segunda-feira, 31 de março de 2008

VIDEOVIGILÂNCIA CEGA DE UM OLHO

Segundo o “Diário As Beiras”, “o projecto, da autoria do Gabinete para o Centro Histórico da autarquia de Coimbra, prevê que as 17 câmaras de vídeo, a serem colocadas em todas as entradas das ruas da Baixa e junto à Sé Velha e Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, na Alta, estejam em funcionamento apenas entre as 21 horas e as 07.OO. Ou seja, durante o dia, estarão desligadas”.
Continuando a citar o Jornal, Paulo Mendes, presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, e Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, estão contra a proposta de horário que hoje será apresentada pela autarquia.
Sidónio Simões, Director do Gabinete para o Centro Histórico, não vê necessidade das câmaras estarem ligadas 24 sobre 24 horas. E porque não? Interrogo também eu. Será para não se ver, durante o dia, cinco ou seis funcionários dos Serviços Municipalizados ou Àguas de Coimbra à volta de um buraco e só um com uma pá na mão? Será para, em caso de assalto de esticão, se verificar que naquele local não havia mesmo um Policia de Segurança Pública?
Tem lógica fazer um investimento destes só para estar a funcionar durante a noite? Se, efectivamente, não houvesse delinquência durante o dia até se poderia entender, mas, infelizmente não é o caso. Existe mesmo, ainda que ligeira e sem grande expressão. E, assim sendo, porque não usufruir de todas as prerrogativas necessárias à segurança? E mais, como dizia, no mesmo jornal, Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, “a insegurança também existe no miolo comercial da Baixa, o qual não tem prevista a instalação de qualquer tipo de aparelho. (…) é preciso que a proposta da autarquia contemple toda a Baixa e não uma parte”.
Já há muitos anos que os comerciantes sentem estar divididos em duas classes: os de primeira e os de segunda. Os da primeira linha abarcam o canal entre a Praça 8 de Maio, as Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Portagem. Os de segunda escolha serão os restantes de toda a Baixa. Esta percepção já é antiga e, quer pela autarquia, quer pela APBC, nada é feito para o desmentir. Por exemplo os espectáculos de rua, normalmente são sempre desenrolados naquelas artérias principais. As iluminações de Natal, como a premiar a excelência, naquele canal, são sempre de qualidade superior às restantes. Ainda que, fugazmente, haja uma pequena atenção ligeira pelas ruas e vielas. É como se aquelas artérias principais fossem a (única) montra da cidade. Como se estivéssemos perante filhos e enteados.
Voltando à segurança, curiosamente, aquelas ruas principais são as mais policiadas e as que apresentam menos taxas de delinquência na cidade. Daí a observação correcta, e sempre atenta, de Carlos Clemente.

sábado, 29 de março de 2008

COIMBRA: OS HOMENS DO GELO



A Tasquinha da D. Graça, na Rua Velha, na Baixa de Coimbra, é um dos poucos e últimos estabelecimentos emblemáticos, de outros tempos, que restam na cidade. Resultado do talento gastronómico da dona do pequeno estabelecimento, é uma maravilha celestial para o nosso estômago comer uma refeição a baixo preço, petiscar uma patanisca ou uma sardinha em molho de escabeche, e bem regado com um bom tinto robusto, escolhido pelo senhor Victor, marido e também proprietário deste maravilhoso recanto pantagruélico. É aqui, durante as tardes da semana, que vários aposentados, entre eles, o Lino, reformado dos Serviços Municipalizados, o Armando, o Antunes e até o Emídio, que foi arquitecto e hoje, conjuntamente com o trio, jogam uma “suecada”, intervalada por entre um copo de três e uma sardinha. Aqui, neste recanto da cidade, o tempo parece ter parado e, contra a corrente dos novos usos e costumes, mostra, a quem passa, que a memória não se apaga e, ali, como num museu interactivo, pode ser visto, ao vivo e a cores, o ambiente bucólico de outros tempos remotos que, infelizmente, desapareceram do quotidiano das cidades.
Há cerca de três anos, devido a obras no edifício contíguo -constantemente interrompidas ao longo deste tempo -propriedade da Câmara Municipal, a Rua velha e o estabelecimento da Graça foram entaipados, deixando a pequena taberna completamente escondida das vistas de quem passava na Rua dos Sapateiros. Apenas uma pequena nesga de cerca de oitenta centímetros servia de fronteira de acesso entre a rua principal e o pequeno café lá ao fundo da rua Velha.
Subitamente, no verão passado, a Baixa acordou num frenesim de assaltos a estabelecimentos. A Tasca da Graça, por estar entaipada, não foi excepção, antes pelo contrário. De Setembro até Outubro foi assaltada 5 vezes. Quatro durante a noite e uma durante o dia, logo de manhã, ao abrir, foi surpreendida por um energúmeno que lhe pôs as mãos ao pescoço. Naturalmente, em face destes atentados patrimoniais e contra a vida, Graça estava prestes a ter uma apoplexia.
No dia 5 de Outubro, feriado Nacional, sem razões explicáveis, o empreiteiro da obra, mais o seu pessoal, utilizando uma rebarbadora, preparava-se para estreitar a pequena passagem de acesso e reduzi-la para 60 centímetros. Por ser feriado não contava que Graça estivesse dentro do seu estabelecimento. Quando ela ouviu o barulho da máquina de cortar ferro e se apercebeu da intenção dos homens da obra, saiu espavorida e gritou que parassem imediatamente. O empreiteiro, lá para os seus botões, certamente, deveria ter pensado que era apenas uma mulher e continuou, impávido e sereno, como se nada fosse com ele. Graça, num ápice, como padeira de Aljubarrota a defender o que era seu, retira-lhe a rebarbadora das mãos, com ela ligada e em riste, grita-lhes: “ou param ou morrem”. E não é que os estafermos pararam mesmo?
Como sou amigo, vizinho, e frequentador da casa –e, além disso, já tinha escrito para o Diário de Coimbra a denunciar esta calamitosa situação-, o senhor Victor, ligando-me, em aflição, rogou-me: “por favor senhor Luís, ajude-me que a minha Graça está prestes a cometer uma desgraça”. Quando cheguei lá já os homens tinham reposto tudo no anterior estado e tinham desaparecido. D. Graça estava uma lástima e chorava desalmadamente.
No dia 8, desse mesmo mês de Outubro, no Executivo Municipal, no período de intervenção aberto ao público, denunciei, o que classifiquei na altura de abuso de direito, omissão e desrespeito pela obrigatória harmonização entre o interesse público e privado, por parte da administração pública. Estávamos perante um clamoroso caso de injustiça e falta de sensibilidade do executivo perante um seu cidadão. Reiterei também que a autarquia não estava a cumprir o seu próprio regulamento, uma vez que aos particulares eram exigidos andaimes aéreos. Porque não o fizera igualmente a Câmara numa sua obra? Além de mais sabendo que estava a penalizar fortemente um seu inquilino e munícipe? E mais: até foram ao exagero de construir, em chapa, uma retrete a dois metros da porta do pequeno café, e dentro dos tapumes que revestiam as vigas de ferro de suporte à fachada.
Carlos Encarnação, o presidente da autarquia, driblando a bola, tentou explicar que a constante inércia das obras, ao longo de mais de dois anos, se devia à necessidade de novo projecto, e ao IGESPAR. Depois de uma fífia passada a outros vereadores que o corroboraram, atirou para canto, para o Director do Centro Histórico de Coimbra, Sidónio Simões, que numa espantosa habilidade técnica, perante aquele público, afirmou que os tapumes eram obrigatórios por questões de segurança. Como eu, convictamente e logicamente, afirmava que a segurança residia no vigamento de ferro e não nos painéis, e que estes deveriam ser recuados, perante o meu contraditório, numa teimosia a raiar o patológico, este senhor continuou a afirmar que não poderia mandar retirar os painéis de chapa do sítio onde foram colocados.
O tempo foi passando e a D. Graça foi continuamente sendo assaltada. Ora eu escrevia mais um texto, ora enviava e-mails para as televisões, ora telefonava ao chefe de redacção do Diário de Coimbra (DC), Manuel de Sousa, a sensibilizá-lo para esta injustiça e para este escândalo. O Diário de Coimbra esteve muito bem, como deve estar um jornal regional, ou seja, ao lado de um qualquer munícipe, sempre que sofre atropelos de facto e de direito.
Em Janeiro, deste ano, a D. Graça já ia no 8º assalto, e, como Belarmino, o maior pugilista português, sempre de pé e sem perder a fé. Há uma semana sofreu o 11º assalto. Mais uma vez o DC noticiou, vieram outros jornais nacionais, vieram os quatro canais em peso. A nível nacional, pela infelicidade, D. Graça foi notícia.
Ontem, dia 28 de Março, finalmente, a Câmara Municipal de Coimbra mandou retirar os painéis para trás e deixou a tasca da Graça a ver-se e a Rua Velha desimpedida. Eu deveria estar contente? Pois, talvez! Mas não estou. Estou triste com a insensibilidade e o comportamento destas pessoas que nos governam. E se a D. Graça responsabilizasse civilmente o executivo autárquico e o Director do Centro Histórico? Talvez, se ela os demandar, faça “jurisprudência”, e, de uma vez por todas, eles aprendam. Serão estes os modelos de políticos que queremos para o século XXI? Esta pergunta, de retórica, não tem, subjectivamente, qualquer interesse político-partidário. O que precisamos é de homens a gerir a polis, vestidos de sensibilidade, prontos e disponíveis para ajudar o cidadão, e não criaturas tecnocratas revestidos de cores partidárias que se estão a marimbar para as aflições e desgraças de uma qualquer dona Graça.

