sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A COMPRA DO SALÃO BRAZIL PELA AUTARQUIA, OU COMO CRIAR UM ELEFANTE BRANCO








Na segunda ressalva, juro que não tenho por intenção colocar
em causa o valor cultural nem do salão, como espaço monumental
de memória, nem do esforço da direcção do Jazz ao Centro para
revitalizar o Centro Histórico. Nesta avaliação faço escusa.
Tento focar-me apenas no montante do investimento público.”


Os jornais locais de ontem noticiavam que a Câmara Municipal de Coimbra quer comprar o edifício do Salão Brazil, no Largo do Poço, na Baixa de Coimbra. Citando o Diário de Coimbra, “para o qual já existe uma proposta de aquisição, por parte de investidores estrangeiros, ao que foi possível apurar de nacionalidade chinesa, no valor de um milhão de euros. A decisão de adquirir o imóvel, que foi colocado à venda pelos respectivos proprietários, é “assegurar a continuidade da dinamização de actividades socioculturais já existentes naquele edifício, nomeadamente da Jazz ao Centro Clube, o que eventualmente poderia ser colocado em causa com uma transacção do imóvel para investidores privados”, confirma a a autarquia em nota enviada à imprensa. A proposta de aquisição do imóvel, que se encontra integrado na Área de Reabilitação Urbana (ARU) e em zona Especial de Protecção do Património Mundial Classificado pela UNESCO da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia. “A situação coloca-se depois de ter dado, já este mês de Novembro, um anúncio no site “Casa Pronta” (uma ferramenta disponibililazada pelos serviços do Ministério da Justiça que permite realizar de forma imediata todas as formalidades necessárias à compra e venda de prédios urbanos, mistos ou rústicos) (…).
(…) Carina Gomes, vereadora da Cultura, citada no documento, destaca “a relevância cultural do trabalho promovido pelo Jazzz ao Centro Clube”, considerando que “o edifício, a sua localização e as funções culturais que ali têm lugar constituem uma mais valia estratégica para o importante processo que a autarquia vem desenvolvendo, em termos culturais e socioeconómicos, no âmbito da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027.
Começo com duas ressalvas. A primeira, hesitei muito em escrever sobre este assunto. Afinal, na qualidade de micro-comerciante da Baixa, cujo passado nesta vida foi a compra e venda, estou em fim de carreira e, saindo da cidade, estando quase a despedir-me da actividade mercantil, por que raio vou lançar a confusão em muitas mentes decisoras ou usufrutuárias que, perante o anúncio, já aprovaram sem reserva e, por só vislumbrarem a virtude angelical, sem conhecimento profundo do que está em cima da mesa, dão saltos de contentes. Na minha qualidade de cidadão anónimo mais ou menos informado, achei que, mesmo contrariando a onda, por uma questão de honestidade intelectual, sobretudo para comigo, deveria plasmar o que sei e dar a minha opinião. Esta minha crónica – aliás longa e que só lerão os pouquíssimos interessados no tema - vai ter algum impacto nos órgãos decisores? Claro que não. A decisão já está mais que tomada. Para uns, os que a apresentam na mesa executiva, é uma forma de, fazendo de conta que a medida é essencial, mostrar trabalho, para outros, os que deveriam ser o travão para impedir o desperdício e a arbitrariedade, por que têm medo de serem acusados de pôr o pau na roda, alinham na aprovação só para ganharem votos. Então, perguntará o leitor, nesse caso, se adivinha o que vai acontecer, por que o faz?
Na segunda ressalva, juro que não tenho por intenção colocar em causa o valor cultural nem do salão, como espaço monumental de memória, nem do esforço da direcção do Jazz ao Centro para revitalizar o Centro Histórico. Nesta avaliação faço escusa. Tento focar-me apenas no montante do investimento público.
Como é normal, os relatos jornalísticos são apresentados a frio, sem contraditório e desprovidos de qualquer informação prévia de suporte que leve o cidadão a avaliar o negócio. Trata-se de um investimento, isto é, trata-se de uma aplicação de capital com expectativa de retorno futuro? Ou, pelo contrário, estamos perante uma aplicação morta, onde o benefício a médio ou a longo prazo é difícil de vislumbrar?
É preciso não esquecer que, a consumar-se, é de dinheiros públicos que falamos, dos meus, dos seus e de outros concidadãos como nós. Os gestores políticos, embora com plenos poderes de representatividade, são (devem ser) simplesmente os executores da vontade popular e, no desempenho da missão, devem agir como um chefe de família avisado, ponderado e com visão estratégica de futuro. Sem pretender grandes juízos de valor, mas estando certo ser impossível fingir que não tenho opinião negativa, vou então mostrar o passado, o presente e o futuro (em especulação) do Salão Brazil.


