quarta-feira, 27 de março de 2019

CMC: AJUDAR QUEM PRECISA (À CUSTA DO ERÁRIO PÚBLICO) TRAZ SEMPRE UNS VOTINHOS EM NOME DA CARIDADEZINHA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)






Nesta última sessão do executivo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), decorrida nesta última Segunda-feira dia 25, foi aprovado por unanimidade a concessão de 150 mil euros para apoio na área da saúde às vítimas do ciclone que acaba de fustigar Moçambique.
É um gesto lindo, não é? Sem dúvida! De tal modo sem contestação que até a oposição votou em bloco por unanimidade! Aliás, tudo o que seja para doar à custa do erário público, o dinheiro dos contribuintes, a oposição, por medo de ser tomada como insensível à desgraça, à pobreza e a todas as questões sociais, nunca vota contra. Não vá o diabo tecê-las e perder uns votos nas próximas eleições autárquicas - que ocorrerão em 2021.
Mas voltemos ao caso concreto. Fica bem? Caro que sim! Qual é a dúvida? Perante a sua cara de descrente, leitor, pergunto eu? É certo que não se fez o mesmo em relação às vítimas dos incêndios de 2017, em Portugal, mas isto interessa para alguma coisa? Porra! Coimbra até foi bem generosa com os lesados da queimação dessa altura. Está a duvidar, é? Eu provo com factos: em Junho de 2017, com a participação gratuita de grandes músicos, a CMC fez uma grande gala solidária cedendo o Convento de São Francisco. Foi pouco? Você é um má-língua! É o que é! Por que raio continua com essa cara de safado? Está gozar comigo, é?
Com franqueza, com esse riso ranhoso e manhoso está a desdenhar da indiscutível boa-vontade do executivo conimbricense? Ora, se Moçambique precisa - que foi colónia sobre administração portuguesa, não se esqueça -, que mal tem? Você continua de dedo no ar, como a querer contra-argumentar? Está querer dizer que, em face deste subsídio agora atribuído, estamos perante uma duplicação do Estado Português? Ora, ora! Que importa que o Governo já tivesse mandado fretar dois aviões com ajuda humanitária, com militares, médicos e enfermeiros, e medicamentos? Faltava lá a oferta de Coimbra com cheirinho a fado. Tem algum mal? Coimbra é uma lição! Para os nossos nem por isso, sobretudo para alguns munícipes, mas na ajuda internacional dá cartas!
Não sei se sabe mas as autarquias gozam de autonomia perante o Estado central. Portanto legalmente podem distribuir o que entendam, aliás, repetindo, o dinheiro nem é deles… que tem você a ver com isso? Quer embirrar, não é? Se ficam todos bem na fotografia, nada há apontar. Homessa! É por essa sua implicação e de outros comentadores de bancada que o país não avança!
O que é que disse? Repita lá?!? Que nesta medida falta ética e moral? ÓOOOOOO! Desculpe lá, mas a moral e a ética não enchem barriga.

terça-feira, 26 de março de 2019

CRÓNICA DO MALHADOR (3)

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Ontem, mais uma vez, aconteceu uma sessão de câmara a descambar para o desrespeito entre o presidente e vereadores e entre estes e os munícipes presentes para intervir na sessão. Por este andar, ninguém se admire se, um dia destes, tal como em parlamentos de países de leste, houver uma cena de pugilato.
Segundo o que se visiona num vídeo publicado pelo Notícias de Coimbra -o único jornal online que, em tempo real, noticia o que se passa no hemiciclo -, tudo começou com o vereador José Manuel Silva a protestar contra o facto de, na qualidade de vereador, ter sido impedido de consultar um processo de um munícipe e, exacerbando a função a que está adstrito, ter colocado música de intervenção em alta voz. Escreve Silva: “(...) quando, no exercício democrático das minhas funções de vereador eleito, recorro aos serviços da Câmara para consultar formalmente um processo, na sequência de uma participação de um munícipe, e sou reenviado para os serviços de Atendimento Geral, considero que se trata de uma falta de respeito e transparência e de um obstáculo ao exercício da democracia” .
A emenda foi pior que o soneto, numa prova de pouca tolerância democrática (e política), com Machado a levantar-se da cadeira e a ir desligar o micro do vereador do movimento Somos Coimbra, e ameaçar levar o caso ao Ministério Público -sabendo antecipadamente que não há matéria de facto que o consubstancie, estamos no campo da chincana!
Continuando na lavra da falta de dignidade de um órgão público, com a intervenção cidadã prevista e prescrita no regulamento para as 17h00, apenas aconteceu às 18h50.
Nitidamente a querer despachar a toda a pressa o desempenho do munícipe (que, no caso, era eu), sublinhando que tinha três minutos quando o Regimento prevê dez, passou cerca de um quarto de hora a, numa demagogia digna de nota, elencar a obra feita do regime -obviamente sem responder a uma única questão formulada por mim.
Para mostrar que estamos todos muito bem entregues, Paulo Leitão, da Coligação Mais Coimbra, mostrando o pouco respeito para com o munícipe que estava a ser interpelado, deu em interromper o presidente e a exibir o relógio.
O que vimos foi uma cena lamentável, com os vereadores a arrumarem as suas coisas a toda a azáfama, esquecendo que havia pessoas à espera de intervir há cerca de duas horas.
Para complicar ainda mais, havia um outro munícipe alegadamente inscrito para se manifestar, conforme afirmou alto e bom som.
Como já estavam todos de malas aviadas para ir embora -notoriamente a expressarem que vão ali só por obrigação de função e pouco interessados em ouvir o público inscrito para expor as suas preocupações -, num quadro patético, lá foi Carlos Clemente, o adjunto do presidente, tentar colocar água na sua impaciência e, porque conhecia o acompanhante, falar com o munícipe e a pedir-lhe calma.
Tenham vergonha, meus senhores!