sexta-feira, 28 de março de 2008

BENDITA IMPRENSA!





DEPOIS DE 11 ASSALTOS EM 6 MESES, E VÁRIAS REPORTAGENS JORNALÍSTICAS E TELEVISIVAS, A TASCA DA D. GRAÇA -NA RUA VELHA, NA BAIXINHA DE COIMBRA- TORNOU-SE (RE)VISÍVEL AOS OLHARES DE COIMBRA.
"ATÉ QUE ENFIM! EXCLAMA A D. GRAÇA (COM UMA LÁGRIMA TEIMOSA NO CANTO OLHO A BALANÇAR, CAI NÃO CAI?). MUITO OBRIGADO A TODOS OS QUE ME TEM VISITADO E ME TEM DADO FORÇA ANÍMICA PARA CONTINUAR. SEM O VOSSO APOIO NÃO TERIA CONSEGUIDO. OBRIGADA DO FUNDO DO CORAÇÃO".
FINALMENTE A CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA MANDOU RETIRAR O TAIPAL.
BENDITA IMPRENSA! QUE ESTA SANTA NÃO NOS ABANDONE, E NOS PROTEJA DOS TECNOCRATAS AUTISTAS DA PRAÇA 8 DE MAIO E DE ALGUNS INSENSÍVEIS FUNCIONÁRIOS CAMARÁRIOS DO ARCO DE ALMEDINA.
REZEMOS POR ELES UMA ORAÇÃO PARA QUE SE VÃO DESTAS LIDES, PARA MELHOR -E DEPRESSA-, PARA QUE NA SUA SANTA APOSENTAÇÃO DESCANSEM EM PAZ, E NÃO NOS CHATÊEM MAIS. NÃO DEIXAM SAUDADES.

terça-feira, 25 de março de 2008

CARTA ABERTA AO SENHOR PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE ALMALAGUÊS

Começo por cumprimentar o senhor presidente. Embora não sendo eleitor na freguesia de Almalaguês, possuo uma casa em Outeiro de Vera. Para quem não sabe, Outeiro de Vera é uma pequena aldeia multissecular com cerca de três dezenas de habitantes e a dois minutos da sede de freguesia. É um lugar encantador que, pelas muitas casas antigas em pedra e pelas suas gentes, facilmente nos faz recordar as reminiscências do passado. É uma povoação rural com uma única rua. As casas, muitas delas centenárias, foram construídas ao longo da artéria principal e com um pequeno largo a meio. Como há mais de 150 anos não havia automóveis, esta pequena aldeola foi pensada para ser percorrida por carros de tracção animal. Daí a sua artéria principal e única ser muito estreita e no seu términos, ao fundo, não ter saída. Com a democratização do automóvel, aqueles foram sendo, progressivamente, substituídos por muitos cavalos, mas invisíveis ao olho humano. É assim que, se por um lado, os autóctones ainda, muito que poucos, utilizem os irracionais para puxarem os carros, os habitantes mais novos, os que vieram da cidade e, diariamente, para trabalharem, retornam ao grande centro e, à noite, novamente, numa mimética continuada, regressam de automóvel à sua aldeia de eleição. Porém há um senão: não há lugar para estacionar os veículos que os levam a trabalhar na grande cidade. Então, há muitos anos que, em desenrascanço, os novos habitantes de Outeiro de Vera deixam os seus veículos à entrada da povoação num terreno particular, que apesar da forçada boa vontade do proprietário não consegue permitir mais do que quatro carros.
Há quatro anos foi posto há venda um terreno mesmo no centro da povoação. Uma parte com um decrépito barracão e outra parte, de agricultura, em baixo, junto ao rio. Ou seja, o primeiro dará uma excelente pequena praça e o segundo um bom parque de estacionamento. Foi assim que antevimos, eu e um outro habitante da aldeia. Se melhor o vimos melhor o imaginámos. Depois de falarmos com o proprietário do terreno em vias de ser alienado, propusemos à anterior presidente da Junta de Freguesia de Almalaguês que o adquirisse, que não deixasse passar esta oportunidade única e de contribuir para a revitalização deste pequeno lugar de sonho. Como a verba pedida, nessa altura, era de 15000 euros, a presidente, mostrando abertura, declarou que, apesar da Junta não ter possibilidades financeiras, iria desenvolver demarches junto da Câmara Municipal, no sentido de tornar viável este projecto. O tempo passou e com ele esta ideia se esfumou. Entretanto, após eleições, esta senhora foi substituída pelo senhor presidente Victor Costa. Há cerca de dois anos, aquando de uma assembleia de freguesia numa aldeia próxima de Almalaguês, novamente eu e outro morador de Outeiro de Vera, interpelámos, no sentido da sensibilização, o presidente do executivo da freguesia, para esta oportunidade de não deixar que aquele terreno caísse nas mãos de um qualquer particular. Também desta vez o senhor presidente Victor Costa se mostrou sensível ao nosso apelo e prometeu desenvolver esforços para que se concretizasse esta compra. Mostrou-se de acordo que, para evitar a desertificação destes pequenos núcleos suburbanos, era necessário ir ao encontro das necessidades de quem lá mora e, sobretudo, para que estes pequenos lugares históricos, revivências da memória, não morressem aos poucos, mesmo à frente dos nossos olhos. Para que um dia as gerações vindouras pudessem in loco ver como viveram os seus antepassados.
Passado todo este tempo, constato que tudo continua na mesma. Ou seja, o terreno continua à venda, à espera que um qualquer particular o adquira.
Assim sendo, no sentido do interesse público, venho, por este meio, lembrar o senhor Presidente da Junta de Freguesia de Almalaguês de que, a qualquer momento, este terreno pode ser alienado para um qualquer particular e, desse modo, porá fim a um plano que, do ponto de vista de desenvolvimento futuro e de um necessário progresso, é fundamental.
Com os melhores cumprimentos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

