quinta-feira, 29 de abril de 2021

BARRÔ: UMA MISSINHA NA ALDEIA AO ENTARDECER

Conforme estava previsto, às 19h00 desta Quinta-feira, na capela de Barrô, realizou-se uma missa celebrada pelo novo padre nomeado pela Diocese de Coimbra, Rodolfo Leite. Tratou-se da primeira homilia processada por este eclesiástico responsável pela paróquia de Luso. Com as devidas medidas de confinamento e higienização a serem cumpridas, a pequena catedral estava parcialmente cheia. Com uma primeira parte, que incluiu os Ritos Iniciais e saudação aos fiéis, e a nomeação de cerca de vinte almas falecidas nos últimos vinte anos na aldeia a quem esta cerimónia também era destinada para que descansassem em paz, com a Liturgia da Palavra a correr muito bem num ambiente descontraído e até com alguma graça, o presbítero soube capitalizar e captar as simpatias de todos. Fazendo alusão à Bíblia, sem a citar directamente, foi discorrendo sobre os efeitos da amizade e do amor na união entre pessoas de uma colectividade onde se assiste ao desinteresse e entrega a causas. Esteve muito bem. E veio a segunda parte depois da Liturgia Eucarística onde, por parte da comissão de capela, lhe foram apresentadas as contas para homologação. Ficámos a saber que, entre custos de manutenção e receitas, o saldo, positivo, da capela de Barrô é de 1,811.38 €. E foi nesta fase final que o senhor padre Rodolfo, como se desse um grande trambolhão de mota, se esparramou com uma indirecta e defesa do não escrutínio das contas. Afirmando que as contas não iriam ser afixadas publicamente para evitar celeumas e fotografias especulativas, e que essa exposição poderia dar aso à taxação fiscal, que, aliás, já há muito se fala disso. Portanto, valia mais não as expor. Quem as quisesse consultar que pedisse. E o caso de maior controvérsia chegou quando o prior, nitidamente em forma de recado para alguém presente – fartei-me de pensar e não consegui vislumbrar quem será – disse que havia pessoas que, nem crentes sendo, nem naturais são do lugar, e que só há pouco regressaram, vindo de um lugar qualquer, levam as coisas para as redes sociais e especulam – e nomeou um caso passado com um antigo padre da Mealhada. Foi lamentável este final, senhor vigário. Esteve muito mal. Depois de um discurso em torno de unir os presentes, acabou por fazer o contrário. Uma pena!

BARRÔ: HOJE HÁ MISSA NA ALDEIA

Hoje, quando baterem as sete badaladas (19h00) na torre sineira da capela do mártir São Sebastião em Barrô, provavelmente, estará o senhor padre Rodolfo Leite a iniciar o ritual sagrado da homilia com as tradicionais palavras “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…”. Para além de ser a primeira cerimónia religiosa após os estados de emergência ocasionados pela pandemia, esta missa é também a primeira do novo prior no lugar e designado para a paróquia do Luso. Nestes dois em um, qualquer deles respeitável, é de salientar a importância da segunda premissa, já que este acto litúrgico servirá para a apresentação pessoal do novo pároco à população da aldeia. Quem sabe, Rodolfo Leite não virá também apresentar um novo caderno de encargos, com um plano de actividades para o ano em curso? Portanto, alertando para a duplicidade da cerimónia, era bom que a capelinha, em representação da povoação, estivesse bem composta para o receber. Já o escrevi anteriormente, a realização de uma liturgia num lugar habitado não deve ser encarada somente como uma missão doutrinária, divulgar, pregar o Evangelho, mas acima de tudo ensinar o indivíduo a viver racionalmente em sociedade, com uma vida exigente consigo-mesmo, sem mácula, solidária, apropriada e justa, moral e eticamente, no relacionamento inter-pares, com os outros. Não está em causa um julgamento individual de prestação de contas, se somos assim ou assado, se somos agnósticos – visão filosófica de que a veracidade de certas reivindicações são impossíveis de conhecer, de facto. Isto é, este não-conhecimento coloca o agnóstico perante a dúvida metódica. Por sua vez, já para o católico que segue os preceitos da Santa Madre Igreja, esta dúvida não se coloca pelo dogma fundamental da fé. Como quem diz, o não provado cientificamente, transforma-se num axioma, verdade sem contestação. Com a vinda do senhor padre ao lugar, não está em discussão se o sujeito é um “católico não praticante” – posição ambígua muito discutível dentro da religiosidade de cada um. Ou se é religioso e se pratica uma vivência para melhorar diariamente, em casa, na rua, na igreja, ou se não pratica não é seguidor da fé. O que importa é que, como bons anfitriões que somos, todas as pessoas de bons princípios, pelo respeito devido ao novo divulgador da palavra, devem tentar estar presentes. Atenção que desculpa com a pandemia já não cola. Por ser uma mentira esfarrapada, é um pecado. Coloque lá a mascarilha e venha receber o missionário de Cristo. De qualquer modo, mesmo antevendo a sua falta, em nome de Barrô, se podemos escrever assim, seja bem-vindo, senhor padre Rodolfo.