UM POUCO DE HISTÓRIA


Recordar o Salão Brazil, na memória dos mais velhos, é tocar a saudade de uma efervescente Baixa cujo movimento de pessoas não voltará jamais. Transportar essa época para os nossos dias é como pretender voltar aos comboios a vapor.
Na sua época áurea, e até meados da década de oitenta, do século passado, o Salão Brazil e a Baixa, como irmãos siameses, caminhavam lado a lado. Escrever sobre este antigo salão de bilhares é pedir ao tempo que nos dê tempo para voltarmos atrás e nos fazer outra vez meninos. Falar no Salão Brazil é reviver memórias do Centro Histórico, é rebobinar um filme mudo onde as pessoas nas suas ruas e vielas parecem formigas em carreiro de sequeiro. (Clique aqui em cima e leia a história completa em crónica por mim escrita para o semanário O Despertar, em 2012)
Por volta de 1994 morreu velhinho o Juvenal, o timoneiro do velho salão, e com ele apagou-se a espiritualidade deste histórico espaço de entretenimento. Durante pouco tempo ainda funcionou com uma senhora como funcionária, mas acabou encerrado durante alguns anos.


OS NOVOS INQUILINOS DO SALÃO


Como curiosidade, creio que em 1998, cheguei a ir à Figueira da Foz falar com o proprietário para me arrendar o espaço para fazer leilões de antiguidades. Como a renda pedida era, a meu ver, exagerada não aceitei.
Pouco tempo depois o nobel salão de bilhares foi arrendado ao falecido Fernando, “do café Samambaia” - assim conhecido por ter trabalhado muito tempo no estabelecimento do Bairro Norton de Matos. Durante uns anos, com a ajuda da esposa na cozinha, os seus pitéus ganharam fama em toda a Baixa. Nessa altura, o Fernando, retirando a maioria, deixou apenas dois Snooker’s e na restante área tinha mesas.
Em 2004, uma sociedade, constituída pelo Manuel e o Telmo, toma conta do primeiro-andar do Largo do Poço e, acabando de vez com os bilhares, faz um restaurante de renome e de ambiente “Art Deco”.
Entretanto, estabeleceram um protocolo com o Jazz ao Centro (JACC), sob direcção de Pedro Rocha Santos, e incluíram animação musical.
Em 2012, O Telmo, o dono do restaurante, passou de vez e na totalidade o salão ao Jazz ao Centro, que se transferiu do Adro de Baixo.
A renda do estabelecimento era, por esta altura, creio, cerca de 1500 euros mensais. Para ultrapassar o problema dos custos de funcionamento, já com Barbosa de Melo em substituição de Carlos Encarnação à frente da edilidade e com Maria José Azevedo como vereadora da Cultura, o JACC passou a ser contemplado anualmente com 60 mil euros.
Veio 2013, com a Coligação Mais Coimbra, com o PSD/CDS-PP/MPT/PPM, a ser apeada pelos socialistas, com Carina Gomes como vereadora da Cultura, o PS manteve a atribuição o mesmo subsídio todos os anos subsequentes.
Em Fevereiro de 2015, encerrou a Daline, um loja de roupas, no rés-do-chão do edifício do Salão Brazil. Pagava uma renda de, creio, 2200 Euros. Pouco tempo depois a superfície foi tomada de arrendamento por um comerciante de ascendência chinesa por, creio, 2500 Euros.
Naturalmente, o JACC procurava alargar a sua actividade e chegou a gerar algum descontentamento na vizinhança.