FRUSTRAÇÃO OLÍMPICA

CAVACO NÃO VAI A PEQUIM
Segundo o semanário Expresso, invocando razões de agenda, Cavaco Silva não vai estar presente nos jogos olímpicos porque recusou o convite que lhe foi endereçado pelo Comité Olímpico de Portugal.
Não indo o nosso melhor atleta de alta competição, lá se vai a nossa esperança de conseguir uma medalha de ouro. Vamos mergulhar outra vez numa apatia tristonha…
Porra para isto!

quinta-feira, 20 de março de 2008

O AUTO DA BARCA DO INFERNO

O Teatro Académico de Gil Vicente poderia ser perfeitamente o móbil inspirador para o dramaturgo que lhe dá o mote se estivéssemos em pleno final do século XVI.
Este Teatro Académico mais parece uma barca velha à deriva com uns timoneiros atrás de outros a resignar. Depois de José Maria André, agora foi a vez de Manuel Portela. Com o investidor-mor, Carlos Encarnação, a deixar de financiar as grandes viagens de circum-navegação teatral esta barcaça, há muito a precisar de ir ao estaleiro, cada vez mais é um retrato de si mesma, da sua garbosidade de outrora. Sem dinheiro para a sua tripulação, ninguém se admire se um dia destes se amotinar e deixar ir este baluarte dos mares ao fundo. Sinceramente, é uma pena. Esta “barca”, que está para a cidade de Coimbra como o navio D. Fernando está para os descobrimentos e para Portugal, é uma sombra do que foi nos áureos anos 70, do século passado.
Quem esteve na última 2ªgala do Antigo Estudante da Universidade de Coimbra, certamente apercebeu-se de quanto urge restaurar este velho teatro. Apesar de ser inverno era ver as luzidias carecas dos excelsos doutores a transpirar de calor. Claro que os fluidos canículas que, à vista de toda a gente, teimavam em se libertar, também era resultado de uns egos exuberantes. Afinal, estava ali a fina flor da Universidade, a reserva moral da cidade e a alma do império. Ali estava o homem, erectus, na sua verdadeira pujança intelectual. Mas também o verdadeiro ADN da humanidade a mostrar que o cargo profissional não substituía as tricas e o maldizer. Do canto direito uma septuagenária exclama para a amiga: “ai coitadinho do Neves está tão chupadinho”.
Era vê-los com as suas avantajadas barriguinhas, como seres de outra galáxia, a olhar para todo o lado, como se, em carência aflitiva, interrogassem: “não me conheces? Não sabes quem eu sou? Eu sou aquele que, nos idos anos 70, estive na Real República Palácio da Loucura, não te lembras de mim? “.
Quem esteve nesta feira de vaidades, ao pé de tantas iminentes e reluzentes figuras, se era anónimo e sem currículo, certamente, sentiu-se pequenino até à minudência. Mas, o acaso tem destas coisas, vingou-se em três momentos. A primeira foi logo ao intervalo, quando as iminências pardas foram obrigadas a descer à terra, e como simples humanos, correram para a casa das aflições. Era vê-los ali, ao lado do “povão”, numa mimética pouco original, a aliviarem a tensão forçada e a defecarem como o mais comum dos mortais. O segundo momento foi quando a sede apertou e, como “a barca do inferno” tinha o bar encerrado, era um gozo sublime ver o senhor doutor de rabo empoleirado a encostar a boca à torneira do lavatório da casa de banho e aliviar a sua secura como se fosse o “Xico” engraixador. O terceiro momento, a mostrar que os heróis também se abatem, foi então quando um conhecido fadista, do alto do seu alter ego, escorrega no palco e…trás! Durante minutos a sala não respirou. Será que o reconhecido fadista se magoou? Parecia que esta interrogação, na sala, se tornou materializada. Eis então que a velha celebridade se levanta e começa tudo a bater palmas. No canto esquerdo alguém pergunta: “estão a bater palmas por ele ter caído?”.
Volta e meia, na sala do velho teatro, o som fazia greve. Alguém na assistência interrogou: “será o fantasma da Ópera?

quarta-feira, 19 de março de 2008

ASSINE ESTA PETIÇÃO E AJUDE A SALVAR O MUSEU DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA DOUTOR MÁRIO SILVA

http://www.petitiononline.com/muscoimb/petition.html
(PELO DIREITO À MEMÓRIA E PELO DEVER DE PRESERVAR UM MUSEU UNIVERSAL DE COIMBRA)
http://www.petitiononline.com/muscoimb/petition.html

terça-feira, 18 de março de 2008

O HOMEM QUE MORDEU O CÃO

(IMAGEM DA WEB)