P. S. - Já depois da publicação deste post tive ocasião de falar com Paulo Leitão, vereador da Coligação Mais Coimbra (PSD/CDS-PP/PPM/MPT) sobre a sua actuação na sessão de câmara de ontem. Foi afirmado por este vereador sem pelouro que, embora pudesse ter criado outra interpretação nos presentes, ao olhar para o relógio e interromper Manuel Machado, não foi porque tivesse pressa para ir embora. A interrupção e o gesto simbólico tiveram por intenção pôr fim a um discurso demasiado longo e completamente demagógico. Para além de chamar a si todo o tempo de antena, Machado não permitiu o contraditório do munícipe presente na intervenção nem a interpelação política da oposição, enfatizou Paulo Leitão.


DEIXO AQUI O TEOR DA MINHA INTERVENÇÃO:




SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA, SENHORES VEREADORES, MEUS SENHORES E MINHAS SENHORAS
Como ressalva, antes de entrar no assunto que trouxe aqui, saliento a profunda falta de respeito que esta câmara tem para o seu munícipe. O Regimento prescreve as 17h00 para intervenção pública. Ora, o relógio marca 18h50, ou seja, uma hora e cinquenta minutos depois. Os senhores estão vinculados ao princípio do respeito e consideração pelo cidadão. Estamos perante um abuso de confiança - no sentido que o cidadão deposita a sua confiança nos seus representantes, e estes, que foram eleitos por serem o modelo de bom chefe de família e homem médio de bom-senso. Até compreendo que as sessões se possam prolongar, entendo também que dá muito jeito a este executivo que não haja alguém a intervir, porém é sua obrigação alterar o Regimento e, em vez de colocar o público a intervir no final, deve passar a ser no início da sessão.
E agora vou à questão principal:
Enquanto comerciante, munícipe e cidadão, venho aqui falar de um assunto que o senhor presidente está farto de ver mas, num lamentável alheamento, parece não querer saber: o acentuado declínio da baixa comercial. Custe o que custar, tem de acordar para a triste realidade: A BAIXA COMERCIAL ESTÁ A MORRER!
Desde há cerca de vinte e cinco anos que, sem sobressaltos de consciência cívica perante o deslizar para o abismo desta zona de antanho, assistimos a um assobiar para o lado da classe política na qual o senhor se insere. Interrogo: o facto de abandonar a Baixa à sua sorte e ser igual aos seus antecessores não lhe retira o sono?
Para consubstanciar, juntando a mais de uma centena na década anterior, no ano passado encerraram 32 estabelecimentos. Neste ano de 2019 vai em 7. O comércio tradicional está em queda livre no coração da cidade! O estado de desgraça é de tal modo caótico, e atingiu tal gravidade, que presumivelmente já não haverá antídoto possível para o inevitável desaparecimento da venda tradicional. Perante a lassidão colectiva, social e política, estamos a assistir ao extermínio de uma actividade que faz parte da história de todos os lugares habitados, a uma orquestrada destruição criativa do ofício físico mercantil.
Na actualidade, o comércio local não gera valor suficiente para se manter. Em média, as novas lojas não vão além de um ano em funcionamento. A debandada está em marcha! Sendo, como eu, um filho adoptado por Coimbra, não lhe dói o peito ao ver as imagens multiplicadas de lojas encerradas que se avistam destas janelas?
Desde o seu reingresso na política activa, em 2013, que o seu executivo continua a apostar no circo para fazer esquecer as mágoas. São festas para turista ver, o que, em benefício, não traz absolutamente nada para a revitalização desta área de compra e venda. O que afirmo, aqui e agora, é que estes eventos, de elevado “show off”, servem para criar uma atmosfera fogueteira, de fumaça e propagandista, e sem qualquer conteúdo de recuperação.
Com a conivência de alguma comunicação social acrítica e rendida ao sistema, escrita e falada, que só revela a fachada presumida e não o interior real onde prosperam as falências e o desespero das pessoas com contas para pagar, mostra-se falaciosamente um centro comercial de vida, pujante de turismo, que está na moda, activo e a mexer, como nenhum outro nacional.
É preciso que este executivo PS meta as mãos na massa e, com um capaz Gabinete de Apoio ao Investidor, capte investimento que crie emprego e chame pessoas para consumir na Baixa. Adivinho que vai invocar a recente inauguração do Centro de Negócios, na desaparecida Traje, na Praça do Comércio. Porém, como julgo saber, é uma iniciativa empresarial particular onde a câmara pouco ou nada interveio mas, pelo contrário, apanhando a boleia, se aproveitou do facto para eleitoralismo e justificar um desenvolvimento que, na prática, não existe.
A propósito, em Abril de 2018, segundo a imprensa regional diária, num projecto de 300 mil euros comparticipado pela CCDRC, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, esta Câmara atribuiu à APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, o montante de 55 mil euros para a instalação de 20 empresas “startups”, indústrias criativas, na Baixa. Cerca de um ano depois, quantas empresas já nasceram deste parto assistido geradas de pai incógnito?

