domingo, 31 de março de 2024

BARRÔ: NOTÍCIAS BREVES



BARRÔ: NOTÍCIAS BREVES


* A cargo da Junta de Freguesia de Luso, recentemente, foi substituído o velho e decrépito abrigo de paragem, onde desembocam os alunos que descem e ascendem ao autocarro escolar em direcção às freguesias e particulares que o desejem, por um outro mais moderno, mais aprazível esteticamente e com maior protecção para os utentes durante as intempéries.

Durante esta intervenção de substituição de mobiliário urbano, foram também removidos uns ferros de suporte aos contentores de lixo existentes na Rua do Carril e na altura transferidos para o Largo da Capela há cerca de um ano;


* Conforme foi noticiado aqui, em cumprimento de uma promessa eleitoral, que fazia parte do caderno de encargos do executivo PS liderado por Claudemiro Semedo, da Junta de Freguesia de Luso, em Setembro do ano passado, 2023, a capela de São Sebastião, situada no largo com o mesmo nome, foi requalificada, por dentro e por fora, incluindo a cobertura e sanitários, com uma pintura que a transformou mais bela ao olhar comum.

Acontece que no fim da reparação foram retirados dois assentos em forma de bancos de jardim, adquiridos há cerca de vinte anos com verbas angariadas em petição popular para arranjo geral da pequena ermida, colocados na frontaria do templo. Nos últimos anos, estes assentos foram poiso quase diário de vários moradores já falecidos. Ao cair da tarde, era quase obrigatório parar ali e desenrolar dois dedos de conversa em torno das recordações da aldeia.

Em interrogação a um responsável pela curadoria do santuário pelo destino das duas poltronas em madeira, foi afirmado por este elemento que os cadeirões tinham sido mandadas retirar pelo presidente da junta para serem arranjadas as travessas em madeira e pintadas de novo. No fim do processo regressariam ao seu lugar original. Mas acrescentou ainda: “se queres que te diga, nem fazem falta nenhuma. Aliás, até estorvam em dias de procissão”.

Em Dezembro, na última Assembleia de Freguesia, na parte concedida à intervenção do público, um freguês de Barrô inquiriu o chefe do executivo sobre o destino dos dois apoios, e para quando a sua devolução. Por Claudemiro Semedo foi dito que, de facto, os bancos foram retirados para serem reparados. E muito em breve regressariam ao lugar onde sempre estiveram.

De Setembro até agora passaram cerca de sete meses, e dos assentos só resta a memória. O que será preciso fazer para repor a legalidade? Um abaixo-assinado?


* Para quem se recorda, já se deu notícia aqui, com inscrição no Plano, Orçamento e Contas para o ano de 2024, na rubrica “Mealhada um concelho mais verde e hipo-carbónico – página 6/14”, está inscrita a criação das praias fluviais em Barrô, Ferraria e Santa Cristina.


* Nas últimas eleições autárquicas, por promessa eleitoral do executivo PS, liderado por Claudemiro Semedo, foi prometido um parque infantil para aldeia.

Como falta um ano e meio para o digníssimo representante autárquico se despedir do lugar – uma vez que, por cumprimento de três mandatos consecutivos, não se poder recandidatar – e, diz quem sabe, ocupar um lugar de vereador na Câmara Municipal, é só mesmo para lembrar.

É certo que a povoação, presentemente, não tem muitas crianças, mas sem um lugar de recreio para elas quem pode pensar em fazer bebés?


* Já passaram três meses depois da festa em honra de São Sebastião, que decorreu em 20 de Janeiro. Relembra-se que foi feita uma angariação de verbas entre os “barrosenses” e foi realizada uma bonita e tradicional procissão na efeméride do santo padroeiro.

Depois do tempo passado, era bom que as contas, receitas e despesas, da alegoria fossem mostradas publicamente na vitrine existente na parede da capela.

Deu prejuízo?

Deu lucro?

Se o saldo foi positivo, a quem, e de que forma, foram distribuídos os dividendos?


sábado, 30 de março de 2024

DIZEM QUE LOGO MUDA A HORA. ORA, ORA! UMA HORA CONTINUA A SER IGUAL.