“Corria o fim da década de oitenta, do século passado. Para os mais novos parecerá que foi há muito tempo. Para mim, que retenho na memória todos os acontecimentos dessa época histórica recente, parece que foi ontem. Digo “histórica” porque parece que, parcialmente, os humanos, na sua belicosidade, pararam expectantes perante acontecimentos que o ultrapassaram e o transcenderam. Entre vários, relembro um que, para mim, é o modelo de que o homem começa no sonho e, na sua praxis, quebra as amarras que o escravizam e prendem a um sistema totalitário: foi a “queda” do muro de Berlim. Separador que impedia que filhos do mesmo pai, vivendo no mesmo país, mas com dois regimes políticos antagónicos se abraçassem e vivessem separados por uma barreira atentatória à liberdade individual.
Tinha eu então trinta e poucos anos. Talvez consequência, ou não, da minha infância miserável, diariamente, abafava as minhas mágoas em álcool. Tudo servia para me anestesiar. Poderia ser um vinho rasco e envinagrado, uma ginjinha, uma aguardente –o meu mata-bicho com que iniciava o meu dia- ou até álcool puro. Tudo servia, desde que me apagasse aquela sensação de angústia, de vazio, de ansiedade e de medo. O álcool era a minha droga. Poderia passar sem a minha mulher, sem os meus filhos, sem a minha “motoreta”, mas sem o meu “ansiolítico” jamais.
Eu morava na altura, e moro, nos arrabaldes de Coimbra. Como vivia cá na minha terra, um conterrâneo que tinha um cargo importante na Câmara Municipal, condoído com a vida miserável que eu proporcionava à minha família, arranjou-me então um lugar nos Serviços de Higiene. Coitado, talvez na esperança de que eu, estando ocupado, talvez deixasse de beber. Mas, debalde. Nada me fazia arrepiar caminho.
Sempre fui respeitador e boa pessoa para toda a gente, incapaz de molestar um qualquer bicho, apenas era mau para mim e para a minha família. Mas eu não tinha consciência do mal que lhes causava. Sempre adorei animais e eles a mim. 
Foi então que lá no meu serviço, um certo dia, apareceu um cão vadio: o Tobias. Não sei se seria porque ele se identificava comigo, ou não –ambos éramos escroques e renegados pela sociedade-, a verdade é que o animal, desde o primeiro dia que me viu, nunca mais me largou. Também tinha razões para isso, em boa verdade eu era mesmo amigo dele. Como eu comia pouco, o meu almoço era dividido sempre a "mielas" com ele.
Então, um dia, um colega de trabalho, daqueles que gostam de serem superiores, "gentinha", que para se sentirem importantes têm de calcar alguém. A sua existência só faz sentido se houver desgraçadinhos. Vocês conhecem o género, não vale a pena descrever-vos mais este exemplar de humanóide. Vai daí, o “ser superior” lança-me um desafio: “se conseguires dar uma dentada no cão pago-te uma cerveja”. A palavra cerveja era como uma campainha de despertador que acordava o meu cérebro. Bastava alguém proferi-la para eu me sentir em pulgas. era como se a terra começasse a fugir-me debaixo dos pés e, como a ressacar, a olhar para todo o lado, os meus olhos, em ansiedade obsessiva, pelo brilho intenso, mostrassem: "onde está ela?... Onde está ela?"...
Obviamente que aceitei o repto. Peguei no Tobias ao colo, levei a sua orelha à boca e ferrei-lhe os meus dentes. O pobre animal, ao sentir-se ferido, tentou fugir e ao fazê-lo arrastou o lóbulo do seu ouvido na minha boca e ficou com um grande lenho em forma de golpe. O seu sangue, como em reclamação, perante o meu irracional acto, começou a jorrar em turbilhão e sujava tudo à sua volta. Para complicar, o Tobias já não se deixava apanhar por ninguém e muito menos por mim. O meu colega instigador do meu acto selvagem juntara outros e todos em magote, perante o sofrimento do pobre animal, riam a bom rir em altos gritos de escárnio e maldizer. Em chacota diziam: “olha o homem que mordeu o cão”. 
Para meu azar, nessa hora, ia a passar um jornalista do “Diário de Coimbra”, que fora falar com o chefe de pessoal por um qualquer assunto que não lembro. Estava accionada a "bomba atómica". No dia seguinte, em título de primeira página: “Em Coimbra, um homem mordeu um cão”.
No meu serviço, apanhei um processo disciplinar e estive suspenso um mês. Fui levado a tribunal pela Liga Protectora dos animais. Fui condenado em pena suspensa, com vinte e cinco tostões de multa e proibição de entrar no canil –não fosse o diabo tecê-las e pôr em perigo os pobres animais. O juiz levara em conta que eu fora instigado e o meu até aí bom comportamento, apesar de ser um desgraçado, contara a meu favor.
Então, eis mais um acaso na minha vida: nessa altura, aos meus colegas de trabalho saiu-lhes a lotaria. Mil contos, uma fortuna na época! Então um deles, mais uma vez, lança-me um repto: “se deixares de beber oferecemos-te um automóvel”. E eu, como jogador de apostas inveterado, mais uma vez aceitei. Fui fazer uma desintoxicação no Hospital de Sobral Cid e ganhei um Fiat 127 quase novo. A partir daí, nunca mais toquei numa pinga de álcool. Hoje, com 53 anos, sou um homem realizado e tenho uma família feliz. Acabei há dias um curso, inserido no programa “Novas oportunidades”, que me dará o 9º ano. Vou continuar a estudar. Não me vanglorio pelo meu passado, mas não é por isso que vou enterrar a cabeça na areia. Foi assim. Porque conto a minha história, perguntarão? Não sei bem. Talvez, por um lado, porque sou realmente a experiência viva que deu origem ao aforismo popular e também título a um programa de rádio que foi um sucesso. Por outro, sei lá!...Quem sabe a minha história de vida possa inspirar alguém e ajude a torná-lo melhor?”


(HISTÓRIA VERÍDICA E CONTADA PELO PRÓPRIO AUTOR)