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sábado, 23 de março de 2019

NOTÍCIA NO CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS

(Imagem do Campeão das Províncias"




Notícia retirada do semanário Campeão das Províncias)


Coimbra: Defesa da “Baixa” leva munícipe às reuniões de Câmara”


O “imperativo categórico” de defender a «Baixa» de Coimbra vai levar o munícipe Luís Quintans a intervir nas reuniões da Câmara Municipal, até que «a voz lhe doa».
A ida ininterrupta às sessões da principal autarquia de Coimbra deve-se, em parte, ao figurino de “paradigma de prepotência” imputado ao líder do Município, Manuel Machado, alegando António Luís tratar-se de uma conduta que ele julgava estar fora de uso em Portugal.
Impedido de intervir, a 25 de Fevereiro, embora argumente que se encontrava “devidamente inscrito” para o efeito, o munícipe regressou à praça de 08 de Maio, a 11 de Março, e promete voltar, a 25.
Irei até me cansar – o que pode levar vários anos –, estarei presente em todas as reuniões de Câmara para, no meu papel de munícipe, intervir no tempo reservado ao público”, declarou ao “Campeão” Luís Quintans.
Segundo o cidadão, foi “a tentativa” de Manuel Machado de “bloqueio de participação política” a fazer despontar no munícipe “um forte desejo de arreliar” o autarca.
Sinceramente, tenho esperança que o meu procedimento sirva de exemplo para incentivar mais munícipes a intervir publicamente”, confessa António Luís.

Neste contexto, ele exorta os conimbricenses a “perder a vergonha” e a “dizer o que pensam sobre os problemas” do Município. “Só assim, de uma vez por todas, poderemos mudar alguma coisa”, conclui.”

sexta-feira, 22 de março de 2019

EDITORIAL: O TEMPO DO FAZ-DE-CONTA QUE APAGA A REALIDADE

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)






A Baixa de Coimbra, na sua natureza de inalterabilidade, é constituída por quatro segmentos estruturais: a residência temporária, entendendo os novos projectos de alojamento local (AL), hotéis e antigas pensões, indústria hoteleira, compreendendo os cafés e restaurantes e tabernas, serviços, na sua função de prestação, a habitação de médio e longo prazo, integrando o núcleo familiar e estudantil, e comércio fixo, entendendo o comércio de rua. 
Como estabilidade natural de placas tectónicas no centro da Terra, se uma destas estruturantes entrar em colapso tudo entra em desequilíbrio e se desmorona.
Acontece que, sobretudo por carência de políticas de compensação, camarárias e governamentais, a habitação de médio e longo prazo e o comércio fixo estão em completa falência técnica. Esta falta de apoio da administração - ou melhor, o esquecimento a que foi votada nos últimos vinte anos -, está a mandar o Centro Histórico, na parte baixa da cidade, para o charco. Como navio em alto mar sem leme, a Baixa está completamente sem rumo. O comércio de rua, na sua grande maioria, não gera valor para se manter. Em consequência, com os novos estabelecimentos comerciais a durarem um ano de vigência, em média, na maior tranquilidade, sem que isso aflija minimamente os responsáveis, continuamos a assistir ao capitular de vários projectos, sonhos de uma vida -nos três meses deste ano já encerraram 7 lojas. No ano passado foram 32.
Sendo uma constatação aos olhos de todos, no entanto, desde há mais de uma década que escrever sobre o declínio que paulatinamente se abateu sobre esta parte velha foi sempre um problema. Embora já me habituasse de certo modo a ser apelidado de catastrofista, a verdade é que, aos poucos, fui deixando de perorar sobre o declínio que se abateu sobre a zona histórica.
Ora, para enganar os menos atentos e fazer calar os que gritam por socorro e fazer de conta que a Baixa está a mexer e a nadar em desenvolvimento, o que está a fazer o executivo do Partido Socialista com assento na Câmara Municipal? Fazer de um pequeno evento uma grande festa e trazer ministros e secretários de estado para os inaugurar. Com toda a comunicação social a noticiar e a publicitar qualquer pormenor sem importância, a mensagem de que está tudo bem e nunca como agora esteve assim passa e apaga qualquer protesto ou clamor contrário.
Nos seis meses que se aproximam, ninguém espere outra coisa a não ser descerrarem placas com grandes discursos de ocasião e foguetório com muito visual. Entretanto a Baixa, com imensos problemas para serem resolvidos, vai continuar igual a si mesma, ou seja, abandonada e em declínio.

