segunda-feira, 21 de novembro de 2022

MEALHADA: HOJE HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA

 

(foto de arquivo)




Santa Bárbara, talvez descontente com alguém, à hora em que começava a reunião de Câmara Municipal, pelas 9h00 de hoje, decidiu despejar uns cântaros na zona. Fosse pela chuva, fosse pelo vento, não se sabe, a verdade é que Rui Marqueiro, o permanente animador que já nos habituou à sua marcação cerrada à maioria, faltou e foi substituído por Luís Tovim.

António Jorge Franco, o chefe da mesa, no período de Antes da Ordem do Dia, deu início aos trabalhos parlamentares. Calmo, sereno, de fato domingueiro e gravata solene e sapatos bem polidos, sem conseguir disfarçar um confiante interior sorriso de orelha-a-orelha, afinal não é todos os dias que nos aparece o Pai Natal com uma prenda de quase um milhão de euros - tratou-se da visita de Carlos Miguel, Secretário de Estado da Administração Local, que visitou a Câmara Municipal, cerca das 11h30, com um cheque no alforge e um contrato-programa relativo à construção do novo edifício dos Paços do Concelho.

Pediu a palavra José Calhoa, presidente da Concelhia do PS e ali vereador, hoje, a ocupar a cadeira de Marqueiro. De peito cheio, talvez a imaginar que, de cadeira em cadeira, pode perfeitamente chegar ao cadeirão-mor, puxou de vários temas, entre eles um que, pelo mau-cheiro, continua a incomodar muita gente em Lameira de Santa Eufémia. No caso, trata-se da fábrica de azeite Alcides Branco & Cª, situada nas proximidades de Luso, e que em 2016 o Tribunal Administrativo de Aveiro ordenou o encerramento "por esta não ter cumprido o acordo com a autarquia e ser responsável pela existência repetida de maus-cheiros (odor a baganha)".

Responderia a Calhoa a vice Filomena Pinheiro: que "só pode laborar 10 meses, em Julho e Agosto. Ou fazem correcções, ou é melhor encerrar".

Interpelou a mesa Sónia Leite, colega de bancada de Calhoa: "a Pensão Astória, no Luso, foi adquirida pela Câmara?"

Respondeu Franco, peremptório: "a Câmara não comprou".

Atalhou Filomena: "é privado. Foi cedida ao município para dinamizar o Luso nesta época de Natal, nomeadamente, com uma exposição de presépios."

Calhoa, sabendo que também nesta quadra se vai realizar uma exposição de presépios no Bussaco, cedidos por Maria Cavaco Silva, atalhou: e isso não é concorrência entre presépios? Se eu estivesse no lugar da senhora mandava levantar a sua colecção.

Gil Ferreira, colocando uma trave no argumentário  de Calhoa, disse: "estamos a  trabalhar em equipa com  a direcção da Fundação da Mata do Bussaco".

Luís Tovim, em substituição de Marqueiro, interrogou: "o projecto do esplanada jardim?"

Retorquiu Franco: "muito em breve vai sair o projecto, mas de acordo com a dignidade dos Paços do Concelho".


E VEIO A ORDEM DO DIA


Sem grande história para esta narrativa, até porque, presumivelmente, todos estariam ansiosos para receber o "Pai Natal", foi saliente a aprovação por unanimidade da proposta requerida pela Associação Quatro Patas e Focinhos para atribuição do Estatuto de Utilidade Pública.

Mas não só. Foi possível percepcionar que a curta sessão, pela bancada da oposição, esteve cheia de clivagens partidárias entre o, nomeado várias vezes, Partido Socialista e a maioria executiva. O que pode ser entendido que sem Marqueiro a moderar a oposição as reuniões, para além de perderem interesse, derivam muito para o aparelhismo boçal e desnecessário.


domingo, 20 de novembro de 2022

POBRE ALMA PERDID

 




Vacila como uma cana no canavial tocada pelo vento,

tropeça aqui, tropeça ali, vai estatelar-se ao comprido,

provoca risos e mais risos em catadupa, até no jumento

a pequenada, arrostando em magotes, dá alarde e ruído,

a cena teima em repetir-se, já poucos ligam ao momento,

devagar, a embriaguês vai sendo consentida, sem gemido,

vai ao chão com fragor, ninguém olha ao descoroçoamento,

p'ra ali fica abandonado, passa um, passa outro, é bandido,

não tem ajuda, é adito, é viciado, é a mancha do convento,

é o espelho de nós, mostra a fragilidade humana, o caído,

espuma pela boca, o desgraçado, fala sozinho, sem lamento,

não há culpados, de pouco valeria, nunca seria reconhecido,

só ele é responsável pelo seu abater, queda e esmorecimento,

fosse um cão, fosse um gato, não tardaria em ser socorrido,

viriam os bombeiros para salvar o animal de amor sedento,

como é uma pessoa sem respeito, sem alma, é esquecido,

o que fazer para mostrar que aquele vulto não é excremento?


