quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ESTES GUARDADORES DE CABRAS QUE NOS RODEIAM







Ontem desloquei-me a uma determinada escola privada para obter uma informação. Aquele estabelecimento de ensino foi frequentado, há uma dezena de anos, por um aluno, filho de um sem-abrigo que, graças à Segurança Social, está ser reencaminhado para uma nova vida. Porém, para que ele se torne igual a qualquer um de nós –isto é, ter as mesmas possibilidades e aceder a um trabalho- precisa de largar o álcool, companheiro de tantos dias e noites, quando foi frequentador das catacumbas do inferno da cidade.
Mas, dar esse salto, não será tão fácil quanto parece. Embora ele demonstre vontade, essa aparente força anímica, não chega. É entendimento dos serviços psicológicos de apoio social que este homem precisa de um clique. Alguém da família que ele não vê há mais de 25 anos e que o possa empurrar para se transformar num cidadão “completo”.
Acontece que não se sabe onde moram estes seus laços consanguíneos e mais concretamente o seu filho, que deve ter agora cerca de 27 anos.
Consegui saber que este rapaz, feito homem agora, frequentou então a “tal” escola. Ontem, logo de manhã, estava lá na secretaria a pedir se me podiam ajudar, dando-me a antiga morada do então adolescente, ao mesmo tempo que contava o caso em apreço.
O funcionário da secretaria, manifestando uma insensibilidade notória, disse logo ali que não podia dar nenhuma informação. Então e não posso ir falar com o director? –interrogo. “Não senhor, o senhor director não está! –disse taxativamente. Então como posso fazer para o contactar?, interrogo. “Por e-mail”, respondeu, com alguma brusquidão incomodativa, ao mesmo tempo que me facultava dois endereços. Durante a manhã, tentei em vão enviar o correio electrónico mas debalde. Cerca das 14 horas, telefonicamente, contactei a secretaria, na pessoa do funcionário, dando conta da minha impossibilidade. Este, de uma forma grosseira, respondeu que a caixa de email estava a receber normalmente. Ainda agora acabara de receber um. Então e pode passar-me ao senhor director? “Não senhor. Está a almoçar!”. Então e o senhor não pode passar-lhe o telefone? –insisto. “O quê? O senhor acha que eu vou interromper o almoço do senhor director por causa disso? “Disso”, repliquei, o senhor sabe que se trata de ajudar alguém. Sabe que é um assunto importante, rematei. “Importante? Que tenho eu a ver com isso? Para si é, para mim não”, concluiu com uma secura indescritível.
Tirei cópia escrita –onde referia o telefone e o nome da funcionária superior da Segurança Social para que pudessem aferir da veracidade do pedido- e fui à escola logo de seguida. Atendeu-me uma empregada da secretaria. “Os nossos e-mail’s não estão a receber, não sabemos o porquê”, respondeu à minha lamentação. “O senhor director, hoje, não está”, disse. Deixei o pedido por escrito e lamentei que o tal funcionário não estivesse. Ter-lhe-ia dito pessoalmente que em vez de estar a atender público deveria estar aguardar cabras. No monte, a meu ver, deveria ser o seu lugar. A atender público é que jamais. É um desperdício. As cabras estão mesmo a perder um bom profissional.
Hoje, de manhã, enviei então outro e-mail e lá seguiu o seu destino. Passada uma hora tinha a resposta do director:
Bom dia.
Não obstante a bondade do motivo que refere, como compreenderá e por razões óbvias, qualquer contacto ou informação terá de ser solicitada pelo serviço competente, nomeadamente a Segurança Social que acompanha o caso. Há deveres que não podemos olvidar. Com os melhores cumprimentos”.
Só mais uma coisita. Não é que tenha muita importância, mas convém referi-la, as ilações ficam à conta de cada um: este senhor director é padre católico.

1 comentário:

marioruivo.blog disse...

Boa noite.ligue me amanha ou de me um mail de contacto. Ab