terça-feira, 21 de julho de 2020

UMA IMAGEM POR ACASO...

A imagem pode conter: sapatos e ar livre
A imagem pode conter: sapatos




Há muitos psicólogos sociais que afirmam que a riqueza de uma comunidade verifica-se nos excedentes, o vulgar lixo, que produz. Ou seja, se na hora da recolha os funcionários camarários, no geral, se deparam no contentor com bens ainda em razoável estado e reutilizáveis, significa que aquele grupo societário, economicamente, vive confortável e acima da média.
Ora, a imagem que captei hoje, em Barrô, quando a tarde caía calma e serena, medida pelo índice que apontei, significa que, felizmente, a aldeia não têm habitantes com grandes necessidades. Este variado tipo de calçado para todas as estações do ano e para várias cerimónias, esteve hoje exposto durante todo o dia e ninguém ligou peva. Salienta-se a boa-vontade de quem teve o bom-senso de não deitar directamente o calçado dentro do contentor. Fez o que devia. Se não serve a ninguém, isso é outro assunto. Quase apostava que se fosse repetido em Coimbra, o mais certo é desaparecer tudo rapidamente. O que, a ser verdade, vive-se melhor hoje na aldeia, sem privações, do que na grande cidade.

Apesar do que escrevi em cima, de que ainda bem que ninguém necessita, para nós mais velhos não deixa de dar que pensar. Há cerca de meio-século, encontrar um único par de alpercatas em estado razoável era ganhar uma lotaria. Ainda bem que estamos todos muito melhor!

CUIDADO COM O BICHO

(FOTO DA "VOZ DO CAMPO")




Obrigatoriedade na aplicação de medidas fitossanitárias em citrinos

Leia aqui, clicando em cima, a "Voz do Campo", sobre a praga que se abateu sobre os citrinos. Para evitar que este ano seja um ano totalmente de crise nos frutos, convém ler com atenção e executar as recomendações. Leia aqui tudo que precisa saber (clique em cima)

sábado, 11 de julho de 2020

EDITORIAL: A NOSSA IMPRENSA TRANSFORMADA EM ABUTRE

(Imagem do EXPRESSO)




Como é público, tendo por intenção a total legalização da prostituição, incluindo as casas-de-passe e fim da criminalização do lenocínio - Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição (…)” (artigo 169º do Código Penal) -, pela mentora da iniciativa, foi acusado um juiz de, para além de ser cliente do santuário de bem-estar físico e mental, recorrer a imagens de crianças, presumivelmente de processos em que era parte julgadora, em pleno acto de sexo oral praticado pelas profissionais do relaxamento. Leia aqui o Expresso.
Antes de prosseguir, porque foi por isto que me levou a escrever, começo por dizer que a cobertura jornalística, nomeadamente televisiva, é simplesmente tenebrosa. Expor publicamente a imagem do acusado sem ser julgado é no mínimo assustador e leva-nos a pensar para onde caminhamos? Afinal há ainda outras selvas por descobrir! Onde está a presunção de inocência? Em qualquer dos casos, inocentação ou culpabilidade, a sua vida, familiar, profissional, social, fica feita em fanicos.
Agora entremos na questão principal: a haver ilicitude, a haver mesmo, reside unicamente em provar que o meritíssimo utilizou imagens processuais sujeitas a sigilo profissional. Sim, porque frequentar um bordel ou casa de prostitutas não é crime. Nem sequer na moral dos costumes, porque já há muito que a sociedade portuguesa, apesar de conservadora, olha para a prostituição como o paradigma da hipocrisia e falta de coragem na resolução de toda a classe política, incluindo os partidos que nunca foram governo nem tenham hipótese de vir a ser.
Não interessa nada a minha opinião, mas há muito que defendo que, choque ou não os mais radicais, a prostituição deve ser tratada com outra dignidade, seja como profissão, com deveres e obrigações para os trabalhadores do sexo, seja com outro tratamento normativo. Por ser assim o tráfico de mulheres para esta vida (difícil) tem diminuído?
Uma coisa é certa: esta problemática não pode continuar.
Por último, duas palavras, uma para o desempenho da denunciante: mulher asquerosa. Puta reles! E outra para o agora acusado pelo ministério Público, muita força e coragem!