segunda-feira, 17 de março de 2008

OS MÉDIA TRANSFORMADOS EM DEUS MONOTEISTA

“Os senhores não resolvem o meu problema e eu vou para a Televisão. O senhor vereador não se ria, que eu não tenho medo do seu sorriso…”-assim se expressou, em tom de desafio, um munícipe, inconformado pela impossibilidade de o poder executivo autárquico, em tempo útil, lhe dar solução ao seu problema, na última reunião do executivo camarário, em Março de 2008, de Coimbra.
Este munícipe paradigmatizou ali, naquele acto simples, por um lado, o desânimo profundo que lhe inspira um poder político acomodado e desnorteado que, obrigatoriamente, lhe deveria encaminhar os seus pleitos e não faz, e, por outro lado, transfere a sua esperança para um ilusório poder, os media. Embora desconheça se todas as suas “orações” serão atendidas, tem profunda fé que a sua voz suplicante se fará ouvir e porá em riste, sobre estas cabeças incumpridoras, uma espada de Dâmocles, cujo estigma suspensivo obrigará, através de uma opinião pública pouco interventiva, mas castradora na hora do voto, aqueles a saírem da sua inércia e apatia de serviço público.
É muito mau quando um cidadão, para fazer valer os seus direitos, tem de recorrer, ameaçando com chantagem, a uma alavanca, neste caso a imprensa, porque as vias institucionais não funcionam. A imprensa hoje está transformada em tribunal de opinião pública, com todos os malefícios que esta delegação de poderes acarreta.
O problema é que pela recorrência constante, este deus, castigador dos maus políticos, de folhas secas ou joio de um trigo que se queria limpo, está a tornar-se cada vez mais selectivo e autista aos problemas prementes do cidadão. Este deus pregador de violência, por força de tanta oferta, já só dá crédito ao mais aberrante. Já não é notícia o assassínio de duas pessoas. No mínimo terão de ser vinte. Então interrogamos: depois desta total impossibilidade de recurso a este meio, a quem vai apelar o individuo membro de um Estado que se diz liberal e democrático? E é aqui que devemos parar para pensar. Certamente, no limite, em desespero, o vitimizado pela ineficácia e inépcia da justiça dos homens, passará à acção directa e, pelas suas próprias mãos, fará a sua própria justiça pessoal. Ou então, no horizonte futurista, surgirá um quinto poder, tomando o lugar deste quarto que é a imprensa. Se assim não acontecer a violência individual sairá das amarras, do interior de cada um de nós, e levará tudo à frente como único e último recurso e cairemos no caos.
O jornalista, a bem da sua continuidade, não pode perder (não devia) o estatuto de denunciador público de pequenos e grandes abusos de facto e de direito. O busílis da questão é que a imprensa, na sua evolução natural, cada vez mais se vira para o grande escândalo e esquece que é o canal eleito, em recurso, de um público mal informado, aviltado e ofendido na sua dignidade formal e material.
Os políticos de hoje, contrariamente aos cidadãos, tornaram-se estáticos, acomodados, ultrapassados, e, ao mesmo tempo, resignados. Eles sabem que o seu prazo de validade é de apenas 4 anos. E, assim sendo, tornam-se ensimesmados, alheados do real, e surdos aos apelos de um cidadão cada vez mais informado e que, aos poucos, vai perdendo o medo de falar. Embora, este mesmo cidadão, já há muito se apercebesse que num sistema político onde todos querem falar, opinando e reivindicando –cada um mais alto que o outro- é difícil fazer-se ouvir. O peso da opinião ou reivindicação é residual e vale apenas proporcionalmente ao estatuto do “opinador” e pouco pela justeza da reivindicação manifestada, sobretudo, se se tratar de um qualquer anónimo. É mau? É bom? Isso ficará ao critério de cada um. Quanto a mim creio que é péssimo.
É uma consequência da liberdade. Todos falamos, todos escrevemos, na esperança de que alguém nos ouça, ou nos leia. Mas, em verdade, ninguém nos liga népia, tenhamos consciência dos tempos que correm. Daí o sorriso do vereador, no início do texto. E de que riria ele? Não seria exactamente desse facto?
Estranho castigo este se tivermos em conta que uma das maiores conquistas conseguidas ao “Ancien Regime”, o Estado Novo, foi precisamente a liberdade de expressão. Então pergunta-se; de que vale a liberdade de nos podermos exprimir se ninguém nos escuta ou “passa cartão”? E o mais grave ainda é a hipocrisia, mal fingida, de fazerem que nos escutam, quando pelo sorriso de hiena nos seus rostos, sabemos que o que lhes dizemos entra, nos seus ouvidos, a 20 e sai a 100.
Os políticos têm de mudar? E só eles? E nós não? Todos. E com grande urgência, remato, na minha qualidade de analista de ocasião. É previsível e exigível que todos e, de sobremaneira, os gestores da polis falem verdade na totalidade? Penso que não. Apenas lhes devemos exigir o mínimo de alteridade. Afinal a política –ciência e arte da promoção da justiça, da igualdade e da fraternidade, e do convívio social- é um “produto” sujeito às regras do mercado publicitário, como um outro qualquer. Todos sabemos que quando adquirimos aquela pasta de dentes, da marca x, não nos vai pôr os dentes tão brancos como no spot televisivo, mas, em princípio, através da sua utilização, não nos irá fazer cair os caninos, os incisivos, ou os molares.
O que se pede a um “produto”, “vendido” na feira política da vida social, é que nos engane dentro dum espectro e âmbito admissível. Não nos prometam a salvação e depois de eleitos nos ignorem e dêem cabo da nossa vida. Prometam apenas que nos considerarão pessoas e se esforçarão por nos proporcionar, no futuro, uma vida melhor.

PARABÉNS

Hoje fazes dezoito aninhos,
salta e ri, é o teu aniversário,
agora, “és pessoa” no cantinho,
muito diferente do teu imaginário;
Alegra-te amiga, já podes votar,
e até o teu candidato escolher,
és número, impostos vais pagar,
se estavas triste, mais triste vais ficar;
O teu voto vai para quem não vai concretizar,
vai prometer-te o céu, dar-te-à uma vida de inferno,
os teus impostos irão para quem menos precisar,
pensas que entraste no verão e chegaste ao inverno;
Mas deixa nem tudo é mau, vais começar a aprender,
vais errar nos mesmos pontos que apontavas ao teu pai,
pouco a pouco começas a “sentir” a vida e a compreender,
que afinal somos todos tão iguais, mesmo quando a chuva cai;
Vais querer ser criança, infanta, adolescente, protegida outra vez,
vais querer demitir-te de almirante do teu barco à deriva no mar,
vais pedir conselhos àqueles que julgaste que tanto mal te fez,
vais aceitar que o que te parecia errado, era certo, fruto do teu olhar;
No teu caminho, na paixão pela vida, um grande amor vais encontrar,
numa mimética continuada, vais criar uma família, uma nova célula,
como melodia, como nota musical, como refrão repetido, vais casar,
vais ser dona do universo, vais voar, vais sentir-te uma libélula.

sábado, 15 de março de 2008

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DE TODOS (?) OS PORTUGUESES

Meu caro Doutor Cavaco Silva, dirijo-me a V.Exª porque estou profundamente indignado consigo. Calma! Eu explico. Nas últimas eleições presidenciais, em que foi eleito, tenho uma vaga ideia de, aquando do discurso de vitória, ter referido que era o presidente de todos os portugueses. Foi assim não foi? Se não foi, corrija-me. Esteja à vontade, não se iniba. Ora, se não me rectifica, é porque estou certo. Nesse caso, vou continuar. O que corrói as entranhas da minha indignação é o caso que lhe vou contar a seguir. Apesar de não esperar nenhuma resposta de Vocelência, tenho quase a certeza que o que aconteceu foi mesmo um lapso. Só pode ser. Certamente um descuido de algum assessor seu menos avisado. O que lhe vou descrever a seguir, em resposta do seu gabinete, creio, não podia ser exarado por si. Com franqueza, não acredito. Tenho por si uma estima grande e a certeza de que é um homem sério. E afirmo-o com convicção. Daí, eu estar certo de que foi um descuido dos “homens do presidente”. Não quero ter a prosápia de lhe dar conselhos –quem sou eu para isso?!- mas que o amigo deveria endereçar desculpas ao visado, lá isso devia. Mas o senhor, na sua sapiência, fará o que bem entender. Vamos então aos factos que já estou a esgotar a sua paciência:
O “DIÁRIO AS BEIRAS” é um jornal de Coimbra que há 14 anos, diariamente, com o esforço que se entende de todo o pessoal que trabalha na sua feitura e distribuição, coloca nas casas, nos cafés de bairro, nas ruas, nos becos, nas vielas, nos recantos, praças, pracetas, largos e larguinhos da Lusa Atenas um jornalismo sério que em nada fica atrás de um qualquer outro jornal nacional. Diariamente, a par de outros que não vale a pena enunciar, é o acompanhante do meu café da manhã. Digamos que é o açúcar que me adoça o espraiar das minhas manhãs. Já entendeu, não é verdade?! Continuando, acontece que o “meu” “Diário as Beiras” comemora hoje 14 anos –obrigado senhor presidente pelos parabéns, já estou mesmo a ver que V.Exª não sabia mesmo-, então, vai daí, o “meu” jornal solicitou uma entrevista a V. Senhoria para incluir na edição de hoje, dia 15 de Março de 2008, e “no âmbito do aniversário do jornal, pretendia pôr o Presidente a falar de coesão regional, numa região de seis distritos intrinsecamente diferentes, mas com projectos e ambições próprias de gente que se recusa a baixar os braços perante as adversidades” –estou a citar o Jornal, retirando a opinião abalizada e indignada da minha conterrânea e chefe de redacção, Eduarda Macário. Continuando a citar esta senhora, “E foi em nome desses milhares de portugueses que têm a sua vida –boa ou menos boa- nesta vasta região, que o “DIÁRIO AS BEIRAS” solicitou uma entrevista ao senhor Presidente da República. (…) Ao solicitado o Sr. Presidente mandou dizer que só dava entrevistas “a jornais nacionais”. Confesso que não queria acreditar” –quem diz isto é a minha conterrânea Eduarda Macário, mas faço delas as minhas palavras. “Não tanto pela recusa, mas mais pela justificação. Até compreendo. Afinal, esta pode ser uma forma que o Presidente tem para se “livrar” das inúmeras entrevistas que lhe devem ser solicitadas pelos órgãos de comunicação social espalhados pelo país. (…) Não é esta uma forma infeliz de discriminação? Discriminação dos órgãos regionais de informação. Discriminação dos profissionais. Mas, acima de tudo, discriminação dos leitores que, também, são portugueses…e de boa cepa, como diz o Bispo de Coimbra.”
Ora, como já viu nas palavras escritas da minha correligionária, sendo eu leitor e defensor do jornal, é evidente que estou indignado. “Errare humanum est” e o senhor Presidente da República, mesmo no desempenho do seu alto cargo, não está imune. Assim sendo, e como V.Exª sabe que quando erramos devemos humildemente pedir desculpa, venho por este meio convidá-lo a retratar-se perante o “DIÁRIO AS BEIRAS” e os seus leitores. No que toca à minha pessoa, pode o senhor ficar descansado que já está perdoado. Sei que não vai voltar a fazer isto a mais nenhum jornal…"estrangeiro”.
Um grande abraço do seu admirador.