 

(Imagem retirada da Web)




Quando damos por nós, olhamos o espelho
e já não reconhecemos a imagem que nos
aparece reflectida. Parece de alguém muito
chegado, mas só isso.”

Ao que tudo indica, logo à noite, vamos, todos, adiantar os ponteiros do relógio para uma hora à frente –a chamada hora de Verão. Será que valerá a pena cumprir esta tradição anualmente? Ou seja, os proventos serão de tal importância que valham o desarranjo que esta alteração nos provoca no ritmo biológico? O facto de passar a amanhecer mais cedo, e com o alegado de não haver desfasamento na luz solar, justifica o alterar a rotina dos marcadores e controladores do nosso tempo?

Em conformidade com a legislação, a hora legal em Portugal continental:
  • será adiantada de 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada de 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.” –retirado da página do Observatório Astronómico de Lisboa

Confesso que gostava de escrever sobre este tema algo sério, mas não sei se sou capaz. É que este costume, a meu ver, intrometido e reaccionário, começa por me dar uma tremenda vontade de rir –lá para o fim do texto dá vontade de chorar.
Não é por nada, mas alguém apresentou um estudo científico a provar a mais-valia para a economia deste dogma? Ao que me parece “tudo começou com Benjamin Franklin, o político e inventor do para-raios e das lentes bifocais. Em 1784, num artigo publicado num jornal francês, Franklin sugeria que a França adiantasse uma hora no Verão, alegando que Paris poderia poupar anualmente 32 mil toneladas de cera de vela. Só mais de um século depois é que a sugestão seria tida em conta, no contexto da Primeira Guerra Mundial, para economizar energia”.
O facto de amanhecer mais cedo e anoitecer mais tarde, à hora da ceia, legitima tudo isto? É que esta convenção, embora provisoriamente, começou em 1992, com o governo de Cavaco Silva, e definitivamente com o Decreto-lei número 17, de 8 de Março, em 1996, e dando cumprimento a uma directiva europeia. E aqui faço logo a primeira pergunta estúpida: se com esta mudança se enriqueceu a economia, como é que, passados 20 anos, estamos mais pobres do que anteriormente?
Como duvido sempre dos axiomas, as tais verdades sem contestação, ainda faço outra interrogação sem pés nem cabeça: como é que sem esta tão iluminada medida viveram os nossos pais? E mesmo alguns de nós, em crianças?
Será que neste afã do homem querer controlar tudo, até a luz solar, nos tornou mais felizes? 
Com a desculpa do aproveitar o máximo de luz, enquanto fonte de energia bio-rítmica, nos dias que correm haverá menos solidão, menos depressão, menos suicídio, isto comparando com épocas recuadas?
O curioso é que nesta tentativa vã de apanhar o tempo ficámos sem tempo para olhar as estrelas, a Lua, o magnífico nascer do Sol no horizonte, a leste, o extraordinário Pôr-do-sol a cair sobre o mar, o crepúsculo, e toda a manifestação de uma Natureza viva e magnificente.
Perdemos hábitos de leitura, de escrita, de falar com o vizinho. 
Como se perdêssemos o romantismo e ganhássemos o facebookismo, deixámos de ter uma necessária contemplação introspectiva do mundo à nossa volta.
Vivemos o tempo da necrologia, que é o olhar a página dos jornais diários a ver quem dos nossos amigos morreu –ou, especulando um pouco, para vermos se a nossa foto lá está, porque, bem no fundo, já nem os jornais se lêem como antigamente. É tudo a correr. "Não temos tempo", dizemos todos em coro. Os dias, as semanas, os meses, os anos, todos são iguais e passam num ápice. Quando damos por nós, olhamos o espelho e já não reconhecemos a imagem que nos aparece reflectida. Parece de alguém muito chegado, mas só isso.
Até mudaram a ortografia –estou a escrever e, volta e meia, lá me surge o sublinhado vermelho a indicar erro, ou seja, o computador a querer controlar a minha vontade. Fosca-se para estas mudanças! Porque é que não inventam uma máquina do tempo, onde, em turismo, pudéssemos ir fazer umas férias de longo curso?
Mas, afinal, o que é que se alterou? Se, igualmente, uma hora continua a ter sessenta minutos, mudou o quê?

