sábado, 30 de agosto de 2014

BOM DIA, PESSOAL...

PENSAR POR UM MOMENTO: EM MEMÓRIA DE DUAS MARIA FERNANDES

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Por coincidência o nome desta mulher, enquanto caminhou entre nós, foi o mesmo que a minha mãe também utilizou em vida: Maria Fernandes. Também, tal como a minha progenitora, trabalhou incansavelmente até morrer. Mas há uma diferença abissal, a minha mãe morreu de velhice, há cerca de dois anos e com cerca de 80 anos, e esta outra Maria Fernandes faleceu agora, em New Jersey, EUA, com apenas 32 anos, intoxicada dentro de um carro porque, pela necessidade e numa longa correria de azáfama, era uma espécie de serviçal de utilizar e deitar fora e, com todo respeito, tal como entregador de pizzas. Leia aqui a história desta escrava dos novos tempos.
É preciso parar e pensar que tipo de sociedade estamos a (des)construir. O trabalho, enquanto meio nobre e legítimo de rendimento social e pago proporcionalmente ao esforço despendido, está a perder a dignidade e a entrar no pior do “laissez faire, laissez passez”. Por outras palavras, enquanto prestadores de serviços, que somos todos, estamos transformados em prostitutas, desconsiderados, maltratados, fodidos e mal pagos. Ainda que custe a dar a mão, é melhor voltar a ler O Capital, de Karl Marx. Quer queiramos ou não, estamos a regredir e a andar para trás. Como num esclavagismo crescente, estamos a voltar a meados do século XIX, por volta de 1850. É preciso tomar atenção que enquanto anéis de um longo cadeado –porque estamos encadeados uns nos outros-, mais tarde ou mais cedo, sejamos assalariados ou independentes, e sem que o possamos evitar –ou podemos?- esta nuvem negra que varre a Europa -e o mundo- vai entrar nas nossas vidas. Em memória desta Maria Fernandes –pela recordação da minha mãe- pensemos por um momento para onde caminhamos.

ROMAL, O TERREIRO DE NINGUÉM



“Senhor Luís, não se pode estar na minha rua com tantos mosquitos, provindos do Largo do Romal, e ratos, que mais parecem coelhos, saídos de um prédio decrépito no Beco da Boa União”. Maria de Lurdes Sousa, moradora na Rua dos Esteireiros, está desolada com o abandono a que a Câmara Municipal de Coimbra votou o histórico largo onde, ao longo do último século, tantas fogueiras e bailes mandados ali foram realizados.
Quase a pegar-me na mão, pede-me para a seguir e aponta uma entrada esconjuntada de um prédio a cair no Beco da Boa União. Enquanto caminha aponta as muitas manchas negras no asfalto empedrado e diz: “este chão não é lavado há meses e meses!”. E entramos na antiga praceta. Lurdes aponta o cenário em frente ao Café “Zé Figueiredo” e ordena: “olhe para isto!”. O que se vê é um prédio entaipado, que ameaçou ruir em Fevereiro último e desde essa data para ali jaz enclausurado entre os andaimes perfilados a apontar o Céu. Mas o que indigna e enoja ainda mais o nosso olhar é um monte de areia cheio de lixo, excrementos e um cobertor velho. Segundo a minha guia, o amontoado de inertes, para além de auxiliar como retrete pública, serve também para rebolar corpos e refrear hormonas, o que, convenhamos, qualquer um destes espectáculos não é muito edificante para quem reside à sua volta.
Acompanhado de Lurdes Sousa, continuo a caminhar no Largo do Romal. Diz esta moradora: “há um mês dei conhecimento na sede da União das Juntas de Freguesia, mas até agora não fizeram nada! Há uma semana telefonei para a autarquia e mandaram-me ligar para o Algar, para o serviço de Higiene. E eu liguei, mas até agora o mesmo. Olhe para este chão, veja a altura da erva! Olhe aqui estas águas lodosas. Por favor, sinta como cheiram mal! Alguns mosquitos saem de aqui!” –e aponta um pequeno lago que até há uns tempos teve repuxos. Entretanto chega outra vizinha, a Maria da Glória, que tem um estabelecimento de costura mesmo em frente ao receptáculo esquecido e confirma que dali sai um cheirete desgraçado que prejudica o seu negócio.

O DEGREDO DE FIGUEIREDO

José Figueiredo, antigo presidente da Junta de Freguesia de Souselas, com o seu estabelecimento de comes e bebes, é quem está mais lesado com toda a inércia da edilidade. Talvez por que durante muitos anos foi autarca e conhece por dentro as dificuldades, o seu queixume é contido. “Este atraso nas obras do prédio está a prejudicar muito o meu estabelecimento mas eu entendo a demora. Quanto julgo saber, a revitalização do edifício vai ser englobada numa candidatura especial para o Centro Histórico. Compreendo que Manuel Machado apanhou o “menino” nos braços. O imóvel foi adquirido por Carlos Encarnação que se limitou a realojar os seus inquilinos e nunca mais ligou a isto. Nada me move de pessoal, mas a falta de limpeza e esta atmosfera de abandono dá uma imagem degradante. Este largo, que tanto respeito deveria merecer, parece esquecido no tempo. Olhe aqui esta boca de incêndio –e verifique a outra ali  mais à frente-, veja que está toda destruída. Foi a estudantada, há cerca de um ano, na Queima das Fitas. Não é minha intenção aborrecer ninguém mas tudo isto me deixa vulnerável. Você entende? O negócio já está muito mau! Estou a trocar comida por dinheiro sem ter lucro e só para fazer para as despesas –e nem sempre dá. Há meses que tenho prejuízo!”

(Texto enviado para conhecimento à Câmara Municipal de Coimbra)

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

LEIA O DESPERTAR...


Para além  da coluna "O CONTINENTE PODE OU NÃO SUBMERGIR A BAIXA? " deixo também o texto "REFLEXÃO: UMA ESTÁTUA PARA MACHADO"


O CONTINENTE PODE OU NÃO SUBMERGIR A BAIXA?

