sexta-feira, 29 de junho de 2018

BAIXA: UM HOMEM PRESO NO TEMPO





tenho 69 anos, senhor Luís! Apesar de ser pai de três
filhos e ter netos, estou sozinho há muitos anos.
Quando eu morrer não tenho ninguém para me fechar os olhos…”


Ontem veio ter comigo. Depois do cumprimento da praxe, falando baixinho, em sussurro muito próprio de gente bem formada e educada em bons colégios, atirou: “o senhor Luís pode emprestar-me dois euros até amanhã? É que estou sem dinheiro para ir para casa de autocarro e tomar um café!
Conheço-o há cerca de oito anos. Uma ou outra vez, talvez porque precise de conversar vem à minha loja. Num desses intervalos, convidou-me para ir a sua casa. É um homem sozinho, agarrado às recordações. Do seu passado de glória, na altura com cerca de 60 anos, fazia o seu alimento espiritual e, de certo modo, a justificação para a sua continuada existência solitária. De tal modo se projectava nas coisas, como se estas fossem uma extensão de si mesmo, que escrevi um texto a seu respeito e dei-lhe o título: “Um homem no seu castelo”.
Hoje, durante a manhã, veio pagar parte da sua dívida. “Só lhe posso pagar metade, um euro, não se importa, pois não?”, concluiu com a certeza de que, sendo assim, o cumprimento da palavra dada, tal como lhe incutiram em criança, ficaria sem beliscadura.
Sentados numa mesa com dois cariocas de limão como testemunhas, com a certeza de que, mesmo estando a entrar na sua intimidade, era pela amizade que nos unia, de supetão, atirei: diga-me uma coisa para eu entender melhor, o senhor tem uma boa reforma, como justifica que chegue a esta altura do mês sem um cêntimo?
Sem se sentir intimidado pela intrusão respondeu: tenho 69 anos, senhor Luís! Apesar de ser pai de três filhos e ter netos, estou sozinho há muitos anos. Quando eu morrer não tenho ninguém para me fechar os olhos… Vou casar com uma miúda de 24 anos. Gosto dela, sabe? Eu preciso dela! Tenho muito desejo sexual. Costumo ir ali ao Largo das Ameias, à (…) e à (…)… São prostitutas! Abusam de mim! Gasto lá o dinheiro todo!
Esta rapariga gosta muito de mim. Vou casar com ela!”

BAIXA: A MORTE SAIU NAS TORRES DO ARNADO





Ontem, por volta das 13h30, um homem de cerca de 35 anos, depois de ter acessado às torres do Arnado pelo rés-do-chão, entrou no elevador que dá acesso a diversos serviços judiciais ligados ao Ministério da Justiça, abriu uma das portas de emergência do 6.º andar e atirou-se no vazio.
No pouco que consegui saber, era um homem de olhar perdido, vazado, de rosto amargurado, cabelos desgrenhados e barba de muitos dias. Digo eu, extraindo palavras não proferidas, anunciava e cheirava a morte.
O assunto, hoje, no rés-do-chão do centro comercial é tabu. Ninguém sabe nada, ninguém viu nada, ninguém quer falar do que aconteceu. Conseguir algo substancial para escrever a notícia é quase preciso percorrer loja por loja, restaurante por restaurante. Eureka!, lá se conseguiu tirar qualquer coisinha de um super-anónimo, muito anónimo, e mais ainda incógnito sublinhado pela recomendação “eu sei pouco! E não quero lá o meu nome, está a ouvir?
Quando pergunto a razão de todo este segredo, se será porque pode prejudicar a reputação do centro comercial implantado no centro da Baixa, o meu interlocutor não sabe responder. “É assim porque é assim! E pronto! O que é que interessa isto? A morte de alguém, mesmo para noticiar, importa a alguém?”, interroga-me com cara de anjo.”