LUIS FERNANDES
(COIMBRA)

HOMEM ERECTUS

Homem que nasceste sem saber,
cresceste vestido de cidade,
mesmo sabendo que vais morrer,
vives envolto na tua vaidade;
Caminhas erecto, olhando só através do teu olhar,
sentes o centro do mundo no teu umbigo,
julgas-te o maior no meio do teu pensar,
não ligas, sobretudo, se é um “Zé ninguém”, não é contigo;
Na tua barriga, na careca luzidia está a tua auto-valorização,
falas grosso, ou fininho, frases bem timbradas e sonoras,
todos te devem escutar como se fosses padre em oração,
pareces um pavão, na tua pose, uma grande ave canora;
Pensas que és de uma estirpe única e superior,
os mais novos, a teu ver, são vã glória, são “cepa fraca”,
para nada prestam, são ociosos, nem para o amor,
interrogas: “que futuro para esta gente de “caca”?;
Nem de cócoras, forçadamente, te sentes igual,
quando alivias o físico, por necessidade, em aflição,
olhas para o lado, em catarse, e até te parece mal,
um homem como tu, original, a imitar o povão;
Quando arqueado na bengala os anos te carregam,
com passo trôpego, titubeante, caminhas na solidão,
só sorris àqueles que, lembrando outro tempo, o teu ego elevam,
para a maioria és azedo, abespinhado, muito duro de coração;
“Este mundo é muito injusto”, em lamúria, amiúde confessas,
“não há respeito para pessoas importantes da minha condição”,
umas vezes lamentas, outras vezes, em fúria, pedes meças,
“eu sou a memória, o passado, o futuro, a alma da nação”;
Com um Criador, só teu, interrogas, negoceias à toa,
em vão não aceitas porque hás-de desaparecer,
“sempre fui generoso, dei esmola, e até uma alma boa,
porque não me preservas, ó Deus!, porque hei-de eu morrer?”;

sexta-feira, 14 de março de 2008

COIMBRA: AFINAL, QUAL É A TUA CULTURA?

(IMAGEM DA WEB)



 Entrei no autocarro. Num relance, como raio de luz projectado de um farol que varre o mar, os meus olhos percorreram todos os lugares sentados. Havia um, vago, ao lado de uma mulher. E foi mesmo ali que me “assolapei”. Depressa as minhas narinas absorveram o perfume de pinheiro silvestre que vinha da minha companheira ocasional de viagem. Era uma mulher de meia idade, bem vestida, elegante e de ar sóbrio. Lia o jornal da cidade, o “Diário de Coimbra”. Como conheço bem a paisagem, e nada me chamou a atenção, poisei os meus olhos numa notícia plasmada no jornal aberto ao meu lado: “Munícipe lançou apelo para não deixar morrer o MCT (Museu da Ciência e da Técnica)”. A seguir, em desenvolvimento, a notícia descrevia que “depois de o munícipe ter lançado o apelo ao executivo municipal , o presidente da Câmara, Carlos Encarnação informou-o: venha falar comigo mais sossegadamente e ter uma conversa demorada”. Era a página que a mulher pacientemente lia.
Foi então, sem que nada o fizesse prever, que ela atirou de supetão: “coitado do munícipe, se está à espera de ser chamado pelo Encarnação, bem pode esperar sentado. Você não acha?” Interroga-me a mulher, fixando os seus olhos negros nos meus castanhos. Antes de eu ter tempo de responder, já ela replicava: “Estes políticos são uns artistas a “chutar para canto”. É por essas e por outras que esta amaldiçoada cidade nunca sai da cepa torta”. 
Claro que o tema interessava-me de sobremaneira e, por isso mesmo, tinha de dizer alguma coisa para que ela continuasse. Então interroguei-a: porque diz isso? “Porquê? Você ainda me pergunta?! Coimbra é uma cidade esquisita, virada para as tricas intestinas. Veja, agora, o caso do Metro: há sempre alguém que descobre uma maneira de colocar uma pedra na engrenagem e assim evitar que as coisas corram normalmente. Verdadeiramente ninguém está interessado em fazer seja o que for enquanto há tempo para a cidade andar para a frente. É como se precisassem do eterno choradinho, do fado desgraçadinho. Sem esses lamentos melosos não conseguem viver. Precisam de eternamente andar a carpir mágoas pelas ruas e vielas. Concretamente, ninguém está interessado em salvar nada. Já foi assim com a demolição da Alta, nos finais da década de 1940, em que a única voz dissonante foi Bissaya Barreto. Depois, em finais dos anos 70, foi o desaparecimento dos velhos eléctricos ronceiros, mandados retirar pelo então edil Mendes Silva. A seguir, nos anos 90, foi retirado o tráfego automóvel e imposto o pedonal nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz. Tudo isto foi feito às claras, sem oposição, e até com a maioria dos conimbricenses a aplaudirem. Hoje, parecem umas Madalenas, sempre a lembrar, a chorarem e a lamentarem os erros do passado. Mais grave ainda: a pedirem a reposição do outrora destruído. Acredite, esta cidade está amaldiçoada pelos espíritos “vagueantes” de Camões, do Eça, do Camilo Pessanha, do Trindade Coelho e do mais recente Miguel Torga. São demasiadas almas de escritores célebres para uma cidade só. Pensa que alguém se importa que desapareça o MCT? Repare neste pormenor: foi postado na Internet uma petição contra a política cultural da autarquia de Coimbra, em que Carlos Encarnação era acusado de insensibilidade e autismo perante a cultura da cidade. Era um texto ideológico, onde o entendimento da cultura parecia metafísico. No entanto, mesmo assim, foi subscrito por 1150 pessoas. Hoje, também na Internet, está a correr uma petição on-line para que o MCT não seja desbaratado –PELO DIREITO À MEMÓRIA E PELO DEVER DE PRESERVAR UM MUSEU UNIVERSAL DE COIMBRA. Ora, em coerência, seria suposto que estes preocupados “amigos da cultura” subscrevessem esta petição. Pois sim! Até hoje foi subscrita por pouco mais de meia dúzia de pessoas. Não acha estranho?”. Confesso que realmente não entendo as preocupações desses “cultores”, respondi, para que a senhora se sentisse impelida a continuar.
Prossegue a dama, “como se deve lembrar, Carlos Encarnação acusou este milhar de pessoas de “amiguismo”. Agora veja a conclusão: em face dos seus comportamentos, ambos têm razão. O presidente da Câmara, em face da aparente inevitabilidade de que o MCT vai ser desbaratado, “chuta para canto” e, pouco parecendo importar-se, acaba por dar razão ao grupo de cidadãos subscritores e “amigos da Cultura”. Por sua vez o grupo, ao não subscrever uma petição, num acto concreto de atentado à memória, ao passado e à cultura de Coimbra, vem dar também razão a Carlos Encarnação, de que, realmente, assinaram a tal petição apenas pelo “amiguismo”, pela “partidarite” de uma guerra política suja”.
A senhora desculpe, mas estou a chegar ao meu destino. Que pena não poder continuar a ouvi-la. Levantei-me, toquei o sinal de paragem e encaminhei-me para a porta de saída. Ainda ouvi a mulher perguntar, quase no meio de um grito: VOCÊ JÁ ASSINOU A PETIÇÃO? … OU É UM FALSO IGUAL AOS OUTROS?

