As eleições autárquicas na Mealhada, realizadas em 26 de Setembro de 2021, foram demolidoras para os dois maiores maiores partidos, abrindo uma grave crise nas suas concelhias.
O Partido Social Democrata (PSD), na oposição do executivo, até à data do sufrágio com três vereadores, perdendo dois, viria a eleger um único, Hugo Alves Silva, o cabeça de lista e, na altura, presidente da estrutura local – que, numa coligação negociada posteriormente, viria a integrar e a formar maioria no elenco do novo vencedor António Jorge Franco, à frente do independente Movimento Mais e Melhor.
Para muitos simpatizantes e filiados esta junção foi encarada como o “princípio do fim”. Argumentavam (e argumentam) que o “dormir com o inimigo” leva ao desaparecimento identitário do ADN de um partido que, não devendo nunca ser subalternizado e andar a reboque, deve apresentar-se sempre como alternativa de poder.
Essa oposição interna, sobretudo de descontentamento a Hugo Alves Silva, levou a eleições na concelhia em Abril deste ano. Foi eleito presidente da Comissão Política, Bruno Coimbra, actualmente deputado à Assembleia da República eleito pelo círculo de Braga.
A verdade é que, passados três meses desta nova equipa tomar posse, a laranja mecânica, aparentemente, não apresenta melhoras. Os entendidos na matéria diagnosticam à secção mealhadense o “efeito Rui Rio”, que consiste em, criando expectativas elevadas, prometer muito à entrada e aquando da saída deixar um lastro de desgosto e desmotivação muito piores do que encontrou. Há quem lhe chame vulgarmente “entrada de leão e saída de sendeiro”.
Por seu lado, Hugo Alves Silva, com pelouro na vereação, percorre empolgado, empenhado e com distinção, o seu caminho a solo e vai marcando o terreno para a próxima legislatura militar na equipa de António Franco.
E O OUTRO PARTIDO, QUAL É?
Outro grande partido de poder que se estatelou ao comprido nas eleições passadas foi o Partido Socialista (PS). Foi de tal aparato o trambolhão que, passados nove meses, ainda não saiu do divã psicanalítico e da terapia que visa restituir e firmar a sua identidade perdida.
Há quem diga que o choque sofrido foi de tal modo brutal e traumático que os seus representantes no executivo e na Assembleia Municipal ficaram com sintomas de bipolaridade. Ora estão em cima, e acusam a torto e a direito, assim como uma efusiva alegria e contentamento, ora estão no fundo, tristes e cabisbaixos, sem força anímica para fundamentar as acusações.
Um exemplo recente foi a queixa contra Carlos Cabral, presidente da Assembleia Municipal, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro, em que não consubstanciaram as infracções apontadas e o epílogo foi o arquivamento.
Há também quem afirme que o PS/Mealhada, depois de ser apeado do cadeirão, com um desnorte acentuado, ficou apático e que não responde a estímulos, provocações e acusações, venham elas de onde vierem, sejam de António Jorge Franco em particular, sejam do Movimento Mais e Melhor (MMM).
Senão vejamos: em 28 de Maio o MMM acusou declaradamente o presidente da Comissão Política do PS/Mealhada de perseguição ao presidente da Câmara Municipal.
Por parte do visado na acusação viu-se ou leu-se alguma refutação do partido? Nada.
Neste último 22 de Junho, ufano e garboso, o MMM veio a público publicitar a sua vitória conquistada à oposição, no intento de tentativa frustrada de manchar o presidente da Assembleia Municipal.
Quer nos jornais, quer nas páginas ligadas ao partido leu-se algum comunicado a justificar, de certo modo, a derrota nos preliminares do tribunal? Nicles.
Esta semana, foi nomeado Guilherme Duarte, socialista e ex-vice-presidente da autarquia “leitonense”, durante um ano e meio presidente interino, como indigitado para gerir os destinos da Mata Nacional do Bussaco. Alguém leu algum comunicado de contentamento pela nomeação (merecida) do seu correlegionário? Nem um pio.
A bem da Democracia participativa, esperemos que os dois partidos, PSD e PS, recuperem depressa desta recaída psíquica.
Vamos lá a arrebitar, pessoal! O concelho precisa, mas precisa mesmo, de vocês!