sábado, 19 de novembro de 2022

A RAPARIGA QUE ESCREVE CARTAS DE AMOR

 




"Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas". Quem o escreve é Álvaro Campos, o heterónimo do português Fernando Pessoa. E "se há amor", dizia, então "tem de ser". A primeira escrita pelo poeta foi a 1 de março de 1920, dirigida a "Ophelina", uma menina de 19 anos, Ofélia Queiroz, in DN"


Quando pensamos em cartas de amor, sobretudo os nascidos das décadas de 1950/60, somos remetidos para um tempo em que a comunicação se inclinava unicamente para a missiva escrita manualmente e remetida através dos CTT, Correios e Telecomunicações de Portugal. É certo que havia o telefone fixo, mas, sendo um instrumento demasiado oneroso para a maioria, estava colocado na venda, na mercearia e taberna da aldeia, o chamado "posto público". Alegadamente, o merceeiro, por cláusula contratual, estava obrigado a chamar qualquer pessoa solicitada através do aparelho analógico. Porém quando se apercebia que era para namorico o visado nunca estava em casa. Por conseguinte, o único meio de comunicar entre namorados era a carta. Colocada dentro de um envelope e com o respectivo selo, levava no cabeçalho esquerdo o remetente e no frostispício direito, com letra mais saliente e bem desenhada, o endereço do visado, receptor, a quem se destinava.
Nos dias que correm, porventura, ninguém escreverá cartas de amor em papel. Hoje, as cartas de amor manuscritas, sobretudo se forem de alguém famoso, podem valer uns milhares de euros - basta lembrar que, soubemos esta semana, as cartas de Bob Dylan, enquanto jovem, cantor norte-americano e prémio Nobel da Literatura, vêm para Portugal pelo valor de um pouco mais de 500 mil euros.
O telemóvel, através de mensagem, de voz e escritas, e o mail vieram arrumar completamente os anteriores instrumentos de comunicação, nomeadamente o postal e a carta.
Mas há um outro meio que, curiosamente, é menos utilizado para expressar o que mais profundo transborda do coração: as redes sociais. Quem o faz, talvez para não se sentir fragilizado pela exposição, fá-lo em mensagens curtas e precisas.
Mas há quem não se importe de confessar o seu amor perdido, ou por ser trocado, ou por linhas que o destino traçou, em sucessivas publicações.
A sua correspondência, plasmada na sua página do Facebook, dirigida ao seu apaixonado é plangente, com um sofrimento bem vincado em palavras de poetiza melancólica, com dores a escorrer do peito como fio de água límpida a escorrer da cercania.
Os seus gritos silenciosos, em anémico estertor, podem mostrar a sua alma carecente: "Sinto um vazio em mim, uma parte de mim foi-se, morreu e tão cedo não volta..."
Como podem ser objectivos: "Quando deito a cabeça sobre a almofada, lá vens tu invadir os meus pensamentos, por mais que os queira afastar, tu ficas, tu permaneces neles até eu acordar".
Podem ser de uma ternura incomensurável: "Sempre te amei desde o primeiro dia em que te vi, desde que te dei o primeiro abraço, o primeiro beijo, tudo, desde o dia em que fomos apanhados pela tua mãe à saída de tua casa e eu envergonhada, sem saber o que dizer, tentei manter-me calada para não dizer nenhum disparate".
Podem fazer transparecer uma saudade que teima em marcar o tempo: "As nossas conversas, as nossas discussões que acabavam sempre com um abraço como forma de pedido de desculpa, as tuas piadas que nem sempre tinham piada, mas que despertavam em mim o meu lado mais divertido (...)".
Pode ser uma ponte de esperança imperativa no futuro que é já hoje: "Por favor pensa, eu estarei aqui à tua espera".
Como escreveu Fernando Pessoa: "Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas".
Mas isso, por acaso, importa alguma coisa? Uma carta de amor pode servir de catarse, uma purificação da alma.
Um enorme abraço apertado para quem escreve e despeja as lágrimas sentidas.

MEALHADA: O MEU É MAIOR QUE O TEU

 





(Até agora com três médias-superfícies comerciais em funcionamento
 (com uma área inferior a  2.000 m2), o Intermarché, o Lidl 
e o Pingo Doce, e muito em breve o Aldi, vai surgir uma
 grande superfície, o Continente, com um espaço de venda
 com 2.998m2)

