segunda-feira, 24 de julho de 2023

REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA: O CASO DO DIA

 

(Foto de arquivo)




O tempo atribuído aos cidadãos na reunião do executivo de hoje ficou marcado por uma acusação velada de um munícipe ao vereador em exercício Rui Marqueiro, ex-presidente da Câmara Municipal durante os dois últimos mandatos.

No caso, um sexagenário morador do Travasso, de nome João Dias, sentindo-se prejudicado com as obras da denominada Linha da Concordância que atravessa aquela aldeia, entendeu queixar-se da má utilização, pelo empreiteiro nomeado pelo IP, Infraesturas de Portugal, da água proveniente de um aquífero que, alegadamente, foi parcialmente destruído com a construção de um pontão em cimento para passagem dos comboios de mercadorias. Segundo o arguente que possui um campo de milho na proximidade, entende ser inconcebível não ter o precioso líquido para regar o seu milheiral, onde investiu em trabalho, “com sementes selecionadas, adubos, gasóleo, tudo caríssimo, argumentou”, e verificar que a água está a ser constantemente desperdiçada para molhar os caminhos e baixar os índices de poeira.

Tudo parecia correr bem na sua explanação, eis senão quando João Santos ergueu o dedo indicador para Marqueiro, apontou e disparou: “(…) o traçado anterior não era ali, o senhor presidente anterior é que teve a culpa daquilo lá estar, que nos roubou o lago para favorecer amigos, e nós não devemos favorecer amigos para prejudicar o povo. Foi para favorecer o senhor José Carlos…

António Jorge Franco, actual edil camarário e chefe condutor da sessão, apercebendo-se que que à pretendida rega e iria seguir-se um incêndio na bancada, tentou refrear o ânimo do relator, mas em vão. Aparentemente sofrendo de surdez, o agricultor, alheio à advertência, continuou até terminar a sua explanação. E chegou a levantar-se dando por encerrado o seu tempo de antena.

Foi então que Rui Marqueiro, em defesa da honra, solicitou a atenção do acusador: “o senhor conhece-me? O senhor fez uma afirmação que para mim é grave (…), eu não tenho nada a ver com esse processo. (…) ou o senhor retira, aqui e agora, a acusação que fez ou vou pô-lo em tribunal.

Com uma intervenção massiva, Franco tentou por todos os meios que, por um lado, o morador do Travasso se retratasse, pedindo desculpas ao visado, por outro, que o ofendido desvalorizasse as palavras proferidas. Rui Marqueiro, ia repetindo até à exaustão “eu fui insultado, senhor presidente.

E como se falasse um língua diferente no diferendo, sem perceber o que estava em causa, mais que certo causado pela surdez, o expositor saiu da sala sem mais explicações.

Voltaria a entrar e pediria para intervir logo a seguir com um lacónico “eu ao senhor Marqueiro peço desculpa.

Com uma reação perfeitamente entendível, embora não se pronunciasse se vai ou não processar o caluniador, tudo indica que Rui Marqueiro, em nome do bom-senso, deixará cair a difamação.

Quanto a António Franco, ao apelar ao entendimento, esforçando-se para que o assunto ficasse ali sanado, também esteve bem.


UMA LIÇÃO A RETER PARA OS MUNÍCIPES


Já muito se escreveu sobre a (má) liberdade de se proferirem acusações no calor de um desabafo, vãs e sem fundamento, escritas nas Redes Sociais ou ditas em público, que acabam no banco dos réus. Se é certo que os tribunais – assim como O TEDH, Tribunal Europeu dos Direitos do Homem – cada vez mais se inclinam para a desvalorização da denúncia caluniosa, também é certo que nem sempre as acusações são encaixadas no discurso político.

Talvez valha a pena pensar no assunto?


sexta-feira, 21 de julho de 2023

FALECEU UM NOSSO VIZINHO





Durante os últimos três anos habituei-me a vê-lo sentado na sua varanda a ler o jornal. Hoje, que, infelizmente, é tão raro ver alguém, sobretudo na aldeia, a folhear um periódico em papel, quase sem dar por isso, fui ganhando uma admiração pessoal pelo senhor António Fernandes. Fui interiorizando que, embora parecendo-me reservado e cioso do seu cantinho solitário, deveria ser um homem culto. O tempo, nos percalços que nos prega, não permitiu que tivesse uma longa conversa que o pudesse comprovar.

Eu acenava à distância e ele correspondia, resguardado pelas grades do varandim e acompanhado pelo chilrear dos passarinhos à sua volta. Sempre que passava a pé ou no seu automóvel à minha porta cumprimentava-me. Pode até parecer risível mas nem todos têm este comportamento para gerar empatia nos vizinhos. Em boa verdade as aldeias, na sua vivência quotidiana, estão cada vez mais parecidas com o ambiente individualista que se vive na grande cidade. Tanto quanto julgo saber, este vizinho, durante muitas décadas esteve emigrado num país do centro da Europa, o que, até por isso, poderia ter sido em vida um homem que olhasse os outros de cima para baixo. Mas não. Este meu confinante era um pessoa simples, calma, cordata e respeitador.

O senhor António Fernandes, com 83 anos, faleceu. Com a sua partida, algo inesperada, o lugar de Barrô, o nosso lugar de eterno retorno e ponto de partida para a longa viagem, ficará, sem margem para dúvidas, muito mais empobrecido.

Para a esposa Vitória e os seus filhos Pedro e Alexandre mal conseguimos antever o manto negro de tristeza que os consome neste momento de sofrimento e dor.

Para estes familiares directos e mais próximos em nome de Barrô, se posso escrever assim, as nossas sentidas condolências.

Quem desejar despedir-se do corpo de António Fernandes pode fazê-lo amanhã, entre as 9h30 e as 11h00, na igreja matriz de Luso. Em seguida o féretro seguirá para o cemitério local.

Até sempre, vizinho. Descanse em paz.

 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

 




Hoje fui surpreendido por esta "prenda" enviada pelo Luis Filipe Perdigão.
Palavra de honra que não me lembrava desta actuação conjunta por alguns músicos de rua, que, na altura, tocavam nas Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. Foi em 2012, com peditório a favor da Liga Contra o Cancro.
Um enorme agradecimento e largo abraço ao Perdigão, que, filmando a brincadeira, permitiu que o passado não se apague.
Muito obrigado.