UM CASO PARA REFLEXÃO


Os jornais diários da cidade de hoje, Diário de Coimbra e Diário as Beiras, não escrevem uma linha sobre a ocorrência. Não tenho a certeza mas creio que há legislação nacional que sanciona a divulgação de suicídios, pelo menos, de forma sensacionalista. Mas, tanto quanto julgo saber, o critério de noticiar ou não uma morte por autocídio fica no âmbito da metodologia da redacção de qualquer órgão de comunicação social, embora, diga-se, a Organização Mundial de Saúde, OMS, recomenda que, para não se estimular o acto de pôr termo à vida, que se trate o assunto com “pinças”. “O suicídio é um problema de saúde pública, e o tema não deve ser abordado de forma sensacionalista. Cada caso encerra um mistério, uma história de vida muitas vezes dramática, e com grande sofrimento”, escreve Pedro Afonso, no Jornal online Observador.
Continua o articulista, “Apesar de aparentemente estas situações terem na sua origem patologia psiquiátrica, importa refletir sobre as consequências e os perigos de se divulgar os suicídios, de forma sensacionalista, na comunicação social. Há muito tempo que se sabe que o suicídio não deve ser publicitado, de forma sensacionalista, pelos perigos que advêm do efeito mimético que a sua divulgação pode provocar em pessoas fragilizadas pela depressão. Desde o século XVIII que se conhece o fenómeno do “suicídio imitativo”, designado por “efeito Werther”
A questão é: a total supressão da notícia é bom ou mau para a colectidade? Porque uma coisa é noticiar o facto como mais uma morte incidental, sem alardes de sensação, e outra é fazer de conta que nada se passou e tratar o acontecimento como se não existisse.
Embora aceite que é um assunto que cabe à decisão dos jornalistas, tenho para mim que, fazendo de conta que nada ocorreu, seja lá no que for, não é o melhor caminho. Empobrece a comunicação social e deixa uma sensação de vazio no público leitor que, diariamente, anseia por notícias do seu bairro, da sua terra. É como se estivéssemos todos a enterrar a cabeça na areia. Em vez disso, da abolição, dever-se-iam escrever bons textos, sérios, de análise social que levassem o leitor a entender o que se está a passar na sociedade portuguesa. O que é que está a concorrer para estes casos serem repetidos à exaustão? É a economia nacional? São as políticas sociais que estão a falhar? É o modelo hodierno de convivência que está a ruir?
Numa altura de grave crise em que se encontram os jornais em papel, digo eu, não se deve aceitar de ânimo leve certas directivas, mesmo vindas da OMS.










quinta-feira, 28 de junho de 2018

CMC: CANDIDATOS AO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO QUEIXAM-SE





Ontem e hoje, vários candidatos com projectos sujeitos a votação no Orçamento Participativo, respectivamente, no Coimbra Participa, destinados a seniores, com mais de 30 anos, e no Coimbra Jovem Participa, destinados a juniores entre os 14 e os 30 anos, andaram de loja em loja a procurarem votos para as propostas que defendem.
Segundo uma concorrente, que preferiu não se identificar, “sou obrigada a vir contactar as pessoas directamente porque, por vezes, o portal do Coimbra Participa onde decorre a votação por via electrónica, acessível no site institucional da Câmara Municipal de Coimbra, bloqueia. Foram as pessoas que se queixaram que não conseguiram aceder.”
Continua a minha depoente numa crítica implícita à pouca divulgação do evento, “acredita que andei a percorrer as lojas da Baixa e a maioria, grande, muito grande, nunca ouviu falar em Orçamento Participativo, nem o que isso significa?
A título de esclarecimento para quem não souber, o Orçamento Participativo, que está em causa, é uma iniciativa da autarquia de Coimbra para, sobre o mote “A dinamização do Centro Histórico”, se apresentarem projectos que serão sujeitos a votação. Através de um prémio pecuniário de 100 mil euros, o Coimbra Participa – este destinado a pessoas com idades superiores a 30 anos – e outro de 50 mil euros, o Coimbra Jovem Participa – este destinado a jovens entre os 14 e 30 anos – tenta-se que sejam desenvolvidas ideias novas que possam contribuir para a revitalização da Baixa e da Alta, que vai até Celas.
A votação decorre até 30 de Junho (até Sábado, incluído) e o acto pode ser exercido por qualquer cidadão nacional com idade igual ou superior a 14 anos por via electrónica, no portal do Coimbra Participa, no site da Câmara Municipal de Coimbra.
Cada participante pode votar apenas uma vez em cada projecto.
Os cidadãos com maior dificuldade de acesso aos meios digitais podem votar nos seguintes locais:

-Juntas de freguesia;
-Câmara Municipal, Divisão de Atendimento e Apoio aos Órgãos Municipais;
-Casa Municipal da Cultura – Biblioteca Municipal;
-Loja do Cidadão -Espaço Câmara Municipal de Coimbra.

Faça como eu que já votei. Deixe-se de desculpas bacocas, dizendo que não sabe, nunca ouviu falar! Está a brincar comigo, é? Então, diga-me, já escrevi bastante sobre o dito cujo, não leu nada? Tem mesmo a certeza? Vá lá! Clique aqui em cima. E é só votar! Acredite que não dá dor nem tem efeitos secundários!

CARTA ABERTA À SENHORA ZITA ALEX

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)







CARTA ABERTA À SENHORA ZITA ALEX




deviam fazer um trabalho de pesquisa sobre uma das pessoas aqui citada para assim contribuirem para uma melhor informação aos munícepes de Coimbra.Bom Ano 2018” - Zita Alex
Comentário plasmado no site ON Coimbra, acerca dos “5 blogues mais influentes de Coimbra” (para ler, por favor, clique em cima)

Ex.ma senhora Zita Alex:

Começo por dizer que, apesar da senhora ter comentado o post da ON Coimbra sobre os”5 blogues mais influentes de Coimbra” há 26 semanas, só hoje, 28 de Junho, tomei conhecimento.
Pelos comentários ínvios (em que não há caminho) que tenho recebido da senhora desde há meses a esta parte, bem ao jeito de “atira e foge”, dou por certo que este seu é dirigido a mim.
Como ressalva, confesso que, tal qual como tenho feito nos últimos tempos em relação a apartes seus, estive para não ligar a mais esta sua ferroada.
Em jeito de desabafo, lamento o seu rancor permanente à minha pessoa, embora plasmado em sementes de insinuação (criar suspeitas no ânimo de outrem) e insídia (espera às escondidas que se faz alguém para o atacar).
Com franqueza, não faço ideia onde germinou todo esse seu fel. Falei com a senhora uma ou duas vezes acerca da vida mercantil. Conhecemo-nos mal. Admito que, num apriorismo exacerbado e levado à letra, possa estar a ser levada para campos que a sua racionalidade não controla. Suponho que, por ambos sermos comerciantes, tenha algo a ver com a sua opinião, de líder de uma associação comercial recentemente criada, que, por certo, não será coincidente com a minha, nomeadamente com textos que escrevo no blogue.
Portanto, em resumo, apelando ao seu bom-senso e em forma de desafio, venho rogar-lhe que, de duas, tome uma decisão:
-Ou esquece que eu existo de uma vez por todas;
-Ou se, porventura, é detentora de informações relevantes a meu respeito que os “municepes” - como refere no comentário deixado no site da ON Coimbra - devem conhecer, tenha a gentileza de, uma vez por todas, as plasmar aqui.
Com os melhores cumprimentos.

Luís Fernandes

quarta-feira, 27 de junho de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA



FIM DA HISTÓRIA

Na segunda-feira da semana passada encerrou a Marvac, uma vetusta firma de mobiliário, louças e materiais para casa-de-banho, na Rua Simões de Castro.
Segundo a página na Internet, “A empresa iniciou a sua actividade em 23 de Janeiro de 1946 na rua da Sofia nº123 e 125 em Coimbra, no comércio de cristais, vidros e materiais de construção. Em 1999, a empresa mudou de instalações para a rua Simões de Castro nº 153, onde presentemente continua a funcionar.
Depois de 70 anos a laborar na Baixa de Coimbra, cerca de meio-século na Rua da Sofia e vinte anos na Rua Simões de Castro, quase a pedir desculpa por partir sem despedida, quase em segredo, a Marvac foi para o infinito de silêncio onde repousam todas as grandes empresas que marcaram a história da cidade. 
Pode ler mais clicando aqui em cima.

Foto de Tripas & Fitas.
Embora só esta semana fosse oficial, depois de meio ano em actividade, encerrou a semana passada, na Rua do Corvo, o estabelecimento “Tripas&Fitas”, uma bonita casa de hotelaria com cafetaria e cujo chamariz principal são as celebérrimas tripas de Aveiro e outros doces de estalar o palato.
Não se sabe ao certo a razão do fecho do espaço comercial e industrial. Isto é, se foi por causas conjunturais e económicas se por motivo de força-maior.
Um vizinho, que pediu o anonimato, afirmou que Mara Ventura, que veio de Aveiro tentar a sua sorte na cidade de Aeminium, foi obrigada a encerrar por doença. A ser assim, e, se calhar, antes não fosse, desejamos as rápidas melhoras à jovem empreendedora que, apesar do pouco tempo entre nós, granjeou uma aura de simpatia.
Desde Janeiro, último, é o 23º encerramento comercial na Baixa.


SEMENTEIRA EM TERRA NOVA




No início da semana passada, no antigo Augusto Neves, um quase centenário estabelecimento de ferragens que foi para os anjinhos em 2008, na Rua da Sofia, abriu a “Loja do Euro”.
Embora já exista um estabelecimento na Baixa com o mesmo conceito, na Rua da Gala, onde qualquer produto tem o mesmo valor de uma moeda de euro, este novo espaço, que agora abre portas, nada tem a ver com o concorrente. Segundo informações curtas de alguém que sabe do que fala, este novo investidor vem de Viseu. Nesta cidade e Lamego detém vários estabelecimentos no género.
Ao novo vizinho desejamos as maiores felicidades.


QUADRO(S) DE ESPERANÇA

(Foto do Diário de Coimbra)


Citando o Diário de Coimbra”Se tudo correr como deseja Gonçalo Quadros, dentro de um ano e meio, a sede da Critical Software estará instalada no Arnado, no edifício dos antigos armazéns da Coimbra Editora. O imóvel, com cerca de quatro mil metros quadrados, foi recentemente adquirido pela empresa portuguesa - que hoje celebra o seu 20.ª aniversário - e a expectativa é a de que o edifício venha a acolher cerca de 400 novos funcionários (…).”
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BARALHAR E DAR DE NOVO



Durante a manhã da última quarta-feira a zona da Loja do Cidadão foi interditada a trânsito automóvel para filmagens.
Segundo uma fonte que pediu o anonimato, trata-se da nova grelha de publicidade à empresa de comunicações NOS. Segundo a minha fonte, uma equipa de filmagens está a percorrer várias cidades do país e com vários artistas nacionais a interpretarem “a minha casinha”, uma recriação dos “Xutos e Pontapés”.
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SOPAPO DE LUVA BRANCA