Nos últimos dias, certamente, muitos automobilistas que passam na estrada 234, que liga a Mealhada ao Luso, se interrogaram do facto de estarem a ser cortadas largas dezenas de larangeiras na margem direita, de quem vai da cidade do leitão para a vila nascente da água pura.
Ao que parece, segundo o Diário as Beiras, embora sem especificar o local com precisão, vai ali nascer uma grande superfície da marca Continente. 
Citando o jornal, "Em outubro último, entretanto, deu entrada na Câmara da Mealhada um novo PIP (Pedido de Informação Prévia). Desta vez, a localização é desafogada e apresenta perspectivas estruturantes para o crescimento sustentado da cidade.
O terreno escolhido junto à EN 234, de 15 mil metros quadrados, vai integrar a área de construção da loja (2.998 m2) e serviços de apoio, o espaço de estacionamento e as vias de acesso. Ao todo o promotor do grupo Sonae anuncia a criação de 88 postos de trabalho diretos e mais 150 indiretos.
No âmbito da cooperação com os serviços da autarquia, o promotor contempla na sua proposta a construção de uma nova rotunda na EN 234, que dará acesso à zona escolar. Em complemento, propõe-se construir uma alameda pedonal e ciclável, de ligação à zona do cineteatro, em pleno centro urbano -obra que envolve ainda uma importante intervenção de melhoramentos da atual passagem inferior à Estrada Nacional 1.
(...) O presidente da Câmara da Mealhada confirma a entrada de dois PIP com vista à instalação do Continente. "Os serviços estão a analisar as duas localizações e a possibilidade de implantação", adiantou António Jorge Franco, sublinhando que a instalação de grandes superfícies "tem sempre impacte na economia, no desenvolvimento do território e na capacidade de resposta aos anseios dos munícipes".

E...

Continuando a citar Paulo Marques, do Diário as Beiras, "Há cerca de um mês abriu uma loja do grupo Jerónimo Martins. Em breve, anuncia-se a abertura de uma outra, do grupo alemão Aldi.
(...) Na Mealhada, como se sabe, o mercado das grandes superfícies comerciais - das médias superfícies comerciais, corrigimos nós - viu o Pingo Doce, junto à antiga N1, frente à Escola Secundária, juntar-se aos já existentes Intermaché e Lidl. Aprovada está, também, a instalação do Aldi, num terreno adjacente à Quinta da Nora, ao lado da rotunda do cineteatro.
Para o Continente, os contactos datam ainda do mandato anterior da câmara, na altura, recorde-se, o executivo liderado por Rui Marqueiro recebeu, e rejeitou, uma proposta para a instalação de um Modelo Continente num terreno nas traseiras do cineteatro Messias. Em causa a enorme congestão que já existe nesta área da cidade, onde se encontram equipamentos, como a igreja, os bombeiros, dois jardins de infância e a GNR, para além do teatro e outras duas superfícies comerciais: o Lidl e o futuro Aldi."




sexta-feira, 18 de novembro de 2022

MEALHADA: ASSOCIAÇÃO DE PROTECÇÃO ANIMAL PEDE CLASSIFICAÇÃO À CÂMARA



Na próxima Segunda-feira, 21 do corrente, dia de reunião da Câmara Municipal, vai ser discutida em sede do executivo o pedido da Associação Quatro Patas e Focinhos para ser classificada com a atribuição do estatuto de utilidade pública – esta identificação, sobretudo, permite a obtenção de financiamento através do mecenato, pessoas singulares e colectivas que contribuam para ajudar com verbas e bens. Estas entidades podem descontar esses valores oferecidos em sede de IRS e IRC, conforme estabelecido no Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Segundo a página da associação no Facebook, a Quatro Patas e Focinhos é uma associação sem fins lucrativos, que foi constituída a 14 de março de 2012 para promover a recolha, o cuidado e a adoção de animais errantes. Desenvolve a sua atividade através de trabalho voluntário (…)” nos concelhos de Mealhada e Anadia.

Continuando a citar, “A Câmara Municipal de Anadia deliberou a emissão de parecer favorável à atribuição do estatuto de utilidade pública à Associação Quatro Patas e Focinhos, por prosseguir um fim de interesse público, cooperando, nesse âmbito, com a Administração Local. A deliberação, tomada na reunião de executivo realizada a 24 de março de 2022, teve em conta o trabalho meritório e altruísta que esta associação tem vindo a desenvolver na área da proteção e do bem-estar dos animais errantes, bem como da saúde e segurança públicas.”

 

SIC: “QUANDO O ÓDIO VESTE FARDA”, OU QUANDO SE PROCURA CONFUNDIR A ÁRVORE COM A FLORESTA

 



Em resultado de uma investigação de um Consórcio de Jornalistas, a SIC apresentou em dois episódios, ontem e hoje, uma grande reportagem sobre 591 operacionais da PSP e da GNR que, através das redes sociais em grupos de acesso restrito, praticam crimes de ódio, em expressões pouco consentâneas com o Estado de Direito...

Confesso que fiquei mais baralhado do que esclarecido.

Se calhar fui só eu...

Pareceu-me que faltou ali qualquer coisa… sei lá, talvez o contraditório não fosse muito esclarecedor…

É como se, nestas duas peças, houvesse uma “mãozinha invisível”, manhosa, a querer vender-me a intenção de me fazer alinhar num pensamento único e manipulador, sem reflexão, de que todos os agentes da PSP e militares da GNR são racistas, segregacionistas, xenófobos e misóginos…

São 591 agentes… Nem vou escrever “apenas”… para que os puristas não me executem com a retórica de que não deveria haver nenhum. De repente lembrei-me que não vivemos numa sociedade ideal...

