sexta-feira, 31 de agosto de 2018

EDITORIAL: HOJE ENCERRA A PASTELARIA SUIÇA, EM LISBOA

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, pessoas a caminharem e ar livre

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Segundo um post colocado no Facebook, encerra a hoje a Pastelaria Suíça, em Lisboa.
Fundado em 1922, este mítico estabelecimento despede-se dos lisboetas com um “até breve”, isto se vier a reabrir noutro local da capital.
Segundo notícias publicadas, “O encerramento estará relacionado com a venda de todo o quarteirão onde está inserida a Pastelaria Suíça. A notícia é de março — o fundo espanhol Mabel Capital, em que um dos investidores é o tenista Rafael Nadal, comprou todo o quarteirão por 62 milhões de euros, ou seja, cinco mil euros por metro quadrado.
Aqui pela Baixa de Coimbra, o que tinha relevância comercial já claudicou na última década por insuficiência económica, isto é, em muitos casos, o facto de o negócio não estar assente em sede com contrato de arrendamento não impediu o seu encerramento. A conjuntura, com a intervenção da Troika e que forçou a redução drástica dos rendimentos das famílias, foi o vírus que arrasou e levou ao fecho da maioria de negócios em Coimbra.
Pelo facto de já não haver na Baixa qualquer loja que mereça protecção especial, daí entendermos porque, para além das repúblicas estudantis, não haver nenhum pedido na Câmara Municipal de Coimbra para classificação de qualquerLoja com história”.
Mas a marcar toda a diferença há um pequeno detalhe que convém salientar: nem agora com este Governo nem com os anteriores, de Passos Coelho, de Sócrates, de Santana Lopes, Durão Barroso -só lembrando os dos últimos vinte anos-, qualquer deles alguma vez manifestou o mínimo interesse em preservar para memória futura, para os vindouros, os estabelecimentos com história. Qualquer deles, e sobretudo José Sócrates com o Novo Regime de Arrendamento Urbano de 2006, em que o actual primeiro-ministro, António Costa, era o ministro da Administração Interna, limitaram-se a chutar para a frente a bola de trapos cancerígena, com metástases, que já vinha da primeira República. Desde 1910 que o arrendamento tem sido um instrumento de manipulação de inquilinos ao serviço de políticos sem escrúpulos.
Escrevendo sobre o mais recente que se conhece, a partir de Sócrates, em 2006, e passando pela conhecida “Lei Cristas”, de 2012, que descongelou as rendas anteriores a 1990 e estabeleceu uma moratória de cinco anos, que terminava em 2017. Ora, o que fez este actual Governo de António Costa? Mostrando que o Estado não é pessoa de bem e que não cumpre, aumentou o período de transição para mais cinco anos, para 2022.


E O ÓNUS VAI PARA…?


O que está a acontecer com o catastrófico esvaziamento das cidades nas partes habitacional e comercial são o resultado de parcelas numa adição política com mais de um século. É o fruto de uma classe política medíocre, que, falando da apregoada democracia, desde os comunistas, no verão quente de 1975, passando pelo PS e PSD, até ao CDS, por responsabilidade de Assunção Cristas em 2012, elegeram sempre os proprietários como elo mais fraco, uma espécie de patrocinadores sociais dos inquilinos, ocupando por decreto ditatorial o lugar da Segurança Social.
Agora, que o desastre está a destruir cidades inteiras e não há solução, o que fazem os líderes partidários? Acusam-se uns aos outros, ou passam o ónus para os proprietários. E enquanto se guerreiam entre si ou tentam que a culpa morra solteira para distrair o povo, o genocídio continua.
Termino com um vitupério destinado aos políticos, actuais e aos que passaram pelo poder nas últimas décadas, sempre que escrevo sobre arrendamento urbano: VÃO-SE FODER!

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789



Os representantes do povo francês, constituídos em ASSEMBLEIA NACIONAL, considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos Governos, resolveram expor em declaração solene os Direitos naturais, inalienáveis e sagrados do Homem, a fim de que esta declaração, constantemente presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de que os actos do Poder legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Por consequência, a ASSEMBLEIA NACIONAL reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos do Homem e do Cidadão:


Artigo 1º- Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.
Artigo 2º- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Artigo 3º- O princípio de toda a soberania reside essencialmente em a Nação. Nenhuma corporação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que aquela não emane expressamente.
Artigo 4º- A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique outrem: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela Lei.
Artigo 5º- A Lei não proíbe senão as acções prejudiciais à sociedade. Tudo aquilo que não pode ser impedido, e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser castigados; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da Lei deve obedecer imediatamente, senão torna-se culpado de resistência.”
Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Artigo 9º- Todo o acusado se presume inocente até ser declarado culpado e, se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor não necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser severamente reprimido pela Lei.
Artigo 10º- Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida pela Lei.
Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei.
Artigo 12º- A garantia dos direitos do Homem e do Cidadão carece de uma força pública; esta força é, pois, instituída para vantagem de todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Artigo 13º- Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum, que deve ser repartida entre os cidadãos de acordo com as suas possibilidades.
Artigo 14º- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Artigo 15º- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público pela sua administração.
Artigo 16º- Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Artigo 17º- Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir evidentemente e sob condição de justa e prévia indemnização.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

BAIXA: OS TRÊS MOSQUETEIROS




Porque temos de levar com um executivo que não liga nada
ao futuro do centro histórico? Nem com um ideólogo como eu,
sem avença, ao serviço do povo?”


Há cerca de três semanas abriu a Comur, uma lindíssima loja de conservas, no Largo da Portagem.
Dentro de alguns dias vão abrir o restaurante Itália, no antigo espaço da Mango, no início da Ferreira Borges, e o Visconde, Pastelaria, no edifício do desaparecido BES, no princípio da rua Visconde da Luz - este último, sobre responsabilidade da Coimbra Doce, uma marca sobejamente conhecida na cidade, para além de ser alojamento local nos andares superiores, vai ter serviços de café no rés-do-chão e restaurante no primeiro andar. Para além disso, alegadamente, vai ter fabrico de pastelaria e de geladaria.
Ou seja, se levarmos em conta que estes três estabelecimentos ficam no percurso entre a Praça 8 de Maio e o Largo da Portagem, no canal turístico de excelência da cidade, um no princípio, outro a meio e outro na ponta, e tomando em conta a importância dos investidores destes negócios, facilmente se constata que, a partir do momento em que estejam em plena actividade, nada voltará a ser como dantes. Por outras palavras, com a loja Comur a ter um horário diário entre as 10h00 e as 22h00 e, como se adivinha, certamente os que vão entrar nesta corrida de desenvolvimento irão segui-lhe os passos, temos em marcha um motor de arranque para a Baixa.
Por outras palavras, recorrendo a metáfora, temos aí "Os Três Mosqueteiros” a revolucionar o situacionismo palaciano. Mas como os lutadores ao serviço do Rei eram realmente quatro e não três falta um. E quem vai ser o quarto? A INCM, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, que vai deixar as instalações da Avenida Fernão de Magalhães e vai mudar proximamente para a Rua Visconde da Luz, no antigo espaço do Totta & Açores.
Mas nem tudo começa e acaba aqui. Faltam projecções para quem vai seguir os mosqueteiros ao serviço do Rei - e quem será este Rei?
Para ser a cereja em cima do bolo, era óptimo se o prédio do antigo Banco Nacional Ultramarino e recentemente encerrado pela Caixa Geral de Depósitos fosse transformado em centro comercial, uma espécie de “Via Catarina” da rua com o mesmo nome, no Porto, com grandes marcas desaparecidas e um Mc Donalds – lembramos que foi recentemente inaugurado um destes franchisados no Alma Shopping. É certo que já temos um junto à antiga Rodoviária Nacional, mas não é a mesma coisa. Precisamos de mais um no centro da Baixa. Relembro que o edifício pertença da Caixa Geral de Depósitos, para além da exposição fantástica para a Rua Ferreira Borges, tem frente para a Praça do Comércio.
Seguindo o mesmo pensamento, era bom que a Câmara Municipal de Coimbra, que é proprietária do edifício ao lado daquele da Caixa Geral de Depósitos, na Rua Ferreira Borges, e que o mantém encerrado há vários anos, desse o exemplo no repovoamento e revitalização da Baixa.
Porque temos de levar com um executivo que não liga nada ao futuro do centro histórico? Nem com um ideólogo como eu, sem avença, ao serviço do povo?
Esta apatia será castigo de Dom Afonso I?


BAIXA: SILÊNCIO, QUE SE CANTOU MUITO BEM O FADO!






Ontem à noite, inserido na temática “Noites de Música no Coração da Cidade de Coimbra” e n’”A Rota das Tabernas”, numa realização conjunta entre a Câmara Municipal de Coimbra, Casa Municipal da Cultura, e a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, com jantar servido pelo restaurante Padaria Popular, assistiu-se a um memorável espectáculo de fado proporcionado por um fantástico grupo instrumental e voz.
Parabéns aos organizadores. Quando quiserem, com o mesmo meticuloso arranjo, façam o favor de repetir. A Baixa, com os seus residentes e amigos à cabeça, agradecem.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

EDITORIAL: ESTES ELEITOS FAZEM-ME ERIÇAR OS CABELOS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Não se pode demitir estas pessoas por inépcia, pois não?
Então, nesse caso, façam um favor à cidade que os elegeu:
abandonem o cargo com o máximo de urgência!


