(imagem do jornal online Bairrada Informação)
“tive
de aturar um pateta durante oito anos.
Isto
foi terrorismo político na Assembleia de
Freguesia
da Pampilhosa.”
A
Ordem de Trabalhos anunciada apresentava-se curta.
Apenas cinco pontos marcavam a agenda.
Período
Antes da Ordem do Dia:
Logo
a abrir, pelas 9h00, Rui Marqueiro, ex-presidente da autarquia e
agora eleito como vereador da oposição nas listas do Partido
Socialista, estranhou a pobreza da periodicidade das reuniões
camarárias.
Na
mesma agenda, Luís Tovim, membro da bancada socialista, quis saber
sobre o andamento do projecto de obras para a esplanada, em frente a
Câmara Municipal.
Em
resposta, António Jorge Franco, presidente da edilidade, esclareceu
que, vindo do anterior executivo, estava prevista a colocação de
contentores marítimos, mas “não se enquadravam na dignificação
na esplanada-jardim”. Por conseguinte, será apresentada outra
solução.
Ordem
do Dia:
Ponto
1
Aberta
a discussão sobre a aprovação da acta da anterior reunião, Rui
Marqueiro perguntou a Franco por que não informou a Câmara
(referindo os membros do executivo) sobre a sua viagem ao Dubai,
integrada numa deslocação patrocinada pela Comunidade
Intermunicipal – Região de Coimbra (CIM-Coimbra)?
Retorquiu o chefe da mesa que esta pergunta deveria ter sido feita na rubrica
anterior, ou seja, Antes do Período da Ordem do Dia, mas que
responderia: a convite da CIM-Coimbra, “foi uma viagem muito
interessante, sobretudo, sobre a possibilidade de haver
interessados em investir nas Termas”, enfatizou.
Marqueiro,
em forma de interrogação, ainda ironizou: “não lhe roubaram
lá os sapatos?”
Com
alterações suscitadas por Marqueiro, foi aprovada a acta.
Ponto
2
(para
conhecimento)
A
Mealhada passa a fazer parte da Federação Nacional das Associações
Juvenis, com a admissão do município na Rede Nacional de Municípios
Amigos da Juventude.
Disse
Franco que 143 municípios aderiram a este projecto.
Filomena
Pinheiro, vice-presidente, explanou que é uma ideia muito
interessante pela participação de todos nesta rede amiga do
ambiente.
Ponto
3
Foi
prorrogado o prazo das competências para as autarquias locais e
entidades intermunicipais no domínio da acção social até ao fim
do ano.
Ponto
4
Foi
aprovada a elaboração do Projecto de Execução da Requalificação
da Passagem Superior Sul à Linha do Norte.
Este
tema gerou alguma controvérsia, nomeadamente com Marqueiro a afirmar
que sobre esta obra de arte “tive de aturar um pateta durante
oito anos. Isto foi terrorismo político na Assembleia de Freguesia
da Pampilhosa.”
Contemporizou
o alcaide Franco, que não ficava bem esta referência por parte do
senhor vereador aos munícipes.
Insistiu
Marqueiro, “tive pessoas apatetadas, que por isso são patetas,
sempre a dizer mal”.
Gil
Ferreira, vereador da maioria com pelouro, corroborando as palavras
de Franco, comentou que “os municípes por vezes reagem assim
porque não têm informação qualificada”. Os munícipes
merecem respeito. É por haver afirmações como essas que as pessoas
se afastam cada vez mais da política, enfatizou.
Marqueiro
ainda atirou: “na próxima sessão vou ler uma das denúncias
anónimas em que fui alvo. Eu sei quem fez a denúncia…”
Mais
uma vez o contemporizador Franco pôs água na fervura para que o
tema não provocasse estilhaços em redor.
Ponto
5
Foi
aprovada a prestação de serviços, na modalidade de avença de uma
técnica que já trabalha na autarquia, por 12 meses a recibo verde,
de coordenação de segurança e saúde em obra e de controlo de
execução do Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos da
Construção e Demolição de obras municipais.
Prestes
a terminar a sessão, Marqueiro entendeu esclarecer o que queria
dizer com o “roubo dos sapatos”. É que se tivesse entrado
numa mesquita tinha de deixar o calçado à entrada, informou.
Rematou
o contemporizador Franco: “o senhor vereador é um brincalhão…”
À
laia de alegações finais, Marqueiro ainda prognosticou: “em
face do que se está a passar na Europa, depois de uma pandemia, o
que menos precisamos é de uma guerra...”
Antes
da martelada final, de encerramento, o presidente ainda informou que
a próxima reunião ainda vai ser através de video-conferência,
depois passarão as reuniões a presenciais.
E
por, apesar de só ter passado uma hora, serem 10h00, sem haver
inscritos por parte do público, deu-se a cerimónia por encerrada.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Indo
à boleia da interrogação de Rui Marqueiro a António Jorge Franco
acerca da viagem ao Dubai, podemos extrapolar facilmente que a nossa
informação local anda completamente a leste do paraíso. Não é
que a informação acrescente ou diminua alguma coisa. O que
transparece é que o que se passa na Câmara Municipal e no concelho
não é assunto relevante.
Falando
da fonte informativa camarária, que é distribuída pelos meios de
informação, podemos ler passados uns dias completamente
formatizada, isto é, o conteúdo é igual em todas as publicações.
Em
quaisquer delas não há uma questão formulada fora da informação
recebida condensada.
Só
para exemplificar, não há uma alma caridosa com cartão de
jornalista que pergunte a Rui Marqueiro e demais ex-vereadores,
constituídos arguidos pelo Ministério Público e cuja instrução
processual se passa ou passou no Tribunal de Aveiro, como decorre a
sessão?
Antes
de tomar posse este novo executivo dizia-se à boca-cheia que o
jornalismo no concelho da Mealhada era fraco porque tinha medo e,
sobretudo, pelos interesses instalados, tinha receio de afrontar o
poder. E agora, depois da queda do “Ancien Regime”, é o quê?
Responda quem souber.
Era
bom lembrar que o resultado da informação pública é a soma das
premissas “pouca exigência” e “desinteresse dos cidadãos”.
Vale
a pena pensar nisto?