A notícia publicada em primeira página nos dois jornais da cidade, no último 6 de agosto, lançou a confusão no pequeno comércio. No Diário de Coimbra o título era: “Coimbra vai ter dois novos hipermercados”. No Diário as Beiras: “Um (grande) Continente no centro de Coimbra”.
Esta grande superfície está projetada para o edifício da Auto-Industrial, mesmo no centro do centro histórico. Duas questões a saber: enquanto motor de revitalização comercial de uma zona que se encontra em coma, este anúncio é bom? Ou, pelo contrário, em metáfora, é uma espécie de bomba atómica que vai reduzir a pó os que ainda resistem e, por consequência, é mau?
Naturalmente que, enquanto jornalista de trazer por casa, tenho opinião mas preferi não a manifestar e deixar falar os comerciantes de vários ramos, implantados aqui na Baixa, e que, presumivelmente, sentirão, ou não, com a entrada na zona deste novo concorrente de peso no comércio a retalho. Para quem não souber, a cidade está rodeada de 8 grandes superfícies. Anuncia-se para breve outra no Planalto de Santa Clara. Na Baixa, há cerca de década e meia, estão implantadas duas médias-superfícies. Nos últimos meses abriram mais duas pequenas lojas com o logótipo das grandes áreas. Verifica-se, portanto, que estamos a assistir a uma deslocalização do grande comércio da periferia para o coração da cidade.
Sem formular juízos de valor para não influenciar, então o que fiz foi ouvir um comerciante de cada ramo que, mais que certo, terá concorrência neste grande espaço agora anunciado.
Comecei pelo ramo alimentar, pelas carnes, e fui à Rua das Padeiras, ao talho Manuel da Siva Machado & Filhos, Lª. Responde o José Fernandes: “Vai prejudicar o meu negócio! Já está muito afetado mas, como os fregueses fixos ajudam a mantê-lo, vamos andando. Estou muito preocupado com a notícia. Não temos empregados, se tivéssemos ainda seria pior. Já temos hipermercados a mais. Eles comem-se uns aos outros, mas primeiro vão os pequeninos como nós!”
No referente a peixe, fui ouvir as declarações da responsável da Peixaria Pinguim, na Rua das Padeiras, Maria de Lurdes Quitério: “É mais uma machadada! De Janeiro para cá, só Julho deu lucro. Nos meses anteriores foi com prejuízo que aguentámos. Esta notícia de hoje não foi surpresa para mim. Eu já sabia. Estou muito preocupada. Há quatro anos estive para encerrar. Quero ver se aguento pelo menos mais dois anos. Acho graça quando dizem que vão criar 100 novos postos de trabalho! E os que vão destruir aqui na Baixa? Vão ser muitos mais! Já quando abriu o Fórum e o Jumbo, no Dolce Vita, nós sentimos o abalo. Sinceramente, não sei o que querem fazer disto!”
Ainda na mesma Rua das Padeiras, passei às frutas e fui auscultar o Arcindo Gaspar: “Já não estou preocupado. Já não me importo nada. Isto já bateu no fundo! Agora já não há volta a dar a isto. Já deu o que tinha a dar! No meu ramo já restamos poucos. Estamos afogados até ao pescoço. É só preciso mesmo um jeitinho e morre o resto. Já nem tenho reação!”
Passei ao sector do pão-quente e pastelaria. Fui à Rua da Gala, à Pastelaria Pão de Mel, ouvir Lurdes Raimundo: “Não tenho opinião formada. Não sei se é bom ou mau! No entanto, sinto que me vai afetar. Quando li a notícia fiquei muito preocupada. Vou esperar para ver!”

E NAS FERRAGENS?

Fui a uma loja de Ferragens com mais de meio século na Baixa, ao luís Martins & Irmão, Lª., na Rua da Louça. Responde o Joaquim Santos: “É muito mau para o nosso negócio. É mais uma grande superfície que vem queimar o pequeno comércio”. António Soares, um dos funcionários, mete-se na conversa e enfatiza: “Como empregado fiquei muito apreensivo. Trabalho aqui há 32 anos e, com esta oferta e concorrência feroz, não sei o que vai ser o meu futuro!”
Ainda na mesma Rua da Louça, fui a uma loja de ferramentas e miudezas e entrei no Pinto & Filhos, Lª. Começou por responder Ilda Pinto: “É um descalabro para o comércio tradicional. Ao criarem infraestruturas direcionadas para esse novo hipermercado, mais uma vez, estão a retirar o consumidor da Baixa. Estão a fazer tudo para aniquilar os que restam”. Ao seu lado está o seu pai, Guilherme Pinto, que, do alto da sua longa experiência comercial, se faz ouvir: “Acabam com o comércio tradicional da Baixa. Este novo licenciamento vai enterrar de vez os lojistas e as suas pequenas lojas. Lá, nas grades superfícies, há tudo à venda. Vamos esperar para ver, mas que não vai ser coisa boa isso não vai ser! O futuro, se continuar a cair como até agora, é encerrarmos. Vão secar tudo! Os pequenos, como nós, não têm qualquer hipótese!”

E NOS ARTIGOS DECORATIVOS E NOS LIVROS?

Na “Coimbra-Lar”, na Rua da Louça, perante a notícia que desconhecia, a funcionária Sandra Mateus responde assim: “Ai, não me diga tal coisa?! É mesmo verdade? Fico muito apreensiva. Vai afetar diretamente o nosso ramo de artigos decorativos para o lar. Inevitavelmente vai piorar o estado comercial da Baixa. São demasiadas grandes superfícies a operar na cidade. É um escândalo! Não se protege o pequeno comércio. Estamos entregues à bicharada!”
Na livraria Castelo, na Rua da Sofia, António Sousa enfatiza assim: “É para destruir de vez com a Baixa e com o pequeno comércio de rua! Neste meu sector de livraria, que já há muito tempo rebentou para os pequenos livreiros, esta abertura deste hipermercado, nesta zona, vem acabar de vez com os que restam. Já há muito que estou farto destas políticas comerciais. Como clientes, já só tenho velhotes a comprarem fotocópias. Os novos, dos que compram livros, vão todos para as grandes superfícies porque lá chegam a fazer descontos maiores do que a minha margem de comercialização. Isto é uma selva! Tomara ir embora! Já não posso com tanta concorrência desleal. Perante este esmagamento e desrespeito por quem sempre trabalhou com livros, uma pessoa esmorece!”

E NOS SAPATOS, CORTINADOS E CONFECÇÃO?

Na sapataria Pessoa, na Rua das Padeiras, Victor Espírito Santo responde assim: “Vai piorar o comércio em geral na Baixa e, como é de ver, também o meu negócio de sapatos. Eles, o Modelo e Continente, agora dizem que empregam uma centena de pessoas, mas quantas centenas de famílias, cujo único rendimento é o pequeno comércio, vão sofrer com a vinda deste hipermercado? Não se justifica tantos centros comerciais. Estou muito preocupado com o futuro do comércio tradicional!”
Em frente, na mesma Rua das Padeiras, está situada a Zedibel, cortinados e tapeçaria para o lar. José Lucas desconhecia a notícia. Comenta assim: “É um concorrente fortíssimo! É mais um a dar cabo de nós! No entanto pode também ter um efeito benéfico para a Baixa. Já estou no limite e o que acontecer acontece, e pronto! Não tenho uma opinião formada. Confesso que não sei qual será o futuro da Baixa. Não sei para onde caminha!”
Na Rua Eduardo Coelho as Modas Veiga marcam presença vincada, no pronto-a-vestir, na Baixa da cidade há cerca de 35 anos. Como todos, a subir montes e vales e escarpas pontiagudas, Francisco Veiga continua a resistir a todos os vendavais. Perante o que se aproxima, responde assim: “É bom! Tudo o que vier de novo para a Baixa, desde que traga movimento e sirva de instrumento revitalizador para esta área desertificada, é ótimo! A concorrência é salutar. Não me prejudica. Sou de opinião de que, se fosse possível, deveria abrir uma destas áreas na Praça do Comércio. Deveria ter sido assim logo no princípio. Sempre defendi que as grandes áreas não deveriam estar fora desta zona comercial mas juntas. Mas ainda vem a tempo! Pode ser o motor que vem revitalizar todo o comércio no centro histórico. Não tenho medo da concorrência. Tenho muita esperança que as coisas melhorem!”
Um agradecimento a todos quantos se disponibilizaram a partilhar as suas opiniões. Bem-haja!