sábado, 24 de abril de 2021

AUTÁRQUICAS: A MEALHADA A MEXER

Na Mealhada, terra de bom leitão, bom vinho e bom pão, as alterações políticas-partidárias acontecem, mas devagar. Talvez com receio de cair no ridículo, até para serem anunciadas publicamente têm de estar bem consolidadas. A imprensa escrita, em papel e online, como se estivesse a guardar-se para o grande orgasmo intelectual do momento próprio, não arrisca publicar oficiosamente o que não foi anunciado publicamente. As consequências deste deixar passar, deixar correr, é que parece vivermos num mundo à parte, num cubículo de modorra onde o tempo, na sua lassidão frouxa, corre lentamente e o previsível se transforma na sequência e subsequência. A escassos cinco meses das eleições autárquicas, quando o fervilhar de transpiração no afiar de espadas para o grande combate que se aproxima deveria ser a norma, pouco se sabe acerca da nomeação dos generais que se preparam para tomar a cidade. Até ao momento, oficialmente, só conhecemos a inscrição de Hugo Alves Silva à frente do exército “Juntos pelo Concelho da Mealhada”. Sabemos também que, mais que certo, anda a assediar o apoio do antigo “maire” da cidade, Carlos Cabral. Até já namoram juntos à janela de um computador perto de si – hoje, pelas 15h00, Dia da Revolução, sobre o lema “Manifesto 25”, vamos assistir a “conversas”. Dos lados do actual regedor, Rui Marqueiro, para desespero de causa nossa, nem chus, nem bus. Embora tudo indique que, no ginásio do palácio, ande a treinar a sua condição física e, dentro de dias, com uns peitoris de fazer inveja ao Ronaldo, faça a devida declaração governamental, com a concordância da Concelhia do Partido Socialista (PS). Por parte do Bloco de Esquerda e da CDU, que em anos anteriores apresentaram sempre candidatos independentes , até agora, talvez para fazer “suspense”, envolvidos em estratégias que lhes são peculiares, pouco transpira, nada se sabe. De outras forças políticas novatas, como a Iniciativa Liberal e o Chega, nada se vislumbra no horizonte bairradino. Embora seja de supor que não vão desperdiçar soldados de um exército que faz falta para concorrer em cidades grandes e médias. Se já estava a desesperar por esta crónica ser igual ao que tanto emerge em crítica, tenha calma que aqui joga-se na inovação e desenvolvimento. Por isso mesmo, trazemos uma notícia em primeira mão, ou seja uma novidade. Está ansioso por saber? Está? Vamos com calma, se faz favor, que aqui respira-se tranquilidade. Então, pronto. Vou contar: dentro de dias, Antóno Jorge Franco, ex-vereador de Carlos Cabral, ex-presidente mealhadense eleito pelo PS, e ex- presidente da Fundação Mata do Bussaco, prepara-se para anunciar a sua candidatura à frente de um movimento independente em que vai disputar, taco-a-taco, o eleitorado socialista a par com Rui Marqueiro. Mas há quem acredite em bruxas, ou, sei lá, em teses da conspiração e diga que as coisas podem não ser assim tão simplistas como parecem. Uma coisa é certa, nas próximos semanas vai cair o pano e todos os concorrentes, sem o resguardo do “ponto”, o responsável por “assoprar” as deixas teatrais, vão ter de mostrar o que valem, sem incertezas titubeantes. Portanto, em resumo, caro leitor, vamos lá a dominar essa ansiedade. É só mais um poucochinho de tempo.

sábado, 17 de abril de 2021

MEALHADA: O HORIZONTE AQUI TÃO PERTO

"Voz ao Munícipe" é a nova iniciativa da Câmara da Mealhada que pretende aproximar o poder local do cidadão, com o presidente do Executivo, Rui Marqueiro, a responder, em vídeo, às questões que lhe forem colocadas pelos munícipes. Este novo espaço de comunicação municipal pretende ser de clarificação e esclarecimento da população. O desafio parte do presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, que insta os munícipes a enviarem, no formato de vídeo, questões, dúvidas e anseios relacionados com assuntos exclusivamente do Município e da sua responsabilidade de gestão/decisão. Às questões que forem chegando, Rui Marqueiro irá responder num pequeno vídeo que será divulgado no facebook do município (https://www.facebook.com/municipiomealhada), de forma a permitir que as explicações cheguem ao maior número possível de cidadãos.”- extraído do site do município mealhadense. Comecemos pelo primeiro parágrafo onde é dito que se pretende aproximar o poder local do cidadão, com o munícipe a ter de recorrer a um vídeo para colocar uma questão ao presidente Rui Marqueiro e este a responder da mesma forma, isto é, através de gravação online. Chamar a esta forma de comunicação uma nova iniciativa para aproximar o poder local do cidadão, vai desculpar, senhor presidente da autarquia, mas o senhor só pode estar a gozar connosco. Esta forma de contacto diferido já existia em todos os municípios do país, incluindo o da Mealhada – que, saliento, pela minha pouca experiência em que coloquei questões à edilidade, pela pronta resposta de conhecimento, até funciona relativamente bem. Ressalto que informar que se tomou conhecimento é o princípio básico, e obrigatório, que deve subsequenciar uma participação, mas, como se calcula, esta informação não significa a resolução do problema descrito. Num concelho onde o “desligamento” digital deverá ser o pão nosso de cada dia, pedir a participação cidadã através deste meio só pode dar para rir e entender esta medida como eleitoralista. De âmbito político mais alargado, dá para ver que, declaradamente, Rui Marqueiro se apresenta novamente como recandidato às próximas eleições do próximo Outubro à frente do Partido Socialista. Retirando os prosélitos, os convertidos ao partido, vamos ficar atentos e a contar as comunicações pela via proposta.