quarta-feira, 5 de março de 2008

PELO DIREITO Á MEMÓRIA E PELO DEVER DE PERSERVAR UM MUSEU

Concretizado em 1971 pelo Ministro da Educação, Veiga Simão, e oficializado por decreto-lei nº347 de 12 de Maio de 1976 do Ministro Almeida Santos, pelo reconhecimento merecido, embora tardio, de um dos maiores físicos portugueses, professor universitário Mário Augusto da Silva e da riqueza cultural que representava para Coimbra e para o País o extraordinário acervo, nasceu assim o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT).
A partir de 1991, entra em degradação e agonia no Governo de Cavaco Silva, sob a tutela do seu Secretário de Estado da Cultura, Pedro Santana Lopes, e foi integrado no Instituto Português de Museus. Foi transferido para o Ministério da Ciência e da Tecnologia através do decreto-lei nº379/99, de 21 de Setembro de 1999. Apesar desta letargia, por obra do seu director Paulo Renato Trincão, em 2001, o MNCT atingiu o pico de intervenção cultural em Coimbra, com a exposição “HÁ MÚSICOS INVISÍVEIS NA CIDADE”. É também sob a tutela deste dinâmico homem de cultura que é adquirido o Palácio Saccadura Botte, na Rua dos Coutinhos, onde funcionava, através de arrendamento, desde o seu nascimento em 1971.
Em 6 de Abril de 2004, no seguimento do memorando de entendimento sobre o projecto “Museu das Ciências”, durante o XV Governo Constitucional de Durão Barroso, em Coimbra, é assinado pelo Reitor da Universidade de Coimbra (UC), pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), pelo Secretário de Estado Adjunto da Ciência e do Ensino Superior e pelo Ministro da Cultura. Neste memorando ficou estabelecido o compromisso de congregar esforços no sentido de viabilizar a criação e instalação em Coimbra de uma estrutura que permitisse tirar o máximo partido do enorme potencial museológico da cidade nos domínios científicos, nomeadamente, através da constituição de uma Fundação à qual competiria, no respeito pelo espírito do código deontológico do Conselho Internacional de Museus, a gestão integrada do espólio de museologia científica pertencente à Universidade de Coimbra e ao Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva, através da criação, dinamização, gestão e exploração de um pólo interdisciplinar de produção e divulgação científica e cultural designado museu das ciências.
Já em gestão, no Governo de Santana Lopes, nos termos do nº5 do artigo 28º, do decreto-lei nº10/2005, de 6 de Janeiro, o MNCT é integrado no Museu do Conhecimento, segundo a nova Lei Orgânica do Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior. Este “Museu do Conhecimento” pretendia ser um projecto integrado que englobaria todas as instituições museológicas da Universidade de Coimbra.
Foi no sentido de concretizar esta ambiciosa rede museológica, e na tramitação do memorando ratificado entre o Ministro da cultura do XV Governo, o Reitor da UC e do Presidente da CMC, que foi inaugurado a 5 de Dezembro de 2006, no antigo Laboratório Químico, o actual Museu da Ciência. Porém, se inicialmente este museu foi concebido para ser um pólo interdisciplinar entre vários acervos museológicos, a verdade é que este novo museu é uma instituição distinta, criada autonomamente e em contextos diferentes. E assim o MNCT nunca chegou a ser uma extensão do Museu da Ciência e foi progressivamente abandonado à sua sorte. As suas milhares de peças, algumas únicas no mundo, estão armazenadas, muitas delas a apodrecerem, como é o caso de máquinas industriais de finais do século XIX que se encontram nos corredores, ao ar livre, no Antigo Colégio das Artes. Mantém-se encerrado ao público há quase dois anos com 7 funcionários “emparteleirados”.
Há indícios claros de que, como o caso foi denunciado num debate sobre a cultura em Coimbra, e perante o pró-Reitor para a cultura da Universidade de Coimbra, em 20 de Fevereiro último, o Reitor da UC, com autorização legislativa através de decreto –lei, sem mais delongas, se prepara para “desmantelar” todo o acervo do MNCT. O melhor do espólio será distribuído pelos vários museus nacionais. Quanto ao restante, menos valioso pouco se sabe, mas calcula-se o seu fim trágico.
Tudo indica que o Palácio Saccadura Botte, na Rua dos Coutinhos será uma futura residência universitária.
Pela memória do grande cientista que foi Mário Augusto da Silva, pela agressão cultural que este gesto criminoso constitui para Coimbra que tanto amamos, pela displicência e despiciência, não podemos ficar impávidos e serenos. Não consentimos! Protestamos com veemência. Negamos ser parceiros nesta cumplicidade vergonhosa.
SE VOCÊ, INDEPENDENTEMENTE DO SEU CREDO OU IDEOLOGIA –A CULTURA NÃO TEM COR POLÍTICA- COMO EU, TEM COIMBRA NO CORAÇÃO, POR FAVOR PASSE ESTA MENSAGEM.

