segunda-feira, 16 de maio de 2011

MORREU A JEZEQUEL




 Neste fim-de-semana morreu a Jezequel. Sem pompa, sem glória, creio que apenas com um familiar à cabeceira, deu o último suspiro sem alarde.
Só os mais chegados sabiam que sofria de doença incurável, destas doenças de agora, que começam por atacar as cartilagens, depois, progressivamente, afectam a mobilidade e até chegar ao sistema nevrálgico central. Perante a evidência clínica, nem chegou a fazer quimioterapia.
Morreu nova a Jezequel, deveria ter à volta de 30 anos. Chegou a ser famosa por ser vestida pela Fetal -uma grande marca, alegadamente, também afectada e infectada pela mesma doença. E se era boa a Jezequel. Fazia furor na Rua de Sargento-mor...



Quando nasceu nos idos oitenta,
foi um raio de Sol naquela rua,
luz brilhante em tarde cinzenta,
rima em poema, feitiço da Lua;

Era uma criança feliz, Fetal,
alegria nos becos em redor,
acabou o silêncio de catedral
na curta rua de Sargento-mor;

Adeus Jezequel, meu amor,
partiste, morreste, sem avisar,
num Maio triste, sem calor,
viveste até conseguir aguentar.

Agora tudo é tristeza outra vez,
na zona pedonal do escritor Eça,
parece sina, fado de português,
azar de gato preto na travessa;

Um dia, lá longe, para o futuro,
tenho a certeza, irão te recordar,
quando nem um ai se ouvir, auguro,
nessa altura será tarde para gritar.














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