terça-feira, 13 de abril de 2021

LUSO: JANELA DA CUSQUICE

Intervalado com umas bátegas de água, o dia de hoje, com alguns espaços para sacudir, esteve praticamente quase sempre nublado. Numa dessas ilhas temporais em que, apesar de cinzento, se estava bem na rua, os dois homens, já entradotes nos “entas”, estavam sentados junto à Fonte de São João, no Luso. Envolvidos pela tranquilidade do correr contínuo da água nascida na Serra do Bussaco e saída pelas onze bicas, o “Manel” Pascácio e o “Xico” Assarapantado comentavam as últimas. Num rebate de ideias sempre em contraditório e muito acesso, em que cada um defendia os seus pontos de vista, depois da política internacional, caindo a seguir na análise nacional sobre a “Operação Marquês” e mais propriamente na posição do juiz Ivo Rosa em despronunciar José Sócrates numa grande parte dos alegados crimes nomeados em acusação pelo Ministério Público, a discussão, em torno de apontar um culpado para o estado a que isto chegou, prometia dissensão, divergência de opinião. Foi então que o “Xico” Assarapantado, sempre mais perspicaz, vendo que a coisa podia azedar, numa espécie de ritual que significava pausa em linguagem gestual, levantando o chapéu e cofiando o bigode todo enrolado nas pontas, atirou: - Ó compadre Pascácio, vamos deixar esse tema para outra conversa futura e passemos à política local. Pode ser? O que é que há de novo por entre os burriqueiros, os naturais de Luso? -Ai, então o compadre ainda não sabe? Respondeu o Pascácio em trejeito interrogativo. Não me diga que ainda não lhe chegou aos ouvidos que o “Miro” (Claudemiro Semedo), o nosso presidente da Junta de Freguesia, foi convidado para vereador? - Não, não sabia. Palavra de honra, compadre! Não me diga?!? - Retorquiu o Assarapantado, ficando ainda mais assarapantado. E prosseguiu, gosto dele. É um tipo humilde e respeitador, aparentemente sem maldade. Se calhar, estava melhor na junta que ir lá para baixo (para a Mealhada). Parece-me que terá mais futuro aqui. Vai se meter no meio de uma luta de galos pelo poder. Vai arrepender-se, compadre… - Ora, ora! – interrompe o Pascácio. Se ele for em lugar elegível, o lugar, tendo em conta o ordenado quase triplicado, vale a pena… - E só o dinheiro que conta? É, compadre? Atalhou o Assarapantado. Por um lado é bom para a alternância, para dar lugar a outro, mas… (e ficou com a frase pendurada)

domingo, 11 de abril de 2021

EDITORIAL: UM ESTADO POLÍCIA GERA INCAPACIDADE DE PENSAR

Um estado polícia, na sua cegueira legalista, isento de discricionariedade, sem pedagogia e sem indulgência perante a contra-ordenação, gera na colectividade um ressabiamento, um ódio visceral contra os incumpridores. De forma calculista, perseguindo unicamente resultados para preencher a sua ambição desmedida, apresenta-se à sociedade como o grande protector dos bons usos e costumes, manipulando os fins sem olhar a meios. Sem a mínima preocupação social pelas pessoas, onde não existem sentimentos de inquietação e piedade pela sua sorte, buscando apenas o consenso de aprovação popular para as suas medidas regulamentares injustas e arbitrárias, transforma os cidadãos em algozes de outros cidadãos (homem lobo do homem). Insensível à dor e ao sofrimento causado ao caso particular, gerando bufos, denunciantes e “borra-botas”, como Pilatos, lava as mãos no erro lavrado na sua própria ineficácia e limpa-as na inconsciência do dano, material e intelectual, causado à idoneidade do lesado. Num tempo onde, a passos de gigante, a humanidade cada vez mais perde a capacidade individual de pensar pela sua própria cabeça, escolher somente pela sua vontade, avaliar com a serenidade indispensável e se deixa manobrar pelo desejo hábil dos “influencers” das redes sociais, com programas de televisão sem criatividade e alienantes para as massas, este estado autoritário tem todas as condições necessárias para, sem revolta dos prejudicados, agir na maior das impunidades. Vem esta introdução a propósito de três casos paradigmáticos. O primeiro, foi há cerca de três semanas a GNR ter aplicado coimas de duzentos euros a cada um de cinco jovens que se encontravam juntos em plena Serra do Bussaco. A segunda, foi ter lido que em várias cidades portuguesas, mas mais concretamente em Aveiro, a ASAE aplicou coimas de dois mil euros a proprietários de cafés e restaurantes por clientes sentados não manterem entre si a distância regulamentar de dois metros. Ou seja, em vez de ser usada a didática, foi usada a régua e o esquadro. Terceiro, O que se está a passar com a não pronúncia no Tribunal Central de Instrução Criminal na denominada Operação Marquês, em que o actor principal é José Sócrates, na forma, é inconcebível. Na substância é muito provável que o desfecho parcial deste mega-processo eleve um certo descontentamento cidadão. Voltando à forma, é inqualificável esta execução pública do Juiz de Instrução Ivo Rosa – não estou a afirmar que a sua decisão esteja isenta de erros, porém, não sou eu, não será você que, sem conhecer a matéria de facto, pode cilindrar o magistrado na praça pública. A justiça possui mecanismos de controle para, através de recurso, poder reparar alguns erros, se é que os houve no instrutório de Ivo Rosa – que, sejamos justos, a sua sentença é passível de inexactidão. Um juiz é “irresponsável” na sua deliberação precisamente para poder decidir com ponderação, independência e imparcialidade e baseado na sua convicção. Mais, o circo mediático que está montado em torno das assinaturas em Petição Pública endereçada à Assembleia da República para o togado ser afastado serve para pouco. O poder judicial, sendo independente do poder político e legislativo, só pode ser escrutinado pelos seus pares superiores hierarquicamente. Antes de pronunciar o juiz de parcialidade, de incompetente, e violador das leis, não seria melhor aguardar a decisão do Tribunal da Relação? A questão que se coloca é: a quem interessa todo este “bota-a-baixo” do edifício da Justiça?