1 - Conforme foi público em notícia, alegadamente, em Julho o primeiro-ministro lançou os concursos para as obras de requalificação do IP3, que liga Coimbra a Viseu. Segundo o anunciado, num investimento de 134 milhões de euros, em construção prevista para o ano, em 2019, vão realizar-se sobre os 75 quilómetros do IP3 e transformar 85% da estrada em perfil de auto-estrada, sem portagens e com duas faixas.
2 – Ontem, no executivo municipal, numa inédita aliança (que pelo precedente até se elogiava se fosse bem sucedida), o movimento Somos Coimbra aliados à coligação Mais Coimbra (PSD/CDS-PP/PPM/MPT) apresentaram uma proposta para que o município defendesse a construção de uma auto-estrada em vez de apoiar a reconstrução do Itinerário Principal entre Coimbra e Viseu.
3 – Passando à frente da análise sobre se é certo ou errado o que a oposição em bloco pugnava – já que isso ficará sempre no campo subjectivo de cada um – vou incidir sobre o comportamento dos partidos institucionais na hora da votação. Lembro que a proposta foi apresentada pelo movimento Somos Coimbra e a coligação Mais Coimbra.
4 – Segundo os jornais da cidade, nomeadamente o Notícias de Coimbra, “(…) A proposta foi chumbada com quatro votos contra do PS e um da CDU, numa altura em que Manuel Machado estava ausente da sala das sessões.
Aqui podemos perguntar: a que título é que o presidente do executivo se ausentou? Foi por uma razão aceitável? Até poderia ter sido, mas cheira a estratégia, a fazer lembrar a falta do vereador comunista, Francisco Queirós, numa recente votação importante para a cidade.
5 – Passemos aos vereadores da oposição. E citemos novamente o Notícias de Coimbra: “A favor votaram os dois vereadores do movimento Somos Coimbra (José Manuel Silva e Ana Bastos) e Madalena Abreu da coligação Mais Coimbra.
Paulo Leitão, da coligação Mais Coimbra, não esteve presente nesta reunião, nem foi substituído, pelo que a coligação ficou reduzida a 3 representantes.
Registou-se ainda uma abstenção de Paula Pego, da coligação Mais Coimbra, uma das forças políticas subscritoras do documento!
6 – Ou seja: um dos promotores da iniciativa em forma de proposta, a coligação Mais Coimbra, não teve um vereador presente, Paulo Leitão, e outra sua representante, Paula Pego, absteve-se -depois de tomar conhecimento e aprovar o documento do seu grupo parlamentar.
7 – Com muita indignação, pela parte que me toca enquanto eleitor e munícipe, pergunto: O QUE É ISTO?
Será que estes prováveis dignitários e representantes do povo não têm vergonha por não cumprirem com eficácia o contrato para que foram mandatados?
8 – Não se pode demitir estas pessoas por inépcia, pois não? Então, nesse caso, façam um favor à cidade que os elegeu: abandonem o cargo com o máximo de urgência!
Escrevo por mim: não me servem! E aqui também estou a incluir o vereador da CDU pela recente ausência em que não se fez substituir numa votação importantíssima para Coimbra.




“ESTAVA MORTO mas não estou”







Ontem, Terça-feira, dia de reunião do executivo camarário, os vereadores do movimento Somos Coimbra, José Manuel Silva e Ana Bastos, depois de saírem da reunião camarária andaram pela Baixa a tomar o pulso ao estado comercial do centro histórico.
Numa feliz coincidência, o escritor Pedro Leite, que lançou recentemente o livro com o título “ESTOU MORTO mas não estou" - um dístico que encaixa que nem uma luva na Baixaestava a falar do seu livro no Largo da Freiria. Como se calcula, foi um feliz encontro entre os elementos da oposição no parlamento local e o nosso mais promitente escritor e meu velho conhecido e amigo.


BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA







REFLEXÃO



Conforme tenho dado conta, desde Janeiro, último, encerraram na Baixa 23 lojas comerciais. No lugar de muitos destes operadores que fecharam a actividade, conforme também vou dando nota, já alguns abriram com outro artigo, nova gerência e nova nomenclatura.
O que gostava de chamar à colação, nem que seja para reflectir, é que no agrupamento dos novos investidores há cinco estrangeiros, um do Brasil, outro do Reino Unido, outro da Rússia e dois da China.
Se até há poucos anos só tínhamos negócios chineses, numa primeira fase com artigos decorativos, numa segunda com fruta e numa terceira com roupas, agora o comércio, com a vinda de cidadãos de vários pontos do mundo, estendendo-se a vários ramos de negócio, globalizou-se.
Ora, podemos interrogar: este apetite manifestado numa abertura ao globo é bom ou mau? Claro que é melhor que bom. É óptimo! Por várias razões económicas, no sentido da riqueza nacional, poderia fazer uma lista, mas não vou por aí. Como falo com a maioria para dar a notícia da inauguração do seu estabelecimento, refiro apenas a sensação excepcional que me causam ao falarem de uma cidade como Coimbra, que é a minha, que é a nossa. Como vieram de partes do mundo onde tudo é difícil, enumeram as grandes qualidades da (nossa) cidade que nós, enquanto residentes de todos os dias, não vemos. É como se nos abrissem a alma e quisessem dizer: “vocês nem sabem a sorte que têm...


INÍCIO DA HISTÓRIA




Desde Segunda-feira da semana passada que a Rua da Louça está diferente, para melhor. Quem percorre agora esta via chamada outrora de Tinge-Rodilhas, e que nas primeiras quatro décadas do século XX também já foi apelidada de Bordallo Pinheiro, sem que nada se faça para isso, de repente, é o instinto que o impele, está olhar para um estabelecimento novo, recentemente aberto -no desaparecido espaço da sapataria Clarinha. Talvez seja a harmonização de cores mornas, amarelo, azul-mar e bege, que emanam das suas vitrinas, ou talvez, quem sabe, de uma espiritualidade imanente e tangível pelos sentidos. Se pararmos junto das montras, inevitavelmente, somos impelidos a entrar pela empatia, voz suave e musical de Josirene -mais à frente contarei mais.
Com o singular logótipo de “Mandacaru”, cujo nome se atribui a um popular cacto disseminado no semi-árido Nordeste do Brasil, que, nascendo e crescendo no campo sem qualquer trato, está adaptado a viver em clima seco e praticamente sem água, dá para perceber a analogia. Em comunicação subliminar, dá para apreender que, contra ventos, tempestades e maremotos, este novo estabelecimento veio para resistir a tudo e ficar.




ESTE POVO MANSO E SERENO




Neste último Sábado realizou-se no Terreiro da Erva mais uma Feira de Velharias. Depois da ameaça de boicote ao certame por parte de muitos vendedores em consequência da Câmara Municipal ter decidido unilateralmente mudar o local, saindo da Praça do Comércio onde estava desde há mais de vinte anos, para o Terreiro da Erva. 
Convém auscultar o pulso aos expositores. Neste terceiro mês depois da alteração, compareceram muitos, ou faltaram à chamada? Assim, assim! O que é que isto quer dizer? Muito simples: das cerca de seis dezenas que montavam banca na antiga praça velha, no primeiro Sábado da mudança, há dois meses, estiveram 13 expositores. Muitos destes juravam a pés juntos que não voltariam.
Há cerca de um mês estiveram 15, alguns deles continuavam a jurar sobre a Bíblia que era a última vez que estariam ali.
Agora, neste último evento, estiveram cerca de vinte mercadores, incluindo alguns que anteriormente fizeram jura de não comparência. Portanto, isto quer dizer o quê? Que Manuel Machado, presidente da edilidade, apesar de lhes dizer secamente que “se não gostassem não viessem”, mostrando que se está a marimbar para eles, a receita resultou em pleno. Está provado que, seguindo o preceito da Síndrome de Estocolmo, o “povão” gosta e acaba a amar quem os maltrata. Estes políticos que nos regem sabem-na toda! Ao pé deles somos todos aprendizes!


ÓBITO DE UMA PESSOA HUMILDE

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Quem segue o blogue, no tocante a necrologia, certamente dá conta que só escrevo sobre falecimentos de pessoas comuns, isto é, indivíduos que, pela simplicidade da sua narrativa, só serão notícia num jornal local com um pequeno quadrado na hora da sua morte.
Quando dou conta do desaparecimento de cidadãos célebres, locais ou nacionais, que são informação em tudo o que seja comunicação, escrita e falada, para isso acontecer, eu teria de ter privado com eles ou, noutro extremo, considerar que a sua passagem nesta vida foi muito além da sua torre de marfim.
E é o que acontece com Rui de Alarcão, o emérito professor universitário que nos deixou na semana passada. Não tinha grande confiança com o falecido, saliento. Para além de ser meu cliente, era muito recatado, transparecendo uma simplicidade e simpatia acima do comum. Para além disso, e não é pouco, foi um homem que encontrava algumas vezes a calcorrear estas pedras milenares de calçada portuguesa da Baixa de Coimbra.
Para a família enlutada, em meu nome pessoal e em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Até sempre, professor!


