quinta-feira, 31 de maio de 2012

LEIA O DESPERTAR




LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA


Para além da coluna "Elegia ao Homem do Café (1)", deixo também os textos "Reflexão: filhos de um Deus menor", "Quando a ambição tolda a razão" e "Rostos nossos (des)conhecidos: o ceguinho".



ELEGIA AO HOMEM DO CAFÉ (1)


 São sete horas da manhã. Como todos os dias, depois de umas horas a “passar pelas brasas”, acordo com o retinir da campainha do despertador. De segunda a sábado é sempre assim. Às oito horas, impreterivelmente, tenho de abrir o café. Se não o fizer, já sei que os meus clientes habituais vão bater-me à porta de cinco em cinco minutos e interrogar: “está doente, senhor João? Ai não? Ainda bem! Sabe, é que, como costuma ser pontual, até pensei…” –Bolas! Um empresário de hotelaria não pode atrasar-se nem um minuto sequer. Às vezes dou comigo a pensar para quê este meu frenesim na abertura da porta. Bem sei que é o pessoal que trabalha no comércio, entram às nove. Mas agora, com esta crise, nesta hora primeira do meu dia, estou a vender meia-dúzia de cafés –só para comparar, há uma década eram cerca de 70 e há vinte anos tirava mais de uma centena. Nesses tempos, para além das bicas e dos muitos galões, ainda saíam muitas torradas, sandes de fiambre e queijo, tostas, e muitos pastéis. Hoje, durante a primeira hora, ninguém me pede uma sanduiche e muito menos um bolo.
Tantas vezes que dou por mim a olhar para a máquina de café, que está ligada a consumir eletricidade desde as 07h30 –liga meia-hora antes para aquecer- até à meia-noite, hora a que encerro todos dias, e penso se valerá a pena continuar neste negócio. Porque não é só este aparelho que me consome as entranhas e trabalha para a EDP, é também uma bancada frigorífica de dois metros, uma vitrina para a pastelaria, um forno ondo cozo os “Panik’s”, a máquina de lavar louça, a arca dos gelados, o moinho de café, a máquina dos sumos, o micro-ondas, a torradeira e ainda o secador de mãos, na casa de banho. A minha fatura mensal de energia, em média, por mês anda sempre a rondar os 300 euros, isto durante o inverno, porque no verão, como ligo o ar condicionado, vai aos 400.


É certo que sempre gostei da indústria hoteleira, mas, hoje, perante os tempos conturbados que vivemos, penso muitas vezes em renunciar. Olho para trás e o que vejo? Trabalho, trabalho e mais trabalho. Comecei com isto sem tostão, com dinheiro emprestado –aliás, sendo filho de “pé-rapado” o que se poderia esperar? Foi através deste muito transpirar que tentei educar os meus dois filhos. Um deles licenciou-se, e, no primeiro dia, que transpôs a Porta Férrea chorei a bom chorar –ali, naquele ato hoje tão simples, naquela fotografia, estava tudo; os meus sonhos idealizados e o que eu não tive hipótese de ter tido.
Dei aos dois, por igual, todas as oportunidades que não me foram facultadas: andarem no desporto, frequentarem o Conservatório de Música, irem para a Universidade. Fiz o que pude e o que não pude para os tornar, acima de tudo, felizes. Quando eram pequenitos, porque não tinha tempo para os acompanhar, sempre que podia levava-os a passear e comprava-lhes um brinquedo novo. Nas datas mais marcantes das suas vidas, como, por exemplo, na peça de teatro em que entravam lá na escola, eu corria a bom correr para estar lá. Tantas vezes cheguei atrasado, já depois do espetáculo ter começado, mas, para que vissem bem que eu marcava presença, levantava os braços e acenava para que soubessem que não me esquecera deles. Estive sempre presente nas festas mais importantes da sua história recente  –fazia questão de ser assim, porque os meus pais nunca me acompanharam em criança, nem na primeira-comunhão. Essa lacuna deles nunca me largou e tenho a certeza que, mal e bem, contribuiu muito para a minha forma de ser. Dei sempre o máximo para poder proporcionar aos meus descendentes uma infância equilibrada e alegre. Hoje, um está com 30 anos e outro um pouco menos. O que se licenciou está no desemprego, o outro, que nunca passou do 9º ano também está desocupado –o problema é que este, com várias depressões associadas na última década, acusa-me frequentemente de ter sido o causador da angústia que consome a sua alma. Não lhe dei o amor que deveria ter dado, invoca amiúde vezes. Em coro, a mãe, minha mulher, diz o mesmo: “tu és o culpado de o “menino” ser assim!”. De pouco me vale arguir que me entreguei de corpo e alma ao trabalho para lhes dar uma existência afortunada e nada comparável à minha e que tenho gravado a fogo na mente. Andei descalço, o meu pai nunca quis saber do meu futuro. Nunca me lembro de me ter dado um beijo; muito menos de me perguntar se precisava de alguma coisa. Então, relacionando, em somatório de privações e custo-benefício, o que deveria ter sido eu? Talvez um bêbado, um drogado, um fracassado passageiro da noite? Para explicar os meus desaforos, poderei avocar as minhas carências afetivas? Posso sim, mas não devo. Cada um de nós é sempre o resultado de várias circunstâncias confluentes. Por outro lado, não há pais perfeitos, nem filhos modelos. Há apenas pessoas com defeitos e virtudes. O que é necessário é não esquecer que cada um, pai e filho, com sua responsabilidade, tem obrigação de fazer o melhor que puder para a sociedade. Um foi e outro será sempre o princípio de uma nova obra e a esperança de um novo tempo. 
(Continua na próxima edição)


REFLEXÃO: FILHOS DE UM DEUS MENOR


 No último sábado, numa produção agregada da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, da Fundação Inatel e da Câmara Municipal de Coimbra, realizou-se mais uma edição das “Maias, Doces e Cantares”, na Rua Ferreira Borges.
É normal alguns comerciantes, sabendo que escrevo amiúde vezes sobre o comércio, me fazerem chegar os seus queixumes. Tal como noutras ocasiões, também desta vez, alguns, me apresentaram os seus lamentos sobre o facto de tudo o que são alegorias, sobretudo promovidas pela edilidade, serem sempre apresentados nas “ruas dos ricos”, como apregoam com algum desdém. Realmente não se entende que, em equidade e um pouco para agradar a todos e desenvolver a Baixa enquanto um todo, os certames não sejam distribuídos também pelas ruas estreitas. Dá a parecer, e essa é a impressão corrente, que os comerciantes desta zona são filhos de um Deus menor.

QUANDO A AMBIÇÃO TOLDA A RAZÃO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)