BALANÇO DO QUE FICOU ESCRITO


O rendimento actual do edifício para um investidor particular é, portanto, de cerca de 4000 euros mensais. Ou seja, um dividendo convidativo que tenta um qualquer milionário com milhões disponíveis.
Porém, é preciso salientar que este provento não é o mesmo para a Câmara Municipal de Coimbra, já que, anualmente, injecta 60 mil euros na associação Cultural sem fins lucrativos.


PERGUNTAS SEM RESPOSTA


1-Tendo em conta o momento inflacionado para o edificado, será uma boa altura para a CMC exercer o direito de preferência num prédio que, tendo em conta o seu mau-estado de conservação, está hiper-valorizado?
Será que, para fazer uma ponderada avaliação que se exige tomando em atenção o elevado montante, foram consultadas várias imobiliárias em Coimbra?
2 - Sabendo-se que a compra está relaccionada no âmbito da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, remetendo para os “elefantes brancos” do Euro 2004, fará sentido esta compra? Não deu para aprender nada com o descalabro financeiro que a experiência desencadeou no país?
3 – Qual o uso destinado ao edifício por parte do investidor chinês? Antecipadamente, não pediu a informação-prévia? Os cidadãos não deveriam saber?
4 – Imaginemos que se tratava de um futuro Centro Comercial. No interesse de revitalização da Baixa comercial, será melhor manter lá uma associação cultural cujos custos de funcionamento reverte por inteiro para os cofres públicos?
5 – E, pensemos, de aqui a quatro anos ganha a edilidade um partido, movimento, ou uma coligação que não concorda com a atribuição do subsídio ao JACC e “fecha a torneira”. O que vai acontecer? Justifica-se o investimento de um milhão de euros unicamente por causa de uma entidade que, praticamente, não tem receitas próprias?
6 – Ao adquirir um edifício alegando o trabalho profícuo de uma entidade sem fins lucrativos a autarquia não estará a promover um quid pro quo, tomar uma coisa por outra? Ou seja, valorizando um por excepção, não estará a gerar conflitos futuros, criando noutras congéneres a reivindicação do mesmo tratamento de igualdade?
Apenas como exemplo equitativo: a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, tal como o JACC, é praticamente suportada por dinheiros camarários. Acontece que a sua sede no edifício do Arnado, por simpatia, tanto quanto julgo saber, é, há muitos anos, cedida gratuitamente pela gerência do Centro Comercial. Tomando o precedente, levando em boa nota as alegações de que esta agremiação tem feito um bom trabalho, na linha do mesmo tratamento, a CMC não deverá comprar uma sala, ou outro qualquer sítio para esta agência? Se não o fizer, a meu ver, estará a usar de discriminação.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

NO APROVEITAR SE ACUMULA O GANHO...




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sábado, 16 de novembro de 2019

EDITORIAL: ESTE PSD ME MATA







Com a vitória, ontem, de Carlos Lopes, lista afecta a Luís Montenegro, para líder da concelhia do PSD/Coimbra - que venceu o seu opositor Barbosa de Melo, afecto a Rui Rio, por 10 votos – está aberta a porta da renovação para a equipa dos sociais-democratas se preparar para o grande combate autárquico em 2021. Isto se se não houver impugnação por parte do vencido, já que, por exemplo, José Simão, presidente das juntas agregadas de Santa Clara e Castelo Viegas, queixou-se no Facebook de, apesar de ter as quotas em dia, ter sido impedido de votar.
De salientar que também para a mesa da Assembleia Geral, em detrimento de Carlos Encarnação, ganhou Fernanda Mota Pinto – com uma diferença de 20 votos sobre o seu adversário. Ou seja, se não houver repetição do acto eleitoral e for considerado válido, tudo indica que a seccão de Coimbra não quer nada nem com Rui Rio nem com os antigos presidentes da Câmara Municipal nos últimos 12 anos – 2001-2013.
Com um candidato à edilidade já apresentado, Nuno Freitas, médico, que, alegadamente, se demitiu da Concelhia para se preparar às próximas eleições, tudo indica que não vai ser o único, sobretudo se Rio for confirmado como presidente do PSD nas próximas directas do partido. Não causaria espanto se fosse uma mulher com assento na torre que vigia a cidade. Mas mesmo que Rui Rio perca para Montenegro, é de supor que outros aspirantes ao cadeirão da Praça 8 de Maio se irão posicionar para se baterem contra Nuno Freitas. Há uma tradição de trazer gente dos arrabaldes da cidade para conquistar o castelo, agora ocupado pelos socialistas, e, estou em crer que se vai manter. Assim a acontecer, os resultados, como no último sufrágio, com o concursante Jaime Ramos a declarar se perdesse que não assumiria o seu lugar de vereador, poderão não serem melhores.