ESTOU MORTO MAS NÃO MORRI

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O António Manuel Seabra Dias, que entre nós, por aqui pela Baixa, é conhecido simplesmente por “”, teve alta hospitalar na semana passada.
Há duas semanas contei que, num boato forte e impregnado de verdade que correu por entre vielas e becos, o Seabra tinha morrido… mas estava bem de saúde, internado no CHUC, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.
Rejuvenescido e com um aspecto novo e limpo, o “” já está entre nós para as curvas. É uma pena que não queira ouvir quem o aconselha para bem. Sobretudo deveria dar ouvidos à sua família. Mas, num caso em que a vontade do próprio prevalece sobre todas as demais, o que se pode fazer? Absolutamente nada! Lamentamos todos, mas temos de respeitar a vontade do principal (des)interessado. E se assim é, assim seja!

terça-feira, 28 de agosto de 2018

BAIXA: A ÚLTIMA VIAGEM DO JAIME

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Ontem, na A1, Auto-Estrada, na zona da Mealhada, num brutal acidente provocado pelo rebentamento de um pneu, para além de outras duas lamentáveis mortes, faleceu Jaime Cardoso.
O Jaime, mais conhecido entre nós por “Jaimito”, quando muito jovem trabalhou durante muitos anos na desaparecida sapataria Elegante, na Rua Visconde da Luz. Porque já foi há muito tempo, embora entre nós o conhecimento fosse breve, não é por esse facto que o Jaime, pela sua dedicação ao comércio da Baixa como valor maior, será esquecido e deixará de ser um de nós e para sempre recordado.
Pelo facto, na última viagem desta vida, como sempre é a nossa forma de estar e noticiar todos os que pertenceram a esta grande prole, que é o comércio tradicional, entendemos prestar esta curtíssima homenagem ao malogrado Jaime.
Em nome da Baixa, em nome de todos os profissionais da compra e venda, se posso escrever assim, à família enlutada, neste dia de sofrimento, as nossas sentidas condolências. Até sempre “Jaimito”!

ADEUSINHO MÊS DE AGOSTO…





Lentamente, como caracol em folha de couve, o ano percorre o seu tempo. Como nevoeiro que se instala e depressa se evapora, o mês de Agosto está a chegar ao fim. Com o seu final anunciado vai-se um pouco de nós. É como se com ele fosse um pouco da nossa vida e o passado fosse mais passado. É certo que ao escrever isto estou a ser parcial, afinal comemoro o aniversário neste mês e talvez seja por isso que sinto a nostalgia, o sentimento da melancolia, ou talvez uma saudade de um marco que dura pouco e é tão marcante na minha existência.
É tão curto o mês de Agosto! É talvez a unidade de tempo mais desejada e, no entanto, como gelado que se come rapidamente em lambidelas de prazer, parece esvair-se por entre os dedos. Quase sem darmos por isso, à noite, verificamos que o pôr-do-sol se instala mais cedo e o crepúsculo poético, aquele prazer que nos invade em entrar pela agradável noite dentro, avisa que, até ao final do ano, vai ser cada vez mais rigoroso a cortar na luz solar.
A cidade, que neste período de férias troca os nativos por outros turistas do mundo de calções pelos joelhos e mochilas às costas, aos poucos, regressa à normalidade. Substituindo o pálido branco imaculado de quem nos visita, passamos a conviver com a cor do amendoim torrado no rosto dos nossos vizinhos. Reparamos que vêm muito mais calmos. Parecem encarar o berço que o viu nascer ou acolheu no seu seio com outra forma cordata de ver. Estão mais assertivos, menos críticos na acutilância, perderam o pessimismo galopante que os caracterizava, e, se preciso for, durante um curto espaço de tempo e até a raiva voltar, até davam um beijinho na pêra do regedor do paço.
O estrangeirismo, que durante esta altura tomou conta dos nossos sentidos, das nossas ruas, dos nossos becos e ruelas e foi o nosso oxigénio, evapora-se como glaciar em clima tórrido e dá lugar à nossa língua-mátria, que contra ventos e marés de alteração, que com defeitos e virtudes é nossa e gostamos muito dela.
Nas lojas comerciais, paulatinamente, vai-se abandonando a irritante interrogação em espécie de vocativo: “Bom dia! Fala português?
Os restaurantes, perdendo as tropas de infantaria com as listas na mão, a imitar o Algarve e a interrogar os passantes “Is it for lunch?” (é para almoçar?), vão tornar-se mais consociáveis. As esplanadas, que foram centro do mundo no nosso centro da urbe, tornam-se mais locais sedentarizados e a considerarem novamente o seu cliente de muitos anos.
Para os empresários de hotelaria é o tempo de embainhar as espadas até meados do ano seguinte e, no anunciado descanso do guerreiro, entrar numa espécie de hibernação e catarse para avaliar o que correu de menos bem.
O mês de Agosto é o mês dos festivais de Norte a Sul, das festas de aldeia, das romarias sacras e profanas. É o pico de união entre as gentes que estão cá e outras que vem de fora. Os emigrantes mais velhos - que vieram por uns dias, e que cada vez são menos pela força do desligamento dos filhos e netos a Portugal, cujos costumes e cultura popular não lhes diz nada no outro lado da fronteira e que já nem falam português - continuam a sonhar vir morrer à sua terra-natal.
Mesmo correndo a contra-gosto, é o Agosto, o mês mais universal e democrático, que nem que seja pelas ilusórias “vacaciones” concorre para uma igualdade sociológica.
Até para o ano, mês de Agosto!