O MODELO DE POLÍTICA PORCA, RASTEIRA E ABSURDA

Maioria esmagadora chumba Centeno para Banco de Portugal
(Imagem da revista SÁBADO)




Segundo a revista Sábado, “PSD, BE, PCP, CDS, PAN, Chega e IL todos contra Mário Centeno como governador do Banco de Portugal. A audição no Parlamento é obrigatória para formalizar a nomeação, mas não vinculativa. Caso contrário, Centeno tinha chumbo garantido.”
Esta discussão em torno da nomeação de Centeno para o Banco de Portugal, depois de ter sido um bom ministro das finanças, senão o melhor dos últimos quarenta anos, é o paradigma em como a política partidária pode ser rasteira, calculista e bastarda na procura da revanche, mesmo que leve ao pior para o futuro do país.
Como afirmou Mariana Mortágua, do BE, "O verdadeiro conflito de interesses está entre público e privado e não entre cargos públicos". 
Se ele se encaminhasse para uma empresa privada ou uma multinacional financeira faria todo o sentido esta posição de alguns partidos de oposição. Aliás, o projecto de período de nojo para cargos públicos, proximamente em discussão no Parlamento, faz todo sentido – embora, a meu ver, cinco anos é um exagero.
Queremos ou não os melhores em cargos de responsabilidade do Estado?
A independência invocada, neste caso, é uma treta.
Já não bastava o argumento populista de defender ordenados miseráveis para políticos. Se a demagogia continua, por este andar, não tardará muito, ninguém arrisca ir para funções governativas. Às tantas, digo eu, será mesmo isto que interessa, para meter nos executivos a mediocridade, que não cabe em lugar algum.
Tristeza!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Tribunal Constitucional declara inconstitucional lei do direito de preferência dos inquilinos

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



A lei que, em caso de venda de um imóvel, garantia o exercício do direito de preferência pelo arrendatário fracção-a-fracção. Acaba de levar um enorme cartão vermelho do Tribunal Constitucional.
Só para se perceber melhor, esta lei de 2018, numa primeira fase, devolvida ao Parlamento pelo Presidente da República e, numa segunda, já reavaliada pelo Hemiciclo, acabaria por ser promulgada por Marcelo Rebelo de Sousa. Em traços gerais, era uma espécie de pau-na-roda para bloquear o sistema e evitar que um processo de compra e venda de um imóvel ficasse de tal modo emperrado que levava à desistência do comprador. Se quiser perceber melhor, leia aqui em desenvolvimento, e que escrevi há mais de um ano.
Valha-nos a inércia de santa Engrácia mas, finalmente, o bom-senso imperou no Tribunal Constitucional. 
No afã de destruir o mercado da compra e venda habitacional o PS, BE, PCP, PEV e PAN quase o conseguiram. Quantos negócios de transmissibilidade se goraram nestes mais de dois anos? 
Para estes partidos, que na prática pouco se interessam pela economia de mercado, por um lado, ou porque estão protegidos por leis feitas à medida, por outro, pouco lhes importa que a venda de um prédio para um proprietário signifique a poupança de trabalho de uma vida e garantia de um final existencial legitimamente recompensado pelo esforço, na sua lógica egoísta e de atrasar o desenvolvimento do país, apenas logrando agradar a minorias, mas que nas urnas se transformam em maiorias, qualquer pequeníssimo proprietário é sempre visto como um grande capitalista. Na sua sede de arrasamento global do mercado imobiliário quase o conseguiram. Foi por pouco!
O seu ódio aos proprietários, sejam grandes médios ou micro, está-lhes na génese marxista. Para estes partidos, qualquer dono de um bocado de terra ou pequeno prédio é um miserável rendeiro, que vive à custa do coitadinho do inquilino – saliento o cancro das rendas antigas em que cerca de cem mil não ultrapassam os 100 euros por mês.
Mas não se pense que outras medidas não vão ser tomadas em substituição. É só aguardar mais uns dias. É por estas e por outras que o mercado de arrendamento não funciona – claro que na boca destes “defensores” do povo humilde a culpa foi até há pouco o Alojamento Local (AL). Agora, como o mercado de turistas está escangalhado vão apontar-se as armas para o Covid19. Maldito vírus que vai servir para justificar tudo.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

EDITORIAL: CIDADÃOS MALTRATADOS, UM VERBO SEM TEMPO

(Foto de arquivo)