sábado, 10 de abril de 2021

OPERAÇÃO MUDAR O VÍRUS

Tanto tempo, sempre a levar com o Corona, era na rua, na rádio, nos jornais, na televisão, não se nota, mas já estou aloucado da mona, já não escrevo, não rezo nem uma só oração, dei em engordar por causa de uma hormona, deixei de dormir, dou três voltas no colchão, não sonho ser um macho latino, sou um chona, julgo-me um velhinho de bengala, uma aflição, perdi a libido, o desejo, perdi a testosterona, dou mais umas voltas no leito, perdi a tesão, no Multibanco, a máquina diz que estou na lona, dei um pontapé no aparelho, fui para a prisão, não imagino o que se passa, tudo me abandona, se calhar é o maldito Corona, ou então maldição, ai, se viesse outro e largasse este que me aprisiona… Eis então que ontem surgiu o milagre, uma bênção, de uma assentada nasceram vários vírus em Portugal, Sócrates, Rosa, Ministério Público, corrupção, Ticão, Alexandre, falsificação, tribunal, acusação, por sinal mortal para a justiça, na confiança do povo morcão, haja Deus, meu Salvador, meu Pai, meu anti-viral, estou salvo da pandemia que me atrofiava o coração, estava farto, esmorecido de tanta repetição banal, como relâmpago que vem e vai, mal se vê na televisão, esta noite já dormi como um anjinho, sem razão causal, o mastro levantou como se mareasse em oceano de ilusão, recupero rapidamente a testosterona que só vinha no Natal, já emagreci dois quilos, estou quase a ser de novo gabão, bendito sejas, ó novo vírus, que mudaste tudo, ó informal, espalha-te por aí à vontade, mesmo tendo na origem um ladrão.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