Resultado de imagem para universidade de coimbra
(Imagem da Web)


Na última sexta-feira, o Diário de Coimbra (DC) -o nosso “Calinas”, como é tratado com carinho pelos mais velhos - deu uma lição de jornalismo ao “novato” jornal PÚBLICO.
Por ocasião do seu 88º de existência o DC, ao contrário do seu congénere, fez um bom trabalho a propósito da comemoração dos cinco anos de Património Mundial, atribuído pela UNESCO. Ouvindo todos os intervenientes com responsabilidade no presente e no futuro, no caso, comerciantes, hoteleiros, residentes e representantes do poder instituído, deu voz a todos. Quem leu, mais que certo, ficou com uma opinião mais bem formada sobre a consequência da legitimação para a Alta e para a Baixa da cidade.
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SONS DA CIDADE



Tal como anteriormente, este ano, para “celebrar a inscrição da “Universidade de Coimbra, Alta e Sofia” na Lista do Património Mundial da UNESCO sob o signo da reflexão e intervenção artística” começou na sexta-feira passada um vasto programa que “convida à deambulação e propõe a (re)descoberta e novas leituras da Cidade através do cruzamento de vários patrimónios: do edificado à língua e à música, da imagem à palavra e desta ao corpo e ao seu movimento no espaço-tempo” - texto retirado do programa oficial das festas que, desde cinema, roteiro gastronómico entre estabelecimentos hoteleiros no Centro histórico, teatro na rua e um jantar num largo da Baixa, decorreram entre 22 e 24 de Junho.
A crítica a estes eventos pode ser sintetizada numa pergunta e numa exclamação: já foi? Nem dei por isto!


SÓ DEVE MEXER EM VELHARIAS QUEM SABE




A Feira de Velharias, realizada ao quarto Sábado de cada mês habitualmente na Praça do Comércio, devido ao facto de ter sido instalado um ecrã gigante e uma zona de lazer, fanZone, na antiga praça velha, foi transferida para o Terreiro da Erva neste último Sábado. Segundo o jornal online Notícias de Coimbra, “Com esta transferência, a título excecional, a Câmara Municipal de Coimbra cumpre, assim, a calendarização de uma iniciativa que acolhe dezenas de expositores, oriundos de diferentes pontos do país, para exibição e venda de antiguidades de índole diversa, este mês, num espaço que merece ser vivificado
Por que não houve informação suficiente, sobretudo para os visitantes, houve pouca gente no reclassificado Terreiro da Erva a visitar as tendas. No mínimo, mandava o bom-senso que fosse colocado um painel aéreo a atravessar a antiga praça velha para os habituais clientes deste certame tomarem conhecimento da mudança de local.
Para complicar ainda mais, esteve uma canícula de quase 40 graus celsius.
Para encrencar ainda mais a coisa, Manuel Machado, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que nunca colocou os pés no antigo espaço da Praça do Comércio, deu-lhe para ir ver como é que ficavam arrumados os estendais na “menina dos seus olhos”, como quem diz, no Terreiro da Erva restaurado sob este seu reinado. Se seguisse o seu horóscopo, não devia ter ido por que não estava nos seus dias.
Para embrulhar ainda mais o que já estava muito emaranhado, numa “espécie de posso, quero e mando”, deu-lhe para se meter com uma vendedora que não tem papas na língua. A Inês Contins, da Figueira da Foz, uma esforçada mulher de trabalho, que conheço bem, como é óbvio, não fala a mesma linguagem estatutária de Machado, o político bem sucedido, e o desencontro só poderia dar bronca.
Ora, por conseguinte, juntando tudo num caldeirão, é de prever que, se o pelouro da Cultura continuar a tratar os vendedores com o mesmo desrespeito e não descer do ilusório pedestal em que se julga entrosado, a toponímia do velho terreiro seja alterada muito em breve para “Praça dos Coveiros da Feira de Velharias”.
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UMA EXPOSIÇÃO A VISITAR NA BAIXA DE SANTA CLARA

(Foto de Alex Ramos)