 Alegadamente e segundo declarações do próprio, um cidadão do Bengladesh, estabelecido com um pequeno restaurante na Baixa desde fevereiro último, na semana passada, porque tinha a sua renda em atraso, e não embarcou no jogo do senhorio, teria sido agredido dentro do estabelecimento que explorava.
Por questões de salvaguarda não irei apresentar a identidade dos intervenientes, até porque o que pretendo não será uma condenação pública localizada, mas antes que este caso possa fazer refletir os proprietários do Centro Histórico. Atualmente as rendas novas praticadas no comércio, para além de constituírem um escândalo, estão a mandar para o charco dezenas de pessoas que, num momento de falta de trabalho, aspiraram a tentar a sorte com um negócio. Não vou dizer que, legal e legitimamente, cada senhorio não possa levar a renda que quiser e bem entenda, o que afirmo é que, tendo em conta as dificuldades que se vive no dia-a-dia, é imoral praticar valores de milhares de euros. Para além disso, há outras questões que nos devem fazer pensar. Se não se infletir nesta situação –e aqui espero que o Governo legisle para condicionar esta prática corrente-, por um lado, está-se a matar a galinha dos ovos de ouro dos proprietários, por outro, pela ganância generalizada, está a condenar-se esta zona de antanho a ser um cemitério de lojas encerradas por insolvências provocadas.
Embora a ofensa à integridade física fosse participada à PSP, tentando contar os factos com a maior seriedade possível, explanando o assunto, vamos ouvir o cidadão imigrante: “eu abri o restaurante em 10 de Fevereiro, último, já mobilado e pronto a funcionar, com uma renda mensal de 1300 euros. Tenho tido muita dificuldade em cumprir o pagamento. Neste momento estou a dever um mês de renda. Tenho tido problemas com o Alvará na Câmara Municipal e com a licença do estabelecimento. Estou também com dificuldades na extração de fumos pela chaminé e não me aprovaram a instalação do gás. Comuniquei tudo isto ao senhorio e até à data nunca me resolveu estes constrangimentos. Como estou a fazer 70, 80 euros por dia, não tenho conseguido cumprir com a minha obrigação contratual. Há dias, no dia 12, apareceu-me no estabelecimento, o dono do prédio, a dizer que eu tinha de fechar porque estava com a renda em atraso. No dia seguinte a mesma coisa e acabei por não abrir mais. Hoje recebi um telefonema dele a dizer que queria falar comigo, e para nos encontrarmos no restaurante. Fui lá, entrei, e a seguir entrou ele com outro sujeito. Lá dentro, disse-me que se eu não saísse imediatamente colocava tudo o que era meu na rua. Puxou de uma folha e queria que eu a assinasse. Como eu percebo mal a escrita portuguesa, disse-lhe que, primeiro, tinha de levar o documento ao meu contabilista para ele ler. Perante a minha recusa, o senhorio colocou as mãos no meu peito, na camisola, e, brutalmente, atirou-me para o chão. Depois retirou-me as chaves do estabelecimento.”
Por coincidência passei no local à hora deste acontecimento. Embora não tivesse presenciado a alegada agressão, pude constatar que o cidadão estrangeiro tinha a camisola rasgada e dois ferimentos ligeiros em dois dedos ensanguentados. Pude verificar também que o dono do prédio, encerrando a porta e colocando a chave no bolso, deixou o seu inquilino na rua.


ROSTOS NOSSOS (DES)CONHECIDOS


“O CEGUINHO”

 Quantas vezes, nos últimos 15 anos, já o escutaram na Rua Eduardo Coelho com a sua lamúria: “tenham dó e caridade de auxiliar o ceguinho, com uma esmola, para quem não vê a luz do dia, senhor”?
É o Eduardo Ventura Neves, de 58 anos, e é cego de nascença. Vive em casa dos pais, em Casalinhos, Soure. É solteiro e bom rapaz. Recebe 140 euros da Segurança Social, talvez uma pequena reforma por invalidez, não sabe. No princípio custou um bocado estar a apelar ao óbolo, com o “ajudem o ceguinho, senhor!”, mas agora, já se habituou. “Se pudesse, não estaria aqui”, confidencia-me. Sobretudo agora, que, com a crise, as pessoas dão tão pouco.











BOA TARDE PESSOAL...

GOVERNO CHUMBA PROPOSTA DO PS PARA AS REPÚBLICAS DE ESTUDANTES

(Imagem da Web)



"A votação na especialidade das propostas de alteração à Lei de Arrendamento (n.38/XII proposta pelo governo) que decorreu ontem na comissão de ambiente, poder local e ordenamento do território, determinou o chumbo pela maioria da proposta apresentada pelo partido socialista quanto ao regime de exceção para as repúblicas de estudantes.
Com os votos a favor do PCP e BE, a proposta do PS obteve os votos contra do PSD e do CDS/PP, tendo estado ausente o PEV.
A proposta do PS salvaguardava o regime de exceção previsto na lei nº 2/82, fazia o aditamento a este regime que estabelecia todos os contratos de casas fruídas por estudantes por tempo indeterminado e ainda, propôs como alteração de última hora que o teto máximo de atualização anual das rendas ficasse indexado a 1/25 do valor patrimonial tributário, ao contrário da proposta inicial que tinha 1/15 desse mesmo valor.
As repúblicas ficam assim, por proposta da maioria PSD/CDS-PP, equiparadas na lei a micro/pequenas empresas, estando sujeitas a um regime de transição de 5 anos para o novo regime de arrendamento urbano, podendo os senhorios denunciar o contrato no final deste período. Significa isto que a partir de 2017, todas as repúblicas entrarão no regime geral aplicável a todos os imóveis e passarão a ter de celebrar contratos com os senhorios de 2 em 2 anos, o que potencia o risco de despejo.
O deputado autor da proposta do PS, Rui Duarte, refere que “Coimbra ficará mais pobre sem as repúblicas”. O deputado afirma que “é lamentável que o governo de Passos Coelho não entenda a cultura das repúblicas de estudantes e a relevância que têm na cidade-escola de Coimbra”. Acrescenta ainda, “a insensibilidade política do PSD e CDS/PP porá em causa a vida das repúblicas de estudantes em Coimbra e um elemento identitário da vivência académica que liga muitas gerações deste país”.
Lamentou também, que “os deputados do PSD e CDS eleitos por Coimbra, bem como o presidente da Câmara, João Paulo Barbosa de Melo não tenham sido capazes de sensibilizar o seu partido e o seu governo para uma questão tão importante para Coimbra”.
A votação final global da nova lei do arrendamento será feita na próxima sexta-feira, devendo o PS votar contra, conforme já anunciou.
” –Retirado, com a devida vénia, do Facebook, da página da Concelhia do Partido Socialista.

O Governo esteve à altura do que se espera de um executivo justo, equitativo, e que trata todos os proprietários por igual. Por que razão haveria uma república de estudantes ter um tratamento diferenciado de uma micro-empresa? Apenas porque é um sítio cultural? E uma empresa pequena também não o poderá ser? Que raios de justeza defendem os socialistas deste país? É preciso acabar com a descarada discriminação positiva que os estudantes continuam a merecer de muitos sectores da nossa sociedade. Os abusos estão à mão de semear. É preciso é ter olhos para os ver.
Parabéns ao Governo por não ter ido na cantiga de embalar do PS. Esteve bem o executivo de Passos Coelho.

TEXTO RELACIONADO


UM "ESTILUS" QUE PASSOU À HISTÓRIA



 Encerrou ontem, na Rua Ferreira Borges, o pronto-a-vestir “Estilus”. Esta loja de reconhecido mérito empresarial era muito popular na cidade. Pertença de um empresário de Leiria, onde detém várias lojas, o senhor Venâncio, pessoa que conheço muito bem e por ele atesto que se tomou esta decisão foi porque não teve mesmo outra alternativa.
O “Estilus” tinha dois funcionários presentemente. Há cerca de uma dúzia de anos, para além de ter outra loja aqui na Baixa, teve vários empregados. Glória, de 52 anos, é um destes dois últimos e que agora vai para o desemprego. De lágrimas a correr pelo rosto bonito de uma mulher que parece ter quarenta, vamos ouvi-la: “custa-me muito ver esta loja encerrar. Foram 14 anos da minha vida que, agora, sem oração de despedida, aqui ficam enterrados. Eu sou testemunha de que não dava para continuar. As despesas eram enormes –só na luz era um custo impossível, apesar de andarmos sempre a tentar poupar. Nós até vendíamos, o problema é que não chegava para os custos, e repare o prédio até é propriedade do senhor Venâncio. Eu sei que ele tentou tudo para manter a porta aberta. Eu sei que se não fosse por nós, empregados, já teria tomado esta decisão há muito tempo, mas sabe, ele anda doente e, é evidente, nestas condições económicas, como é que poderia continuar? Nunca pensei que isto me viesse a acontecer. Fico muito mal. Agora, com esta idade, quem é que me vai dar emprego? –E a pressão no rosto mostra o grande esforço em tentar conter um imenso rio de lágrimas. Desculpe… desculpe, mas tenho de ir embalar tudo isto…”


UMA IMAGEM POR ACASO...