REFLEXÃO: UMA ESTÁTUA PARA MACHADO

“Mais uma machadada (do Machado) por aqui... qualquer dia vou ter contigo mano...”. Este desabafo foi publicado no Facebook por Ilda Pinto, membro de uma família respeitabilíssima de comerciantes com duas lojas na Baixa da cidade. Para melhor se entender este sofrimento expresso nesta frase, saliento que o seu mano, Guilherme Pinto –um bom amigo e que de aqui envio um apertado abraço-, devido à atual conjuntura económica do País e mais concretamente desta zona antiga, foi trabalhar para o Brasil acompanhado da esposa.
Informo também que a “machadada (do Machado)”, narrada no texto de grande angústia e padecimento, refere Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), que, curiosamente, foi também este edil que no início de 1990 licenciou as primeiras grandes superfícies para a cidade. A Makro e o Continente, ambos no Vale das Flores, abriram em 1993. Não sei se Machado se honra muito com o seu ato. Conforme se extrai do desabafo de Ilda Pinto, tenho a certeza que para os comerciantes da Baixa este homem deveria ter direito a uma estátua no Largo da Portagem, a substituir Joaquim António de Aguiar, como o coveiro do comércio tradicional. Porém, por que me penso na conta de honesto e também porque já escrevi isto mesmo –e, diariamente, tento ter apenas uma só cara- tenho de escrever que este homem, Manuel Machado, atual presidente da autarquia de Coimbra, foi apanhado em duas situações circunstanciais e a nenhuma delas, creio, poderia ter deliberado de outro modo. Já vou explicar melhor, mas admito que estou a ser demasiado inocente. Se estou, penitencio-me. Pelo menos redijo o que penso e não o que seria politicamente correto expressar.
E agora sim vou mostrar porque é que Machado, tendo em conta a circunstância de 1990 e a de agora, não poderia decidir de outro modo. Na última década do anterior século o comércio estava muito concentrado na Baixa. Algumas cidades em redor, como por exemplo Leiria, já detinham uma grande superfície. Ora em Coimbra os consumidores ansiavam por esta novidade e descentralização comercial. Ou seja, quero dizer que se eu fosse presidente da Câmara Municipal de Coimbra nessa altura, tal como Machado, eu teria licenciado aquelas duas grandes superfícies. Quanto a mim, o problema da destruição do comércio de rua na cidade não residiu na autorização destes dois hipermercados mas sim na grande quantidade de licenciamentos que vieram a seguir –Machado saiu da CMC em 2001 mas deixou já o terreno aplanado para novas grandes superfícies e que vieram a ser autorizadas pela “Coligação por Coimbra”, tendo à frente Carlos Encarnação, que concedeu abertura a mais uma meia-dúzia de grandes áreas comerciais.
Nesta agora autorização concedida, por Machado, ao Modelo e Continente para se instalar na Auto-Industrial, em pleno coração da Baixa, tenho forte convicção de que perante o prescrito no Decreto-Lei nº 21/2009, inserida no espírito do “Simplex” e lei publicada no reinado de Sócrates, o agora homem forte da Associação de Municípios e cortador de fitas não poderia fazer outra coisa a não ser deixar instalar. Estou errado? É bem provável! Mas não deixe de passar os olhos na lei que anuncia a COMAC, Comissão de Autorização Comercial, nos artigos 11 e seguintes.






BOM DIA, PESSOAL...

A ÚLTIMA NOITE

(Imagem da Web)


Era Verão na estância turística. O Sol ainda se arrumava no horizonte, provavelmente lá longe a encavalitar-se em cima do mar. O restaurante estava parcialmente cheio. Casais na primavera da vida com filhos e outros pares mais novos sem rebentos. Havia naquela sala um ruído de fundo, ora provocado pelas conversas soltas, ora pelos talheres a baterem nos pratos. A meio do compartimento alimentício um homem e uma mulher, ambos de meia-idade, sem tomarem atenção ao barulho que teimava em rasgar o silêncio, com as mãos sobrepostas sobre a mesa e entrelaçadas, olhavam um para o outro. Era um olhar de meiguice, um entrosamento emaranhado de fluídos, como se entre eles houvesse um misterioso filamento invisível que os unia. Os olhos dela volta e meia desviavam-se dos dele para que, mais que certo, ele não se apercebesse que uma lágrima balouçava, entre cai não cai, e estava prestes a atirar-se pelo sofrido rosto abaixo.
Ambos sabiam que era uma história curta que chegava ao fim. Uma sinopse de um grande filme. Acabava assim, desta maneira, não porque não se gostassem. Nada disso! Muito pelo contrário! Mas no amor não basta gostar. Ambos sabiam disto mesmo. Como num puzzle, tudo tem de encaixar perfeitamente. A ideia versejada de que basta amar-se para tudo se ultrapassar é uma mentira redundante e descarada do poeta. Como diz a canção “Anel de Rubi”, de Rui Veloso -“tu eras aquela que eu mais queria, pra me dar algum conforto e companhia, era só contigo que eu sonhava andar pra todo lado e até, quem sabe, talvez casar. Ai o que eu passei só por te amar, a saliva que eu gastei para te mudar, mas esse teu mundo era mais forte do que eu e nem com a força da música ele moveu! Não fizeste um esforço pra gostar e foste embora, contigo aprendi uma grande lição: não se ama alguém que não ouve a mesma canção”- é preciso muito mais do que simplesmente gostar muito. Um e outro sabiam a certeza disto mesmo. Ali nada havia a fazer, terminar quanto mais breve melhor e antes que a dor da separação ferisse a alma de tal modo que ficasse desfeita como pedra caída do Céu em chuvada de granizo repentino.
Como sempre e durante quase o ano que durou o idílio, a refeição foi ligeira e regada com um vinho branco levemente gaseificado. Como sempre, a seguir foi uma única sobremesa para os dois e, mais que certo, Molotov. Como sempre, os braços se cruzaram para que cada um encaixasse na boca do outro a prova doce de um grande amor. Como sempre, a seguir viriam dois cafés, um curto. Como sempre, haveria uma discussão contida porque os dois queriam pagar a conta. A seguir, agarrados num abraço, abandonariam a casa de repasto. Mais uma vez, fora de vistas e dos olhares indiscretos, o homem envolveria a mulher num longo abraço e, peito contra peito, sentiriam o pulsar do mesmo coração divido por dois. Mais uma vez ele começaria por dar um beijo nos cabelos prateados da mulher, passaria à fronte, baixava aos olhos e terminava na boca, embrulhando as línguas numa luta titânica de sofreguidão.
Mas desta vez era diferente de todas as demais. Todo o percurso fora seguido à risca como programado mas o final, como escolhido por um destino que os quisera separar, seria completamente descontextualizado. Aquela era a última noite de um amor lindo que, por decisão dos dois, terminava ali. Não havia rancor para guardar. Apenas muita ternura e gratas recordações de duas pessoas que se amaram muito em pouco tempo. Em cada beijo que trocaram, na saliva trespassada, ficou a paixão gravada. Ela tinha escolhido ficar só!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CITAÇÃO DO DIA

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...





Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "O PCP PREOCUPADO COM O FUTURO DO COMÉRCIO LOCAL":


C
oncordo com o PCP mas faz-me confusão estar sempre contra o executivo da CMC… Mas não abdicam do lugar de vereador.

NÃO HÁ BROA COMO A DE AVINTES, CARAGO!!




"A organização da Festa da Broa pode ter tornado as broas de Avintes no produto mais sexy da gastronomia tradicional portuguesa, com um vídeo de divulgação de comer e chorar por mais."

HISTÓRIAS CURTAS E MARCANTES

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


“Conhecia-a já depois de ter ficado viúvo –ai, tenho tantas saudades da minha mulher! Numa rotina continuada, todos os Domingos vou à missinha e a seguir passo no cemitério para lhe levar flores. Não é que pretenda substituir o meu amor que partiu –ela será sempre insubstituível!- mas um homem sexagenário precisa muito de uma mulher! Nem é propriamente pelo sexo, nada disso! É o ombro amigo, o podermos conversar sobre a nossa vida –com a idade tornamo-nos como crianças em busca de afecto. Passamos a olhar sistematicamente para trás, para o passado, e a reviver as memórias. Às vezes até me torno chato, tenho consciência disso! De modo que conheci esta mulher há poucos anos. Gostei dela. No início pareceu-me uma boa companheira e, embora ela tivesse também a sua casa onde morou com o falecido marido, fomos viver juntos para a minha pequena quinta. Aos poucos comecei a verificar a verdadeira natureza dela. Eu não era senhor de falar com ninguém e muito menos de olhar para uma mulher na rua! Se ela se apercebesse fazia um banzé que me deixava corado de vergonha! Como é uma excelente dona de casa –repare que eu andei sempre nos trink’s, sempre muito limpo e asseado!-, fui desvalorizando o seu mau-feitio e deixei correr. Até que fui enchendo, enchendo, e não aguentei mais. E separamo-nos! O tempo passava e volta e meia ela ligava a dizer que me amava e não podia passar sem mim. E, você sabe, um homem da minha idade torna-se frágil, muito vulnerável, e lá a aceitava outra vez. E isto repetiu-se várias vezes ao longo dos últimos três anos. E há dias voltei a mandá-la embora! Ontem, deu-me um baque no peito, um pressentimento. Cheguei a casa e todo o meu ouro e o da minha falecida tinha desaparecido. Estou triste! Muito triste! Há mulheres que não valem uma merda! Desculpe vir desabafar consigo! Não leva a mal, pois não?”



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APRENDER COM O SOL NASCENTE



Anda o Ministério da Educação há quatro décadas à procura de novos programas e mais programas para nada. Ou melhor, o resultado tem servido para espezinhar professores e formatar bestas quadradas e selvagens ao cubo, aqui e mais aqui. Porque não vão os nossos ministros ao Japão ver como se formam os putos para a vida?

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O PCP PREOCUPADO COM O FUTURO DO COMÉRCIO LOCAL

(Imagem da Web)



Numa acção que é de relevar, o PCP, Partido Comunista Português, encabeçado pelo vereador local Francisco Queirós trouxe hoje na Baixa um grupo de trabalho para ouvir os comerciantes sobre o provável impacto da próxima abertura de uma nova superfície do Modelo e Continente na área da Auto-Industrial e já licenciada pelo executivo municipal. Acrescento que, para vergonha de outras forças políticas, não é de estranhar o PCP mostrar esta preocupação. Desde há muitos anos que este partido de esquerda é o único a mostrar inquietação com a tragédia anunciada, continuada desde há vários anos, e eminente. Desde deputados a economistas, os comunistas, volta e meia, vêm saber o que passa na zona histórica.
Uma grande salva de palmas para o PCP e para quem tem e conserva alguma sensibilidade social e tenta pelo menos erguer a voz na defesa dos pequenos e pequeníssimos empresários.



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A JESUS O QUE É DE JESUS


(Foto de Paulo Larguesa)





No cemitério de São Martinho do Bispo, na passada segunda-feira, foi a enterrar António Luís da Costa Jesus, de 68 anos de idade. Era um instrumentista de guitarra e intérprete de fado de excelência. Várias vezes o ouvi e vi no Café Santa Cruz. Enquanto vivo e nosso companheiro nesta vida, creio, nunca falei com ele. O António nasceu na Baixa logo, mesmo se não tivesse uma grande história de actor em prol do desenvolvimento da canção coimbrã, só por isso teria lugar de relevo nesta página. À sua família enlutada, em nome do Centro Histórico de Coimbra e se posso escrever assim, o nosso sentido pesar. Como o conheci mal, vou dar a palavra a quem conviveu com ele de perto. Vou retransmitir o depoimento de Paulo Gonçalves, sócio-trabalhador do Café Santa Cruz:
“Vou para sempre guardar na memória a sua entrada, ao transpor a porta, aqui no café, enquanto cliente, amigo e impagável dinamizador do fado, ou canção de Coimbra, no nosso vetusto estabelecimento. Quando chegava, eu interrogava: amigo Jesus, como está? Acompanhado de um sorriso contido, numa resposta repetida desde há muitos anos atrás, enfatizava: “vai se indo! Vai-se indo!”.
Tocou no Café Santa Cruz até há cerca de um mês, e já bastante doente. Certamente um pouco fragilizado pela falta de saúde, depois da actuação comentava comigo: “Paulo, hoje custou-me um pouco. Até me doem os dedos!”
Para além de ter sido um bom executante de guitarra e viola, era muito nosso amigo. Ajudou imenso a desenvolver o nosso fado, aqui no café. Durante cerca de seis anos, quando vinha, com o seu grupo, actuar, eu sei, eu via e pressentia, o senhor Jesus tocava com alma! Era um apaixonado pelo Café Santa Cruz! Ele gostava tanto da canção de Coimbra e da sua história que, mesmo não falando línguas estrangeiras, mandou imprimir um panfleto em francês e inglês e, lendo, explicava com uma ternura e pronúncia que ninguém diria que ele não dominava o verbalizado. Foi uma pessoa que passou nesta casa e deixa uma marca indelével que não desaparecerá tão cedo. O Café Santa Cruz está de luto! Onde quer que esteja, um enorme bem-haja!”