Na presença, elevada pela consideração, de muitos amigos do expositor, ontem, pelas 18h30, no Recordatório Rainha Santa Isabel, ao lado do Portugal dos Pequenitos, foi inaugurada, e estará presente até 30 de Julho, a exposição de fotografia de Mário Afonso.
Sobre o tema “Aqui há gato”, o visitante pode perder-se pelas imagens “falantes”, cheias de sensibilidade, do autor. Cerca de vinte fotografias de gatos, captadas pelo olhar artístico de Mário Afonso, nas mais variadas posições, mostram, ou parecem mostrar, que os felinos também têm sentimentos e, para quem tiver disponibilidade mental para recolher os momentos, transmitem uma linguagem de amor.
Se nós, humanos, no campo dos talentos somos o que fazemos, também é verdade que se não mostrarmos o nosso desempenho e o sujeitarmos à crítica social é como se essa actividade não existisse. E isto para tentar perceber a generosidade do meu amigo Mário Afonso ao, de uma forma gratuita e sem o habitual “O que é que eu ganho com isso?”, nos oferecer o fruto das suas divagações sem nos pedir nada em troca.
Mas, afinal, quem é o homem que, em traços curtos, descrevo? “O Mário, é um franciscano sem hábito”. Quem o afirma é José Gomes, um amigo comum. “É um ser humano fantástico”, prossegue.Foi fundador da secção de fados da Associação Académica de Coimbra, foi colaborador em diversas publicações, regionais e nacionais, e também da RTP.
Falando por mim, o Afonso é aquele amigo do peito, aquele ser único que está sempre disponível vinte e quatro horas por dia para o seu chegado. É um sujeito sorumbático, introspectivo, que, por falar pouco, dá a parecer que anda nas nuvens, que é nefelibata, e não se apercebe do que gira à sua volta. Puxamos dele a primeira frase, e como génio saído da lamparina, não pára de nos surpreender pela acutilância e fundamentação das suas teses. O Mário é um especulador, no sentido de observador, presente na cidade. Nas suas deambulações, com o seu olhar projectado e materializado na máquina de guardar instantes, a recolha de imagens surge como um grito silencioso de revolta.
Numa frase curta, gosto dele. Pronto!
Por tudo o que foi explanado e pelo que fica por dizer, visite a exposição “Aqui há gato”, no Recordatório, e como se fosse embaixador das pessoas de boa-vontade, deixe um abraço ao Mário Afonso.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

UMA LUPA PARA ENTENDER OS CRITÉRIOS CAMARÁRIOS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



FILHOS DO DIABO


Há dois anos, em Janeiro de 2016, os hoteleiros com esplanadas na cidade foram surpreendidos com um brutal aumento de licenças de ocupação de via pública. Até aí o espaço era cedido gratuitamente. Sem aviso prévio passou a cobrar-se 2 euros por metro quadrado.
Há cerca de três meses, sem se saber a razão, ocupação de via pública com expositores de postais na Baixa passou de 10 euros por ano para 10 euros por mês. Os expositores de fruta seguiram aumentos na mesma lógica.


FILHOS DE DEUS


Há menos de um mês, durante uma semana, foi realizada a Feira Cultural de Coimbra no Parque da cidade. Sem que os vendedores presentes pagassem um cêntimo, a autarquia derreteu 202 mil euros na sua concretização.
No âmbito das Festas da Cidade, dentro de dias vai ser inaugurada a Feira Popular. Foram cabimentados 50 mil euros para que os ingressos por parte do público sejam gratuitos.
Foram anunciados 40 mil euros para custear a FanZone na Praça do Comércio, onde inclui a realização de espectáculos com artistas.
A decorrer entre 13 e 22 de Julho próximo, vai decorrer o Festival das Artes 2018. Tal como no ano passado, por unanimidade, foi aprovado um subsídio de 70 mil euros à Fundação Inês de Castro. “Subordinada ao tema 'Amores e desamores', a edição deste ano do Festival volta, no entanto, a ter como palco principal, à semelhança dos anos anteriores, os jardins da Quinta das Lágrimas, particularmente o anfiteatro (ao ar livre) Colina de Camões.”

sábado, 23 de junho de 2018

EDITORIAL: SÓ DAMOS VALOR AO QUE CUSTA PAGAR







Na década de 1990, durante alguns anos, vendi em feiras de velharias. É mais que certo que não repetirei mas, do ponto de vista humano, foi uma experiência muito rica. Para além de travar conhecimento com imensos vendedores esforçados que vinham de vários pontos do país para ganharem uns cobres e fazerem face à sua vida difícil, conheci outros, tais como, professores, engenheiros, funcionários públicos cuja necessidade era meramente o contacto com os objetos antigos para aumentarem a sua colecção. Como se estivessem numa festa, frequentavam os certames como vendedores, mas compravam mais do que vendiam.
Enquanto andei por lá de terra em terra, deu também para apreender que o vendedor de velharias era sempre desprezado por todos, pelos colegas, pelos compradores e, sobretudo, pelas entidades camarárias que, como actores de um teatro cénico para alegrar o povo e revivificar o lugar, se serviam deles gratuitamente e cujo pagamento era a desconsideração contínua a raiar a humilhação. Resultado de um costume implacável, que sempre o colou o vendedor de arte ao “ferro velho”, poucos sabem e dão o valor que estas pessoas representam para a cultura nacional, para que esta não se perca nas amálgamas dos vazadouros. O vendedor de velharias é um carismático recuperador do passado e cuidador da memória colectiva. Encara o seu ofício como missão social. Mais, na maioria dos casos, o que o move são os sentidos da estética e da utilidade social e menos o interesse monetário que possa advir de um qualquer bem que se enamorou num primeiro olhar. Estas pessoas, bem ao género do “Livreiro de Cabul”, são generalistas e apaixonados pela arte em geral. Gostam de tudo o que seja diferente, desde que toque os seus sentidos, e fuja ao comum.