O que sei dizer é que fui ver o número total de agentes da PSP e militares da GNR que existem em Portugal…

Segundo a Pordata, na PSP existem 20,805; na GNR há 21,995…

Ou seja, num total de 42,800 agentes há 591 que se portam mal…

Ora, fazendo as contas dá uma percentagem de 1,380%…

Há qualquer coisa que não bate certo… para mim, evidentemente…

Não parece que estão a confundir a árvore com a floresta?



quarta-feira, 16 de novembro de 2022

MEALHADA: UM COMUNICADO DO MIMM

 



Movimento Independente Mais e Melhor


Judicialização da Política Concelhia.

Lawfare - Uso de instrumentos jurídicos para fins de perseguição política, destruição da imagem pública e inabilitação de um adversário político. Ferramenta recorrentemente utilizada por populistas, demagogos e totalitarista na sua estratégia para eliminar qualquer oposição manipulando as massas através de argumentos e ferramentas jurídicas falaciosas que mesmo sendo improcedentes servem para arrastar os adversários para os terrenos pantanosos onde se movem, para semear a dúvida acerca da sua honestidade, calar os críticos sem capacidade financeira para se defender e afastar quem questiona por não se querer ver envolvido nestas lutas com tácticas sujas. É um dos mais perigosos inimigos da democracia.

Também no concelho da Mealhada este tipo de tácticas têm vindo a ser usadas.

Assim que foi apresentada a criação do Mais e Melhor Movimento Independente foram feitas denúncias ao Ministério Público que tiverem como alvo o bom nome dos cabeças de lista à Câmara e Assembleia Municipal: António Jorge Franco foi acusado de ilegalidades enquanto presidente da Fundação Mata do Bussaco e Carlos Cabral foi acusado de caluniador por escrever um artigo de jornal relatando fatos que se confirmam nas atas das reuniões do executivo anterior. Ambas foram consideradas improcedentes e infundadas pelo Ministério Público. Não há, nem podia haver, qualquer prova destes factos. Esta denúncia não foi discutida em círculo fechado: foi discutida em reunião da comissão política da concelhia do PS, foi um ato político premeditado, sujo e com a única intenção de manipular o eleitorado com mentiras.

A concelhia do PS Mealhada desonrou os pergaminhos democráticos do Partido.

Os dirigentes do PS Mealhada, recorrendo à táctica do medo a que foram habituando quem se opunha ou os questionava, utilizaram meios públicos para tentar afastar os candidatos do MMMI. Não tiveram muito sucesso mas ainda assim parece que recorrem... Há que manter a chama da mentira viva! Afinal não querem estar sozinhos como arguidos e convém criar nuvens de fumo para tapar o que está para trás.

Mesmo após as eleições e a tomada de posse continua a mesma táctica lamacenta: constantes ameaças (concretizadas até) de denúncias ao ministério público e queixas nas reuniões de câmara, pressões e questionamento constante a funcionários, pedidos de informações extemporâneos sobre os processos da câmara (estão esquecidos...) e até sobre vencimentos.

O vergonhoso episódio da jornalista a fazer esperas ao Presidente da Câmara à porta de sua casa teve autores claros e até assumidos. Muitos choraram lágrimas de crocodilo.

Na Assembleia Municipal também mantêm o tom: abandonaram uma sessão onde se discutiu e votou o Orçamento Municipal (aprovado por UNANIMIDADE em reunião de câmara com os votos do PS) de forma vergonhosa, não cumprindo o mandato a que se propuseram e não respeitando os votos que os munícipes lhes entregaram. Não tiveram qualquer interesse em discutir e votar o orçamento, apenas quiseram fazer ruído numa tentativa demagógica e populista e obter visibilidade para a sua causa: denegrir a competência e o bom nome dos eleitos pelo MMMI.

Mais uma vez, deste ridículo abandono, inspirado seguramente no abandono do Chega na Assembleia da República umas semanas antes, apresentaram uma queixa ao Ministério Público.

Essa queixa não foi dirigida à Mesa da Assembleia nem ao seu presidente mas sim pessoalmente ao Prof. Carlos Cabral. Ficam claras as intenções.

Mais uma vez esta queixa foi considerada infundada e improcedente. Mais uma vez se gastaram os recursos públicos nas brincadeiras de quem quis fazer uma novela!

Entre vozearias, bocas e até ameaças vão decorrendo as Assembleias Municipais, à espera das cenas dos próximos capítulos!

O MMMI segue o seu trabalho e o seu projecto! Seguimos com a confiança de quem está de consciência tranquila e consciente do que nos esperava e espera. Não somos nem queremos ser vítimas de nada, mas não podemos deixar de denúnciar as estratégias espúrias de quem viu o voto livre no MMMI como uma afronta ao seu direito divino de mandar e os seus poderes instituídos de governar!

Continuamos sem medo e cada vez mais convictos de que fizemos a coisa certa e que estamos a tocar onde devíamos: os velhos poderes, caciques e senhores estão cada vez mais irritados por não poderem continuar a decidir na sombra. Recorrem às ferramentas que têm para nos atacar, sejam eles jurídicas, políticas, pessoais ou até com a boa imagem das instituições que controlam e manobram para seu serviço!”