É PRECISO OUTRA GENTE, E OUTRAS COLIGAÇÕES


Com novos partidos e movimentos a concorrerem em 2021, o PSD, se não apresentar uma candidato à Câmara galvanizador, corre o risco de ficar com uma representação mínima na cidade. Actualmente, com a desvinculação de Paula Pêgo, apresenta-se um terreno no executivo pouco arável para dar bons frutos nos menos dois anos que faltam para o pleito eleitoral. Se o partido quer ganhar, mesmo contra o costume de apresentar um candidato próprio, terá de aceitar ser outro representante da futura aliança política.

DICAS PARA QUEM JÁ PASSOU DOS 60





(TEXTO DE GUSTAVO KRAUSE)


-Gaste o seu dinheiro consigo, com os seus gostos e caprichos;
- É hora de usar o dinheiro (pouco ou muito) que você conseguiu economizar . Use-o para si, não para guardá-lo e não para ser desfrutado por aqueles que não tem a menor noção do sacrifício que você fez para consegui-lo.
-Não é tempo para maravilhosos investimentos, por mais que possam parecer bons, eles só trazem problemas e é hora de ter muita paz e tranquilidade.
-PARE de PREOCUPAR-SE COM A SITUAÇÃO FINANCEIRA dos filhos e netos. Não se sinta culpado por gastar o seu dinheiro consigo mesmo. Você provavelmente já ofereceu o que foi possível na infância e juventude como uma boa educação. Agora, pois, a responsabilidade é deles. JÁ NÃO é época de sustentar qualquer pessoa de sua família.
-Seja um pouco egoísta.
-Tenha uma vida saudável, sem grande esforço físico. Faça ginástica moderada (por exemplo, andar regularmente) e coma bem.
-SEMPRE compre o melhor e mais bonito. Lembre-se que, neste momento, um objectivo fundamental é de gastar dinheiro consigo, com os seus gostos e caprichos e do seu parceiro. Após a morte o dinheiro só gera ódio e ressentimento.
-NADA de angustiar-se com pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam bons momentos para serem lembrados, sejam os maus, que devem rapidamente ser esquecidos.
-Independente da idade, sempre mantenha vivo o amor. Ame o seu parceiro, ame a vida.
-LEMBRE-SE: “Um homem nunca é velho enquanto se lhe restarem a inteligência e o afecto”.
-Seja vaidoso. Cabeleireiro frequente, faça as unhas, vá ao dermatologista, dentista, e use perfumes e cremes com moderação.
-Mantenha-se sempre actualizado. Leia livros e jornais, ouça rádio, assista a bons programas na TV, visite a Internet.
-Respeite a opinião dos jovens. Muitos deles estão mais bem preparados para a vida, como nós quando estávamos na idade deles. Nunca use o termo “no meu tempo¨. O seu tempo é agora.
-NÃO caia em tentação de viver com filhos ou netos. Apesar de ocasionalmente ir alguns dias como hóspede, respeite a privacidade deles, mas especialmente a sua.
-Pode ser muito divertido conviver com pessoas de sua idade.
-Mantenha um hobby. Você pode viajar, caminhar, cozinhar, ler, dançar, cuidar de um gato, de um cachorro, cuidar de plantas, jogar cartas de baralho.
-Faça o que gosta e o que seus recursos permitem.
-ACEITE convites. Baptizados, formaturas, aniversários, casamentos, conferências … Visite museus, vá para o campo … O importante é sair de casa por um tempo.
-Fale pouco e ouça mais. A sua vida e o seu passado só importam para você mesmo. Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja breve e tente falar sobre coisas boas e agradáveis. Jamais se lamente.
-Permaneça apegado à religião.
-Ria muito, ria de tudo. Você é um sortudo, você teve uma vida, uma vida longa.
-Não faça caso do que dizem a seu respeito, e menos do que pensam de si.
-Se alguém lhe diz que agora você não faz nada de importante, não se preocupe. A coisa mais importante já está feita: você e sua história.
-”A vida é muito curta para beber um vinho ruim”