BAIXA: UM CASO DE DEMÊNCIA QUE METE DÓ





De fonte segura, fiquei a saber que ontem à tarde o engenheiro Valdemar Caldeira, a quem chamei o eremita, por andar sempre sozinho e recusar qualquer ajuda, cerca das 18h00, ferido na cabeça, foi levado de ambulância para o hospital. Matemático de excelência, ao que se conta, embora seja herdeiro de grandes posses, nunca quis saber do dinheiro e, na actualidade, habitando numa casa desconjuntada pelo tempo de desleixo, vive na maior das misérias ali para o lado dos Campos do Bolão. Aparentando indigência e notoriamente sofrendo de perturbações mentais, nas últimas décadas, este homem arrasta-se a pé pela cidade. Para uns está pleno das suas faculdades, para outros há muito que deveria ser internado compulsivamente. Devido à sua longa idade e complicações de saúde física, locomove-se com dificuldade. No último mês correu um boato pela Baixa que teria falecido.
Ainda ontem falei (aqui) dele pelo facto de se postar no meio da estrada e, impedindo o fluir do trânsito, já por diversas vezes ter levado a PSP a intervir – ou seja, é retirado e levado para o lugar onde se acolhe. Por impossibilidade legal, ao que me foi dito, a PSP nada mais pode fazer.
Voltando ao seu transporte, ontem, para o hospital, diz a minha fonte muito indignada: “repara, já para o levar para o hospital foi de uma enorme dificuldade, foi preciso recorrer a uma psiquiatra conhecida que assinou um termo de responsabilidade. Duas horas depois, e vendo-se claramente que a sua saúde mental anda pelas ruas da amargura, deram-lhe alta e foi levado novamente para o seu casebre. Será que as autoridades não terão mesmo meios legais para intervir num caso destes de humanidade?
Ver aqui notícia no Diário as Beiras


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quinta-feira, 21 de março de 2019

COIMBRA: EM TEMPO DE ELEIÇÕES INAUGURAÇÕES A ESMO





Hoje, quinta-feira, a dois meses das Eleições para o Parlamento Europeu – vão realizar-se em 26 de Maio – e a cerca de seis meses das legislativas – a data anunciada é 06 de Outubro -, Coimbra foi palco de duas grandes inaugurações. A primeira, durante a manhã, foi a abertura parcial da Mata Nacional do Choupal com o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas. A segunda, durante a tarde, com a presença do Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, foi a inauguração das novas instalações da empresa The Loop Campany, um projecto com várias frentes, tecnológica e serviços físicos, no prédio da desaparecida Traje. Ainda com o rés-do-chão em obras, onde vai funcionar um estabelecimento de restauração e que vai ser aberto ao público em Maio, tal não impediu que um leque alargado de homens do poder que mandam chover na cidade como, por exemplo, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, e o vice-presidente, Carlos Cidade - que recentemente esteve internado por doença e que saudamos a sua volta à vida política – o vice-presidente da CCDRC, Veiga Simão, o recém-empossado Magnífico Reitor da Universidade, Amilcar Falcão, e o presidente da União de Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos.
Apanhando uma palavra aqui e ali, foi dito por Machado que “todo o fruto é vontade da semente” - imagina-se o que quer dizer com isto, mas não engolimos o apadrinhamento.
Quanto ao ministro Matos Fernandes lá foi dizendo que é um grande fã da empresa agora reimplantada – pudera se não fosse!
Não se pense que estou contra a empresa por, aproveitando a boleia da publicidade, ter sido instrumentalizada nesta época do vale tudo para ganhar eleições. Saliento que se estivesse no seu lugar aceitaria de igual modo o frete ao poder.
Ainda falando deste novo projecto que vem a ter a sua sede na zona velha, sem entrar em grandes esclarecimentos sobre os serviços que vai prestar, sabe-se que, alegadamente, cerca de quatro dezenas de pessoas vão trabalhar diariamente no antigo prédio do falecido José dos Santos Coimbra. Isto é, porque traz mais emprego e mais pessoas para consumir, para a Baixa é óptimo.