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

BAIXA: SETENTA ANOS AO SERVIÇO DO COMÉRCIO SÃO MUITOS DIAS

(Fotos acima de Nelly Catalão)





Numa feliz e bonita iniciativa, hoje, um grupo de trabalhadoras da arte de comprar e vender surpreenderam o “velho lobo” do comércio, José Marques, com um bolo, duas velinhas e o cantar de parabéns. Sempre alheio a fotografias, talvez porque apanhado de surpresa e vindo de um grupo de senhoras lindíssimas, o companheiro das lides mercantis habituado a travar grandes batalhas, não resistiu à simpatia e charme feminino, e deixou-se focar pela objectiva em memória para a posteridade.
O que deu aso a esta festa de amizade foi o facto de José Marques parabenizar ontem 80 anos de vida – e setenta ao serviço do comércio. Segundo as suas palavras, “comecei a trabalhar na Casa Guimarães - na Praça do Comércio e hoje encerrada – com 10 anos, em 1948. Como o ordenado não chegava para as necessidades, comecei a dormir e a sonhar com o trabalhar por minha conta. O patrão, o dono da Casa Guimarães, porque teria intuído da minha vontade, ofereceu-me sociedade na empresa. Eu disse logo: “olhe que não tenho dinheiro para isso”. Ele emendou logo que dinheiro não era problema, a quota seria a realizar com esforço e trabalho Aconteceu que o tempo começou a passar e “promessas levou-as o vento”. Com 27 anos, decorria o ano de 1965, coloquei-lhe o ultimato: ou sim ou sopas! Começou a engasgar-se e eu agarrei no casaco e fui embora. Fui ter com um grande amigo comerciante aqui nas ruas estreitas, ainda em actividade e de boa saúde, e fui pedir um empréstimo. Este, sem hesitar, emprestou-me mil contos – o equivalente a cinco mil euros hoje. Trabalhei muito, sabe, amigo Luís? Mais tarde viria a adquirir a antiga casa onde comecei a laborar, a Casa Guimarães.
José Marques, um homem que conheço bem, bebeu as dificuldades da Segunda Guerra Mundial e o sacrifício que o conflito bélico significou para o comércio e as suas gentes. Tomou o pulso ao início do crescimento das actividades mercantis em Coimbra, em meados de 1950 com o grande incremento industrial na cidade. Assistiu e foi actor principal ao apogeu comercial nas décadas de 1970-80-90.
Hoje, depois de muitos funcionários ao seu serviço na Casa dos Enxovais, na Rua visconde da Luz, e que comemorará 53 anos para o próximo mês de Setembro, resta-lhe a Rosinda Henriques, que trabalha na firma há 43 anos.
Com uma lágrima no canto olho, à sua porta, como soldado de vigia ao seu território, Marques constata a degradação em plano inclinado a que chegou o comércio de rua.
Se vivêssemos numa sociedade justa, em que se deve atribuir a cada um o que é seu, pessoas como José Marques, artífices ao serviço do desenvolvimento de uma urbe, deveriam merecer uma homenagem por parte da Câmara Municipal de Coimbra. Saliento que na Baixa há vários comerciantes octogenários na mesma situação. O mal destas pessoas é que não são militantes de um dos dois grandes partidos políticos. Tivessem eles a ficha em dia e teríamos festa de arromba.
Enfim, é o que temos!

UM TEXTO QUE SE RECOMENDA

(Helena Matos)



ATÉ QUANDO?
Por Helena Matos


Ninguém fala pelos contribuintes. Esses invisíveis que na sua mansidão tornam possível o populismo de quem promete o insustentável às suas clientelas eleitorais.