terça-feira, 12 de novembro de 2019

RTP: ONTEM VI, OUVI E PENSEI…





Ontem, em mais um programa do Prós e Contras, na RTP1, brilhantemente moderado por Fátima Campos Ferreira, passou uma acesa discussão em torno do lítio e na pergunta -que ficou sem resposta -: o minério extraído da terra, depois de depurado, é suficiente valioso para sacrificar várias comunidades?
Uma verdade constatei: João Galamba, o secretário de Estado Adjunto e da Energia, foi uma verdadeira decepção, quer na explicação do processo de concessão em Montalegre, assinado no tempo de Passos Coelho, quer nas licenças que vierem a ser atribuídas. E, a meu ver, perdeu completamente o debate quando o presidente da Câmara Municipal de Boticas o desafiou a dizer aos presentes se estava na disposição de suspender o processo caso o Estudo de Impacte Ambiental fosse chumbado e o processo corresse mal. Galamba, em vez de dar a sua palavra de honra de que mandaria suspender, escondeu-se atrás de um titubear que vai condenar para sempre o seu futuro nos governos do Partido Socialista e, quem sabe, como candidato a futuro líder.
Tive ocasião de, em 2015, assistir a um debate onde o agora secretário de Estado esteve presente. Pela forma fluente como argumentava e defendia os seus pontos de vista, cheguei a escrever que Galamba iria longe na hierarquia socialista.
Ontem, sem rasgos de guerreiro, demasiado passivo e preso a velhos conceitos estafados, fiquei com a certeza de que este é o homem errado num lugar que deveria primar pela clareza e responsabilidade nacional.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

"Paula Pêgo fica na Câmara e rompe com o PSD"








Depois de uma votação conturbada no executivo municipal de Coimbra para viabilizar as Grandes Opções do Plano (orçamento), depois de manifestos jogos de poder que era preciso esclarecer e de uma explicação do PSD/Coimbra que tardou mas veio em forma de quebra de confiança política, eis que a vereadora, Paula Pêgo, eleita como independente nas listas do partido Social-democrata, afirmou hoje em sessão de Câmara que “rompe relação com o PSD”.
Segundo o jornal online Notícias de Coimbra, “Paula Pêgo também informa o executivo municipal que fica na vereação como independente eleita pelo PSD, optando por não acatar o “conselho” de Nuno Freitas”. Afirmou ainda a eleita desavindaque não recebe para exercer funções no iParque e que aufere cerca de 600 euros como vogal não executivo da Metro Mondego”. Leia aqui a notícia em desenvolvimento do Notícias de Coimbra.
De salientar que, uma vez que o voto de representação popular recai e assenta no indivíduo eleito e não no partido que o nomeia, Paula Pêgo está no seu direito de escolher a renúncia ou a continuidade. Neste caso, optou pela manutenção do seu cargo.
Independentemente da normatividade legal de representatividade política, podemos interrogar as seguintes questões:
Um vereador independente ou não, é eleito indirectamente por listas apresentadas por partidos, ou coligações de partidos, e movimentos nas autarquias – já os deputados à Assembleia da República são eleitos no mesmo sistema de listas partidárias mas por cada círculo eleitoral nacional. Ou seja, é o partido que lhe dá o palco para representação política. Porém, o poder de nomeação, como auréola mística, é soberanamente atribuído pelo povo, como se tivesse sido escolhido directamente pelo eleitoro que não é o caso, porque votamos no partido e o seu apontado previamente vai entrar, ou não, através do sistema de Hondt.
Podemos então perguntar: sendo o partido que proporciona todas as condições para o eleito exercer o seu múnus de representação, estará certo não poder, por exemplo, impor uma disciplina de voto?
Sem tomar uma posição muito vincada, parece-me que o sistema eleitoral está viciado. Por um lado, temos um processo de eleição indirecta nos partidos que, na hora de depositar o voto na urna, não sabemos a qual candidato vai calhar a nosso cruzinha. Por outro, mesmo sem saber o seu destino, após uma transformação na secretaria, o voto, que é nosso e sem saber em quem vai desaguar, como cheque em branco endossado a um desconhecido, transforma-se em ordem directa para que aquele indivíduo nos represente. Estará este sistema moralmente correcto?
E o pior é quando se estabelece um conflito e se dá o rompimento entre o eleito e o partido que o distinguiu – como neste caso de Coimbra. Podemos questionar: se um vereador perde a confiança política do partido que o nomeou, como se ficasse num limbo, o que vai defender o eleito no executivo? Vai defender o povo? Que povo? Como, se os munícipes têm tão pouca ligação aos eleitos?
É por estas e outras coisas que, se calhar, cada vez é mais premente pensar na reforma do sistema eleitoral, nomeadamente para círculos uninominais, em algumas partes do país.
Vamos estar atentos ao desenrolar de novos factos.