UMA IMAGEM POR ACASO...


OS COMERCIANTES NÃO MERECEM RESPEITO PELA CMC?

10 FOTO LUIS FERNANDES AA
(Imagem da Web)

 Tendo em conta o momento aflitivo que o comércio de rua está a passar, em 13 de Fevereiro, último, um grupo de comerciantes, em qual eu estava incluído, deslocou-se à reunião pública do executivo municipal a reivindicar o cumprimento da promessa transcrita na acta de 14 de Outubro de 2002 em que, em compensação pela aprovação do Fórum Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) prometia ceder um terreno para a construção da “Casa do Comerciante".
Nesta sessão pública, de 13 de fevereiro, foi verberado por toda a vereação, incluindo a oposição, que, para além de serem necessárias políticas de revitalização para a Baixa, é preciso tomar atenção aos comerciantes que aqui exercem a sua actividade sobretudo “nesta situação de crise profunda como a que vivemos”. Pelo presidente da CMC, João Paulo Barbosa de Melo, foi dito –e está escrito em acta- que iria cumprir a deliberação e, juntamente com os comerciantes e os presidentes de junta de freguesia, se encontraria um espaço para a “Casa do Comerciante” na Baixa da cidade.
O tempo foi passando –neste caso três meses- e eu fiquei à espera de ser contactado por alguém da autarquia. Debalde. Até hoje não mais merecemos qualquer comunicação para dar cumprimento à palavra dada. É certo que poderemos especular que o presidente disse que iria cumprir, mas não quando. Mas, perante esta promessa pública, poderemos interrogar: quanto vale a palavra dada de um presidente de câmara? Vale alguma coisa? Vale muito? Vale pouco? Não vale nada? –Mas, se cairmos neste redutivismo, nesse caso, por inerência, também não vale nada a palavra de uma instituição pública, do Governo. É certo que temos mesmo à mão dezenas de exemplos a mostrar esta forma de estar na vida pública, mas, nesta modorra, temos de interrogar: afinal não andamos todos a batalhar exaustivamente contra este estado comportamental dos políticos? E o curioso é que, se atentarmos, isto é uma cadeia viciada. Ou seja, o cidadão acusa o presidente da edilidade de não cumprir, mas entre si, interpares, também não quer saber do que disse anteriormente. O presidente da Câmara Municipal, perante o cidadão não efectiva o que disse –mostrado neste exemplo que trago à colação. Esquecendo o que faz na sua cidade e para com os seus munícipes, acusa o Governo de mau-carácter –pode servir o modelo de Barbosa de Melo juntamente com colegas irem para Lisboa reivindicar a reposição do Metro Ligeiro de Superfície. Por sua vez o Governo acusa Bruxelas de ter dois pesos e duas medidas com o país. Ou seja, todos defendem para a frente e pugnam pelo cumprimento da palavra dos outros, mas, em face do seu próprio caso subalterno, na sua casa, não realizam a obrigação por si dada em verbe.

MAS AFINAL O QUE É QUE SE PASSA?

 Dando corpo ao que escrevi em cima, é evidente que, tendo ido à autarquia em Fevereiro e como já estamos em fim de Maio, estou em falta com os comerciantes. Por conseguinte, se, individualmente, com o nosso comportamento projectamos e servimos de modelo a outros, naturalmente, não poderia ficar quieto. Da minha parte, considero, está um prosseguir com a acção, um dar continuidade, em notória falta.
Antes de continuar, saliento a intervenção de Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, na última Assembleia Municipal em que interveio e, embora ficasse sem resposta, disse o seguinte: “ (…) nós, junta de freguesia, manifestámos ao senhor presidente com a criação da Casa do Comerciante, promessa feita pelo anterior presidente, Dr. Carlos Encarnação, em campanha eleitoral, mas a verdade é que não foi dado passo nenhum. Sei que na última reunião pública da Câmara vários comerciantes vieram a esta casa levantar esta questão. (…) É urgente que seja aproveitado o espaço que existe na Travessa da Rua Velha, chamada Telha Amiga, cujo projecto foi magnífico, a ideia foi genial, só que as pessoas não aderem, uma obra que estava prevista levar 12 utentes, tem lá 4 utentes. A própria Casa de Repouso de Coimbra já equaciona a revogação do protocolo. Poderíamos pensar ali, transferir e fazer uma obra magnífica, para Coimbra para apoio ao comerciante, que era a criação da Casa do Comerciante, com lar com as valências, porque temos comerciantes na Baixa de Coimbra no risco da miséria.
São estes apontamentos que queria aqui deixar, sendo certo penso que o senhor presidente passou ao lado do que eu disse mas eu a proxima, cá voltarei outra vez, a chamar a atenção.” –Extracto da acta da última Assembleia Municipal de Coimbra.
Continuando com a exposição, há cerca de um mês foi constituída uma “Comissão de Instalação” e apresentado entre os seus membros os “Estatutos para a Casa do Comerciante da Cidade de Coimbra. Ou seja, está tudo pronto para a sua promulgação em Diário da República como sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos.
Por proposta de um dos membros da “Comissão Instaladora” entendeu-se que, antes de avançar para a publicação no órgão oficial, se deveria dar conhecimento, em primeira mão, ao presidente Barbosa de Melo. Em 15 de Maio, através dos procedimentos protocolares com pedido escrito, foi solicitado um pedido de audiência. Até hoje, dia 31, nem uma palavra por parte da edilidade foi comunicada para receber esta comissão.

QUANTO VALEM OS COMERCIANTES PARA A CMC?

 Não é preciso ser especulador para entender que, nesta apatia da CMC, estamos perante uma enormíssima falta de respeito e desconsideração para com todos os profissionais do comércio. Era bom lembrar o presidente da edilidade, João Paulo Barbosa de Melo, que esta classe, nas últimas décadas, mesmo prosseguindo o seu legítimo interesse egoísta, ajudou a desenvolver a cidade. Os mercadores, ao longo dos séculos, foram sempre uma profissão respeitada e reconhecida. Hoje, sabemos todos, a maioria está nas ruas da amargura. Será por isso que a CMC não se digna receber este grupo que visa apenas assegurar um futuro digno e defender os seus colegas? Sim, porque, diz o povo que quando uma pessoa está na miséria até os cães vêm mijar nas rotas alpercatas.
Os comerciantes da qual faço parte não fazem política partidária –aliás essa premissa está bem expressa nos estatutos. Então por que razão o presidente, Barbosa de Melo, que sucedeu a Encarnação, não se demarca do seu antecessor e, mesmo com alguma evidente ambição política, faz diferente? Ou terá medo deste grupo de comerciantes e, neste provocador ignorar, é uma forma de mostrar que estas pessoas não valem um pífaro? Acontece que estes indivíduos, cidadãos, na qual me incluo, não andam nisto pelo protagonismo ou para ganharem dinheiro. Querem levar esta ideia para a frente porque, ao irem em Fevereiro à CMC, tomando o compromisso perante os restantes camaradas de profissão, são pessoas de palavra. Apenas isso. Só isso e nada mais.
No próximo dia 11 de Junho estarei, mais uma vez, no executivo municipal onde, publicamente, direi o que aqui vai escrito. Não se admite esta postura deste executivo, ou outro que venha, perante uma classe que deveria merecer todo o respeito. Bolas, nem que fosse pela política partidária. Para o ano há eleições. Será que se esqueceram?

(TEXTO ENVIADO À CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

PARA UNS PORTUGAL É UMA RELVA, PARA OUTROS UMA CAMA DE ESPINHOS...

