quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

BAIXA: O PAI NATAL DA DISCÓRDIA



 Esta semana, do romper de Dezembro, a Baixa de Coimbra, onde os dias correm demasiadamente pachorrentos para a quadra natalícia que atravessamos, com pouca gente nas ruas e, desta, pouquíssima a comprar, comparativamente a anos anteriores quando nesta época era um fervilhar de gente, foi recheada de dois acontecimentos que provocaram algum alvoroço nos comerciantes e foi conversa obrigatória de mesa de café.
O primeiro caso, logo na 2ª feira, dia 3, começou com uma longa entrevista a Paulo Ramos ao DC –este empresário, com vários estabelecimentos na Baixa, foi, em 2002, numa reunião de comerciantes, numa assembleia da Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC), o mentor da semente que viria a germinar na hoje constituída Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC).
Nesta longa entrevista, este empresário, duma forma clara e implacável, fugindo ao politicamente correcto, àquilo que estamos habituados –que é os comerciantes dizerem em público o contrário daquilo que pensam ou dizem em surdina- verberou corajosamente tudo o que lhe ia na alma, ou seja, o que muitos pensam mas não têm coragem para o afirmar em público. Para uns “ é um exagerado, um “bota-abaixista”, um individualista, que só quer dar nas vistas e, se o deixassem, duma forma ditatorial, faria as coisas à sua maneira sem ouvir ninguém”. Para outros um homem com ideias, que foge ao “stablishement” e que muito pode vir a dar, através da sua forma de estar na vida, com o seu empenho, ao comércio de rua tão necessitado de vozes dissonantes que bradem, sem “papas na língua”, que o rei vai nu, e, contrariamente ao que se pensa, a maioria dos comerciantes vive apenas de aparências, vestidos de uma pobreza envergonhada de meter dó.
O segundo acontecimento surgiu de boca-em-boca na terça-feira à noite. Como rastilho aceso em mecha em direcção à detonação, o “diz-que-disse” correu célere entre ruas e vielas do centro histórico: “o Góis deu de “frosques”, como quem diz fugiu, ao compromisso assumido anteriormente ao presidente da APBC, Armindo Gaspar”. Lembro que em 20 de Novembro, numa longa entrevista a este jornal, o presidente da APBC, entre outras explanações, declarava que “durante a época natalícia, vamos ter na Praça 8 de Maio um projecto muito interessante. Propusemos à ARCA (EUAC –Escola Universitária de Artes de Coimbra) que nos criasse algo que tivesse impacto. Trata-se de um Pai Natal de grande dimensão, com cinco metros de altura, que será colocado na fonte da praça. É um projecto financiado pelo empresário Carlos Góis (…)”.
Posteriormente, para uns, “este gesto era uma pedrada no charco. Ainda bem que havia um comerciante com visão, altruísta, felizmente, bem sucedido, que, neste procedimento, mostrava que não eram uns míseros 2.600 euros que impediam a concretização de uma obra escultórica de grande qualidade e traria à lembrança um Natal melhor para uma Baixa anémica e que atrairia muitas mais pessoas”.
Para outros, inevitavelmente, os frustrados do costume, sempre do contra, as chamadas línguas viperinas, aqueles aquém o sucesso incomoda, exclamavam em surdina:” pois, fez aquilo para dar nas vistas, apenas pela publicidade, ele não dá ponto sem nó. No fim veremos se passa o cheque”.
Ontem, dia 5, em conferência de imprensa, junto ao Café Santa Cruz e com a escultura alegórica ao Pai Natal em fundo, o presidente da APBC, ladeado pelos presidentes das juntas de freguesia de Santa Cruz e de São Bartolomeu e pelo director da ARCA sem nunca citar o nome do empresário Carlos Góis, afirmou que “depois de um comerciante ter garantido que iria suportar o seu custo, anteontem o acordo foi quebrado (…)”.
Ora, em face destas declarações, e até pelo respeito que o empresário Carlos Góis merece dentro da classe a que pertence, é imperioso que este comerciante venha a público dizer o que efectivamente se passou. Caso não o faça, de bandeja, estará a dar razão aos seus detractores que antes deste “qui pro quo” afirmavam que ele apenas estaria interessado na publicidade extraída neste gesto e jamais passaria o cheque a que se comprometera.
Evidentemente, que tenha ou não razão para o seu rompimento –trata-se apenas do esclarecimento público, para o caso é irrelevante- é obrigação de todos os comerciantes da Baixa estarem ao lado da APBC e contribuírem para o pagamento desta belíssima obra. Pelo seu tamanho ou não, sobressai em beleza e obra de arte, nesta polémica de polichinelo.
Parabéns à ARCA.

1 comentário:

Vítor Ramalho disse...

A coisa esta difícil nas ruas da baixa.
Os comerciantes a não saírem da caixinha o grande capital a cair-lhes em cima e depois estes sinais para um lado e depois viram para outro.