BOM DIA, PESSOAL...

O TEMPO E A DINÂMICA DAS COISAS





Pode até parecer que coloquei este vídeo do vice-primeiro-ministro simplesmente para o desancar. Nada disso! Antes de continuar e a título de ressalva, declaro que nunca votaria no CDS-PP com este senhor à frente. Não gosto deste personagem que, desgoste-se ou não, faz parte da nossa história hodierna e merece respeito.
O que me levou a postar o vídeo foi o facto de, ipsis verbis, aqui se mostrar, preto no branco que todo o homem é incoerente. E não se pense que esta qualidade/defeito é apenas património de Paulo Portas. Custa a admitir mas somos todos assim. Sem dúvida que uns são mais congruentes e petrificados nos seus princípios –e estou a lembrar-me de um grande político de esquerda já desaparecido que foi um ícone dogmático. À distância do seu sumiço do reino dos vivos, poder-se-ia perguntar: se ele não se tivesse pregado à sua cartilha repetida à exaustão a história política portuguesa moderna seria como é hoje? Se calhar não! Poderia ser muito diferente. Quero dizer, portanto, que lamentamos as mudanças de cada um, consoante o sopro dos dias, mas também criticamos aqueles que, como burros amarrados à argola da parede não mudam nem que o prédio caia.
Creio que em suma, mesmo não indo à bola com o ex-director do desaparecido Independente, ele está mais certo do que Álvaro Cunhal –que foi um personagem marcante da política partidária portuguesa. O que ganhou o País com a coerência deste grande líder comunista?
Tudo na vida é dinâmico. Coisas e pessoas. Toda a materialidade está sujeita a um desgaste e influência directa do que a rodeia. Se nas coisas se assiste a uma erosão natural passiva –uns dizem que é o tempo que as torna velhas-, nas pessoas apercebemo-nos que embora o ciclo de vida se cumpra –nascimento, apogeu e morte-, de um modo geral, a durabilidade não é estática nem passiva. Neste caminhar em ziguezague em direcção ao derradeiro, há uma busca intensa pelo interesse, reconhecimento e pela salvação. O homem muda o seu comportamento não por que queira mudar por si mesmo mas porque, sendo gregário, o ambiente que o rodeia se transforma e o obriga a alterações comportamentais. Então, dividido entre o interesse egoísta e a auto-defesa, vai-se adaptando aos novos acontecimentos –ocorrências estas que são sempre resultado, ou projecção dessas mesmas eventualidades. Contrariamente ao que se diz, não se pode culpar o tempo pelas modificações que vão reformando tudo o que nos rodeia. O tempo, se não se convencionasse calendarizá-lo e cronometrá-lo em fatias seria infinito, seria sempre igual. Só a imaterialidade, o que não se toca ou sente, é interminável. Tudo o que é massa, tangível, é finito pelas leis naturais, com uma duração existencial – o que a ser assim nos remete para uma falácia comum quando se afirma que o Universo é infinito. Se é constituído por matéria só pode ser finito –ainda que se possa assistir a uma auto-regeneração dos elementos que o compõem- e um dia, não se saberá quando, poderá ter alterações substanciais que poderão levar, ou não, ao seu fim.
Para terminar -porque veja-se bem onde comecei, no Paulo Portas, e fui dar ao Universo- tenho para mim que todo o homem só é coerente na sua própria incoerência. 


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"A angústia do Natal"
"Mulher"
"Muda tudo... até a hora"
"Em busca da tradição e do tempo perdido"
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"Se burro dado não serve..."
"A França Socialista"
"Feliz Ano Novo..."
"A inutilidade da pobreza"

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

BOM DIA PESSOAL...

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

(Imagem da Web)


Tétisq deixou um novo comentário na sua mensagem "AC: EFICIÊNCIA E RAPIDEZ":



E
ra bom que “Águas de Coimbra”, Câmara Municipal e todos quantos possam estar envolvidos, tivessem a mesma rapidez e eficiência aqui para estes lados -Santa Clara. Há meses que as obras decorrem junto ao Portugal dos Pequenitos; os cortes de água são muito frequentes e o pior é deixarem uma zona extremamente movimentada na época alta e onde circulam milhares de pessoas diariamente com crianças sem alternativas para atravessar a rua em segurança, uma vez que levaram semanas a começar a substituir os semáforos antigos que retiraram há muito... Parece que, pelo menos, os semáforos serão colocados esta semana; só falta que acabem com as barreiras arquitectónicas e com os perigos mal sinalizados (buracos, paletes, sinalética...) numa zona de acesso a um espaço que se queria acessível a todos ...

sábado, 23 de agosto de 2014

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BOM DIA, PESSOAL...

AC: EFICIÊNCIA E RAPIDEZ




Ontem de manhã houve uma rotura num tubo subterrâneo condutor de águas, no Largo da Freiria e da responsabilidade das Águas de Coimbra, em frente ao Restaurante Padaria Popular. A comunicação foi feita cerca das 10h00. Antes do meio-dia já um técnico estava a avaliar a razão da pequena praça estar com o chão pejado de humidade e a escorrer para o boeiro. Tendo em conta que esta anomalia acidental foi no meio da esplanada e resultaria em prejuízo para o Sérgio Ferreira, o dono do restaurante, ficou combinado que logo após os almoços viriam os técnicos fazer a reparação e assim aconteceu. Hoje, cerca das 8h30, já os "calceteiros" martelavam a calçada e quando o estabelecimento de hotelaria abriu já estava tudo conforme o anterior.
Numa altura em que tudo parece andar à “balda” e ao sabor do vento, saliento o grande profissionalismo das Águas de Coimbra. Acho que são prestações como estas que nos levam a acreditar que estamos no bom caminho e, por isso mesmo, deveremos relevar. Muitos parabéns aos serviços.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