sábado, 1 de março de 2008

COIMBRA: CARTA ABERTA A QUEM ME LER

(IMAGEM DA WEB)



 Meu caro amigo leitor, mesmo sem o conhecer tomei a liberdade de me dirigir a si.
Sim, a você mesmo. Tenha calma, não passe à frente, leia o que tenho para lhe dizer. Sei o que está a pensar, “ou é publicidade, ou é uma carta de um qualquer político a fazer-me crer que as medidas que tomou foram no meu superior interesse, ou ainda pior: é alguém a pedir-me dinheiro emprestado”.
Nada disso! Sei que apesar desse seu “ar” desligado você gosta verdadeiramente de Coimbra. Sei que apesar de sempre ter votado religiosamente não se envolve em questões políticas –“isso é para os políticos”, costuma dizer enfaticamente com solenidade, como se daí lavasse as suas mãos e não tivesse nada a ver com as boas ou más decisões deles. A sua função, como cidadão exemplar, cumpridor dos seus deveres cívicos, resume-se a ir depositar o seu voto na urna. A partir daí já não é consigo. Mas se assim é, como explica as suas frases acaloradas, entre amigos, quando profere com grande convicção que os políticos não prestam e são inimigos do povo?
Dirijo-me a si, leitor de Coimbra, porque sei que você, apesar desse aspecto passivo, chegado o momento, se sentir que está a ser agredido na sua dignidade pessoal ou nos seus direitos legítimos de cidadania, você é capaz de perder as estribeiras e protestar com veemência. Eu conheço-o bem. Acredito em si e sei aquilo que você é capaz. O que lhe vou contar a seguir vai indigná-lo, mas controle-se, deixe-me contar tudo primeiro.
O Governo prepara-se, através de decreto lei, para anunciar as exéquias oficiais do ex-Museu Nacional da Ciência e da Técnica. Como sabe esta indecisão já vem de Janeiro de 2005 –decorrente da nova lei orgânica do Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior, nos termos do nº5, do artº28, do decreto lei nº10/2005-, quando este museu foi integrado no Museu do Conhecimento. Você não sabia que o museu Nacional da Ciência e da Técnica, desde essa data, é um “cadáver adiado”, como se estivesse numa câmara frigorífica à espera do enterro e que os coveiros recebessem ordens para abrir a cova? Ai não sabia? E pela sua cara depreendo que nunca visitou aquele museu e também nada sabe da sua história. Calma, eu conto. O Museu Nacional da Ciência e da Técnica foi criado em 1971, em Coimbra, na Rua dos Coutinhos, mais exactamente no Palácio Saccadura Botte, mas só foi oficialmente inaugurado em 1976. Resultou do trabalho hercúleo, do amor pela recolha e divulgação científica de um dos maiores físicos portugueses, professor universitário, Mário Augusto da Silva. Agora veja isto: no Estado Novo, durante a presidência de Salazar, devido ao seu inconformismo, foi várias vezes preso pela Pide. Em 1947 foi expulso ou aposentado compulsivamente do ensino universitário e apenas foi reintegrado em 1976, um ano antes de morrer. Agora, em democracia, os seus pares universitários, como verdugos, preparam-se para fazer exactamente o mesmo e apagar a sua memória.
Você está a abanar a cabeça? Não acredita no que lhe digo? Palavra que é verdade! Ah…é isso! Você não acredita que lhe façam este assassinato histórico? Como disse? Ah… é verdade! Visto dessa forma, não tinha pensado nisso. Segundo a sua teoria, sendo José António Bandeirinha pró-Reitor da Universidade de Coimbra, para a área da cultura, e um dos signatários do movimento “Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura”, se ele mandar encerrar o museu deve demitir-se? Você acha que se ele colaborar nisso é um “cara de pau” sem vergonha? Que ao que tudo indica assim parece encaminharem-se as coisas. Uma parte dos 7 funcionários, alguns com mais de 30 anos de casa, que permanecem há dois anos “emparteleirados”, sem nada fazer, vão ser transferidos para a Universidade e outra parte para o novo Museu da Ciência. Quanto ao extraordinário acervo, o melhor vai ser distribuído pelo novo museu, pelos bombeiros e pelo Museu do Caramulo, isto no que toca a dois automóveis do Estado Novo e provavelmente uma ou duas avionetas dessa altura. Perguntou o que vai acontecer ao Palácio Saccadura Botte, na Rua dos Coutinhos e adquirido por intervenção directa do então notável director Paulo Renato Trincão que, desgostoso pela forma displicente como politicamente foi encarado o seu brilhante trabalho à frente daquele museu até 2002, migrou rumo a Aveiro, onde desenvolve um magnífico trabalho naquela universidade? Ó leitor isso é pergunta que se faça? É evidente que o futuro do palácio é uma residencial para estudantes. É óbvio.
Mas você, leitor, parece muito céptico em relação ao encerramento do museu, ou é impressão minha? Porquê? Ah, disso? Do memorando assinado, em 6 de Abril de 2004, entre o Reitor da Universidade, o presidente da Câmara e o vereador da Cultura, em que os três se comprometiam a viabilizar a criação e instalação em Coimbra de uma estrutura que tirasse o máximo partido do seu enorme potencial museológico, através de uma Fundação, cujo Pacto Social foi elaborado e está postado na Internet para quem o quiser ler. Mas, leitor, espere aí, é só por isso que você não acredita na extinção do museu? Ah…está bem! Pois, Já percebi. Você acredita que, sendo o próximo ano de eleições, Carlos Encarnação, apesar de ser um tecnocrata rígido, racional e pragmático, pouco dado à sensibilidade cultural é um homem que gosta verdadeiramente de Coimbra e profundamente sério. Isso é verdade, ninguém lho pode negar. E, então, segundo a sua teoria, ele não vai querer carregar com o ónus de ser acusado de colaboracionismo neste acto de lesa-cultura? E quanto ao Mário Nunes, o que tem a dizer? Que é um “gentleman”? Que contrariamente a Encarnação é um homem profundamente sensível à cultura de Coimbra e que poucos, actualmente, se poderão gabar de tanto ter contribuído para a revitalização da parte histórica da cidade. Quem não se lembra do Congresso Internacional, em 1986, sobre a velha Alta, em que, estando à frente do GAAC, tentou já nessa altura chamar a atenção para o estado lastimoso daquela parte da cidade? E que a ser assim também não vai admitir tal atrocidade, remato eu, certo?!
Já chega de argumentos ou ainda tem mais algum para apresentar, leitor? Fala-me do Henrique Fernandes? Sendo ele o Governador Civil, que tem ele a ver para o caso? Ah… já percebi! Sendo ele o próximo presidente da Concelhia do Partido Socialista, e, não só por ambições políticas, como sendo também um homem que ama demais Coimbra não vai admitir que o Governo, sendo mesmo do seu partido, cometa uma monstruosidade destas. Faz sentido sim. Tem razão.
E quanto a si leitor, já me apresentou vários argumentos de análise política, mas ainda não me disse no que toca a si. O que vai fazer? Não quer responder? Está bem. Deixo-o apenas com uma citação de Victor Hugo: “Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa”.