais. Com protocolo firmado entre instituições de ensino do género, CEARTE, por exemplo, relançar-se-iam workshops sobre várias profissões. Assim como outras áreas diversificadas: teatro, folclore, escutismo, carnaval performativo.


10 – várias profissões já desaparecidas, seriam representadas teatralmente ao Domingo no átrio da Praça Central, que seria no meio do salão, com diversos pregões a acompanhar.

Como amostra, entre muitos possíveis, o vendedor de banha da cobra, o amola-tesouras, o azeiteiro, o “pitrolino”, a leiteira, o vagabundo, o pedinte, o pastor, o ardina, a varina, a criada de servir, o fotógrafo “à la minute”, a prostituta, o paquete, o vendedor de gelados, o vendedor cigano de retalhos de pano.


11 – Assim como vários jogos tradicionais da nossa recordação: jogo do pião, jogo do pau, jogo do botão, gancheta de arco em ferro, volante de madeira, saltar à corda, atirar às latas, jogo da macaca, jogo dos rebuçados de feiras, cabra-cega, partir a bilha com venda, saltar ao cavalinho (mosca), jogo do saco, lencinho.


IV


12 – Deveria ser concessionada uma loja para velharias/antiguidades/alfarrabista.


13 – Deveria juntar-se os artesãos, floristas, outros pequenos vendedores, incluindo os de artigos da terra.


14 – Uma vez por mês, ao Domingo, deveria realizar-se uma feira de velharias, no Verão fora da zona coberta, no Inverno dentro.


15 – Recomenda-se que as futuras feiras de Artesanato e Gastronomia fossem realizadas na área envolvente a este Mercado Municipal.


16 – Não deve ser esquecida a vertente museológica relativa à água de Luso e aos centenários Refrigerantes Bussaco. Se possível, a área envolvente ao edificado, através de motores de sucção, poderia ser acompanhada de cascatas de água a correr.


17 – A ser levado a efeito um museu erótico, reservado a maiores de 16 anos, o acesso seria onerado.


18 – A cada mecenas doador de acervo museológico deveria ser dado o seu nome a uma sala durante um ano.


19 – Cada operador a laborar no novo mercado far-se-á inscrever na Autoridade Tributária como empresário em nome individual.


20 – A renda a pagar por todos os operadores deve ter um período de carência de um ano.


21 – Deverá ser levado em conta que há ofícios cujo saber é essencial transmitir aos vindouros, logo, por inerência, no seu ensino, não deverão ser onerados. Como exemplo: latoeiro, engraxador, cesteiro, sapateiro, arte em vime.


V


PERGUNTAS/RESPOSTAS


22 – P: como arranjar acervo para o pequeno museu inativo?

R: através de protocolo, com cedência de museus de Coimbra e de doações ou empréstimo de peças de propriedade particular.


23 - P: como seria apresentada a configuração do piso térreo?

R: seria diminuída a área ocupada com bancas e mesas.

No meio do salão seria criada uma praça em cujo centro estaria montado um carrossel da década de 1930/1940, que constituiria o “ex-libris” do empreendimento – este instrumento, provavelmente, único no país, seria cedido por mim a título gratuito durante cinco anos.



Em volta deste carrossel, na denominada praça central, actuariam os grupos de animação geral, folclore, teatro performativo, poesia, magia e outros.

VI



24 – Muito obrigado, senhor Presidente da Câmara Municipal, pelo tempo dispensado na consulta deste anteprojecto em forma de ideia.

Quero ressalvar que, ao apresentar este plano não pretendo acolher qualquer benefício. O que me move, dentro do espírito da cidadania activa, é poder contribuir para o engrandecimento do nosso concelho de Mealhada.


(em anexo algumas listagens de profissões em desaparecimento e vias de estar e fotografia do Carrossel antigo)

 ANEXO


PROFISSÕES EM VIAS DE DESAPARECIMENTO


- Afinador de pianos

-cerzideira

-Franjeira de Xailes

-Peruqueira

-Bordadeira

-Ajour

-Consertador de canetas

-Restaurador de cerâmica

-Técnico de Máquinas de escrever mecânicas

-Técnico de Máquinas de costura

-Vitralista

-Chapeleiro

-Resineiro

-Cauteleiro

-Ardina

-Amola-tesouras

-Datilógrafa

-Telefonista

-Azeiteiro

-Pitrolino

-Leiteiro(a)

-(Vagabundo)

-(Pedinte)

-Revolucionário

-Pastor

-Parteira

-Calceteiro

-Varina

-Onzeiro (espécie de agiota que emprestava dinheiro a juros de 11%)

-Albardeiro

-Ferrador

-Aguadeiro

-Moleiro

-Criada de servir

-Limpa-chaminés

-Fotógrafo “à la minute”                              

-(prostituta)

-Moço de fretes

-Paquete

-Carteiro

-Polícia sinaleiro

-Vendedor de Banha da Cobra

-Trapeiro

-Vendedeira de rendas

-Vendedeira de galinha e ovos

-Vendedor de castanhas assadas

-Vendedor de gelados

-Vendedor de corte de fato (cigano)

-Escamizada/apanha de azeitona/

-Caçador

-Paliteira (Penacova)