UM PROCESSO KAFKIANO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



“Vinda do outro lado do mar, de Cabo Verde, decorria o ano de 2007 quando cheguei à cidade dos estudantes para estudar na Faculdade de Direito. Tinha 20 anos e trazia a bagagem carregada de sonhos. Quis o destino que me apaixonasse perdidamente por um rapaz de uma cidade do interior e quase vizinha de Coimbra. Com seria de prever, foi-se o curso e as imaginações passaram a incidir no pequeno ser que crescia no meu ventre. Estava muito feliz. Para além de um companheiro, ganhei também uma nova família já que, contrariando o meu temor de ser repelida por ser negra, parecia ser muito querida pela minha futura sogra. Amiúde me dizia que, pela minha forte personalidade, eu tinha sido um anjo bom que apareceu nas suas vidas para salvar o filho do álcool e do tabaco. Nasceu a minha pequenina e fomos morar para a terra do meu amor. Depressa me apercebi do controlo cerrado da mãe do meu marido, sempre a querer meter a colher na nossa intimidade, e que ele, frágil de condição, não se revelava para defender a nossa relação. Depressa vi que o melhor seria retornarmos a Coimbra e aqui arrendar uma casa. Mas nem assim a mulher, como espírito maligno de encosto, descolava da nossa privacidade. Recorrendo algumas vezes a ofensas e ameaças à minha pessoa, a relação foi esfriando e contagiando tudo à volta. Depressa o amor lindo que nos ligava, a mim e ao filho, se derretia como gelo fustigado pelo Sol. E separamo-nos. Durante dois anos nem o pai da minha criança nem a sua família quiseram saber se eu podia alimentá-la, nunca se preocuparam, ou se estava bem de saúde, até porque sabiam que ela tinha nascido com problemas de desenvolvimento neurológico e que precisava de cuidados continuados.
Como tenho visto de residência, há dois anos pedi autorização para ir a Cabo Verde acompanhada da minha filha. Foi então que o Tribunal de Menores convocou o meu-ex-companheiro. Para minha surpresa, diante do juiz alegou querer ficar com a nossa filha à sua guarda. Perante o manifesto descuido anterior de desamor paternal, o magistrado negou a pretensão, estabeleceu visitas e impôs uma pensão de alimentos. Como naturalmente procuro que a minha filha cresça com o afecto de pai e mãe, cumpri sempre e até fui facilitando para que o meu bebé se fosse adaptando ao pai. Há dois anos tive um pequeno sobressalto. Com o meu consentimento, levou a nossa filha para férias e, durante uma semana, não me atendeu o telemóvel. Depois de alegar que o tinha perdido, veio a segunda inquietação: a minha ex-sogra propunha pagar-me para eu prescindir dos meus direitos maternos. Por todos os meios e mais alguns, tentou convencer-me para que a sua neta ficasse a morar de vez na sua casa. Logicamente que neguei tal vontade. Só quem carrega carne da sua carne na barriga sabe o quanto isto pode ser insultuoso. Mas deixei passar.
Com o acordo do Tribunal, no ano transacto a minha menina foi passar quinze dias de férias com o pai e os avós. Quando regressou começou a ter incontinência urinária. Achei normal. Quem sabe a mudança de ambiente pudesse ter implicação, pensei. Como se prolongou, fui ao médico pediatra e este especialista confirmou de que nada de anormal se verificava. Mesmo assim receitou uns comprimidos e recomendou que desse menos líquidos à noite. Na continuação, ora desaparecia ora regressava a intemperança. Por alturas do último Natal, mais uma vez, a avó voltou à carga para eu deixar ir a neta viver com eles. Argumentava que a menina teria um futuro melhor na sua companhia do que no meu. Invoquei que, à custa de muito trabalho e esforço, tenho a minha casinha e, mesmo vivendo só, a menina está muito bem acompanhada e frequenta o infantário na parte alta da cidade.
No último dia 31 de Julho vieram recolher a minha filha para ir com eles para férias. Ficou acordado que passada uma semana trariam a menina para eu poder aguentar a separação. Como não cumpriram, comecei a ser confrontada com desculpas esfarrapadas. Como sabia que a minha herdeira estava bem coloquei alguma preocupação mais afoita de lado.
Na última segunda-feira, dia 18, recebi a visita de dois agentes da PSP com uma notificação exarada pelo Ministério Público (MP). Dizia que em virtude dos indícios de abusos sexuais, descontrolo urinário, indicação de infecção urinária e comportamento de índole sexual, se afastasse a criança da área de risco e que a sua guarda seria concedida provisoriamente ao pai. Acrescentava ainda a intimação que a menor tinha indícios de ter sido abusada pelo companheiro da mãe. Assim, sem mais nem menos! Não procurou saber o MP que desde que me separei vivo sozinha. Não quis saber o delegado de que a menina se encontra com os avós desde 31 de Julho. Com a alegação jurídica da superior protecção da criança, como ficam os meus direitos de mãe ao saber que, se houve algum mau trato, a minha filha foi devolvida, presumivelmente, ao seio da agressão? Terá o delegado da Procuradoria da República noção da maldade e injustiça que me está a infligir?”

O COLAPSAR DO REGIME




“Chocadíssimo”. Foi assim que Miguel Cadilhe reagiu ao colapso do BES. O economista não poupa críticas aos falhanços da supervisão e não dá o benefício da dúvida ao Banco de Portugal por não ter tirado lições do caso BPN."
Continue a ler aqui

"2006 Família Espírito Santo fez o maior donativo à campanha de Cavaco"



É melhor prepararmo-nos para a derrocada. As arribas apresentam fissuras há muito tempo. Quem se acolhe à sua sombra é melhor fugir.

BOM DIA, PESSOAL...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

CONVÉM APROVEITAR O RECONHECIMENTO PELA UNESCO



"Um inquérito realizado pela Universidade de Coimbra a visitantes, em julho, conclui que 65% dos turistas desconheciam que Coimbra fosse Património Mundial da Humanidade, revelou à agência Lusa um vice-reitor."

GOSTO DE TI...



GOSTO DE TI…


Gosto de ti porque gosto, sinto saudade, isto sei,
por tão pouco saber, não me perguntes a razão,
tenho aqui o teu perfume, como rosa que cheirei,
fazes-me imperfeito, como Sol faz falta ao Verão,
lembras-me aquela valsa no velho clube que dancei,
ao som da banda, peito com peito, mão na mão,
troca de passos, permuta de olhares,  e balbuciei:
Gosto de si, menina! Dê-me o seu coração!
Sem ti, sou um ramo seco perdido na corrente,
que, sem direcção, corre para os braços do mar,
sou corpo sem alma, fogo sem chama ardente,
brisa do vento que sopra a escarpa sem a tocar,
passarinho solitário nos braços de um demente,
estrela ofuscada no firmamento sem brilhar,
preciso de ti, és a minha luz, a minha semente,
o romper da aurora, no meu dia, o germinar!
Não há furo na semana que me faça esquecer,
começa no domingo, vai até à quarta-feira,
passo a noite deste dia às voltas a adormecer,
vem a quinta, vem a sexta e continuo na cegueira,
imagino-te ao meu lado, sem estares, estou a sofrer,
dou-te um beijo ilusório, ouço um estalido da madeira,
abraço o silêncio envolvente, pareço estar a morrer,
vejo uma porta brilhante, é o Céu, tu és a porteira.



terça-feira, 19 de agosto de 2014

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...



SuperFebras deixou um novo comentário na sua mensagem "VER ESTE VÍDEO E PENSAR SE FALAM DE NÓS":


Amigo:

E porquê não me foi transmitido este "clip" através da RTP Internacional no seu telejornal que por aqui passa em simultâneo com todo o Portugal?
Não deveríamos juntar aos devassos na política toda esta media a que erradamente chamamos comunicação social que em compadrio com os deboches fazem o mesmo desempenho que a surdina numa guitarra?

Será que só lá vai com chumbo? Penso que sim, já que teimamos em não nos educarmos e aceitamos ser liderados por esta merda (com licença).