O EXEMPLO QUE VEM DO LADO

(Imagem do Semanário Expresso)




SERIA BOM QUE REFLECTÍSSEMOS VIVAMENTE COM O ESPECTRO POLÍTICO QUE, AGORA, SE APRESENTA EM ESPANHA. POR MOMENTOS, RELEMBREMOS A DÉCADA DE 1920, QUE, LEVANDO AO (RE)SURGIMENTO DE UMA VAGA FASCISTA SEM PRECEDENTES, CONDUZIU A UMA SEGUNDA GRANDE GUERRA MUNDIAL, COM MILHÕES DE MORTES.
RETIRANDO O ASSÉDIO QUE EXISTE SEMPRE NA MANIPULAÇÃO DOS DADOS QUE CONVOCAM OS VOTANTES, OS RESULTADOS DE UMA ELEIÇÃO SÃO SEMPRE A SOMA DAS PREMISSAS ENTRE UM SISTEMA VICIADO E UM REGIME (QUE NOS É DESCRITO) SEM ALTERNATIVA. DIVIDIDAS ENTRE O DESCONTENTAMENTO, MANIFESTADO NUMA FÉ PERDIDA EM QUEM GOVERNA E A EXACERBADA ESPERANÇA DEPOSITADA EM QUEM VEM DE NOVO, O FUTURO, DEPOIS DE ASSENTAR ENTRE NÓS, SALVO RARÍSSIMAS EXCEPÇÕES DE CURTOS PERÍODOS, APRESENTA-SE SEMPRE PIOR DO QUE O PASSADO.
NO MODO DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA COMO O ESTADO (UM GOVERNO, UM POVO, UM TERRITÓRIO) SE ORGANIZA PARA PLANEAR A SOCIEDADE, FOI SEMPRE ASSIM E SEMPRE ASSIM SERÁ.


sábado, 9 de novembro de 2019

NO APROVEITAR SE ACUMULA O GANHO



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O ENCANTO DA FREIRIA, NO LARGO DA FREIRIA, EM COIMBRA, ANTIGUIDADES E VELHARIAS, VAI ENCERRAR A CASA-MÃE NOS PRÓXIMOS MESES.
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UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...