UMA RESPOSTA DA JUNTA DE FREGUESIA DE LUSO

 



NO SEGUIMENTO DA CRÓNICA ESCRITA E ENVIADA PARA CONHECIMENTO, RECEBEMOS DO EXECUTIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE LUSO A SEGUINTE RESPOSTA:



"Exmo senhor

Presidente da Câmara Municipal da Mealhada

Apresento os meus cordiais cumprimentos

Fui informado que na passada semana ocorreu um acidente entre dois veículos na via que a Junta de Freguesia de Luso beneficiou em 2021, entre a Lameira de S. Pedro e Barrô, que causou estragos materiais nas viaturas em causa e, eventualmente, no muro da ponte sobre a Ribeira do Salgueiral.

As pessoas de ambas as localidades, referem como um problema grave a falta de visibilidade da via devido às copas das oliveiras que a marginam em ambos os lados por larga extensão do seu traçado, facto que eu próprio verifiquei no local.

Assim, atendendo à situação e uma certa urgência, e tratando-se de uma via municipal como me transmitiu na sequência da sua tomada de posse em 2021, solicito a V.ª Ex.ª que diligencie no sentido de garantir a visibilidade da via em causa, de forma a melhorar as suas condições de segurança.

Atentamente

Com os melhores cumprimentos,

Claudemiro Semedo

O Presidente da Junta de Freguesia de Luso"

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

BARRÔ: POR UM PALMO DE MURO

 





Na última Quinta-feira, a estrada que liga Barrô à Lameira de São Pedro foi palco de um aparatoso acidente com um automóvel e uma carrinha que só por grande sorte, grande sorte, para o condutor do ligeiro não deu em ferido grave.

Em poucas palavras conta Luís Sereno: “eu ia calmamente a conduzir de Barrô em direcção à Lameira de São Pedro. Quando começava a aproximar-me da pequena ponte que passa por cima da Ribeira do Salgueiral, no “Porto-carro”, surgiu-me uma viatura no meio da via e para não lhe bater guinei o meu carro para a minha direita contra o muro de resguardo da passagem superior.

Em visita posterior ao local do acidente podemos constatar duas situações: a primeira é que, com resquícios visíveis no solo causados pelo embate, o muro protector aguentou bem o impacto do clássico BMW. A segunda é que quem se desloca de Barrô para a Lameira, a cerca de meia-centena de metros da velha ponte, com uma curva bastante pronunciada, não vislumbra nada à sua frente pela ramagem de várias oliveiras, que se estende e debruça sobre a via. Ou seja, quem pretende passar na travessia, já por si bastante estreita e sem visibilidade mínima, tem obrigatoriamente de se colocar na via contrária.

Depois de um pingue-pongue entre a Junta de Freguesia de Luso e a Câmara Municipal de Mealhada para se saber quem era responsável pelo arranjo da via, que é muito frequentada diariamente por veículos, incluindo um autocarro de transporte escolar, e pessoas nas suas caminhadas sanitárias, há um ano, a estrada foi alcatroada.

Em 20 de Novembro de 2021, já com os trabalhos de repavimentação concluídos, escrevi uma crónica a chamar a atenção para a possível perigosidade da falta de visibilidade causada pelas árvores na rodovia e enviei para a Junta de Freguesia de Luso. Até hoje nada foi feito para intimar os proprietários das árvores a cercear o efeito da ramagem. Está na altura de o fazer, até porque, sendo época da recolha da azeitona é também o tempo de poda.

Felizmente, o nosso conterrâneo, para além do susto e do prejuízo no seu automóvel, sofreu “apenas” algumas contusões, que ficaram marcadas a negro no corpo.

Será que é necessário haver sangue derramado para a Junta de Freguesia actuar com brevidade?

(TEXTO ENVIADO PARA CONHECIMENTO DO EXECUTIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE LUSO)


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

MEALHADA: A REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL FOI ONTEM (2)


 




já se encontra concluído novo concurso

para a concessão do bar da Alameda.

Mas, ao que tudo indica, parece que o

empreendimento está embruxado.”



A reunião da Câmara Municipal, depois de um começo algo inesperado, agora numa paz talvez imposta pelas circunstâncias, prosseguia o seu caminho.

Rui Marqueiro, ex-presidente da edilidade e agora chefe da oposição e eleito pelo Partido Socialista, pediu a palavra para dizer que defende que o concelho de Mealhada passe para Coimbra. E rematou: “Está na nossa mão”.

Filomena Pinheiro, em resposta, puxou à sua bancada o tema “Bombeiros” – que já tinha sido badalado por José Calhoa. Disse a vice-presidente: “tudo fazemos para que os Bombeiros Voluntários desempenhem a sua missão.