Obrigado e um abraço

Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Bradfor – Ontário
Canadá

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JPG deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...":


Meus caros Álvaro José e Luís, este vídeo do Parlamento Suíço que supostamente fala da ajuda a Portugal, não é verdadeiro, ou melhor, A TRADUÇÃO DO VIDEO É HUMORISTICA e não reflecte a opinião da deputada...

http://www.youtube.com/watch?v=vRXjQGoaQXw

De qualquer forma, o original talvez não fuja muito, mas nunca da Suíça, pois como sabemos, esse país não pertence à União Europeia (para o bem e para o mal).

Abraço!


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NOTA DO EDITOR

Muito obrigado, JPG. Não tinha chegado ao segundo vídeo e à informação devida.

VER ESTE VÍDEO E PENSAR SE FALAM DE NÓS







Antes de visionar este vídeo -já de 2013 e ao que parece é uma comédia a gozar connosco-, beba um copo de água. É natural que lhe provoque um misto de incredulidade e repulsa. Como é que um povo como o nosso, com nove séculos de história, que de deu lições ao mundo na descoberta de outras terras e outras gentes, pode ser tratado desta maneira? Pode! Pode! Pode, porque é a verdade! O que ali supostamente teria sido afirmado pela parlamentar, ainda que em comédia de tradução, é a realidade nua e crua! Custa a engolir? Custa sim! Custa muito! Sobretudo à minha geração de 1950 e às anteriores, e às posteriores, que tanto trabalhámos para fugir à miséria e pagámos ou estamos apagar o que adquirimos com suor e lágrimas.
É uma vergonha para todos nós! Para todos nós, não! É para a classe política corrupta –não para todos, porque nem todos os políticos são vigaristas e tralha do pior. Não podemos generalizar, e nesta classe, como em todas e maioritariamente, há muita gente honesta e talvez por isso mesmo muitos não estão lá. Pelos seus princípios, estou em crer, há muito que desistiram de transformar Portugal num País credível e aceite internacionalmente. Em vez de continuarem a ser maltratados, ofendidos e vilipendiados, preferiram abandonar a sua missão a continuar a ver os seus nomes mergulhados na lama. Porque um dos nossos problemas comuns é misturar-se tudo e todos no mesmo saco. E, naturalmente, se continuarmos no mesmo caminho, isto, só pode acabar mal. Porém, há uma lição a reter: temos de acreditar que, nos próximos tempos, a política, enquanto a mais nobre via para a negociação e para se atingir a paz social, vai livrar-se desta nuvem tóxica.
Não nos podemos fechar a quem vier por bem. Deixemos que se mostrem. Digam-nos o que pretendem fazer desta Nação mergulhada em desânimo. Caso não cumpram e, como os anteriores se aproveitem dos seus cargos de poder, que sejam julgados e condenados em prazo curto. A bem de uma justiça igual para todos, os processos não podem continuar a arrastar-se. Que todos os seus bens cooptados depois de ocuparem seus lugares de relevo sejam arrestados para a Fazenda Nacional. É urgente ganharmos respeito e não sermos o bombo da festa e o motivo de escárnio e maldizer. É imperioso dizer BASTA!


TEXTOS RELACIONADOS

"Interrogações de um pobre cidadão anónimo"
"Marinho e Pinto: o Cristo e o Evangelho"
"Depois da arruada parar para pensar"
"Editorial: um país ressabiado"
"Escrever menos sério"
"Editorial: o Quid pro Quo"
"Editorial: os interesseiros do Metro"
"A nossa história contemporânea vista da Rússia"
"Orçamento: quem é o melhor artista?"
"Carta do Pravda"
"Qualquer parvo chuta para canto"
"A minha geração"
"Há um cheiro estranho na cidade"
"Obrigado, Portugal!
"Ler com atenção"
"O primeiro dia do resto de um mandato"
"Esta capa é para reflectir"
"A justiça e o Direito"
"Sinto-me perdido"

BOM DIA, PESSOAL...

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

BOM DIA, PESSOAL...

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


SuperFebras deixou um novo comentário na sua mensagem "O BURACO DA SEGURANÇA SOCIAL":


Amigo:

Estava eu aqui a desgostar umas papas de aveia acompanhadas de dois ovos estrelados ao lado de três tiras de toucinho fumado -é que por aqui o pequeno almoço é à americana, empurrando tudo isto com uma boa malga de café com leite- quando decidi, como é costume meu, abrir a "tablet" e ler os meus blogues favoritos.
O primeiro foi o do meu velho amigo Dr. João Pedro Gaspar, "O Enclavado". (A seguir leio outros), chacinas que por sorte ainda ao nosso povo não afectam mas que como moléstia no quintal do vizinho já nos estão bem perto e que no século XXI são provocadas por ideologias extremistas, ideologias que todos nós evitamos confrontar como se não se tratasse.
O último que leio é sempre o "Questões Nacionais" talvez porque retrata muitas vezes Coimbra, a minha amada terra madre, ou pelo outro seu conteúdo sempre buliçoso, aguerrido e argucioso.
Porém hoje, raios me partam, azedaram-me as entranhas de tal forma que para aqui estou enojado quase incapaz de carregar as teclas!
Será do leite? Nah, p'ra próxima ovos e toucinho vão ser regados à Portuguesa. Não há nada como um marquês ou dois de bom tinto da Bairrada. Valha-nos isso com todas as notícias como estas.
"Oxalá" tudo melhore.

Um bom dia e um abraço

Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Bradford – Ontário
Canadá

O BURACO DA SEGURANÇA SOCIAL

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




(REBIDO POR E-MAIL COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO)


PARA AJUDAR A ESCLARECER

“Até 1974 NÃO EXISTIA a SEGURANÇA SOCIAL mas a PREVIDÊNCIA SOCIAL.

Fiz parte da 1ª e 2ª Comissões que em 1976/77 preparou a Reforma da
Previdência criando a Segurança Social, o Centro Nacional de Pensões, os
Centros Regionais das Segurança Social integrando-se nesses as caixas de
Previdência;

A 2ª Comissão integrou, além de mim própria, Maria de Belém Roseira,
Leonor Guimarães, Fernando Maia e Madalena Martins;

NÃO HOUVE qualquer nacionalização e as próprias Casas do Povo e o regime
dos rurais só em 1980 foram integradas na Segurança Social;

O ESTADO não tinha que meter dinheiro na Segurança Social pois o seu
funcionamento foi e é assegurado pelas contribuições das entidades
empregadoras e trabalhadores;

Outra coisa tem a ver com a CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES pois a mesma foi
financiada exclusivamente pelas contribuições dos agentes do Estado a quem
os funcionários confiaram mês a mês os seus descontos igualzinho aquilo que
acontece com a conta poupança que vai capitalizando ao longo do seu período
de vigência”
–Declarações prestadas por uma ainda funcionária da Segurança Social.



QUEM RESPONDE?


“Muito gostava de saber o que é que o Governo e a Oposição têm a
dizer sobre o que consta abaixo e sobre a real situação financeira da
Segurança Social, se é que se atrevem...