BARRÔ: A VISITA PASCAL

Exptuando esta época em tudo anómala de pandemia, devido ao caso de haver um único padre na paróquia de Luso, a visita pascal em Barrô foi sempre realizada na Segunda-feira a seguir ao Dia de Páscoa. Neste dia, por cá, ninguém trabalhava. Embora mais carregada de solenidade sacra, somando à festa das Alminhas, de São José e de São Sebastião, era mais um dia de festividade na povoação. Os residentes vestiam o engomado fato domingueiro - e único, que para além de estar guardado somente para sair em ocasiões especiais, durava toda a vida e serviria para mortalha na última viagem sem retorno. Enquanto criança nos anos seguintes a 1960, relembro com saudade o ambiente de festa que invadia toda a minha aldeia. As entradas das portas eram todas atapetadas com folhas verdes misturadas com, salvo erro, rosmaninho. A fragrância envolvida, em parafernália de odores, era de tal modo intensa que apagava completamente o cheiro a estrume, aroma que se apanhava facilmente num dia de semana de trabalho árduo no pequeno povoado. Logo de manhã, ao romper da aurora desta Segunda-feira pascal, a minha mãe começava os preparativos para a cerimónia. Depois de, nos dias anteriores, de joelhos, ter esfregado muito bem o chão da sala, de madeira, carcomida pelo tempo, com uma escova de piaçaba e sabão amarelo. A sala, a única divisão com tecto forrado e a maior da casa com melhor apresentação, que no Verão se ajustava para estender o milho para descamisar e a secar e no Inverno para escolher a azeitona, era onde, dos poucos no lar, existiam alguns móveis: um armário muito alto, com várias portas e todo fechado, muito antigo, do tempo dos meus avós, um louceiro simples com espelho e vidros nas portas cimeiras, adquirido a prestações com os denominados “cartões” – e que eu, amiúde, limpava com azeite para o pôr a brilhar -, uma mesa e quatro cadeiras. A minha mãe, depois de ter estendido uma toalha branca, colocava em cima da mesa um bolo doce, de Páscoa, cortado em fatias – que nos dias antecedentes cozera no forno a lenha existente num barracão junto à cozinha, mas do lado de fora -, uma garrafa de vidro com jeropiga, uma tacinha com um pacote de amêndoas às cores -que eu via sem poder tocar, e tentava adivinhar o sabor açucarado, enquanto durasse a exposição e não viesse a comitiva pascal. Logo que a porta fosse transposta pelo acompanhamento, os doces confeitados desapareciam num ápice no fundo de uma saca de pano transportada por um dos miúdos do grupo - e, no centro da bancada, uma laranja com uma moeda de cinquenta cêntimos a servir de coroa ao fruto, e que seria levada também – já que de notas para a côngrua não havia, portanto, não rezavam para a história. Sem poder faltar, havia também em exposição uma jarra com flores e um pequeno crucifixo, com a cruz em madeira e a imagem de Cristo em chumbo moldado – chamado de “bacalhau”, por ser muito achatado. A partir das nove horas, numa ansiedade crescente, todo o lugar parecia estar de sentinela à espera do ansiado toque do sino da capela – sinal de que Monsenhor Mira, acompanhado com um séquito de, creio, três adultos e duas crianças. Vestidos com opas vermelhas e brancas e onde vinha incorporada a esplendorosa e enorme cruz de prata cinzelada e trabalhada um século antes por grandes artífices prateiros. A seguir ao toque de anunciada começava imediatamente o bradar ritmado da pequena sineta transportada por um dos miúdos. Com o aproximar do “Ding-dong”, “ding-dong”, saído do pequeno sininho, as famílias das casas em redor eram tomadas de uma ânsia apenas explicável pela rara visita do presbítero. Os vizinhos, pondo de lado as querelas e as arrelias que antes provocaram descontrolo e azedume, tomavam posição na casa em que o Senhor ia ser beijado, e mentalmente pediam perdão por minudências sem sentido. A visita de Cristo à casa de cada um constituía, sobretudo, uma mensagem de paz para com o dono da casa e deste para com os seus confinantes. Quando a pequena procissão entrava dentro de uma casa, com o sacristão, à frente, a carregar a cruz, era secundado pelo prelado que, ao mesmo tempo que pegava no hissope, utensílio usado para aspersão, antes mergulhado na caldeirinha, a borrifar os presentes, pedia a bênção a Deus para aquele lar, humilde ou abastado. E durante, pelo menos, um ano Barrô ficava em paz com a sua consciência colectiva.

domingo, 4 de abril de 2021

BARRÔ: SEIS FIÉIS E UMA ABELHA…

O interior da capela estava todo engalanado. E, afinal, não seria caso para menos, comemorava-se o Dia da Redenção do Senhor. Por isso mesmo, por ser Dia de Páscoa, foi combinado nos dias antecedentes com a cuidadora da capela, Edite Pedro, que a pequena ermida de Barrô estaria aberta neste Domingo entre as 15h00 e as 17h00. Na mesa do altar um bonito arranjo de orquídeas em tom de lilás, ladeado por uma vela acesa a simbolizar a luz divina pareciam dar as boas-vindas ao muito povo que se esperava para celebrar a Ressurreição de Cristo na pequena capelinha da aldeia. O chão, impecavelmente limpo, pedia encarecidamente perdão para que ninguém deixasse mácula ao ser pisado. Com os bancos e cadeiras tão brilhantes e alinhados davam ideia de uma casa de bonecas. O resultado não seria outro de esperar, já que no dia anterior, Sábado, Edite, a zeladora, passou a tarde inteira a pôr tudo a reluzir para receber as largas dezenas de fiéis. Acontece que nas duas horas em que a pequena catedral esteve aberta, entraram lá seis pessoas, incluindo a responsável da comissão da capela, que se manteve lá dentro durante todo o tempo, e uma abelha – este insecto, pelo eminente zumbido, sempre impediu que o silêncio questionável fosse atroador. Mas no que toca as religiões, sobretudo nos meios pequenos, há muitos comportamentos que, para além de se tornarem imprevisíveis, não são para entender. Nestes pequenos micro-cosmos há sempre questiúnculas, poderzinhos arreigados, invejas, rivalidades, falsidade e outras coisas que não digo. ATÉ AOS SANTOS LHES SALTOU A TAMPA Lá atrás, junto ao púlpito, do lado esquerdo, a imagem de Santa Teresinha, com a cruz ao colo, chamando a si a defesa de Edite Pedro, não deixava o seu descontentamento por mãos alheias: “isto faz-se? Andou a senhora, ontem, a deixar tudo num brinquinho para receber bem as pessoas e esta cambada não se dignou aparecer? Tenham paciência, mas isto faz-me saltar a tampa! Deixem-nos vir para cá a bater com a mão no peito, a pedirem milagres que eu cá estou para lhes fazer a folha. Ai se estou! Estou indignadíssima! Logo hoje, neste dia tão especial para as comunidades?!?…” Abruptamente, foi interrompida pela imagem de São Judas Tadeu, que posicionado do lado direito do altar, mostrando alguma presunção, parecia gozar com a situação: “ Ó Teresinha, tem lá calma, pode ser? Primeiro, há quanto tempo não fazes um milagre por esta gente? Se fizesses, e aponta aí, cuidavas que fossem mais amigos uns dos outros, e, acima de tudo, que não dissessem mal uns dos outros pelas costas. Segundo, sabes muito bem que este pessoal só vem à capela, por norma, uma vez por ano, no caso, no dia da festa do nosso colega Sebastião. E por excepção, quando morre alguém. Estás-me a dar música é? Terceiro, achas bem a nossa zeladora manter-se aí durante todo o tempo em que estivemos abertos? Parecia que nos estava a vigiar... Não gostei nada disso! Pronto!!” Antes de Santa Teresinha replicar meia furibunda, interrompeu o padroeiro da aldeia, a imagem de São Sebastião: “Vamos acabar com a discussão? Pode ser? Que mania a vossa! Sempre a arranjarem bodes expiatórios! Não têm mais nada com que se preocuparem? Não? Façam milagres…”