Mas disse mais: no Rally Legends, (…) os Bombeiros Voluntários de Mortágua estavam presentes gratuitamente; os Bombeiros Voluntários de Penacova estiveram presentes gratuitamente; os Bombeiros Voluntários de Mealhada exigiram um balúrdio. Depois de negociado o valor desceu, mas foram... ultrapassou um milhar de euros. Isto para dizer que não ficámos bem na fotografia (…)

No decurso da sessão, onde se viu a falar ao telemóvel, foi dito por Filomena Pinheiro que o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Mealhada estava a ligar-lhe. E acrescentou: “(…) e está-me a informar… que a informação que eu dei, relativamente à participação dos bombeiros, e ao pagamento e não pagamento, não é verdadeira, porque todos se regeram pela mesma tabela. (…) Estava a dizer ao senhor Nuno Canilho que na realidade todos se regeram pela mesma tabela… não sei se é verdade, se é mentira, mas tenho de dar esta informação.


COMO É QUE É?


Com este inusitado telefonema para o executivo, em plena sessão, do presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários e tornado público no momento pela senhora vice-presidente, Filomena Pinheiro, várias questões se levantam:


1 – salvo melhor opinião, para além de informal e vazio de fundamentação legal, constitui um precedente perigoso permitir a interrupção e intervenção de alguém, seja um cidadão, seja uma entidade visada na reunião em curso, mesmo até para defesa da honra. Para isso está consignado no Regimento o período atribuído ao público, a partir das 10h00, na sessão seguinte, obviamente.

Os Bombeiros, com todo o respeito que lhe é devido, não estão acima do tratamento que é aplicado ao cidadão comum.

As Reuniões da Câmara Municipal têm um Regimento pessoal e orientador que é bem claro.

2 – Os subsídios atribuídos pela Câmara Municipal aos Bombeiros Voluntários de Mealhada e de Pampilhosa precisam urgentemente de serem clarificados. E sobretudo explicar aos munícipes a diferença entre seguros de acidentes pessoais, que são considerados, e seguros de frota, que se considera fora da cobertura.


E VAMOS PARA O PERÍODO DA ORDEM DO DIA


Ficamos a saber que já se encontra concluído novo concurso para a concessão do bar da Alameda. Mas, ao que tudo indica, parece que o empreendimento está embruxado. Foi dito que um dos concorrentes preteridos invocou conluio, concertação nas ofertas entre outros concorrentes.

No ponto 10 -Proposta de tarifários dos serviços de água, saneamento e resíduos para o ano de 2023 – pela voz de Franco, ficámos também a saber que o aumento era inevitável.

A proposta para aprovação no executivo era entre 4, 5 e 6 por cento. Alegadamente, se fosse dada ordem de quitação em 6 por cento, mesmo assim, o município terá um défice anual estimado de 270 mil euros; se fosse aprovado em 5 por cento, o prejuízo municipal será de 300 mil euros.

Com um redobrado apelo de Franco à restante vereação para ser aprovado na percentagem de 5 por cento, como sendo a menos má para a edilidade, a proposta foi aprovada por maioria.

A mostrar alguma descoordenação, que não se entendeu muito bem, foi a votação da bancada socialista: Marqueiro votou contra; José Calhoa absteve-se; e Sónia Leite votou a favor.


Entretanto, ficámos a saber também que no próximo dia 28 haverá uma reunião extraordinária.


TEXTO RELACCIONADO


"Mealhada: A reunião da Câmara Municipal foi ontem (1)"


MEALHADA: A REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL FOI ONTEM (1)

 




há um projecto já concluído,

com abertura de concurso,

para a rotunda da Pedrulha.


Estavam as lojas do pequeno comércio local a abrir as portas quando no Salão Nobre da Câmara Municipal o chefe da missão, António Jorge Franco, apresentando os bons dias aos presentes e aos munícipes em casa, deu início aos preliminares do executivo, como quem diz, ao Período de Antes da Ordem do Dia.

Esperava-se um decurso mais ou menos igual aos antecedentes. A mostrar que a imprevisibilidade é a rotura entre o constante e o “devir”, o presidente da autarquia baralhou todos os que assistiam à cerimónia pública. Quem iria pensar que António Franco, logo a abrir, numa dissertação, iria falar de livros? E para espanto de todos não era um romance de cordel, e muito menos de faca e alguidar.

Quem adivinharia que, seguindo a linha editorial de um conhecido instituto de Psicologia e Ciências Sociais dos Estados Unidos, nos iria falar de um futuro título com conteúdo inesgotável que é sempre sucesso garantido? Falamos, neste caso, de “Como afrontar a mesma família política e fazer inimigos para toda a vida”.

Durante um tempo que pareceu longo de mais, o Pretor urbano, em sinopse, desenvolveu em três capítulos o enredo que, não se sabe, mas pode até dar um filme. Franco, sem papas na língua, como de uma conspiração real se tratasse, alegando uma conversa particular, acusou o chefe da oposição, Rui Marqueiro, de estar por detrás da orquestração maquiavélica para o destruir. E a prova material por parte do opositor seria o recurso repetido e a instrumentalização do Ministério Público.