BARRÔ: AMANHÃ CELEBRA-SE A PÁSCOA

 





Este ano, contrariamente aos antecedentes, com início no Domingo de Ramos e ao longo da Semana Santa, as portas principais das casas da aldeia quase não foram enfeitadas com a cruz envolvida num pano de cor púrpura – a cruz simboliza a crucificação de Cristo e o tecido roxo a tristeza, a dor e a penitência. Ou melhor, para ser mais correcto, exceptuando o átrio da capela, em cerca de sete dezenas de lares (com alguns vazios), apenas três habitações da mesma família, a propósito, mereceram o privilégio da atenção concedida.

A primeira pergunta que ocorre é a razão deste desligamento com a tradição cristã.

Porquê?

Será que a aldeia cortou relações com o Criador?

Não se sabe ao certo, mas é bem provável que assim seja.

Historicamente, os moradores do lugar nunca foram muito ligados à igreja. Tiveram sempre uma relação distante, parecida entre o padrinho e o afilhado. Em caso de extrema necessidade, os pedidos solicitados e as promessas, a cumprir em caso de deferimento tácito, foram sempre realizadas no maior segredo e aconchego do lar, doce lar.

Fosse por Barrô derivar de zona fértil em barro, em que a argila precisa de ser moldada, ou não, a verdade é que os nativos desta povoação foram sempre impregnados de uma introspectiva sombra facial, uma retraída e profunda tristeza, a dar vontade de lhes fazer um largo traço de sorriso ao longo da boca. Como se, seguindo a tradição pascal, o seu fim anunciado fosse a crucificação.

Ao longo dos últimos três quartos de século, a capela de São Sebastião somente era visitada nos funerais dos que iam caindo em combate e na festa anual da comemoração do Santo – neste 20 de Janeiro, a presença dos locais e outros da diáspora foi sempre uma obrigação individual para mostrar o bom fato de elegante corte e o ostentatório automóvel de marca cara, sobretudo, para que todos vissem bem a aura de sucesso de um filho da terra que partiu com uma mão atrás e outra à frente e agora parecia rico – mal saberá ele que entre-dentes da vizinhança, em surdina, se diz que saiu pobre e regressou rico porque andou a roubar na estrada.

Fosse por razões de ADN, ou simplesmente por questões de defesa pessoal em rosto fechado a fazer lembrar o “Incrível Hulk”, a verdade é que os actuais locatários mantêm esse peculiar traço hereditário de identidade a pender para o desdém e a tragédia iminente.

Pode acontecer com a maior naturalidade um chegado recente, vindo de fora, dar um abraço de afeição ao seu conterrâneo e procurar marcar um encontro mais tarde para colocar a conversa em dia e receber em resposta: “podes vir conversar, mas se é para pedir dinheiro não venhas”.

Depois das explicações ontológicas, da existência e do ser, a tentar justificar a falta de saudação pascal, temos que concordar que deve haver mesmo algumas razões materiais para as pessoas se comportarem de forma pouco amistosa para com o Filho de Deus.

E pensando bem, há carradas de motivos para mostrar um certa animosidade.

Há imensos exemplos de que Cristo, com a sua vetusta idade, se tornou desleixado com os seus discípulos. Lembremo-nos das enxurradas de chuva, vento e frio que tem assolado esta terra no último mês.

Recordemos que a alma das gentes do povoado anda negra como o chamiço. Consta-se que há várias separações e divórcios em perspectiva.

Só para citar, a menina Genoveva já plantou várias vezes batatas, couves e favas, e veio o temporal, e pumba. Foi tudo para o galheiro.

O Hermegildo, boémio e um doce de rapaz, tinha planos já traçados para trocar o seu BMW. Até tinha contactado já o stand. Subitamente, foi chamado ao escritório da grande empresa em que é colaborador e foi informado de que, por motivos de reorganização, vai ser dispensado. Coitado! Isto faz-se?