sábado, 3 de abril de 2021

FELIZ DIA DE PÁSCOA

Tendo em conta o momento extremamente complicado que o país, e o mundo, está atravessar devido à pandemia e consequente confinamento que, para uns mais e outros menos, afecta os rendimentos de todos, gostaria de deixar uma palavra de esperança a todos quantos fazem o favor de me ler. Não porque esteja melhor do que a maioria, ou que, pelo discurso a cair em homilia, tenha vocação para presbítero, mas, neste momento de grande aflição económica, que todos estamos a viver, acredito com convicção que, embora leve tempo, longo e maturado, iremos, com toda a certeza, atravessar este mar revolto de incertezas quanto ao futuro. A fé, mesmo sem se praticar uma religião, neste momento grave que estamos a sentir, é, tem de ser, o farol, a luz que brilha ao longe e nos alenta a seguir até ela. Já escrevi muito sobre este assunto. Já escrevi muitas histórias do tempo dos nossos pais. Eles viveram muito pior do que nós, sobretudo no período da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, e nas décadas seguintes. Passaram muitas privações, com o racionamento de alimentos e a fome a bater à porta do quotidiano. Esses sim eram realmente tempos miseráveis que, apesar da dureza, não têm qualquer comparação com os dias que correm. E se eles ultrapassaram essa fase desgraçada, onde a carência alimentar imperava, nós, com toda a certeza absoluta, passaremos também estas nuvens negras de pessimismo. Todos sabemos que o que custa mais é subir, atingir o cume do desenvolvimento, no máximo bem-estar, e depois, paulatinamente, sem conseguirmos evitar, começarmos a descer para pior. Descer, vendo desaparecer tudo aquilo que conquistámos ao longo de uma vida de trabalho, este é a verdadeira tragédia individual. Por muito que se combata esta máxima, inseridos numa sociedade materialista, nós somos o que temos. Por que, em boa verdade, não chegando a um estádio de abastança e felicidade inerente, desconhecendo-os, não é difícil aceitar o que de mal vem a seguir. A dificuldade passa a ser o sal da vida. O problema é termos vivido esse tempo áureo, termos apostado numa vida melhor, porque nos sacrificámos muito para a alcançar. Esta minha geração de 1950/60, não é para me gabar, mas foi uma criação fantástica. Sem apoio financeiro de ninguém, partimos para a luta, acreditando que éramos capazes de fazer melhor que os nossos pais e, trabalhando dia e noite, muitas vezes sem sequer dormir, conseguimos fazer mais do que os nossos primogénitos. Esta minha geração, a meu ver optimista – exactamente o contrário dos seus geradores, que, talvez pela circunstância, era abatida e conformada -, quase a cair no utópico, buscando o seu sucesso particular, por arrastamento, fez imenso pelas inovação e desenvolvimento social. É lógico – e falo por mim -, tentámos a ventura e, com muito esforço transpirado, quase sempre em recompensa, a sorte sorriu. Houve vários factores que influenciaram. Hoje, como as coisas estão, não seria possível arriscar da mesma forma como o fizemos. Mas, estou em crer, embora com algum património adquirido e fruto de muita poupança, mesmo descapitalizados, se formos apoiados financeiramente, apesar da idade avançada, pudemos ainda fazer muito pelo futuro da Nação. Precisamos apenas de crédito para concretizar os imensos planos que continuam, como sempre, a bailar na nossa mente. Somos uma estirpe sonhadora. Talvez por esta facilidade de imaginar o impossível concretizámos e somos uma lição. Partimos sem nada, sem rede, sem ninguém a apoiar as nossas costas, apenas acreditando que éramos mesmo capazes, obtemos a vitória. Esgravatando, subindo a corda a pulso, pondo as mãos na merda, fazendo “trinta por uma linha”, nem sempre da melhor maneira ética e moral, na maioria dos casos, saímos vencedores. Somos uma geração que a caminhar em frente, sempre a trabalhar, sem ajudas, desenvolveu as suas próprias vocações. Educou-se a si mesmo. Aprendeu música sem nunca frequentar um conservatório. Aprendemos a escrever sem nunca ter frequentado uma faculdade de Letras. Transformámo-nos em políticos sem nunca militar em partidos. Aprendemos a ver o Sol para além da bruma. Sabemos quantos grãos de milho tem um alqueire. Fomos obrigados a treinar para conter as lágrimas perante o infortúnio – hoje, de certo modo a balouçar entre a presunção e o arrependimento, talvez demasiadamente críticos com o passado, os com mais de sessenta anos de idade, choramos com a maior das facilidades. Somos um bocado convencidos? Vaidosos até? Se calhar! Mais para sim do que para não. Mas isso é fruto do nosso orgulho em termos passado por cima do fogo e, mesmo queimando-nos, conseguimos dar uma vida aos nossos filhos mais digna, muito melhor do que aquela que tivemos. E mais: de certeza muito superior à que os nossos filhos conseguirão dar aos nossos netos. Tenhamos confiança de que se ultrapassará o vendaval que estamos a viver. É possível que tenhamos de abrir mão de um património que tanto custou a amealhar? Quase de certeza! Mas quem nada tem para vender estará muito pior. Tenhamos esperança no dia de amanhã. Muita saúde, muita paciência, muita paz. Feliz Páscoa para todos.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