Marqueiro, que embora pareça um avô dolente é tudo menos isso, respondeu na mesma moeda e, parecendo dizer tudo sem dizer nada, anunciou ao mundo que também iria escrever um livro cujo título será “A melhor defesa é o ataque”. Mas disse mais: que, embora os factos tenham prescrito, em próximos desenvolvimentos iria desfolhar o potencial do seu alfarrábio, que, diga-se a propósito, pode acabar em novela.


*


Mas a provar que os políticos tão depressa se arranham como em seguida estão em abraço, logo a seguir, numa unanimidade sem freio, falou-se muito de carros antigos. E, para isso, nada melhor do que, em modelo, falar do Rally Legends, que decorreu na região entre os dias 4, 5 e 6 deste Novembro de São Martinho, e parafraseado a uma só voz: “o sucesso do Rally Legends é uma mais-valia para o território”.

Filomena Pinheiro, vice-presidente, concluiria ainda que “o concelho começa a despertar para uma cooperação em rede. Sozinho não se vai a lado nenhum.

Sónia leite, vereadora da bancada socialista, como a querer sair da modorra e a mostrar trabalho político, atirou: “sobre a iluminação pública, poupança de energia, há algum plano de contingência?

A seguir tomou a palavra José Calhoa. Como a demonstrar que a sua ambição política não se fica unicamente pelo lugar de vereador, nesta segunda aparição depois da tomada de posse, mostra que está atento ao que se passa nas redondezas. Por isso mesmo interrogou a mesa da razão de às 16h00 haver luzes acesas na via pública, na estrada Mealhada Grada?

Mas Calhoa, como que a rivalizar com o seu mestre-de-fila, sabe que para chegar próximo do coração dos eleitores precisa de atacar a maioria naquilo que ainda não está muito bem explicado. Ora nada melhor do que os recentes subsídios atribuídos aos Bombeiros Voluntários, da Pampilhosa e de Mealhada. E, por isso mesmo, na sua voz redondinha e bem colocada, formulou: “Seguros dos Bombeiros, já há algum andamento?

E, como corredor de fundo em direção à meta, prosseguiu a sua interpelação: “o que foi feito do projecto sobre a rotunda da Pedrulha?

Respondeu Franco, sobre os Bombeiros: “os seguros de acidentes pessoais estão assegurados. Ficam os seguros de frota, eles têm de gerir a sua própria casa” – de salientar que o tema “bombeiros” viria a voltar à baila mais à frente.

Continuou o Prefeito, em resposta a Calhoa: “há um projecto já concluído, com abertura de concurso, para a rotunda da Pedrulha.

(CONTINUA)


TEXTO RELACCIONADO


"Reunião da Câmara Municipal: o caso do dia"

REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL: O CASO DO DIA




Depois de uns dias de ausência no Brasil na cidade de Gramado, em Rio Grande do Sul, num evento sobre turismo promovido pela CIM, Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, alegadamente, cujo objecto da viagem foi a captação de turismo para os interessados de entre os 19 concelhos que compõem esta agregação, esperava-se hoje, na reunião da Câmara Municipal de Mealhada, um António Jorge Franco de pele torrada, vestido com camisa às flores, chapéu de palha na cabeça e, enrolado no pescoço, um cordão de sementes tropicais e na ponta um medalhão com “Y” invertido, a simbolizar a paz e o amor.

Mas, pelo contrário, vá-se lá saber a razão, regressou um turista mais tenso do que aquele que partiu. E, numa antítese do que nos tem habituado, logo ao abrir a sessão camarária, como se pegasse numa bazuca, apontou ao seu opositor e “PUM”!

Com um discurso, calmo mas preciso, de cilindrar tudo o que mexesse, o presidente da autarquia atirou sobre o chefe da oposição e suas tropas. Numa introdução algo inusitada, disse que no início, na qualidade de líder do Movimento Independente Mais e Melhor, antes das eleições, “fui abordado por um cidadão do concelho, que tem ligações a um partido do concelho, no sentido de me demover a continuar a criar o Movimento. Ou seja, para que eu desistisse de avançar com uma suposta candidatura, na altura, (…) à Câmara Municipal de Mealhada. A forma como fui abordado, foi através de alguns argumentos, que eu vou aqui (…) transmitir... dois argumentos que na altura não estaria a contar que viessem dessa forma. Uma delas, que o Dr. Rui Marqueiro iria utilizar todos os meios para me destruir, caso avançasse com a candidatura. (…) Como não aceitei, no decorrer dessa conversa, transmitiram-me claramente que a melhor forma era eu ficar quieto, não falar, não avançar com nada, que, certamente, teria um lugar, foi falado, poderia ir para a Fundação Mata do Bussaco. Eu transmiti logo que não aceitaria (…) Durante, depois, a campanha, apareceram aí algum ruído sobre a existência de três processos (...) durante o tempo que estive quatro anos na Câmara Municipal e quatro anos na Fundação Mata do Bussaco. Um deles já veio do Ministério Público e cujo denunciante foi o Dr. Rui Marqueiro. (…) Por não se detectarem irregularidades, foi arquivado.