Relvas omitiu negócios com Silva Carvalho (Visão)

(IMAGEM DA VISÃO)

(Está explicado porque é que todos querem ir para o poleiro e nunca mais sair de lá...)


"Caso das Secretas

Relvas omitiu negócios com Silva Carvalho (Visão)

A VISÃO desta semana avança que Miguel Relvas não disse toda a verdade na sua primeira audição no Parlamento a propósito das suas relações com Jorge Silva Carvalho."


BOM DIA PESSOAL...

EDITORIAL: CMC, UM DESRESPEITO TOTAL PELO CIDADÃO




Ontem recebi aqui um pedido de divulgação, em jeito de apelo, de José Manuel Aguiar.
Como ressalva de interesses não conheço este senhor nem a parte que, em oposição, o contradita. Pelo que li e por conhecer o seu blogue “Podium Scriptae”, sei que é advogado na cidade. Depois da respectiva cláusula de independência –que me permite mostrar que estou completamente fora deste assunto e que tudo o que vou escrever é com completa autonomia- vamos tentar analisar os factos. Então, sendo advogado –o que torna este caso ainda mais paradigmático-, de que se queixa Dias de Aguiar? Tão só que a Câmara Municipal de Coimbra cumpra um despacho de 22 de Julho de 2011 –não vou descrever aqui de que se trata por, para o caso, ser irrelevante. O que está em causa é que um munícipe de nome José Manuel Aguiar –que por acaso até é advogado, volto a repetir-, pelos vistos, viu o seu direito ser reconhecido em despacho regulamentar. Acontece que a acção executiva, que é da responsabilidade da mesma edilidade, ao que parece, num completo desrespeito total pelo cidadão e aparente modorra, não executa a ordem que, pasme-se, advém dos seus próprios serviços.
Pelo costume, ou melhor, pelo mau costume, normalmente quando temos conhecimento de casos análogos que se passam com os outros nossos vizinhos assobiamos para o lado como se isso não nos dissesse respeito. Um dia, mais tarde ou mais cedo, poderemos ter um problema idêntico connosco, com a nossa família. Poderemos invocar a solidariedade de alguém se não nos importámos quando o “outro” estava em dificuldades? Não estou aqui armado em moralista, ou padre de paróquia –com todo o respeito por estes. O que digo e afirmo é que a Câmara Municipal é nossa. Isto é, os seus membros institucionais, desde a Assembleia Municipal até ao Executivo são eleitos por nós. Mais, os seus funcionários são públicos – o que quer dizer que, pelo procedimento administrativo, mesmo visando a conveniência individual privada, acima de tudo, nas decisões, deve prevalecer o interesse geral de toda a comunidade- e são pagos por todos nós. Logo, sempre que os direitos de um qualquer cidadão estejam a ser violados, se nós fôssemos verdadeiros “civitas”, entenderíamos esta afronta como se fosse a nós mesmos e não permitiríamos que acontecesse. Não tenhamos dúvidas de que as maiorias dos incumprimentos dos muitos serviços públicos acontecem porque nós deixamos que seja assim. Se todos, em espírito solidário, partilhássemos um pouco das dificuldades de todos, as nossas, quando acontecessem, seriam do mesmo modo partilhadas colectivamente e mais leves nas nossas costas.
Em resumo, o que quero dizer é que este desleixo, esta desconsideração, este “deixa correr” da edilidade perante o cidadão José Manuel Aguiar também nos atinge.
Assim sendo, a bem de um relacionamento que se pretende salutar e com base no princípio da confiança, e pugnando por um direito legítimo, solicitamos com urgência que a Câmara Municipal de Coimbra mande cumprir o estipulado.


  


terça-feira, 29 de maio de 2012


UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...





Lapa deixou um novo comentário na sua mensagem "O QUE É QUE SE PASSA COM ISTO?":


 Tratem de repor a legalidade e tirem esta sucata ilegal e construção perigosa, com elevação do solo, com desvio ilegal de águas pluviais provenientes do IC2, ocupando estrada municipal e terreno previamente expropriado por utilidade pública.
Nunca pensei que depois de ter contribuído para a edificação de duas estátuas em Coimbra Leia-se Santo António em Vale de Canas 1996 e monumento aos bombeiros em brasfemes 2011, tivesse este tratamento criminoso por parte da CMC.
O respeitinho é muito lindo. Nunca tive qualquer interesse político ou económico nessas iniciativas, portanto, como munícipe, mereço respeito e exijo que cumpram a LEI e os despachos já emanados no processo que se arrasta deste agosto de 2006.
José Manuel de Aguiar



ROSTOS NOSSOS (DES)CONHECIDOS

(IMAGEM DA WEB)


O CLANDESTINO


 Como promessa feita no leito de morte do melhor amigo, diariamente, em passo rápido, com um saco plástico na mão, percorre as ruas estreitas da Baixa da Coimbra. Estanca junto a um velho edifício decrépito que parece não ter vida. Sub-repticiamente, como clandestino em Estado ditatorial, olha em volta em busca de um agente policial. O ambiente está limpo, parece pensar, e avança para a porta esconsa que no canto tem um buraco. É então que, como milagre divino, dois gatos miam em seu redor e os três, em simbiose, homem e animais, em torno da pequena lata de alimento parecem comungar de amor.
O que faz é proibido pelas leis dos homens. Ele sabe, mas não entende. O seu afecto na entrega aos bichos é demasiado profundo e nobre para compreender esta norma legal mas amoral. Mesmo que morra de pena, como fantasma errante, continuará a amar os melhores amigos de todos nós.

ESTA MÚSICA QUE ME ALENTA...




Tenho dias que me apetece pedir ao vento
algo diferente, como uma  canção de amor,
que me faça reviver, me dê força, outro alento,
para atravessar este deserto de estupor,
esta estúpida rotina que  se cola como cimento.

O QUE É QUE SE PASSA COM ISTO?



PORQUE RAZÃO POR PARTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA NÃO FOI DADO CUMPRIMENTO AO DESPACHO DE 22-07-2011? -INTERROGA DIAS DE AGUIAR.

Leia aqui em desenvolvimento no blogue "Podium Scriptae"



(RECEBIDO POR E-MAIL, COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

UM COMENTÁRIO APANHADO HOJE NA RUA ESTREITA



“Fui ao Pingo Doce hoje e não resisti: comprei 9 quilos de salmão. Estava a 3 euros e pouco, quando no Mercado Municipal está a cerca de 9. Ai, coitadas das vendedeiras de peixe do Mercado D. Pedro V! Estes gajos vão rebentar com tudo! –Mas o que é que hei-de fazer? Bem sei que estou a contribuir, mas tenho pouco dinheiro?!”


UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




José Coelho e Silva deixou um novo comentário na sua mensagem "UMA TERTÚLIA NO CAFÉ SANTA CRUZ":


A reabilitação urbana é um factor importante, a médio e longo prazo. Para criar condições atractivas à habitação e comércio são fundamentais espaços amplos de circulação pedonal e rodoviária, de estacionamento, de zonas verdes, de áreas de lazer,... difíceis de conseguir na Baixa sem um plano urbanístico. Ocorre-me o caso de Palma de Maiorca, em que se limitaram ao restauro e a consequência foi a não ocupação habitacional.


REUNIÃO NA JUNTA DE FREGUESIA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


No próximo dia 4 de junho, pelas 16h30, na sede da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, vai levar a efeito uma reunião com Basílio Horta e Rui Duarte, deputados à Assembleia da República pelo Partido Socialista.
Segundo a comunicação da agência, "A APBC, consciente da gravíssima crise que atravessamos e as consequências que, da mesma, decorrem para todos nós, tem procurado, pelos meios possíveis, fazer chegar a todos os responsáveis, poder local e central, Governo e oposição, as suas preocupações e reivindicações."
Portanto, meu caro leitor, se é comerciante, faça o favor de marcar presença e diga lá de sua justiça. Se você não comparecer, obviamente, está de ver que não tem dificuldades.