-Cigana a ler a sina

-A presciente da bola de cristal


ARTES


-Representação dos “Robertos”

-Carrinhos de rolamentos


JOGOS TRADICIONAIS


-Jogo do pau

-Pião

-jogo da malha/fito

-Jogo das moedas

-Jogo de cartas

-Jogo do botão

-Gancheta de arco em ferro

-Volante de madeira

-Saltar à corda

-Atirar às latas

-Dardos

-Jogo da Macaca

-Jogo da Roleta de rebuçados

-Fisga

-Cabra-cega

-Partir a Bilha com venda

-Saltar ao cavalinho (mosca)

-Jogo do Saco

-Jogo do lencinho

-Jogo do anel

-Jogo do prego



Com os melhores cumprimentos


Mealhada, 25 de Julho de 2022


(António Luís Fernandes Quintans)

 











sábado, 23 de julho de 2022

NOVO MERCADO DA MEALHADA: SACO SEM FUNDO OU UMA OPORTUNIDADE?




Ao primeiro olhar a sua imponência volumétrica impõe-se e estranha-se. Por momentos, damos por nós a pensar que é um monstro de cimento a conspurcar a paisagem.

Damos uma volta, à sua volta, e a leveza da arquitectura paulatinamente entranha-se. Espreitamos através dos vidros e verificamos, com agrado, o seu arejamento saudável e complementado pela sua total exposição à luz solar e pouca dependência de energia eléctrica. Com mais uma circulatura em volta da área rectangular do edificado, estamos rendidos à sua beleza impressionista e moderna.

Aparentemente tudo parece pronto para cortar a fita da inauguração. Quer lá dentro do prédio, quer cá fora na área circundante, não se avista vivalma, como quem diz, qualquer operário a reparar seja o que for. Só o silêncio nos acompanha nesta empreitada de “espreita” e faz-nos sentir nefastos invasores de uma quietude quebrada.

No exterior, cerca de meia-centena de lugares de estacionamento, e onde será realizada a feira semanal, esperam a sua ocupação.

No interior, com uma área coberta de aproximadamente 2000 m2, ao longo de toda a superfície visível pelo olhar, cerca de quatro dezenas de bancas individuais, apetrechadas com tudo do mais contemporâneo, para assegurar o asséptico, livre de germes, e a adivinhar o cheiro a novo, esperam os pequenos produtores do concelho. E também com dois alinhamentos de bancadas fixas, permitindo a existência de 80 mesas de venda", in Bairrada TV.

A Norte, a Sul, a Nascente e a Poente, em torno do palco de gentes, operadores e clientes que se adivinham, entre espaços administrativos, 16 lojas aguardam novos locatários.


PERGUNTAS QUE NOS ASSALTAM


1ª CONSTATAÇÃO


Sem fazer juízos de valor sobre a construção do novo mercado, quer no investimento, quer na localização – neste momento são externalidades, como quem diz, discussões estéreis -, sabe-se que o que está na origem deste projecto de implantação foi o facto do proprietário do terreno, onde funciona actualmente a velha praça junto à Igreja de Santa’Ana, a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, reivindicar a sua posse para ali construir uma valência geriátrica.

Em péssimas condições de alojamento, em chão de terra-batida, funciona apenas ao Sábado e, presumivelmente, com uma vintena e meia de pequenos retalhistas, entre fornecedores de “comida de rua” e pequenos produtores e intermediários.


2ª CONSTATAÇÃO


Com um concelho com cerca de vinte mil habitantes, a cidade da Mealhada detém actualmente duas médias superfícies: o Intermarché e o Lidl. A curto prazo um novo operador, o Continente e, ao que parece, a médio-prazo o Aldi.


3ª CONSTATAÇÃO


Tal-qualmente como outras pequenas cidades do Interior e Litoral, o comércio local, de rua, dito tradicional, na Capital do Leitão, no momento em que escrevemos, alegadamente, em resultado da uma procura rarefeita e incipiente, é pouco pujante a nível de oferta.


PERGUNTAS


Sem se saber nada acerca do Regulamento do Novo Mercado, interroga-se:


a) Pelos valores do investimento, mais de dois milhões de euros cabimentados, 2,148,000 € (mais IVA), o novo edifício comercial vai ter de funcionar todos os dias, de Segunda a Domingo, em regime de condomínio fechado, com um horário entre as 8 e as 19h00, certo? Ou errado?


b) Onde se vai contratualizar mais de uma centena de operadores para preencher os espaços disponibilizados? De que forma se vão conseguir receitas para amparar o seu funcionamento?


c) Perante a concorrência desenfreada que se adivinha, com custos acima da média, se não enveredar por uma linha inovadora, diferente de tudo o que se fez até agora, vai o novo Mercado Municipal aguentar-se? Se sim, durante quanto tempo?


INOVAÇÃO PRECISA-SE COMO PÃO PARA A BOCA


Num tempo em que tudo parece já inventado, e não é fácil ser-se original seja lá no que for, haverá alguma forma de, através de novos conceitos comerciais, criar no novo Mercado Municipal uma exclusividade, uma atractividade, única e singular, que faça convergir visitantes do país inteiro para a Mealhada e assim engrandecer em sinergias a riqueza local?