sexta-feira, 18 de junho de 2010

DOIS DRAMAS NUM BURAQUINHO




O “Buraquinho” é uma simpática “casa de pasto”, tipo taberna daquelas que infelizmente já quase todas desapareceram da Baixa. Fica ali na Travessa da Rua Velha, junto à Rua Eduardo Coelho.
 O proprietário, o senhor Manuel Vilas, junto da esposa, está desanimado. “Já viu o que se passa no prédio onde tenho o estabelecimento?” –e aponta para a porta ao lado entreaberta do prédio desabitado de onde provém um cheiro nauseabundo. “Isto é mesmo uma miséria! Estão aí a dormir diariamente dois negros. Fazem as necessidades lá dentro, no chão e outras vezes cá fora. Na rua, junto à nossa porta, todos os dias somos obrigados a desinfectar tudo com lixívia. Habitualmente, vejo-os fumar aí dentro. Isso é uma podridão. Para além da minha desgraça é também um drama social, e pode vir a tornar-se uma tragédia de proporções incomensuráveis. Já viu se há um incêndio?
Já comuniquei há tempos à junta de freguesia –sei que enviaram um requerimento à câmara, porque eu vi-, já comuniquei ao meu senhorio e dono do prédio, mas não ligou nenhuma. Veio aí com um agente da PSP e constatou a perigosidade em que isto se encontra. Limitou-se a dizer-me que não sabia da chave da porta de entrada. Ora se a porta está entreaberta, diga-me lá, isto não é gozar com a minha cara? Ao menos que mandasse entaipar a entrada que assim já me deixava mais descansado”, enfatiza o Manuel Baptista.
A verdade é que, quase todos os dias, se vê para lá entrar um negro de aspecto andrajoso e que, nos últimos dias, anda descalço por aqui, pelas ruas estreitas. Parece sofrer de anomalia psíquica. Chega junto dos donos das lojas e interroga: “amanhã às nove?”. Alguns donos de restaurantes vão-lhe dando alguma coisa para comer. Para além disso, costuma ir com um garrafão plástico apanhar água ao repuxo do Largo do Poço. Supõe-se que bebe daquela água amarelada e cheia de impurezas, que jaz no pequeno lago da praceta junto ao Salão Brazil.
Há aqui duas situações que urge dar solução. A primeira, é o facto de um estabelecimento de porta aberta estar a levar diariamente com aquele atentado à saúde pública. A segunda, é necessário fazer alguma coisa pelos dois homens que lá vivem e, mais ainda, ajudar o que, aparentemente, sofre de anomalia psíquica.
Infelizmente, este caso não é único no Centro Histórico, mas, desde que a Câmara Municipal, através do Gabinete de Acção Social e Família, chame a si a solução deste caso, um a um, devagarinho, vai-se tentando resolver os mais prementes.

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Sem duvida que o director do gabinete vai tomar medidas e uma excelente pessoa.