ARRE!... QUE FOI DIFÍCIL!

(IMAGEM DA WEB)



Proposta


O ministro da Solidariedade e da Segurança Social disse hoje, em Santarém, que espera discutir com os parceiros sociais, ainda em junho, o sistema de proteção social para pequenos e médios empresários e comerciantes.

LEIA AQUI.


AOS ASSOCIADOS DOS BOMBEIROS



Caros Sócios e Amigos

 Dando continuidade à política de abertura e interacção com a comunidade, seguida pela Direcção desta Associação, e, ainda, na procura de fontes de financiamento que permitam garantir, em particular, a operacionalidade do seu Corpo de Bombeiros Voluntários, foi possível acordar uma parceira com a Agência de Espinho, da Empresa de Consultadoria Imobiliária e Financeira - Decisões e Soluções.

Trata-se, em concreto, desta Associação facultar informação sobre produtos comercializados pela Agência de Espinho da referida empresa, particularmente do cartão de crédito ATITUDE - que apresenta um conjunto de características que entendemos poderem ser de grande utilidade para os associados da Associação, revertendo para os Bombeiros Voluntários de Coimbra um donativo de 20 (vinte) euros por cada cartão que venha a ser activado no âmbito do Protocolo que vamos celebrar.

Dado o interesse desta iniciativa para a Associação e para os sócios, vimos convidar V.ª Ex.ª para assistir à assinatura do referido Protocolo, que vai ter lugar na sede desta Associação - Av. Fernão de Magalhães, 179 - Coimbra, no próximo dia 29 de Maio pelas 16,30 horas, após o que serão prestados todos os esclarecimentos tidos por pertinentes.

Gostaríamos de sublinhar o facto de estarmos a falar de uma parceria a celebrar com uma empresa fora do Concelho de Coimbra mas que entendeu reconhecer na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra uma instituição merecedora da sua atenção e do apoio numa ATITUDE que é de reconhecer e louvar.
Nota: Aproveita-se esta oportunidade para divulgar de novo, em anexo, a lista de estabelecimentos comerciais e empresas com que esta Associação tem protocolos de colaboração e que praticam condições de atendimento mais favoráveis para os sócios.

João Silva
Presidente da Direcção

Ajude-nos a ajudá-lo, sem gastar um cêntimo!
Na sua Declaração de IRS - Anexo H - Quadro 9,  assinale com um X "Instituições de particulares de Solidariedade Social ou pessoas Colectivas de Utilidade Pública" e no campo 901 indique no NIPC  o n.º 501217240.
Com este ato solidário - que não tem qualquer reflexo no valor do seu IRS -, está  a ajudar os Bombeiros Voluntários de Coimbra.

A VALISE ESTÁ EM REMODELAÇÃO?




 Hoje alguns colegas, talvez pensando que eu serei presciente, ou talvez que tenho pouca vergonha para perguntar, interrogaram-me sobre o facto de a sapataria Valise, na Rua Adelino Veiga, desde manhã, se encontrar com papéis nas montras e a ser esvaziada do recheio. Alguns enfatizavam: “ó pá, já viste?! Não me digas que a Valise encerrou uma das suas duas sapatarias na rua do poeta morto?! “C’um” caraças, se continua assim, um dia destes, aquela artéria é um verdadeiro cemitério de lojas encerradas?!”
Fui então indagar, falei com um funcionário da casa –que não vou identificar e que me disse o seguinte: “não senhor! Não vamos nada fechar! O que acontece é que iremos fazer uma remodelação e abrir outra vez com sapatos!” –eu insisti, mas é mesmo verdade o que me contas? “Claro que sim! Posso garantir-te que vai reabri com sapatos e connosco na mesma aqui.”

UMA IMAGEM POR ACASO...


UM VÍDEO QUE TODOS DEVEMOS VISIONAR... (ANTES QUE SEJA APAGADO!)

NO PRÓXIMO DIA 31 ESTAREMOS NO CAFÉ SANTA CRUZ





 Não é só  por estar pessoalmente empenhada nesta causa cidadã, mas também porque todos devemos procurar esclarecer, em diálogo,  tantas dúvidas neste tempo de grande incerteza. Estou a convidar-vos para contribuírem com a v/ presença, o que, naturalmente, animará o debate necessário e dará  alento a quem anda empenhado nesta missão de dinamização e divulgação pelo país.
Conforme folheto anexo, o encontro é na quinta-feira, dia 31, pelas 21h00, em Coimbra, no café Santa Cruz, que, gentil e graciosamente, disponibiliza as instalações e som.
Estará a moderar o encontro e o debate que se seguirá o Prof.  Doutor José Castro Caldas, do CES-Coimbra, contando também com a presença do Prof. Doutor José Reis, presidente da Faculdade de Economia de Coimbra, ambos pertencentes à “Comissão de Auditoria Cidadã À Divida”.
Não faltem, por favor. Peço também que divulguem o mais possível aos vossos contactos.
Para quem quiser informar-se mais detalhadamente fica o site  www.auditoriacidada.info 
Saudações cidadãs
Olinda Lousã

(RECEBIDO POR E-MAIL COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO)

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


Jorge neves deixou um novo comentário na sua mensagem "NOS HUC ESTÁ MUITO DIFÍCIL SER GADO! COMO SERÃO TR...":


Posso considerar que sou um sortudo, sempre que tenho de ir às urgências sou muito bem atendido, mas já a minha esposa tem razões de queixa.
Existe falta de profissionais em todas as áreas.

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Jorge neves deixou um novo comentário na sua mensagem "UMA TERTÚLIA NO CAFÉ SANTA CRUZ":


Só fiquei a saber desta Tertúlia aqui pelo blogue, não sei como me escapou este evento, mas deixo aqui a minha contribuição :

Esta é a minha maneira de estar na sociedade e o meu contributo para tirar Coimbra do marasmo, mais especificamente o nosso Centro Histórico. O que defendo é um projeto dinâmico, coeso e real, que lute por um futuro mais solidário, mais reflexivo, ativo e de igualdade.
Sem espírito jovem, sem entusiasmo e alegria, sem sonhos e até irreverências e desafios, este projeto nunca passará de um sonho e não teria sentido.
Nesta ideia cada pessoa (residente, comerciante, empregado de comércio, estudante e visitante) tem o seu papel, a sua importância e a sua responsabilidade.
Aposto numa troca de ideias constante, numa energia infinita, na promoção do que temos de melhor para oferecer, na atualização e aquisição de conhecimentos, na realização de atividades que demonstrem o quanto o nosso Centro Histórico é unido e energético.
É necessário uma equipa jovem, séria, culta, empreendedora e conhecedora da realidade da Baixa, a qual se proponha trabalhar, abraçando novos desafios no sentido da melhoria constante da qualidade do serviço prestado à população
E necessário que se exija uma articulação permanente com a Câmara Municipal e as juntas de freguesia desta zona, no sentido de haver uma conjugação de esforços e uma sintonia abrangente entre as instituições para melhorarmos a ação das juntas nas diversas atividades, nomeadamente na ação social, habitação, educação, saúde, lazer, ambiente, serviços urbanos, cultura e desporto.
É com o espírito de rebeldia que o meu “sonho” abrange todas as classes sociais para desenvolver projetos que melhorem o nível de vida de todos e dinamizando atividades para a população mais idosa, sem nunca esquecer, pelo contrário, os jovens, trabalhando com convicção para criar melhores condições para os incentivar a se fixarem e participarem no Centro Histórico.
Considero por todas as razões, que com boa vontade e uma melhor gestão de recursos humanos e financeiros é possível ajudar esta zona velha a ficar cada vez mais desenvolvida e com futuro.
Este meu sonho/projeto encontra-se aberto a todas as opiniões que me fizerem chegar, no sentido de todos poderemos contribuir para a concretização de um amanhã cada vez melhor para todos nós.