BAIXA: FALECEU O MENDES, UM DOS NOSSOS






Na Sexta-feira última, por volta das 19h30, quando caminhava no Largo das Ameias junto à Império, José Mendes, de 76 anos, foi acometido de doença súbita e, alegadamente, viria falecer no local.
O corpo do nosso amigo e colega estará em câmara ardente na Capela da Pousada, Cernache, a partir das 16h00 de hoje, Segunda-feira.
Amanhã, Terça-feira, pelas 11h00, será celebrada missa de corpo presente. Depois da cerimónia religiosa será dado início ao seu funeral que será encaminhado para o Complexo Funerário de Coimbra, em Taveiro.
José Mendes é pai do seu homónimo José Manuel Mendes Silva, que detém na Baixa três estabelecimentos de artesanato, um na Praça do Comércio, outro na Rua Eduardo Coelho e outro ainda na Rua das Padeiras. 
José Mendes, pai, agora falecido, costumava estar presente na loja onde existiu a desaparecida farmácia Miranda, na Praça do Comércio, e cujos serviços foram transferidos para o Polo II.
Ao José Manuel Mendes Silva, esposa e filhos, que estão à frente dos espaços comerciais nesta zona de antanho, nesta hora de profundo sofrimento e pesar, em meu nome pessoal e em representação da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Até sempre José Mendes!


SÃO PEDRO, O CHEFE, ILUMINE A CABECINHA DO PAPA!

Papa recomenda psiquiatria quando homossexualidade se
(Imagem da Sapo24)



Papa recomenda psiquiatria quando homossexualidade se "manifesta na infância"



O papa Francisco recomendou aos pais o recurso à psiquiatria assim que estes se apercebam de tendências homossexuais dos filhos durante a infância, noticiou hoje a agência de notícias France-Presse (AFP).”

sábado, 25 de agosto de 2018

BAIXA: A FEIRA DE VELHARIAS CONTINUA BEM, OBRIGADO





Terreiro da Erva, Sábado, 14h00, cerca de 30 graus Célsius, bom ambiente nas proximidades, poucos visitantes a mirarem as velharias. No restaurante do “bispo” Reis, embora mais fresco no interior que na rua, com as mesas repletas de pessoas, entre “habitués” e vendedores de antiguidades, o clima está de feição. De tal modo que, com a sua costumada bonomia relacional, como se pretendesse dar uma lição aos políticos da terra, que fora de tempo de eleições fogem dos munícipes como o diabo da cruz, andou de mesa-em-mesa, a dar o anel pontifício a beijar, quem sabe a pensar em arranjar lastro para se candidatar a prior do Terreiro.
No largo mesmo em frente, próximo de uma vintena de expositores, atrás das suas bancas e prontos a venderem qualquer artigo a pobres, remediados ou abastados, está de atalaia. 
Conversando com um ou mais, tudo indica estarem satisfeitos com a venda do dia. O futuro promete, parecem dizer! Ainda sobre a intimação de não comparência pela saída da Praça do Comércio, antigo local da venda, e a dar razão ao aforismo de que o povo é sereno, tudo parece encaminhar-se para a normalidade e que Manuel Machado, o nosso presidente da edilidade, já pode dormir descansado – há quem diga que de tão preocupado, pela ameaça de não comparência dos vendedores e o certame ter de acabar, já não dorme uma noite descansado e sereno há volta de dois meses.
Há quem diga também que a equipa completa de funcionários da Casa Municipal da Cultura, com a vereadora Carina Gomes à frente, ainda não pararam de fazer figas e complementando com a língua de fora como se o visado fosse cá esta pobre alma, que, por acaso, sou eu. Apesar de não gostar de perder nem a feijões, com o rabo entre as pernas, resta-me o recolhimento para ser melhor vidente no futuro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

EDITORIAL: VOLTAI FREGUESIAS, QUE ESTAIS PERDOADAS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Claro que a eficácia era maior se o executivo municipal
fosse contrário às cores políticas do eleito pela freguesia,
como aconteceu com Carlos Clemente que legitimamente,
para sempre, será recordado como um defensor da Baixa
porque, na circunstância, era opositor ao regime vigente
à época -entre 2001 e 2013.”