BAIXA: O GATO QUE COÇA A BARRIGA DE TANTO RIR

Resultado de imagem para um gato ri...



Há cerca de uma semana, certamente condoído e preocupado com o estado de alma de um solitário gato que teimava em assomar-se à janela de um prédio vazio de moradores na Rua Eduardo Coelho, alguém pediu auxílio às autoridades.
Tendo em conta o gaticídio que atravessa o pais, com elevado número de bichanos a colocarem um ponto final na sua curta existência, não é de admirar o alerta, dado que o animal estava sozinho, o que facilmente poderia levar a pensar que se encontrava profundamente deprimido e, em consequência, assistirmos a mais um suicídio na família dos felinos. As razões de tal acto extremo ninguém questionou, poderia ser passional, poderia ser uma chamada de atenção para o executivo municipal para o estado empobrecido do comércio na Baixa, ou sabe-se lá o que vai na cabeça de um gato que se mostra numa janela de uma rua vazia?
Veio uma viatura da PSP com dois agentes, vieram os bombeiros. Mas havia um problema: o prédio foi alienado há pouco tempo e não se sabia quem foi o adquirente, portanto estava-se perante uma enorme dificuldade. E se o felídio, perante tantos salvadores de almas sem alma, resolvesse atirar-se para o vazio? Aliás, não se compreende, como não veio também uma psicóloga?
Entre as várias mulheres presentes, uma das senhoras prontificou-se a servir de negociadora, mas o gato, coitadinho, mais que certo decepcionado e de orelhas moucas para esta sociedade esquisita, parecia não ligar peva. Aliás, até parecia gozar com a situação.
Perante o horrível desastre que se adivinhava passou cerca de uma hora, com os dois agentes da PSP e os bombeiros a olharem o Céu, como a pedirem a todos os santos que os livrassem daquela comédia trágico-cómica. É bom não esquecer que há cerca de uma semana, por falta de meios, a PSP demorou 2h30 a comparecer num acidente na Rotunda da Cidazunda.
Outra das senhoras, cujo nome deveria ser mencionado para no próximo Dia da Cidade ser condecorada com uma medalha de ferro forjado, preocupadíssima com o avançar da situação, fez vários telefonemas e, pasme-se, conseguiu saber quem era o dono do imóvel. Contactado o proprietário -que não se sabe se ainda vai ser objecto de contra-ordenação por albergar um hóspede sem identificação-, veio um seu emissário e abriu a porta principal. Subindo as escadas, deram de chofre com um gato que, especulando, coçando a barriga, ria a bandeiras desfraldadas. Para piorar, creio, não conseguiram por-lhe a mão sobre o pêlo. O mal-agradecido, por ventura, ter-se-ia escapulido por onde entrou.
Hoje, quinta-feira da quaresma, quadra que muito toca os cristãos e outras pessoas sem credo, pela segunda vez, uma velhinha, tão sozinha, coitadinha, vendo o gato à janela ligou para a PSP. Vieram dois agentes e sabendo o que se estava a passar por um residente herege, frio e pouco sensível, estranhamente, foram embora. A velhinha, coitadinha, curvada e ancorada na sua bengala declamando a sua frustração em alta-voz, lá foi embora debitando impropérios contra o morador e, se calhar, indignada contra o facto do Comando Distrital da PSP de Coimbra não colocar ali um polícia de plantão. Ora pois!


ENTRETANTO…


Por estes dias que vão decorrendo, o engenheiro Caldeira, um dos Rostos Nossos (des)Conhecidos e que, vagueando pela cidade em trajes de maltrapilho, baptizei de eremita, que, notoriamente sofre de perturbação mental, para muitos é um ícone da cidade, agora deu em se colocar no meio da estrada impedindo o trânsito de fluir. Nas últimas semanas, diz quem presenciou, na zona dos Campos do Bolão onde reside, já originou vários engarrafamentos. A PSP compareceu mas, supõe-se, por o homem, apesar de implicitamente sofrer de anomalia psíquica, ser humano nada pode fazer. Se ao menos o Caldeira fosse um gato….