- Identificação de zonas de habitação, cultura, lazer, comércio;
- Recuperação do Centro Histórico como espaço comercial e habitacional para estudantes e famílias jovens com rendas controladas;
- Recuperação habitações ou a demolição das mais degradadas que tecnicamente não seja viável a sua recuperação;
- Criação de condições de apoio a famílias;
- Residências universitárias;
- Revitalização do centro histórico para a cultura e lazer;
- Alojar associações em espaços do Centro Histórico, criando condições para articular atividades;
- Eventos envolvendo habitantes do centro histórico;
- Colaboração com grupos teatro e associações culturais;
- Espaços de lazer ( a serem criados com a demolição de prédios bastante degradados) devidamente enquadrado com o espaço habitacional;
- Cinema ao ar livre;
- Harmonizar eventos estabelecidos, criando sinergias com o objetivo de criar dois sábados do mês como dias "Vive o Centro";
- Apoio ao reforço da qualidade de vida e dignidade da população "aprisionada";
- Levantamento de situações mais graves;
- Construção de uma Ponte pedonal entre o Estádio Universitário e a Estação Nova;
- Requalificar a zona da venda de peixe do Mercado Municipal para uma zona de bares e diversão.

domingo, 27 de maio de 2012


PARA RELAXAR...

NOS HUC ESTÁ MUITO DIFÍCIL SER GADO! COMO SERÃO TRATADAS AS PESSOAS?

(Imagem da Web)


(RETIRADO DO FACEBOOK, COM A DEVIDA VÉNIA, E COM ALGUNS ARRANJOS ESTILÍSTICOS, MAS SEM ALTERAR O SENTIDO DO TEXTO)


Coimbra, 26 de maio, de 2012, por volta das 21 horas!

Entro no Hospital da Universidade de Coimbra (HUC) e dirijo-me imediatamente ao guichet de atendimento. Lá dentro duas funcionárias discutiam entre si, calmamente, o horário e os turnos que ambas teriam de suportar numa semana próxima. Olhei para trás e para os lados e só estava eu ali para ser atendido. Falavam disto, daquilo, e eu não era mais que uma miragem. Passei ali cerca de 10 minutos a olhar para a indiferença pela minha pessoa por parte destas duas profissionais de tarimba. Bolas, pá! Pensei. Eu até reclamava, mas nem consigo abrir a boca com tantas dores que aqui trago num dente. Por fim, uma delas lá se sentou e pediu-me o cartão de cidadão. Com tanta dor enganei-me e dei-lhe a carta de condução…
-Ó senhor, tenha lá paciência! Não traz consigo outra identificação? Olha, ó Carmo, vem aqui tu que eu já estou farta disto!
A outra senhora, quente como um glaciar, lá pegou no cartão de cidadão e perguntou:
- Então, de que é que se queixa?
 Apontei para o abcesso que quase me desfigurava a cara.
Perguntou isto, aquilo, mais aqueloutro e eu lá ia respondendo a custo.
-Agora vá ali para dentro, para a sala de triagem, que alguém o irá chamar!
Porreiro, pensei, destas já me livrei! Ao fim de cerca de meia hora lá fui chamado e entrei. Então, numa espiral de acontecimentos rocambolescos, que ao fim desta desventura me levaram a pensar se não estaria na urgência de um qualquer hospital de um país sul-americano, em plenos anos de 1970, lá fui chamado.
-Então é do dente não é? -Interrogaram. Olhe, o serviço de estomatologia só passará a funcionar aqui a partir de 2ª feira, pelo que temos de o enviar, a si, e a outras 3 pessoas numa ambulância para o Hospital dos Covões, sendo que a partir desta segunda este serviço será extinto naquele hospital e tudo passará para aqui para os HUC.
Avisei a minha Margarida e o meu Tiago: -Olhem, passa-se isto assim, assim, e é melhor irem já para os Covões, que eu já lá irei ter!
Esperei junto a um ancião que tinha a boca toda ensanguentada e estava ali desde as 8h00 da manhã! Ao ver tal moldura, perguntei a uma enfermeira que passava, porque razão ali estava aquele homem naquelas condições e ninguém tivera pelo menos a preocupação de verificar o estado daquele ser humano, e, pelo menos, ir limpando aquele sangue.
-Eu entrei agora, já vou tentar saber! –atirou a profissional de saúde.
Nunca mais vi esta senhora enfermeira! Passou-se mais algum tempo até que me levantei e pedi uma gaze num balcão em frente. Deram-ma! Molhei-a em água e limpei o rosto do acidentado que me agradeceu vivamente, dizendo que não percebia o que lhe tinha acontecido.
-Comecei a sangrar de repente, e vim aqui. Até agora a única coisa que me disseram foi para esperar. Somos uns sacos velhos que para aqui andamos de um lado para o outro! Retorquiu o homem com tristeza.
Ao fim de cerca de mais uma hora lá nos chamaram para irmos para a ambulância que nos levaria aos Covões! O condutor, homem de meia idade, barafustava com a enfermeira que nos iria acompanhar:
-Bolas, Ana! Pá, são precisas três horas para colocar 3 pessoas dentro da ambulância?
-Ó António, que é que tu queres? Eu estou aqui sozinha, e, afinal, não são só três, são quatro. Estou á espera de uma senhora que tem problemas psiquiátricos e que temos, antes de ir aos Covões, de deixar em Celas! –Defendeu-se a enfermeira.
Já dentro da ambulância esperámos mais uma hora. A dita senhora, alegadamente com problemas psíquicos, era muito problemática e andava de muletas! Enquanto caminhava, ia despejando impropérios contra o mundo e todos os seres que nele habitavam, e demorou bastante a chegar até nós.
- Filhos deste e daquele –despejava veneno. Eu não preciso de ajuda para subir para a ambulância! Seus crápulas, “bandalhos”, ando aqui a sofrer há mais de 40 anos e estou-me bem marimbando para todos vós, corja de incompetentes! –Semeava a mulher ao vento.
Não deixei de pensar que esta senhora, pelos vistos doente psiquiátrica, era a voz da razão de todos nós, que feitos ovelhas lá íamos moendo as dores em silêncio! Nisto vem a correr a funcionária que me atendeu no guichet, que tinha passado o trabalho à outra, e interrogou:
-O senhor Óscar Dinis? Indagou.
-Sou eu –Respondi.
 -O senhor não pagou a taxa moderadora! São 20 euros e mais uns trocos!...
Não conseguindo irritar-me devido ao estado febril em que já me encontrava, disse-lhe:
-Taxa moderadora de quê minha senhora? A única coisa que até agora tive de assistência médica foi ter de esperar mais de 2 horas aí dentro e mais uma na ambulância!
-Então paga depois, é? Enfatizou.
Não quis retorquir mais. Levantei-me do assento do veículo hospitalar e fui com a senhora ao guichet fazer o pagamento!
-Pronto! Agora já pode seguir! -Disse, zelosa do seu profissionalismo. Não deixei de sentir que houve por ali, naquela alma, a soberba sensação de quem apanha um caloteiro!
Após paragem em Celas para deixar a tal doente mental –diziam que era, mas fiquei com dúvidas-, lá fomos para os Covões!
-Têm todos o cinto posto? Temos de ser rigorosos! Ponham lá o cinto se fazem favor! –Retorquiu o condutor numa espécie de ladainha que, verdadeiramente, ninguém levou a sério.
Aquelas palavras, ditas assim, com aquele descaramento, bateram-me forte, isto é, deixaram-me a reflectir. Afinal, sempre havia rigor e firmeza em algum ponto desta história -senti-me como aquele aluno da 1ª classe que sem ter feito mácula alguma, e estando a ser vítima de várias incompetências, ainda levou uma esfrega daquelas, porque não tinha o cinto posto! Não pude deixar de pensar: "temos de ser rigorosos!".
Cheguei aos Covões por volta da meia-noite. Mais uma vez, mais do mesmo: triagem, espera e por fim, ao cabo de algum tempo, lá um doutor me chamou!
-Tem isso muito infectado. Vou dar-lhe um antibiótico e uns comprimidos para as dores e depois passa cá na 2ª feira. Se for caso disso, e se estiver em condições, retiro-lhe o dente! Abismado, olhando fixamente o médico, disse:
-Pois, ó doutor, na 2ª feira? Pelo que sei, neste dia este serviço será incorporado no hospital central, nos HUC! –Remoí com alguma indisfarçável secura.
O homem olhou para mim incrédulo:
-O quê? É já na 2ª feira?...
Levantou-se que nem uma mola e foi perguntar a alguém num corredor contiguo à sala onde me encontrava. Entrou minutos depois e disse:
-Olhe, se calhar, então é melhor apresentar-se nos HUC... leva este papelinho e depois lá deverá ser direcionado ao serviço de estomatologia!
Moral da história: gastei 40 euros, e 4 horas. Trouxe o dente, e também um receituário que me haverá de ficar mais oneroso ainda!
Segunda-feira vou a um dentista na Baixa de Coimbra... e, tenho a certeza, vou pagar mais 40 euros... mas, decerto, desta vez, não trarei este maldito dente, nem entrarei em lista de espera. Assim no género do “espera e daqui vais para ali, para acolá e continuas a esperar!". Isso acabou!