Em analogia, nos deveres, morais e éticos, uma igreja deve estar para os seus crentes acólitos como uma qualquer Loja do Cidadão para o nascido ou naturalizado no país -sem desprezar outros, obviamente. Ou seja, em ambos os casos, quem comanda deveria ter uma preocupação permanente: estar sempre disponível para atender os necessitados. Claro que há uma diferença abissal, se o religioso sentir a frustração de, no mínimo, não ser ouvido no seu apelo, pode sempre escolher outra paróquia. Já na Loja do Cidadão, se, por um lado, o residente está limitado à sua área de circunscrição, por outro, o tratamento processual caminha em linha única, isto é, as directrizes são emanadas pela lei, e portanto, mudar de padeiro não lhe vai garantir um pão de melhor qualidade.
E, depois desta longa introdução, vou direitinho ao assunto que me levou a escrever. O que se passa diariamente na Loja do Cidadão, no Largo das Olarias, em Coimbra, só é admissível num país onde o indivíduo económico, escasso em direitos e atolado em deveres, apenas é visto como pagador de impostos. Estou em crer que se não fosse o desvelado esforço da maioria de funcionários, provavelmente, a PSP seria ali chamada todos dias só para manter a ordem pública. É certo, também que esta nuvem que se abateu sobre toda a comunidade chamada de Coronavírus acaba por amansar mais facilmente o mais rebelde do que tivesse tomado três ansiolíticos. Porventura, a maldita virose tem as costas largas e tudo lhe encaixa e serve para desculpar o escárnio.
Antes de prosseguir, convém lembrar que, excepto os da Área Metropolitana de Lisboa que reabriram mais tarde, todos estes centros de atendimento, embora condicionados, começaram a assistência nos primeiros dias de Junho. Se nos primeiros tempos até se entendeu a balbúrdia – porque, sendo justo, nenhum governo estaria preparado para uma coisa destas -, custa a compreender como é que, marcando o calendário o oitavo dia de Julho, por conseguinte, mais de um mês depois, tudo continua igual – se não para pior.
Para ser mais preciso, há dias fui para tratar de um assunto relativo ao Cartão de Cidadão (IRN) e que exige marcação prévia através de um número nacional e um número local. Ligava-se qualquer um deles e ou dava sinal ocupado ou nem sequer emitia qualquer sinal. Agora imagine o leitor tentar convencer a funcionária da triagem que o sistema não estava a funcionar devidamente? Complicadíssimo. Só se resolveu com a minha irritação -escusado será dizer que quando me indigno, talvez por ser tomado de um espírito pouco assertivo que me acompanha, sinto-me transformado em alguém que não reconheço. Na maioria dos casos funciona sempre, isto por que a meu ver, alguns indivíduos, envolvidos no seu ilusório poder majestático, estão convencidos que qualquer cidadão é simplesmente (mais) uma ovelha ro(a)nhosa que nem sequer tem coragem para lançar um grito de resistência. Então, quando acontece comigo, o opressor, como não está habituado, fica mais amarelo que o meu canário e, tantas vezes que já assisti, nem sabe onde se enfiar. Neste caso em apreço, acabou tudo em bem com a funcionária a pedir desculpa.
Hoje, durante a tarde, voltei à Loja do Cidadão. Sobre um calor tórrido na ordem dos trinta graus Celcius, algumas dezenas de pessoas (como eu) mantinham-se a corar ao Sol, à espera de serem recebidos para resolverem os seus assuntos.
Ainda que provisoriamente, custaria muito colocar um toldo em toda a extensão das portas de entrada?
Custaria muito colocar umas cadeiras de plástico para os mais velhos, incapacitados e doentes de ocasião se acomodarem?
É certo que existe lá no Largo uma série de bancos em cimento, o problema é que, por estarem tão distantes da zona de intervenção dos funcionários, quem se sentar corre o risco de não ouvir a sua chamada.
Vá-se lá saber porquê, a Câmara Municipal de Coimbra e as Águas de Coimbra (AC) não estão sujeitos a inscrição prévia. A coisa desenrola-se assim: volta e meia, de cada um dos serviços, vem um funcionário à rua e, gritando o mais alto que pode, interroga: “está alguém para ser atendido?".
Tudo corre bem se houver uma ou duas pessoas em espera, o problema é se for meia-dúzia. Quem é o primeiro? Pergunta o trabalhador. E à sua frente surgem seis braços em riste. Custaria muito a estas duas entidades colocarem uma máquina de senhas, ainda que provisoriamente, na via pública?
Vale a pena perder uma hora, mesmo que a secar, para apreciar os comportamentos sociais. Pode (des)aprender-se muito, até observar um individuo a andar naturalmente pelo seu pé até às proximidades, de repente salta para uma cadeira de rodas e aí vai ele transformado em deficiente e corta a meta em primeiro.
Bem sei que quem pode e manda não vai ligar nada ao que aqui relato, mas gostava que o Estado, entidade abstracta e cujo número somos todos, tivesse mais consideração pelo cidadão. A minha principal preocupação é duvidar que o desgraçado vírus vá aguentar tanta culpa e arcar com tanta desconsideração e falta de respeito.
Ah, é verdade, fui muito bem atendido, sobretudo com muita simpatia, pela funcionária das Águas de Coimbra.