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terça-feira, 19 de março de 2019

HOJE É O DIA DO PAI? OU DIA DOS FILHOS RELEMBRAREM O PAI?

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)







No meu tempo de criança – já lá vão tantas décadas quantos dedos de uma mão -, o pai era o esteio, o sustentáculo, a trave mestra da família. Na velha casa onde o sol penetrava no interior pelas frestas das telhas e sem pudor beijava tudo quanto mexia, incluindo o pulguedo e os animais que, nos currais por baixo, se avistavam pelos buracos do soalho, a sua voz firme era o princípio e o fim do verbo. Ali, abrangendo os quatro patas, todos, sem desobedecer, ouviam e calavam -e ai de quem se atrevesse a contestar, quem o fizesse era severamente punido no momento sem direito a alegações ou contraditório. Era uma autocracia em que o poder do líder era absoluto e ilimitado. Resultado de um tempo austero e de repressão, no entanto visto destes nossos dias, esta estranha forma relacional não era transversal a toda a sociedade. Como em tudo, e ainda bem, cada caso era um acaso.
Apesar disso, mesmo com o afecto paternal pregado por cavilhas que magoavam a carne, entre pais e filhos estabeleciam-se elos de ligação encadeados para a existência dos progenitores e primogénitos. Dito de outro modo, sendo um amor envergonhado, imposto de cima para baixo, mais autoritário do que sentimental, ficava cimentado e gravado para memória futura. Sem livro de instruções, sem exigir uma perfeição que nunca existiu nos humanos, qualquer um de nós, filhos, sabia que, quando a adolescência desaparecesse e os pêlos no rosto se tornassem abundantes, depois de contrair matrimónio, inevitavelmente, durasse pouco ou muito, acabaria a absolver os “excessos” educacionais do pai. Era uma espécie de primado em indulto geracional: perdoar ao pai para ser perdoado pelos filhos. Esqueceria as bofetadas espalmadas num momento de cólera, as cordas dobradas e as cinturadas arremetidas injustamente num corpo frágil, cuja pretensão final era o endurecimento precoce e a contenção de húmidas lágrimas escorridas em cara de anjo. Em consequência, os prantos, sentidos em sofrimento de exasperação, saíam secos como os couratos e os enchidos enrugados e fumados no fumeiro balanceando na chaminé. Era uma provação imposta aos jovens como se cada um, para merecer fazer parte dos adultos, tivesse que provar estar à altura das dificuldades que se adivinhavam para o futuro. A consequência deste trato, por vezes algo cruel, repetidamente, era passarmos toda a vivência a querer provar ao nosso criador sermos trabalhadores, fiáveis e dignos da prossecução do seu sobrenome.
Não havendo a comemoração mundial do Dia do Pai, a celebração, em respeito com beijinho nas costas da mão e a frase “sua bênção, meu pai”, era feita diariamente.
Para alguns de nós, que fomos filhos nesse tempo e hoje somos avós, o nosso pai, pela crueza da época, pela manifesta falta de carinho, sem um beijo ou um sorriso fácil, e dureza do trato, não foi o nosso herói. A sua única preocupação, sem dúvida, era fintar a fome que entrava sem pedir licença nos casebres mal-aconchegados e sem comodidades mínimas.
Hoje, nos dias que nos atravessam, que para fazer lembrar que o pai existe se recorre a um dia especial, mesmo assim, com a data exclusiva virada para a mercantilização, a maioria dos filhos, que tudo tiveram e tanto foram acarinhados, sem um tabefe para recordação, não se lembra que o pai existe. Onde quer que se encontre o espírito dos nossos progenitores, adivinho, estarão a rir de troça e a perguntar-se se, pela penosa lição recebida agora, esta é mesmo a futuração que tanto almejávamos?

terça-feira, 12 de março de 2019

BAIXA: É PRECISO ACABAR COM O CORROSIVO BOATO QUE ALASTRA

(Imagem da Web)





Desde há cerca de um mês que, por entre becos e ruelas, um boato alastra acerca do previsível encerramento do estabelecimento X – não o nomeio intencionalmente para não contribuir para a falácia. Porque me informei com quem sabe, posso garantir que é completamente mentira. Felizmente, a firma está de boa saúde e recomenda-se.
Por um lado, se eventualmente fosse verdade, isto sim, poderia constituir uma grande inquietação para os que se preocupam e amam a Baixa da cidade. Por outro, talvez por a zona comercial ser um doente a necessitar cada vez mais de intervenção cirúrgica, consegue entender-se a proliferação deste mexerico.
Como única intenção, ao escrever este impreciso apontamento, viso acabar com celeuma e tranquilizar. Alimentar esta coscuvilhice, como se imagina, só prejudica o ambiente. Descansemos todos que a Baixa, apesar de ter demasiadas lojas comerciais encerradas e ter perdido a pequena indústria, sem projecto aglutinador de substituição, e sem estratégia política pelo actual poder autárquico, na sua dinâmica natural, continua em busca de um porto seguro. Desde o tempo de D. Sesnando, governador da cidade há mais de um milénio, que este solo que pisamos, para além de ser muito fértil, é uma terra encantada.
Tenhamos muita esperança no futuro.