Óscar Dinis

(Peço desculpa pela escrita, que pode ser pouco coerente... mas dói-me o dente!)

sábado, 26 de maio de 2012

E FOI DIA DE FEIRA DE VELHARIAS...




É sábado, são 5h30 da manhã, o senhor Joaquim e a esposa estacionam a carrinha no largo da cidade, mais vulgarmente conhecido por Praça Velha. Se as pedras centenárias da calçada falassem... (clique aqui em cima para continuar a ler) 

HOJE HOUVE MAIAS NA BAIXA


UMA TERTÚLIA NO CAFÉ SANTA CRUZ


 Ontem, cerca das 21h30, promovida pelo Lions Cube de Coimbra e as juntas de freguesia da Baixa, Santa Cruz e São Bartolomeu, realizou-se a 2ª Tertúlia sobre o lema “Coimbra Património Mundial da Humanidade” e com o tema “E nós, cidadãos, o que poderemos fazer pela Baixa de Coimbra?”
Perante uma assistência pluridisciplinar, dividida entre muitos comerciantes –que contrariamente ao primeiro evento ocorrido no BeFado, na Rua Adelino Veiga, desta vez, comparticiparam-, e outras personalidades públicas, como Paulo Craveiro, professor Canha, Sidónio Simões, etc.
Se na primeira tertúlia esteve presente o presidente da Câmara Municipal, Barbosa de Melo, desta vez, nem ele nem qualquer vereador ou deputado à Assembleia Municipal marcaram presença –exceptuando os dois presidentes das juntas de freguesia de Santa Cruz e São Bartolomeu, respectivamente Pinto dos Santos e Carlos Clemente, que faziam parte da organização. De qualquer modo, a meu ver, correu muito bem este encontro. Saber se o que foi explanado trará alguns resultados futuros não se sabe. De qualquer modo cada um expressou o que lhe ia na alma, e, goste-se ou não, só por isso, numa cidade onde raramente se fazem tertúlias deste género, estão todos de parabéns.

E O QUE DISSERAM OS PRESENTES?

 Hélder Rodrigues, representante do Lions Clube de Coimbra, abriu a iniciativa. Começou por dizer que com o provável reconhecimento de “Coimbra Património da Humanidade a cidade ficará a ser mais conhecida e atrairá novos turistas, que aqui ficarão um, dois, três dias” –contrariamente ao que se passa hoje, que permanecem, em média, uma noite apenas. Disse ainda que “a questão da cidadania em Coimbra é muito importante na Baixa de Coimbra. Os pequenos pormenores são os que marcam a diferença, como, por exemplo, o relógio da Estação Nova, que está parado. É preciso pôr as mãos na massa.”

Pinto dos Santos, presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, falou a seguir. Disse que “os toxicodependentes e a prostituição estão a mais na Baixa. Desde que os toxicodependentes foram para o Terreiro da Erva esta zona passou a ser um problema. Quanto aos arrumadores, a culpa é da autarquia que não faz cumprir o seu próprio regulamento. Além disso, como é possível, hoje, haver tantos sem-abrigo na Baixa? Há instituições que vivem à custa dos sem-abrigo. Enquanto houver carrinhas a distribuírem preservativos, chá, café e comida jamais deixará de haver desabrigados. A comunicação social dá cabo da Baixa. Há um pequeno roubo de esticão aí numa rua, logo, em vez de identificarem apenas o lugar, é noticiado: “assalto na Baixa”. O leitor pensa: “não vou para lá porque aquilo é o faroeste. Por outro lado, noutro tempo, a Câmara Municipal não deveria ter autorizado a transformação dos andares superiores por cima das lojas em armazéns e escritórios de profissões liberais.”

Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, foi o orador seguinte. “Sou o autarca que melhor conhece a Baixa, de canto a canto, de rua a rua. O comércio da Baixa passa por uma crise, mas é geral. Os comerciantes da zona têm de acompanhar os tempos. É uma vergonha verificar que as montras estão apagadas durante a noite. Por parte dos proprietários, é mais fácil fechar a loja do que baixar as rendas. Dou um exemplo: um amigo meu pretendeu arrendar uma loja, aqui na Rua Ferreira Borges, pediram-lhe de renda 5000 euros por mês. Na Rua Eduardo Coelho, pedem 1500 euros. Isto é um absurdo. Na hotelaria é outro problema. A esta hora (cerca das 22h30) os cafés estão praticamente todos fechados. Salvam-se este, o Santa Cruz e pouco mais. As esplanadas não pagam nada de taxas. Apresentei uma proposta na Câmara, em que, para usufruir desta gratuitidade, em troca, teriam de estar a funcionar até às 23, 24 horas –não obtive resposta. Por parte do comércio é a mesma coisa: às 18h55 estão todos com a chave na porta. Eu próprio já tive uma experiência destas. Acabei por não comprar quando a empregada começou a olhar para o relógio. É imperdoável que o Museu Municipal do Chiado esteja encerrado ao sábado.
Pegando nas palavras do meu colega Pinto dos Santos, também concordo que a comunicação social contribui para este sentimento geral de insegurança. Sei de assaltos dentro das grandes superfícies e nunca vêm para os jornais. Aqui vem tudo.”

Norberto Canha, ex-director dos HUC, foi o arguente seguinte. “A Baixa tem de ser o centro da segurança em Coimbra. Eu venho à Baixa, vou estacionar e se não der gorjeta ao arrumador posso ser confrontado com uma desagradável surpresa no carro.”

Cremilde Simões, membro do Lions, disse que a Praça do Comércio tem duas belíssimas igrejas. Os templos, na Baixa, estão encerrados porque não se pode pagar a pessoas para as guardar. Tem havido caixas de esmolas violadas.”

Paulo Mendes, presidente da ACIC, Associação comercial e Industrial de Coimbra, interveio a seguir. “já estamos habituados ao senhor Clemente fazer apartes sobre os comerciantes. A questão da Avenida Central está projectada há 70/80 anos. O trânsito é um problema porque esta zona não tem perpendiculares. O assunto do arrendamento comercial é outro problema porque os proprietários, com as novas rendas, tentam recuperar o que perderam durante décadas. Obviamente que faltam aqui residentes, que só virão quando os prédios estiverem restaurados.”