Convém ler e reler para ficar a saber, pois isto é uma coisa que interessa
a todos.....
Vale a pena ler, isto a ser verdade (parece que sim) agora sabemos porque
não chega para todos....”

A INSUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL


“A Segurança Social nasceu da fusão (Nacionalização) de praticamente todas
as Caixas de Previdência existentes, feita pelos Governos Comunistas e
Socialistas, depois do 25 de Abril de 1974.
As Contribuições que entravam nessas Caixas eram das Empresas Privadas
(23,75%) e dos seus Empregados (11%).
O Estado nunca lá pôs 1 centavo.
Nacionalizando aquilo que aos Privados pertencia, o Estado apropriou-se do
que não era seu.
Com o muito, mas muito dinheiro que lá existia, o Estado passou a ser "mãos
largas"!
Começou por atribuir Pensões a todos os Não Contributivos (Domésticas,
Agrícolas e Pescadores).
Ao longo do tempo foi distribuindo Subsídios para tudo e para todos.
Como se tal não bastasse, o 1º Governo de Guterres (1995/99) criou ainda
outro subsídio (Rendimento Mínimo Garantido) em 1997, hoje chamado RSI,
onde os ciganos sem terem contribuído recebem valores superiores muitos que trabalharam e descontaram toda uma vida.
E tudo isto, apenas e só, à custa dos Fundos existentes nas ex-Caixas de
Previdência dos Privados.
Os Governos não criaram Rubricas específicas nos Orçamentos de Estado, para
contemplar estas necessidades.
Optaram isso sim, pelo "assalto" àqueles Fundos.
Cabe aqui recordar que os Governos do Prof. Salazar, também a esses Fundos
várias vezes recorreram.
Só que de outra forma: pedia emprestado e sempre pagou. É a diferença entre
o ditador e os democratas?
Em 1996/97 o 1º Governo Guterres nomeou uma Comissão, com vários
especialistas, entre os quais os Profs. Correia de Campos e Boaventura de
Sousa Santos, que em 1998, publicam o "Livro Branco da Segurança Social".
Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao
Montante que o Estado já devia à Segurança Social, ex-Caixas de
Previdência, dos Privados, pelos "saques" que foi fazendo desde 1975.
Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 era já de 7.300
Milhões de Contos, na moeda de hoje, cerca de 36.500 Milhões.
De 1996 até hoje, os Governos continuaram a "sacar" e a dar benesses, a
quem nunca para lá tinha contribuído, e tudo à custa dos Privados.
Faltará criar agora outra Comissão para elaborar o "Livro Negro da
Segurança Social", para, de entre outras rubricas, se apurar também o
montante actualizado, depois dos "saques" que continuaram de 1997 até hoje
E, ACABAR COM AS REFORMAS VITALÍCIAS DOS, PRESIDENTES DA REPÚBLICA,
DEPUTADOS QUE SEM VALOR CONTRIBUTIVO DE NO MÍNIMO 36 ANOS, SÃO REFORMADOS
Mais, desde 2005 o próprio Estado admite Funcionários que descontam 11%
para a Segurança Social e não para a CGA e ADSE. CRIANDO NESTAS ESTRUTURAS
UM DEFECITE PARA AS CONSIDERAR INÚTEIS E SEM JUSTIFICAÇÃO DE EXISTiR "A TAL
PARIDADE CAMUFLADA DE UMA POLÍTICA NEOLIBERAL DE DESTRUIÇÃO DO TECIDO
SOCIAL.
Então e o Estado desconta, como qualquer Empresa Privada 23,75% para a SS?
Claro que não!...”


E MAIS…

“Outra questão se pode colocar ainda.
Se desde 2005, os Funcionários que o Estado admite, descontam para a
Segurança Social, como e até quando irá sobreviver a CGA e a ADSE?
Há poucos meses, um conhecido Economista, estimou que tal valor, incluindo
juros nunca pagos pelo Estado, rondaria os 70.000 Milhões?!
Ou seja, pouco menos, do que o Empréstimo da Troika!...
Ainda há dias falando com um Advogado amigo, em Lisboa, ele me dizia que
isto vai parar ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Há já um grupo de Juristas a movimentar-se nesse sentido. Quem, quais
juízes?
A síntese que fiz, é para que os mais Jovens, que estão já a ser os mais
penalizados com o desemprego, fiquem a saber o que se fez e faz também dos
seus descontos e o quanto irão ser também prejudicados, quando chegar a
altura de se reformarem!...
Falta falar da CGA dos funcionários públicos, assaltada por políticos sem
escrúpulos que dela mamam reformas chorudas sem terem descontado e sem que
o estado tenha reposto os fundos do saque dos últimos 20 anos.
Quem pretender fazer um estudo mais técnico e completo, poderá recorrer ao
Google e ao INE.

SEM COMENTÁRIOS...mas com muita revolta....

OS FATOS HISTÓRICOS ESTÃO REGISTADOS!!

“Sabem que, na bancarrota do final do Século XIX que se seguiu ao ultimato
Inglês de 1890, foram tomadas algumas medidas de redução das despesas que
ainda não vi, nesta conjuntura, e que passo a citar:
A Casa Real reduziu as suas despesas em 20%; não vi a Presidência da
República fazer algo de semelhante.
Os Deputados ficaram sem vencimentos e tinham apenas direito a utilizar
gratuitamente os transportes públicos do Estado (na época comboios e
navios); também não vi ainda nada de semelhante na actual conjuntura nem
nas anteriores do Século XX.

SEM COMENTÁRIOS!!

“Aqui vai a razão pela qual os países do norte da Europa estão a ficar
cansados de subsidiar os países do Sul.

Governo Português:

3 Governos (continente e ilhas)

333 deputados (continente e ilhas)

308 câmaras

4259 freguesias

1770 vereadores

30.000 carros

40.000(?) Fundações, Observatórios e Associações

500 assessores em Belém

1284 serviços e institutos públicos

Para a Assembleia da República Portuguesa ter um número de deputados "per
capita" equivalentes à Alemanha, teria de reduzir o seu número em mais de
50%
O POVO PORTUGUÊS NÃO TEM CAPACIDADE PARA CRIAR RIQUEZA SUFICIENTE, PARA
ALIMENTAR ESTA CORJA DE GATUNOS!
É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE PORTUGAL É O PAÍS DA EUROPA EM QUE
SIMULTANEAMENTE SE VERIFICAM OS SALÁRIOS MAIS ALTOS A NÍVEL DE
GESTORES/ADMINISTRADORES E O SALÁRIO MÍNIMO MAIS BAIXO PARA OS HABITUAIS
ESCRAVIZADOS. ISTO É ABOMINÁVEL!
ACORDA, POVO! ESTAS, SIM, É QUE SÃO AS GORDURAS QUE TÊM DE SER ELIMINADAS.


Faz o que te compete: divulga e não te esqueças, a seguir vão-te aos
depósitos e às tuas POUPANÇAS, entendes?