segunda-feira, 11 de março de 2019

CRÓNICA DO MALHADOR (2)


(Vídeo produzido pelo jornal online Notícias de Coimbra - com um enorme agradecimento)




Apesar de estar devidamente inscrito, para participar na penúltima reunião de câmara, no dia 25 de Fevereiro, fui impedido de falar em reunião do Executivo camarário por Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Hoje, mais uma vez devidamente inscrito, realizei a minha intenção.
Ao tentar bloquear a minha participação política, o chefe do executivo eleito pelo Partido Socialista criou em mim um forte desejo de o chatear mais vezes com a minha presença física no hemiciclo.
Talvez por me sentir profundamente decepcionado com a acção política de quem institucionalmente me representa -e a revolução começa obrigatoriamente por nós -, a partir de hoje, e até me cansar, de quinze em quinze dias vou levar um assunto ao plenário sobre a Baixa de Coimbra. Sinceramente, tenho esperança que o meu procedimento sirva de exemplo para incentivar mais munícipes a intervir publicamente. Se permitem, percam a vergonha e digam o que pensam sobre os problemas da cidade. Só assim, de uma vez por todas, poderemos mudar alguma coisa.
Para que seja avaliado, deixo aqui o teor da minha manifestação:


Senhor Presidente da Câmara, Senhores Vereadores, Senhores e Senhoras:
Antes de entrar na matéria que me trouxe aqui para intervir, vou fazer uma curta ressalva acerca do que se passou na anterior sessão de Câmara, no dia 25 de Fevereiro, em que apesar de ter cumprido o Regimento, ou seja, estar inscrito legalmente, fui impedido de tomar a palavra pelo senhor, presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
Graças ao empenho profissional do jornalista Fernando Moura – a quem dirijo um cumprimento com enorme admiração pelo seu trabalho em prol da comunidade - quero dizer-lhe, olhos nos olhos, dr. Manuel Machado, que vossemecê, estando obrigado ao dever de decência, foi indecente. Por esse facto deliberado de humilhação para a minha pessoa, pelas razões apontadas, você mostrou ao país como Coimbra, a urbe da tolerância, a Cidade do Conhecimento, é uma mera caricatura no todo nacional no relacionamento com o cidadão e, por si em exercício de tirania, destrata o munícipe neste plenário, na sua pública participação política. Já agora, a propósito, apesar de não estar presente, deixo também a pergunta ao vice-presidente Carlos Cidade: quem é que não cumpriu as regras?
Quero dizer-lhe ainda, Dr. Machado, que, de hoje em diante, vai ter de levar comigo nesta cadeira duas vezes por mês, durante dez minutos. Pelo seu modelo de paradigma de prepotência, que pensava fora de uso em Portugal, estar aqui em nome da Baixa, passou a ser uma obrigação social, um imperativo categórico. Desafio-o a, partir de agora, a coarctar-me a palavra no meu legítimo direito constitucional no exercício de livre expressão.

E agora sim, vou à matéria de facto:

Por ser longo, não vou perorar muito sobre este assunto. Acrescento, simplesmente, que se tratava de um documento que, obrigatoriamente, deveria ser exarado pela autarquia em 10 dias e demorou quase mês e meio. Nos entrementes existiu uma falta de cumprimento e de respeito por uma senhora funcionária.



sábado, 9 de março de 2019

HELENA FREITAS: A CARTA DE CONDOLÊNCIAS (SALIENTANDO QUE O FINADO FOI UMA VÍTIMA DA SOCIEDADE)