Carlos Clemente, na mesa, interveio: “sempre fui comerciante e sei do que falo. O Pedro, da “Xangai”, por exemplo, modernizou o seu estabelecimento.”

Hélder Rodrigues enfatiza a seguir: “temos de continuar com estes encontros. São muito importantes para a Baixa. Dizia-me o Lúcio: vou recuperar as tertúlias da Brasileira.”

TEMPO PARA PUBLICIDADE

 António Pinto dos Santos, aproveitando o momento e o facto da reunião, faz publicidade ao livro comparticipado pela Junta de Freguesia de Santa Cruz: “comprem, comprem, que é muito bom, está muito bem escrito, e fala da Baixa. Podem adquiri-lo na junta.”, apregoou a todos os santos e pecadores.

Victor Marques, um dos sócios do vetusto café Santa Cruz, aproveitando a boleia, fez também propaganda ao velho estabelecimento.

CONTINUA O PROGRAMA

 Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, enfatizou: “Quando ouço dizer mal da Baixa fico doido. Onde é que há um centro comercial que tenha este espaço? Os jornalistas querem que se diga mal da Baixa para se vender os jornais. Recebi um e-mail do Brasil, onde uma senhora dizia: “vou levar a minha mãe à cidade porque fiquei a amar Coimbra”. Continua o Armindo, “Estou aqui há 30 anos e não tenho nem nunca tive medo de andar por aqui. Temos todos de elevar a Baixa.”

António Pinto dos Santos atalhou: “temos de cuidar do barulho que os estudantes fazem por aqui. E evitar as grandes bebedeiras estudantis. Está a ser um exagero. Não é isto que interessa à Baixa. Precisamos é de moradores a tempo inteiro."

A seguir falou Miguel Matias: “o BeCoimbra nasce de um projecto para revitalizar a Baixa, residências para alunos que vêm do estrangeiro. Temos outros planos para criar projectos-âncora para esta zona e de acordo com a Universidade. Até ao final de 2013 pensamos poder ter 500 camas. Queremos fazer da Baixa um bairro residencial.”

José da Costa, da ourivesaria com o mesmo nome, explanou os seus pontos de vista: “nasci aqui há 80 anos, na freguesia de Santa Cruz. Há muitos anos, num congresso de 400 comerciantes, disse a um ministro que Coimbra apanhava as migalhas do resto do país. Agora é igual, tudo continua na mesma.”
Virando-se para o lado onde estava Paulo Mendes, presidente da ACIC, atirou: “Eu não sei se ainda existe a ACIC. Não sei o que é que o senhor presidente da associação anda a fazer. Ele abandonou os comerciantes. O sector comercial da ACIC não existe. Por outro lado, verifica-se aqui na Baixa, o turismo está fechado ao sábado –portanto, muito pior do que o Museu do Chiado. Parabéns Coimbra; parabéns à Académica; parabéns à Baixa.”

Aurélia, funcionária da Câmara Municipal de Coimbra, técnica da Casa da Cultura, e tesoureira da Junta de Freguesia de Santa Cruz, disse o seguinte: “todos batem na Câmara. Não podemos esquecer o contributo da autarquia, ainda agora, na Festa da Flor -só eu sei o quanto custa organizar isto. Pela primeira vez deparei-me com o envolvimento de alguns comerciantes neste evento. É a partir de aqui que se caminha para o melhor desta Baixa de Coimbra.”

José Madeira, proprietário do hotel Oslo, desabafou a seguir: “há autarcas que colocam vazos com flores em certas ruas… Na Rua da Sota estão lá sempre os mesmo carros estacionados. Esta rua deveria ser interdita ao trânsito durante o dia. Só à noite é que deveria ser permitido circular e estacionar nesta artéria. Ando por aqui muitas vezes até às 2h00 e nunca tive medo, nem qualquer dificuldade. Aquele Largo das Ameias é um problema com as mulheres da vida. Sentam-se por lá, assediam as pessoas, não pode ser! No tempo de Salazar havia casas para estas senhoras estarem.”

SURPRESA DA NOITE

 Sem que nem mesmo os prescientes adivinhassem, o caso da noite foi quando, pé-ante-pé, o ex-presidente da edilidade, Carlos Encarnação, atravessou a sala e se foi sentar lá à frente. Nos rostos dos presentes foi notório um “ah” silencioso, que se tornou barulhento exactamente porque não se ouviu. Apenas se notou no desviar da cabeça da assistência, que não estava à espera. Resultado: como o ataque é a melhor defesa da raposa, com Encarnação sentado já ninguém aflorou o problema do Metro Ligeiro de Superfície, sobretudo no adiamento e prejuízo que está a causar a Coimbra e às gentes de Miranda/Lousã.

A SENTENÇA DE MORTE DO MENSAGEIRO

 Como já é hábito, sempre que se juntam comerciantes, lá vem à baila a comunicação social. No entender da maioria, a imprensa não deveria noticiar os assaltos que ocorrem no Centro Histórico. É caso para interrogar –e por acaso eu disse lá isto- se não deveríamos matar o mensageiro. É caso para perguntar se os jornais e outros meios de informação –que se limitam a noticiar, já que não fazem a notícia- antes de publicarem alguma coisa, se calhar, deveriam telefonar a alguém da zona e inquirirem: “olhe lá, podemos publicar aquele assalto ali na esquina?”
Sou comerciante como muitos, mas, sem me dirigir a ninguém em especial, confesso, não tenho paciência para a estupidez de quem defende este tipo de triagem. É certo que sinto na pele o mesmo que os jornais porque, embora sem expressão, não deixo de ser um órgão de informação local e, por isso mesmo, tenho uma visão diferente. Tal como disse, resumidamente lá na tertúlia, aqui na Baixa passa-se uma coisa muito interessante: quando são os outros a serem assaltados, a bem do colectivo, o próprio defende que se deve esconder a notícia, mas quando o mesmo se passa com ele, imediatamente, liga para os jornais a comunicar e, assim numa espécie de queixume, pede auxílio para o atentado de que foi vítima. Era bom que os comerciantes aceitassem a liberdade de cada um no seu trabalho. Ou seja, os comerciantes vendem; os meliantes assaltam; a polícia investiga; os tribunais julgam; os jornais, ou blogues, noticiam. O que é que isto quer dizer? Simplesmente que cada um desempenha a sua missão. Por mais que concordemos ou não com esta realidade, as coisas são mesmo assim. Não há volta a dar-lhe.

AS PROSTITUTAS QUE INFERNIZAM A MINHA ALMA

 Também é normal, nestes eventos, os comerciantes pugnarem pela expulsão das prostitutas, dos sem-abrigos, dos toxicodependentes e dos ciganos. A maioria, se pudesse, agarrava neles todos e levava-os para o alto-mar e afogava-os. Não quero parecer aqui moralista, mas era bom que as pessoas começassem a aceitar as diferenças de cada um. A cidade é um caldeirão de culturas, usos e costumes, onde, para o bem e para o mal, todos fazem parte deste colectivo e, dentro do respeito que cada um merece enquanto pessoa, temos de o aceitar. O que é preciso, e aqui reside o verdadeiro problema, é trazer mais residentes a tempo inteiro, nomeadamente casais com crianças. Quando isto acontecer, quando toda esta zona estiver repleta de moradores, já não se notarão as classes mais pobres da sociedade –saliento que, embora minimamente, não quer dizer que não esteja de acordo com o que defendem. O que acho é que estão a direccionar mal o queixume, verdadeiramente, não há toxicodependentes, sem-abrigo, prostitutas a mais. O que temos são habitantes a menos, e por isso mesmo os primeiros se tornam mais salientes.
Termino com uma citação de Luís Serra e Silva, presente nesta tertúlia: “é preciso ser parco na crítica e forte no elogio.”