A Laurinda, que faz vestidos por medida, com longa clientela conseguida ao longo de meio-século, anda desolada. Os fregueses são cada vez menos. Culpa a “Primark”, uma marca de roupa barata e feita no Oriente, e os imigrantes chineses, com os seus espaços de venda a fazer lembrar estádios de futebol.

São Sebastião, o padroeiro da povoação, em face do clima de rebelião, está cada vez mais ensimesmado. Como se já lhe não bastassem as setas cravadas no peito e os bicos de papagaio. Com os olhos vazios e perdidos no além, olha para cima, para o Céu, em busca de uma resposta que tarde ou nunca virá. A sua maior preocupação são as manifestações do povo. E que, mais tarde ou mais cedo, em consequência do descontentamento popular, acabará por lhe caber em sorte.

Feliz Dia de Páscoa.


sábado, 9 de março de 2024

AMANHÃ É DIA DE ELEIÇÕES LEGISLATIVAS


 



Depois de uma campanha - para uns atribulada, para outros normalíssima, para outros ainda risível e pouco esclarecedora – onde, sobretudo, sobressaiu o apelo ao voto, chegámos à véspera do acto eleitoral, o chamado “Dia da Reflexão”. Este dia de meditação, em que não se pode fazer campanha, com apelo ao voto, e falar em partidos concorrentes às eleições, onde o atropelo é severamente sancionado pela Comissão Nacional de Eleições, trouxe, de novo mas com maior acutilância, à discussão pública da necessidade de manter este quebra-rotina, este interregno eleitoral.

Depois do voto antecipado se tornar uso para alguns milhares de portugueses, o argumento dos defensores da abolição do “período de nojo” começa a fazer sentido. Contudo, como neste tempo efémero de campanha, por ventura, nunca houve tanta indecisão, cerca de 20 por cento de eleitores, se calhar, continua a fazer sentido, nem que seja para abafar o ruído provocado pelos candidatos.

Ainda que o meu voto valha o que vale, somente uma unidade pessoal e intransmissível, talvez o único acto que no momento de colocar o “papel” na urna, de facto, não distingue classes, ricos, pobres e remediados, confesso que, desde sempre que votei, jamais me senti tão indeciso em a quem dar o meu voto. Ainda que isto pouco interesse, mas só ontem à noite tomei uma resolução. Para mim, salvo uma excepção partidária em que o eleitor é fiel, com maior relevância, contou menos a ideologia e mais o perfil dos candidatos.

Ainda que esta cruzada fosse classificada como os bons elegíveis, os menos eficientes no desempenho que se espera, e os maus a evitar como belzebu, onde, pelas poucas diferenças apresentadas pelos concursantes aos cidadãos, caíram as poucas barreiras que dividem a Esquerda e a Direita.

Hoje, o eleitor comum apenas está preocupado com os problemas que o assomam e preocupam no quotidiano. E tanto lhe faz que a solução resida num lado como noutro – para além de outros que, depois de cinquenta anos a votar sempre nos mesmos e as dificuldades básicas se manterem, como exemplo, a habitação, o ensino, a saúde e a deterioração dos serviços públicos, decidem romper com a tradição na agremiação que abraçaram desde novos.

Todos os partidos e candidatos, uns mais que outros, devem merecer o nosso respeito pela sua vontade de, com a nossa colaboração expressa no voto na urna, tornar Portugal um país melhor onde, jovens, cidadãos de meia-idade e idosos, se possa viver com dignidade, segurança e alguma felicidade, seja esta ciclónica, curta e faseada.

Nunca na minha longa vida aconselhei o voto seja em quem for – e detesto quem o faz ainda hoje com mensagens telefónica ou através das Redes Sociais. Por conseguinte, tal como em períodos eleitorais análogos, faço o apelo para que, amanhã, não deixe de exercer o seu direito/obrigação e, com desculpas esfarrapadas, “como estava a chover ou tive uma dor de barriga”, deixe de exercer a sua vontade, repito, a sua vontade, em quem deve vestir o fato da responsabilidade e governar o país nos próximos quatro anos.

Não deixe que, devido ao seu comodismo, outros decidam por si. Todos temos uma quota-parte de responsabilidade na “entronização” do próximo primeiro-ministro.

Vamos lá!