Esta semana, sob o título “Coimbra: uma cidade em contínua decadência”, o semanário Campeão das Províncias brinda-nos com uma eloquente carta de Helena Freitas – actualmente professora Catedrática do Departamento de ciências da Vida da Universidade de Coimbra. Outrora independente nas listas por Coimbra do Partido Socialista, o seu nome foi várias vezes propalado como séria candidata ao cadeirão-maior da Praça 8 de Maio. Nas eleições realizadas em 2009, foi líder da Assembleia Municipal pelo partido da rosa. Renunciou ao mandato em 2011 para ocupar o cargo de vice-reitora na Alma MaterJá nesta altura quando a oposição governava a cidade, mostrava-se muito preocupada com o estado depressivo da Baixa
Mais recentemente foi responsável pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, cargo que abandonou em Julho de 2017.
Mulher de surpresas várias, algo controversa e vacilante nas opções entre a gestão política e profissional, talvez desgastada com o rumo da política nacional e, certamente, decepcionada com o declínio acentuado da cidade, em Maio de 2018, inserido no 18.º aniversário do Campeão das Províncias, a bióloga escreveu um contundente texto que, disse quem sabia, abanou o gabinete da presidência do “Manel dos Audis”, Manuel Machado. Como escrevi na altura aqui: gostei, sim senhora! Volta e meia, quando a noite cai doce e serena numa terra de pasmaceira, há sempre alguém que irrompe e, reescrevendo a história, não aceita o situacionismo morno, paladino e bacoco. Escusado será escrever que há muitos seus correlegionários com as orelhas a arder.
Agora, nesta semana da quaresma, mais uma vez a princesa dos olhos tristes - como já lhe chamei – manda um murro na mesa em forma de grito surdo sobre o que está acontecer à cidade. Retirando algumas passagens, começa assim:
Coimbra revela-se, hoje, uma cidade profundamente decadente, aos olhos de quem a visita e para os que nela habitam. Talvez não seja assim para aqueles que não querem ver, condicionados por cartilhas esgotadas e lógicas corporativas arcaicas” -chamo a atenção para o sopapo esmagador desta última frase. Lamentando profundamente, é uma pena o que vem a seguir.
Já que sempre foi uma voz ouvida e, ao longo do tempo, fez parte do poder local instituído, sem desculpa para - como parece acontecer - se colocar completamente de fora desta derrocada urbana e social, desta tragédia que acontece perante os nossos olhos, num discurso dúbio, tentando acordar uma cidade sem auto-estima, moribunda, amorfa, calculista, servilista e curvada ao poder sentado da oligarquia institucional, Helena, salvaguardando a casa onde lecciona, a Universidade, que é tão conivente no situaccionismo quanto o munícipe eleitor e o que não vota, apela ao vácuo:
Os cidadãos que não se reveem neste estado de coisas, e que estimam uma urbe cuja singularidade histórica todos reconhecem, destacando-se a sua academia e estética medieval, não podem permanecer cúmplices no silêncio”.
Mostrando exemplos, esquecendo contudo que não há falta de oferta comercial na cidade bem pelo contrário. Aliás, por ser desmesurada e estar mal distribuída nas grandes superfícies licenciadas a esmo e sem critério pelos partidos do arco do poder com representação na urbe, por isso mesmo, é que assistimos paulatinamente à morte da Baixa mercantil. Continua Helena:
Não há espaço que não revele esta decadência: do parque verde e toda a sua envolvente, ao centro histórico da cidade e à limitada oferta comercial, às conectividades rodoviárias e ferroviárias, à desarticulação entre espaços de procura turística, ao desmazelo dos espaços urbanos mais nobres ou de intenso usufruto público. A negligência atingiu o impensável.”
Dando uma no cravo e outra na ferradura, salvo seja, colocando um pé dentro e outro fora, para que não se perca uma amizade que nunca existiu (digo eu), passou à ressalva:
Deixo claro que nada me move contra o actual presidente da Câmara Municipal de Coimbra; pelo contrário. Foi sempre da maior cordialidade nas poucas oportunidades de diálogo que tivemos. Mesmo na discordância. Mas não se pode confundir a relação pessoal com a avaliação de desempenho enquanto presidente da autarquia, nem seria justo atribuir-lhe a responsabilidade pelo estado geral da cidade.” Importa-se de repetir Dr:ª? Numa técnica sobejamente conhecida de Cavaco Silva, onde a verdade e o seu contrário marcaram o tempo do “nim”, Helena Freitas, neste parágrafo, borrou a escrita toda. Afinal está contra ou a favor de Manuel Machado?


NÃO SE ESQUEÇA DE MIM


Continuando a citar o tratado doutrinário (e caso para estudo) de Helena Freitas no Semanário Campeão das Províncias desta semana, “Há uns dias enviei um e-mail à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) – ao cuidado do seu presidente. Fazia-lhe uma proposta simples, disponibilizando-me para ajudar a construir. Imagino que a tenha considerado irrelevante pois não só não mereceu resposta como nem sequer acusou a recepção”. Mais uma vez Freitas escorrega na sua própria argumentação. Ou seja, em especulação, dá a parecer que esta carta surge agora, apenas, na continuação de um ressabiado azedume de falta de resposta contra o dito cujo presidente que até ao simples cidadão coarcta o legítimo exercício de se expressar nas reuniões de câmara. Estava à espera de quê?
Não sei bem mas, por qualquer razão, vem-me à mente a história universal e a célebre frase “Roma não paga a traidores”.