BARRÔ: UMA FRINCHA NA CAPELA

A pedido de várias famílias de Barrô, a Comissão da Capela, constituída por Edite Pedro, Luís Santos e António Amorim, tendo em conta que não haverá visita pascal devido ao confinamento, deliberou que a pequena catedral vai estar aberta no próximo Domingo, Dia de Páscoa, das 15h00 às 17h00. Salienta-se o esforço despendido pela líder da Comissão, Edite Pedro, alegadamente, junto do responsável pela paróquia, padre Rodolfo Leite, para que, ainda que simbólica, esta pequena abertura fosse possível nesta época tão marcante para os crentes e não crentes. A Páscoa tal como o Natal são datas que já ultrapassaram há muito o ecumenismo da religião Católica Romana. As suas comemorações, adquiridas pela humanidade como universais, passaram a ser símbolos globais representativos da paz, da passagem para uma vida melhor, mais regrada, a renovação e o nascimento de um novo homem. Louvando a iniciativa, como já escrevi várias vezes, um templo encerrado num lugar habitado não constitui simplesmente o alheamento à pratica da fé e da crença em Deus, acima de tudo, representa as costas voltadas da religião para com todos os naturais. Manter a ermida de portas fechadas é um convite ao desligamento da população à oração. É um corte profundo com o transcendente, mas, mais grave, é uma forte contribuição para o individualismo. Uma capela, mesmo pequena, é a personificação da revitalização da vida, pessoal e comunitária. Aos residentes interessados em fazer uma visita ao santuário recomenda-se que tragam máscara e não o façam em grupo.

MEALHADA: O DESMENTIDO SOBRE O PADRE RODOLFO

Claro que os nossos leitores perceberam imediatamente que a “galga” sobre o senhor padre Rodolfo Leite, pároco de todas as paróquias do concelho e capelão da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, ter sido avistado a negociar uma mota de grande cilindrada, para mais rapidamente poder chegar a tantos compromissos assumidos, era, nitidamente, uma mentirinha do Primeiro de Abril. Salienta-se que só metade da noticia é falsa, ou seja, no tocante à compra do veículo de duas rodas. Por que quanto ao facto de mal ter tempo para comer e dormir, através de desabafo seu em momento de grande cansaço, sabemos que é verdade. Sabemos também que Rodolfo Leite, originário de gente muito humilde de Coimbra, é o prelado certo no lugar certo. Sempre disponível para ouvir crentes e não crentes, é o apóstolo, o amigo sempre disponível, que a população da Mealhada, a meu ver, conservadora e pouco tolerante com tudo o que é diferente, precisa para ser evangelizada no sentido da tolerância, da aceitação e da paz. A quem nos segue diariamente, ao padre Rodolfo Leite as nossas desculpas pela brincadeira. Prometemos que para o ano será melhor, como quem diz, uma aldrabice mais bem elaborada. Que esta Sexta-feira Santa celebrada com tantas restrições, na paz, na amizade, na concórdia, seja uma porta aberta para uma Páscoa feliz para todos.