I
Vem esta longa introdução para melhor entender a desabrida e deselegante frase proferida hoje por Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), para um expositor que reclamava da transferência da Praça do Comércio, onde se realiza desde 1991, para o Terreiro da Erva -aparentemente a título excepcional por causa da implantação de uma FanZone, com ecrã gigante e área de lazer, para visionar os jogos do Mundial. Embora, disseram alguns vendedores, no Edital que comunicava a transferência estava plasmado ser também a título experimental.
Afinal, depois de interrogar, o que respondeu o autarca à reclamação? Simplesmente isto:

-Quanto é que a senhora paga por expor?
-Nada, senhor presidente! (respondeu a vendedora)
-Então, se a senhora não está contente não venha. Não volte! (rematou Machado)


Antes de entrar na análise sobre a reacção rude, intempestiva e inadequada de Machado, vamos aos preliminares:
Primeiro, sabendo os serviços da cultura municipal que a Feira de Velharias se realiza sempre ao quarto Sábado de cada mês na Praça do Comércio, porque razão colocaram lá a FanZone sabendo que colidia com o certame?
Por que não colocou o ecrã gigante noutro local da Baixa?
Porque não fez o contrário e instalou a FanZone no Terreiro da Erva?
Tendo pensado antecipadamente na mudança para o Terreiro da Erva porque não foi colocado um painel gigante na Praça do Comércio a informar os visitantes que mensalmente se deslocam a Coimbra da transferência?
Segundo, tentando dar resposta a estas questões formuladas, especulando, é de prever que o pelouro da Cultura agiu assim porque, por um lado, quer enterrar de vez a Feira de Velharias, por outro, pelo pouco respeito que manifesta a pessoas que esforçadamente se deslocam a Coimbra para animar a cidade -relembro que o critério não é igual para todos, basta recordar que alguns expositores que estiveram presentes na Feira Cultural de Coimbra, alegadamente, tiveram direito a subsídio de deslocação.
Não se procura tratamento igual -já que todo o espaço público que tenha por objecto retorno de investimento deve ser pago. Quem vende no espaço público, sem abuso da parte administrativa, deve comparticipar nos custos de implantação, não o fazendo, para além de gerar desigualdade, está a ser beneficiado em relação aos comerciantes instalados. 
Contrariando o que se possa pensar, o facto de não ser cobrada qualquer verba não serve os interesses dos expositores, já que nos últimos vinte e cinco anos a CMC nunca investiu qualquer verba, sobretudo em publicidade, para promover o certame. A alegoria esteve sempre entregue ao seu mentor Carlos Dias, proprietário do Velhustro, e decano das antiguidades na cidade. Para o bem e para o mal, foi graças a expensas suas que a festa mensal se foi fazendo e mantendo ao longo dos anos.
Certamente pela elevada idade de Carlos Dias, sendo parceira na fundação da feira, a CMC entendeu, por volta de 2010, colocar uma técnica no terreno a par com Carlos Dias. Talvez porque apanhou o mercado franco em cima de uma crise económica conjuntural e em crescimento, não foram feitas as alterações necessárias e tudo continuou como dantes


II 

A recessão que se instalou  no país, levando ao nascimento acelerado de feiras de rua em todos lugares habitados, fossem cidades médias, pequenas ou vilas, para além da demasiada oferta fragilizar todos os mercadores deu-se também o aparecimento do "Abutre sem alma". Este personagem, que sempre existiu no mundo comercial mas só aparece de tempos a tempos, quando as condições estão criadas, é um operador insensível, cuja arte, enquanto mística, não o toca, é um mero adquirente entre o vendedor e o comprador. Vende um móvel do IKEA e uma pintura de autor consagrado com a mesma displicência. Não distingue os valores da utilidade e artísticos. Não diferencia uma primeira edição rara de um vulgar livro de escritor de fim-de-semana.
Frio e sem coração, só dois pensamentos conduzem a sua vida: ganhar dinheiro e ganhar dinheiro. Quem não se recorda o que aconteceu a toneladas de obras artísticas em ouro que foram esmagadas e vendidas ao quilo?
Apresentando-se com simplicidade, bem-falante, gerando confiança a quem pretende vender, começa por prometer mundos e fundos. No meio de malabarismo psicológico, acaba por não cumprir o prometido e, levando apenas o mais valioso, acaba a pagar o que quer. Esmagando o vendedor particular, deixa-o a chorar com as mãos na cabeça.
Chegado com parte da carga ao armazém/loja a sua preocupação é realizar dinheiro rapidamente. Para isto acontecer, vende a qualquer preço -chegando a alienar peças com preço inferior ao custo. A sua intenção maior, e que lhe proporciona um certo gozo interior, é arrasar toda a concorrência em redor e criar fama de vender barato.
Como no acto de adquirir, o coleccinador/comprador/consumidor é desprovido completamente de valores de ética, moral e justiça, transformando-se num aborto sem senso, absorve sofregamente tudo sem pensar e torna-se instrumento precioso na destruição colectiva da arte. Quanto mais espremer o vendedor para comprar acessível, proporcionalmente, mais o prejuízo aumenta na sua extensa colecção que detém em casa. A factura tardará mas não falhará. Virá mais tarde quando quiser vender um acervo de obras que custaram ao longo de uma vida uma fortuna e verificar que, aparentemente sem nada fazer, perdeu cerca de dois terços do valor atribuído. Claro que a contribuir para tudo isto foi também o facto de, na última década, o conceito de arte se ter promiscuído: qualquer um é pintor, e pinta em barda, qualquer um é escritor, e escreve livros atrás de livros, qualquer um é escultor, e produz escultura a esmo, qualquer um canta e edita discos. A assistir a tudo isto está um público que, porque fica bem, sem coragem para dizer não, aceita tudo sem pestanejar. O resultado desta hecatombe, como se adivinha, só pode redundar em tragédia.
Por este andar, qualquer dia, comemos em pratos de faiança antigos, mas, como o seu preço desvalorizou infinitamente e ninguém dá nada por eles, envolvidos pelo manto da miséria, passamos fome.
As pessoas esquecem que a Arte, para constituir valor, nunca poderá ser democrática. E quando for acessível a todos, como está acontecer através do excesso de produção a baixo custo, o desvalor acentuado extermina toda a criação artística à sua volta.
É que a Arte para levar o selo diferenciador do comum tem de possuir quatro princípios acoplados: ser rara, ser cara, ser genuína, e ser descoberta. Perdendo uma destas premissas, passa a desconhecida ou vulgar objecto de adorno.