Filipe Costa deixou um novo comentário na sua mensagem "BAIXA: ENCERROU A SAPATARIA ROMEU (A CASA-MÃE)":


Isto só demonstra a decadência total de Coimbra, porque não há apoios para manter estas casas abertas. Só se vê coisas ao abandono nesta cidade! Realmente choca-me ver que ninguém se preocupa com isto! O que era a B
aixa, e o que é hoje em dia! 


sexta-feira, 8 de novembro de 2019

BAIXA: ENCERROU A SAPATARIA ROMEU (A CASA-MÃE)






Encerrou esta semana a sapataria Romeu, na Rua Visconde da Luz. Na montra de vidro pode ler-se que qualquer assunto pode ser tratado no “Outlet” - na Rua do Corvo, que se mantém aberto.
A sapataria Romeu, que ainda é uma marca conceituada no comércio da Baixa, foi nos últimos sessenta anos uma das grandes catedrais comerciais na zona histórica. Se prometer não chorar, só para lembrar alguns desaparecidos que estão gravados na nossa memória, falamos do Saul Morgado, da Casa Bonjardim, das Galerias Coimbra e da Casa São Tiago, do Último Figurino, os Marthas, o Eldorado e o Infinito, o café Arcádia, o café Central, o Café Internacional, a livraria Coimbra Editora. Foram estes ícones da cidade desaparecendo e poucos foram aqueles que levantaram um dedo acusatório sobre o processo de extermínio em curso.
Nos últimos vinte anos, numa indiferença inexplicável, tem sido uma razia. O curioso ou a graça, sem graça alguma, é que mesmo com o desastre que continua à frente dos nossos olhos, ninguém se importa. Vivemos um tempo esquisito onde o que parece ser é a norma e a realidade é para esquecer. Aliás, para quem falar disto ou escrever corre o risco de ser olhado de lado. O que conta é dizer que a Baixa está em franco desenvolvimento comercial. Ler mais ou menos isto nos jornais passou a ser um hábito. Sabemos bem, ou pelo menos imaginamos, quais as razões conducentes a este inapropriado relato.
Por factos mais que provados, assistimos a um desastre comercial iminente na zona histórica. No entanto, pasme-se, os intervenientes, os operadores, que são a parte mais fraca, continuam a assobiar para o alto. E é lógico, se estes, que são verdadeiramente os interessados, não denunciam o seu descontentamento na Praça 8 de Maio, alguém acredita que serão os políticos com assento parlamentar na Câmara Municipal a fazerem alguma coisa? Continuando na mesma cobardia, ou apatia, se preferirem, estes ou os que vierem procederão de igual modo. Só perde quem tem. Só sente quem sofre na pele as agruras da vida.
Há vinte anos que ando a escrever sobre o funeral anunciado do comércio de rua. É incrível mas, pela minha denúncia constante - que se pode constatar nas dezenas largas de crónicas que escrevi ao longo destas duas décadas -, talvez por parecer muito pessimista, fui perdendo o apoio popular – porque, como escrevi, a maioria prefere matar o mensageiro e ignorar a catástrofe que se aproxima. Esta estranha forma comportamental da vizinhança acabou por condicionar a minha forma de ser. Com o tempo, fui escrevendo cada vez menos sobre o comércio. Por se saber ser cada vez maior a precariedade de quem abre portas, deixei de noticiar a inauguração de mais um ou outros mais estabelecimentos. Dos que encerram, já só falo das catedrais aqueles que, com o seu passado de glória, foram a infra-estrutura e contribuíram para o engrandecimento desta zona comercial.
O que está acontecer, é que os velhos, como eu, por um lado, tentando salvar alguma coisa, por outro, porque trabalharam muito e já não têm paciência para aguentar mais humilhação, vão deixando os seus negócios para quem vem de novo. Para estes estreantes comerciantes e hoteleiros, que abrem agora, que se cuidem. Apesar do sol radioso que nos querem impingir, olhemos bem o tempo com atenção, há muitas nuvens cinzentas que estão escondidas.