Como é público, o Governo anunciou que vai rever a reforma da reforma das freguesias ocorrida em 2013, a apelidada “Lei Relvas”, e que foi imposta pela Troika.
É de apoiar esta nova restruturação de uma recente medida que foi feita em cima do joelho? A meu ver é! Passados cinco anos, está na altura de reavaliar o desempenho dos agrupamentos associativos que alteraram e reduziram o mapa autárquico do país.
Falando da experiência que toca o centro da cidade, é de defender uma análise ao desempenho da União de Freguesias de Coimbra (UFC), que agregou as freguesias de Sé Nova, Almedina, São Bartolomeu e Santa Cruz.
Como se sabe, antes da agregação em 2013, cada uma, com a sua área territorial, jogava no seu campo administrativo, político-partidário e social. Havia a Junta de Freguesia de São Bartolomeu, que abarcava o miolo da denominada “baixinha”, a Junta de Santa Cruz, que compreendia uma área entre a Rua Direita e a Pedrulha, a Junta de Almedina, que, se iniciava no Arco de Almedina, intramuros, e abarcava a parte Alta da cidade até à zona da Sé Velha, e a Junta de freguesia da Sé Nova, que incluía a Universidade e até Celas.
Antes de prosseguir, emergem umas perguntas e respostas:
- Mas hoje, passados cinco anos e depois da aglomeração, a área territorial não continua igual? Sim, continua!
- As quatro freguesias, com um executivo eleito, não estão todas representadas em assembleia e numa sede que juntou as quatro? Estão sim!
- A UFC, seguindo o passado antes da reforma, não tem um orçamento comum às quatro representadas e é contemplada com dotações inscritas pela edilidade? Tem sim!
- Tal como anteriormente a 2013, não continua com competências delegadas em várias áreas emanadas da edilidade? Sim, continua!
Então, não se entende. Afinal o que falta? O que corre mal?
Antes de continuar, convém dizer que uma das bandeiras apregoadas por Relvas, na altura, ministro de Passos Coelho, em defesa da reunião das freguesias, era a contenção de custos de operacionalidade. Ou seja, adiantava-se que juntando várias capelas as despesas diminuíam de sobremaneira.
Passou o tempo e, segundo a informação publicada, parece que os gastos não diminuíram como, em muitos casos, aumentaram.
Prosseguindo, dando o exemplo da Baixa de Coimbra, ao perder-se a individualidade em função da agregação, deixou de haver competição política entre os presidentes eleitos de cada autarquia de fregueses. Durante vários mandatos até 2013, foi célebre a disputa entre Carlos Clemente (PS), presidente da Junta de São Bartolomeu, e o falecido Pinto dos Santos (PSD), presidente da Junta de Santa Cruz, por fazerem melhor e serem mais populares nas suas freguesias.
Por outro lado, os comerciantes e moradores sentiam-se muito mais próximos de quem os representava na Assembleia Municipal de Coimbra. Claro que a eficácia era maior se o executivo municipal fosse contrário às cores políticas do eleito pela freguesia, como aconteceu com Carlos Clemente que legitimamente, para sempre, tal como Pinto dos Santos serão recordados como defensores da Baixa.  Mas, no caso de Clemente era diferente. Como militava na oposição ao regime vigente à época, entre 2001 e 2013, pela circunstância adversa, a luta dava mais "pica"  e era mais cativante para o próprio.
Por outro lado ainda, ao ser encerrada a antiga sede da Junta de São Bartolomeu, na Avenida Fernão de Magalhães, transferindo-a para os Arcos do Jardim, amputou-se um cordão umbilical de décadas de representação popular e programou-se um abandono desta área velha que lhe está a ser fatal na proximidade entre eleitos e eleitores e a convergir para o seu apagamento como centro comercial.


VOCÊ CONHECE O SEU PRESIDENTE DE JUNTA?


Quem conhecer pessoalmente os cabeças-de-lista dos partidos e movimentos cívicos que foram eleitos para o executivo e outros que concorreram e fazem parte da Assembleia de Freguesia que ponha o dedo no ar. Aliás, não se compreende a falta de fotografias dos deputados eleitos à Assembleia na página da UFC. A quem serve o anonimato?
Se colocarmos esta questão aos próprios, claro que vão responder com um clássico: “se os fregueses não participam nas assembleias de freguesia querem o quê? Que os eleitos andem de porta-em-porta? Como? Se, sendo pequenos agregados populacionais, não se aufere o bastante para fazerem política de proximidade?
É verdade, mas antes da reforma administrativa já era assim e a relação humana entre eleito e eleitor era muito mais profícua. E esta ligação perdida, como concorre para o esvaziamento da missão pública dos eleitos, está a afluir para a desvalorização de toda a classe política. Com a nova reforma construiu-se um psicológico resguardo de vidro que separa ainda mais e impede o mais comum dos fregueses de se aproximar de quem o pode ajudar numa questão que pode ser importantíssima para quem a vive.
Fazemos votos para que, por um lado, o Governo leve a sua intenção a avante, por outro, que sem pressas, até 2021, sejam feitas as devidas correcções.