Durante largos minutos nem um respiro se ouviu. Até Marcelo, em pose institucional na parede do fundo, sempre pronto a mandar “bitaites”, ficou mudo e quedo.

O próprio Marqueiro, visado na acusação e sempre pronto a interromper qualquer dissertação, desta vez ficou caladinho à espera que lhe fosse dada a palavra.

E quando a oportunidade chegou, numa voz suave e melosa, disse: “É verdade, fui o autor da queixa! E a abertura de instrução é uma hipótese…

Atrás do chefe da oposição, sempre vigilante aos desvios e vícios protocolares, o busto da República, sem conseguir disfarçar o incómodo, não sabia se deveria, ou não, desmanchar-se em prantos escorridos e carantonhas de tristeza. Coitadinha da senhora. Até dava pena. Com um olhar macilento e sofredor parecia interrogar: “O que é isto? O que é que eu faço com estes dois? Que mal fiz eu para merecer tamanha sorte? Volta Monarquia, que eu estou farta!

 

terça-feira, 8 de novembro de 2022

MEALHADA: QUARTA-FEIRA REALIZA-SE A REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL

 




Alegadamente, por motivos de agenda institucional do Presidente da Câmara Municipal de Mealhada, António Jorge Franco, que originou a sua ausência por uns dias, a primeira reunião do executivo que, em princípio, se deveria ter realizado hoje, Segunda-feira, foi transferida para a próxima Quarta-feira, dia 9 do corrente, como sempre, com início pelas 9h00.

Como curiosidade, atente-se, pela primeira vez no mandato que começou há cerca de um ano, a Ordem de Trabalhos foi assinada por Filomena Pinheiro, Vice-presidente da edilidade, no uso de poderes de substituição legal.

Pode consultar aqui a agenda: https://www.cm-mealhada.pt/.../ordenstrab/ordtrab9nov22.pdf .

E para visualizar através a reunião via online, ao vivo e a cores, através do YouTube pode aceder através deste link:  https://www.youtube.com/c/cmmealhada .


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

BARRÔ: FALECEU UM DOS NOSSOS

 



Nesta última Segunda-feira, dia 31, foi a sepultar no cemitério de Vale da Ribeira, em Luso, Luís Duarte Dias, de 74 anos, nosso conterrâneo, natural de Barrô.

Conhecido entre nós por “Luís sapateiro”, profissão que abraçou após ter sido gravemente ferido nos membros com uma mina, em 1970, na Guiné, ex-colónia portuguesa, em plena guerra do Ultramar, este ex-combatente, mesmo ficando deficiente-motor para toda a vida, nunca se entregou ao desânimo e foi sempre à luta, que travou sempre, diariamente, com galhardia.

Era um amante confesso de velharias, nomeadamente rádios antigos. Há cerca de dois anos, numa longa conversa, falámos dessa comum paixão. Ficou também mais ou menos acertado que, quando calhasse, eu escreveria a sua narrativa de estropiado, mutilado de guerra. Quis o destino que a morte o chamasse primeiro e a promessa ficasse por cumprir.

Sem confirmação, o nosso herói da Guerra Colonial teria sido galardoado por actos de bravura pelo General António de Spínola, na altura Governador da Guiné-Bissau – a verdade é que uma placa em mármore, pregada na parede à entrada da casa do malogrado ex-militar, relembra para a posteridade a data marcada a ferros, nunca esquecida, enquanto foi vivo, na memória do Luís Dias.

À família enlutada, em nome dos habitantes de Barrô, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames.

Até sempre, Luís.



terça-feira, 1 de novembro de 2022

O FOTÓGRAFO ESTAVA LÁ… E VIU E OUVIU, OU TALVEZ NÃO?

 




Neste Dia de Finados, no Cemitério da Mealhada, uma mulher desconhecida, ainda nova e talvez viúva recente, emoldurada de preto dos sapatos até às lunetas em forma de óculos, com um ramo de rosas vermelhas em riste, em frente a uma campa rasa e encimada por um cabeçalho identificador com epitáfio sumido nas entrelinhas, num plangente choro sentido e marcante, por entre mortos esquecidos e vivos errantes, fazia-se ouvir em sinfonia sofredora e repetida:



Ó meu abençoado e desejado poder,

ó meu amor, querido todos os dias,

diz-me por onde andas, quero saber,

deixas-te-me sem despedida, sorrias,

parecias tão confiante no teu querer,

foste num Setembro, ainda dormias,

as folhas começavam a amarelecer,

tantas estrelas no Céu eram alegrias,

que vai ser de mim, sem ti, sem te ter,

pareço uma sombra cheia de agonias,

uma alma esvoaçante, perdida sem ver,

sem ânimo para erguer, sem sacristias,

sem ti, minha luz, apetece-me morrer,

preciso de ti, meu sonho de fantasias,

o que preciso fazer para te voltar a ter?

Dá-me esperança que voltarei a ter manias,

farei tudo, tudo, para seres meu, PODER.