BAIXA: FALECEU A DONA ROSA NETO






Foi ontem sepultada a nossa conterrânea Rosa de Azevedo Neto, de 99 anos, moradora no Adro de Cima, na Casa Medieval, junto à Rua Sargento-mor, no prédio onde, durante décadas, funcionou o “Cantinho da Anita”, loja conceituada de artesanato e já encerrada, sobre gerência da sua filha, Maria Hermínia Matos.
Rosa, para além de ser uma flor que nos acompanhou em longa vida neste jardim que é a Baixa – quase um século -, foi uma resistente, uma lutadora, uma heroína de elevado peso na comunidade, mas anónima, cuja sombra deslizante na paisagem os jornais raramente se apercebem e contam a sua história. 
De humildade entranhada na carne, com uma simpatia contagiante que se apanhava no seu sorriso estampado, pelo seu passado de trabalho e de ombro amigo sempre pronto a ajudar um vizinho, apetecia apertar as maçãs do seu rosto e exclamar: “Esses seus cabelos brancos, bonitos, esses passos lentos, já correram tanto na vida, meu querido, meu velho amigo!”.
Rosa, juntamente com o desaparecido marido, Henrique Branco, que foi tipógrafo do Diário de Coimbra e d’O Despertar, trabalharam muito para criar os seus filhos. Concebendo pequenas flores de seda para aplicar em vestidos de cerimónia, para além de trabalhar para várias modistas na cidade, chegou a ter muitas encomendas para o “José Novais” e “Último Figurino”, grandes estabelecimentos de luxo já encerrados há cerca de uma ou duas décadas. Com a sua arte manual de bordar, Rosa Neto deixou marcada a ferros a sua passagem nesta vida. Com o seu desaparecimento vai um pouco da história comercial e do que foi a pujança de comprar e vender nesta zona de Coimbra.
Para os seus filhos e restante família, em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Para a grande mestra Rosa Neto, que partiu em paz, uma enorme salva de palmas!

BOM DIA, PESSOAL...

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

BAIXA: FALECEU A "MARIAZINHA" DO A. LOUREIRO

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Em Julho de 2015, a Baixa, no seu caminho ascensional em direcção ao futuro, assistiu à boa morte do A. Loureiro, uma loja com 45 anos cujo ciclo chegava ao fim, como escrevi na altura – engraçado, parece que foi ontem que assisti às lágrimas contidas em sorriso simpático da Maria da Boa Morte Vieira da Costa Loureiro, mais conhecida por “Mariazinha” entre colegas. Nesta dupla entrevista, escrita que lhe fiz e falada nas imagens captadas em vídeo pelo Márcio Ramos, está lá tudo. A alegria sentida no abrir portas de um estabelecimento - noutra época, no tempo em que um comerciante sabia que trabalhando arduamente ganharia a sua independência financeira e, como suplemento social, ganharia o respeito da comunidade. Nestes anos que não voltam mais, o estabelecimento era a extensão do seu proprietário, em identidade, na seriedade e como marco social - e a nostalgia manifestada em tristeza e dor, duplo desgosto, por um lado, por ver a degradação em que caiu a actividade comercial, por outro, constatar a impotência para alterar seja o que for. Para piorar, a idade não perdoa, e, como tal, numa avaliação necessária, verificar que é chegada a hora de encerrar a porta pela última vez. E, como se ao deixar a rotina de muitas décadas, se ficasse despido de um grande sobretudo de uma responsabilidade que deixou de ser. Sentindo o vazio como incapacitante, carregasse o anátema do inválido no resto de existência até ao último suspiro. E aqui, como numa peça de teatro em que se descerra o pano sobre o palco, tudo termina.
Ontem a Mariazinha, na sua última viagem entre nós, foi cremada no Crematório Municipal de Taveiro. É um dos nossos que se vai. Escrever que o nosso meio, o nosso centro comercial, que é a Baixa, fica mais pobre, pretendendo ser uma singela homenagem, é pouquíssimo. Ainda que não sejam reconhecidos, os alicerces desta zona comercial, como estrutura, estão implantados em pessoas como a Mariazinha e o seu desaparecido marido, o senhor António Manuel Loureiro. Foi graças ao seu empenho e dedicação que a Baixa, com todos os altos e baixos, é o que é hoje.
Para a sua família, nesta hora difícil, em nome de todos nós colegas comerciantes, os nossos sentidos pêsames. Para a extinta agora desaparecida uma salva de palmas.