III

Quanto à manifestação de Manuel Machado para a senhora que interpelou, é de prever que aconteceu assim porque, tal como escrevi na introdução, como os vendedores não pagam ocupação de espaço público, logo, no entender do edil, quem deve agradecer, curvando a espinha e aceitando todas as faltas de respeito, são estes animadores sociais. Vindos de longe, com despesa certa e gratuitamente, como nada pagam, no entender do autarca, estão sujeitos a qualquer arbitrariedade sem poderem reclamar. São os novos saltimbancos, os trabalhadores sem salário e sem direitos que animam, fazem atrair gente, mas a cidade não lhes é devedora de qualquer atenção.

FEIRA DE VELHARIAS: DESCONTENTAMENTO PELA MUDANÇA DE LOCAL




A Feira de Velharias, realizada ao quarto Sábado de cada mês habitualmente na Praça do Comércio, devido ao facto de ter sido instalado um ecrã gigante e uma zona de lazer, fanZone, na antiga praça velha, foi transferida para o Terreiro da Erva. Segundo o jornal online Notícias de Coimbra, “Com esta transferência, a título excecional, a Câmara Municipal de Coimbra cumpre, assim, a calendarização de uma iniciativa que acolhe dezenas de expositores, oriundos de diferentes pontos do país, para exibição e venda de antiguidades de índole diversa, este mês, num espaço que merece ser vivificado
Cerca de uma vintena de vendedores oriundos de Coimbra e de vários pontos do país aceitaram o chamamento. Por volta das 11h00 fui ver como se encaixam os expositores na praça requalificada, em 2016, pela Câmara Municipal de Coimbra.
Tendo em conta que se trata de um espaço amplo e lindíssimo, encravado no coração da cidade e sem utilidade pública depois dos melhoramentos, gostei de ver o enquadramento paisagístico. A questão é saber se, depois de vinte sete anos num local certo, os coleccionadores continuam a ir atrás dos vendedores.
Falando com dois operadores estabelecidos na zona há vários anos, deu para ver que vêem com bons olhos a transferência do certame para este local a título definitivo.
Já por parte da maioria dos vendedores de velharias presentes hoje o desânimo e a revolta pela mudança estava em marcha.
Para Carlos Branco, vindo de Pombal, “gosto deste local! Por mim continuava aqui! É um sítio muito agradável! Comparando com a Praça do Comércio, os comerciantes daqui são mais hospitaleiros. Parecem gostar mais de nós, entendes? É certo que aqui, no terreiro da Erva, não há turistas, mas quanto aos clientes que nos seguem, tenho a certeza, com o tempo habituam-se.
Francisco Moreira, ex-bancário agora aposentado, vem das proximidades, mora na cidade, “o local é péssimo! É um sítio isolado e desconhecido dos nossos compradores. Como vês não há gente a visitar. Para além disso, como não tem árvores, é muito quente!
Um outro casal, que preferiu não se identificar, vindo de Lisboa, falando a uma só voz, disse o seguinte: se a feira for para continuar aqui não viremos mais! O que mais se vê a bisbilhotar os produtos são toxico-dependentes.
Quem não se queria ficar pela opinião era Inês Contins, da Figueira da Foz, que já contactava outros colegas para colocar em marcha um abaixo-assinado. Eis então que, quando convidava outro vendedor a tomar uma posição por escrito, foi interpelada por um senhor de pêra, bem-vestido, de fato e gravata, e com óculos escuros:

-Bom dia! Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra!
Pode dizer-me o que se passa?
- (Um pouco titubeante pela investida brusca, Inês não se deu por achada) Bom dia, senhor presidente, peço desculpa mas, como sou da Figueira da Foz, não o reconheci. O que se passa é que este local não é o mais indicado para realizar a Feira de Velharias e, enquanto vendedores, estamos muito descontentes.
-Quanto é que a senhora paga por expor? (interroga Machado)
-Nada, senhor presidente! (respondeu Inês)
-Então, se a senhora não está contente não venha. Não volte! (rematou Machado)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

CLASSIFICAÇÃO DA UNESCO: JORNALISMO PAGO PARA PORTUGUÊS VER

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(Imagem apanhada no Google)





mostra a nu que a entidade pública Universidade de Coimbra,
à custa do erário público, é capaz de tudo para, de forma
interesseira, impor a sua verdade construída e assente num
umbiguismo exacerbado”


Na edição de ontem o jornal PÚBLICO, num suplemento patrocinado de sete páginas e mais duas de publicidade, sobre os cinco anos da inscrição da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, na Lista de Património Mundial da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, mostrou como, a troco de contra-pagamento, se pode dar um exemplo de jornalismo no seu pior.
Enquanto leitor diário de jornais locais e nacionais eu já sabia que o mundo da imprensa escrita em papel caminhava num terreno sem chão, lodoso e peçonhento, e cada vez mais inclinado para o desaparecimento de grandes títulos que fizeram história -como é o caso do Diário de Notícias que, no próximo mês, vai apenas ser publicado uma vez por semana e na Internet. Mas, no fundo, bem no fundo, sempre tive esperança de um retorno, e um deles, a meu ver e até agora, por perseguir uma linha editorial de independência, quer de partidos políticos, quer do grande capital manipulador, seria o PÚBLICO.
Com o trabalho encomendado ao diário fundado por Belmiro de Azevedo, ontem publicado, fiquei com a certeza de que estamos cada vez mais a caminhar para o charco.
Na minha modesta opinião de leitor, o jornal portuense, em paradigma, mostrou o pior que se pode “vender” a um universo de adquirentes de informação: uma reportagem enviesada, onde o elogio barato ao pagador sobressai, manipulada, atentatório aos bons usos e costumes e a uma independência jornalística que se exige. Uma espécie de corrompimento legal, declarado e aceite tacitamente na frase “Suplemento Patrocinado”. Quanto teria custado a encomenda realizada pela Universidade de Coimbra, é a questão acessória. Já quanto à inquirição principal nem precisa de grande exercício de análise: mostra a nu que a entidade pública Universidade de Coimbra, à custa do erário público, é capaz de tudo para, de forma interesseira, impor a sua verdade construída e assente num umbiguismo exacerbado. Mais: que, sem oposição do poder local que convive de braço dado, é uma cidade maior dentro de uma cidade menor. É a prova provada que, sendo um Estado dentro de outro Estado, é uma espécie de Vaticano encravado.
Quem leu a peça do PÚBLICO, ontem, certamente como eu, ficou com a certeza de que Coimbra, em relevância, é somente composta pelo património classificado pertencente à Universidade e… ao Café Santa Cruz, que era referido na peça duas vezes pelos seus pastéis Crúzios. Para além do considerado pelo articulista só o deserto. A restante cidade, fora da área onde as faculdades estão implantadas, é um vazio, não existe. Nada que surpreenda! Os indícios, para quem quiser ver, são mais que muitos


UMA BOA LIÇÃO DADA PELO “CALINAS”


Quem faz o favor de ler o que escrevo sabe que, volta e meia, ando de candeias às avessas com a imprensa que se faz na cidade. Na maioria dos dias que compõe um ano, é um jornalismo apagado, sem chama, sem glória e rendido aos poderes instituídos na cidade. De trás para a frente, lê-se transversalmente um jornal da cidade em três minutos.
Pois pasme-se! Desta vez o local Diário de Coimbra (DC), em especial pelos seus 88 anos de existência, transcendeu-se. Como a querer dar uma palmada de luva branca ao concorrente nacional PÚBLICO, o diário do emérito Adriano Lucas apresenta hoje um trabalho de cinco estrelas sobre os cinco anos da classificação como Património Mundial.
Sem publicidade paga pela Universidade de Coimbra, o DC, ouvindo todos os actores, desde o Reitor da Universidade, passando por outros órgãos do poder representativo, até moradores e comerciantes, dá hoje uma lição de como fazer bom jornalismo, livre e independente.
Curiosamente os patrocinadores deste caderno especial com 32 páginas vão desde uma página inteira apadrinhadas pelos Forum Coimbra, pela Auto-Industrial, pela CIM-RC, Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra, e Iberocar, ren-a-car, até pequenos anúncios de juntas de freguesia, instituições públicas e privadas e dos melhores do nosso comércio e da nossa indústria que representam a cidade dos estudantes.

Duas vezes parabéns ao Diário de Coimbra.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

"LUAR"

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(Imagem de Amilcar , "Olhares", retirado do Google)



POR JOÃO CASCAIS FIGUEIREDO

LUAR”

Esquina esquálida,
meretriz do luar,
notívaga algures,
distante o marulhar
a circular astúcia