PSP: O DESMENTIDO SOBRE A REUNIÃO DO INTENDENTE

Claro que os nossos leitores perceberam imediatamente que a “galga” sobre o senhor comandante distrital da PSP de Coimbra, Intendente Rui Moura, ter convocado uma reunião de urgência para avaliar os níveis de segurança na Baixa de Coimbra, sobretudo, depois de a peixaria Pinguim, na Rua das Padeiras, ter sido assaltada pela quarta vez no espaço de cerca de um mês, era, nitidamente, uma mentirinha do Primeiro de Abril. Salientamos, no entanto, que no fundo, bem no fundo, ao escrever sobre uma especulação, em jeito de provocação, desejávamos mesmo que a preocupação sobre o estado de insegurança que assola esta grande área comercial passasse a ser uma constante na mente do senhor comandante. Pelo que lemos, sabemos que as câmaras de video-vigilância muito em breve recomeçarão a sua função. Porém, até constatarmos a sua eficácia plena, a Baixa não pode continuar entregue à sua sorte, durante o dia e durante a noite. Pela prevenção da criminalidade, é preciso que as suas ruas, ruelas, largos e praças sejam vigiadas por agentes a pé. Se é certo que os comerciantes estabelecidos também terão de fazer a sua parte, nomeadamente, colocando grades e alarmes nas suas lojas, também é certo que o patrulhamento policial, que visa acautelar os danos contra o património, cabe por inteiro à PSP. Não precisamos de lembrar o senhor comandante Rui Moura sobre o estado económico-financeiro dos pequenos e pequeníssimos comerciantes. Numa altura de tão grande debilidade como a que atravessamos devido ao confinamento social, qualquer incidente que acumule custos sem previsão é um pontapé no pouco ânimo que resta e um prego para a construção da desistência. A quem nos segue diariamente, ao senhor Intendente Rui Moura as nossas desculpas pela brincadeira. Prometemos que para o ano será melhor, como quem diz, uma aldrabice mais bem elaborada. Que esta Sexta-feira Santa celebrada com tantas restrições, na paz, na amizade, na concórdia, seja uma porta aberta para uma Páscoa feliz para todos.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

MEALHADA: O NOVO PADRE SUPER-RÁPIDO

 

(Imagem do Jornal da Mealhada)



Segundo uma fonte mal anónima mas bem informada junto do Padre Rodolfo Santos Oliveira Leite, Pároco de Barcouço, Casal Comba, Mealhada, Vacariça e Ventosa do Bairro, Luso e Pampilhosa; Capelão da Santa Casa da Misericórdia Mealhada; vice director do quinzenário Jornal da Mealhada, o prelado foi avistado a negociar uma mota de alta cilindrada Harley-Davidson num conhecido stand da cidade do leitão.

Já conhecido por “Super-rápido”, por andar sempre a correr de paróquia em paróquia, e sem espaço para comer uma refeição nas calmas e dormitar no remanso de Nossa Senhora da Natividade, padroeira de Luso, o nosso querido vigário do arciprestado de Coimbra Norte, continua empenhado em ganhar tempo ao tempo escasso que lhe foi atribuído por Deus e pela divina providência. Para além de lhe gerar ansiedade por não poder chegar a mais pessoas de almas consumidas, muitas delas pelo demónio, afirma o meu informador, “o senhor padre Rodolfo, não sendo omnipotente e omnisciente, está carcomido de preocupação, sobretudo por não poder chegar a todo o lado ao mesmo tempo.

Mas agora com a nova bomba a coisa vai mesmo bombar, e tudo vai ser diferente”, concluiu o meu depoente.


BAIXA DE COIMBRA: PSP, PREOCUPADA, TENTA SALVAR O QUE RESTA

 




Segundo uma fonte bem informada junto da PSP, o comandante distrital da PSP, Rui Moura, depois de ter lido, ontem, na página da Câmara Municipal de Coimbra (não oficial), que a Peixaria Pinguim, na Rua das Padeiras, teria sido assaltada pela quarta vez durante o antecedente mês de Março – e que já foi confirmado pelo gerente Miguel Vasconcelos ao jornal online Notícias de Coimbra -, reuniu de urgência esta última noite todos os elementos que constituem o comando para analisar, para além da própria eficácia da PSP, a segurança de pessoas e bens no maior centro comercial a Céu aberto da cidade.

Afirmou ainda o meu depoente que as coisas estiveram muito tensas para os lados da Avenida Dr. Elísio de Moura. Disse ainda que as frases embrulhadas com os gritos do comandante, perfeitamente audíveis na vizinhança, até fizeram parar vários automóveis que circulavam nas redondezas.

Entre muitas outras, foi percebido o tom alterado em tom de ralhete aos subalternos: “isto não pode continuar! A Baixa de Coimbra é o centro nevrálgico do distrito. Basta um comerciante se constipar para toda a área envolvente apanhar pneumonia. Na qualidade de chefias intermédias, a culpa é vossa, que não distribuem agentes para a zona. A falta de meios de locomoção automóvel para acudir às ocorrências na zona é outro problema (não esquecer que a primeira Esquadra está localizada a pouco mais de cinquenta metros do perímetro comercial, digo eu).

Prossegue o Intendente,já remeti uma exposição ao senhor Ministro da Administração Interna, mas, até agora, ainda não recebi qualquer resposta. Só querem saber da pandemia, e mais nada! Depois, para levar com a revolta popular, cá estou eu! Quem se lixa é o mexilhão!

Isto, o que está acontecer com uma vaga de assaltos, é uma vergonha para a Polícia. A partir de amanhã, Sexta-feira, em grupos de seis agentes, vamos patrulhar toda a Baixa. Estão a entender? Temos de mostrar aos comerciantes que estamos mesmo preocupados com a sua sorte. Todos em massa para a Baixa! A aparência é meio caminho andado para a prevenção!

Por outro lado, o serviço de relações públicas da polícia, no prazo de 48h00, deve contactar o senhor Miguel Vasconcelos e, ao mesmo tempo, planear uma conferência de imprensa onde, sem faltar, estejam as televisões. Pela continuada falha de políticas securitárias na cidade, num espectáculo mediático, tenciono apresentar desculpas públicas ao comerciante da Rua das Padeiras.

E mais não disse o meu informador.