terça-feira, 8 de junho de 2010

APAGAR A HISTÓRIA

(IMAGEM DA WEB)

 Como ressalva de interesses, não tenho a mínima simpatia pelo Estado Novo. Não acho que se vivesse melhor nesse tempo, comparativamente com os dias de hoje -é evidente que esta minha apreciação tem a ver com os meus referentes: provenho de uma família muito pobre. Claro que há pontos que, fazendo a similitude, dá para ver que eram positivos –refiro-me aos valores. Mas, temos de ser honestos, sendo os valores dinâmicos, isto é, sempre acompanhando a evolução do tempo, facilmente chegamos à conclusão que “aqueles” valores estavam certos e de acordo com esse tempo presente. Numa sociedade aberta, de liberdade de consciência, de facto e de direito, seria impossível, hoje, mantermos a mesma ética. Não quer dizer que os princípios não se devam manter –contrariamente ao que se pensa, “valores” não são sinónimos de “princípios”. Só para melhor se entender, em analogia, digamos que os “princípios” serão no corpo humano as artérias principais e os “valores” aquelas pequenas ramificações que se multiplicam pelo físico. São tão diferentes que se efectuarmos um corte numa artéria principal poderemos morrer. Se, em contrapartida, fizermos uma pequena incisão numa pequena veia, bastará pressionar e rapidamente estancará a hemorragia.
 Agora, para mim, há uma coisa: tenho um profundo respeito pela minha e por toda a nossa História. Poderia citar vários autores, mas, como para o caso é importante –já verão porquê-, vou citar de memória Karl Marx, que disse mais ou menos isto: “um povo sem história é um povo desmemoriado”.
Ora, porque será que estou para aqui com este arrazoado todo? Já vimos que não defendo a ideologia do Estado Novo mas também não alinho em movimentos de “apagar a memória” colectiva.
 E comecei a escrever este apontamento exactamente por que há um iluminado deputado, eleito por Aveiro, do Bloco de Esquerda –para mim, até poderia ser do PNR que se defendesse esta barbaridade contra o PREC, Processo Revolucionário em Curso, teria a mesma posição-, que dá pelo nome de Pedro Filipe Soares, que considera o envolvimento de 1200 crianças no Centenário da República, na cidade da ria, a recriar a história desde a Monarquia até à actualidade, “uma revisão inaceitável da história”. Aqui, no jornal Sol.
 Não sei que idade terá o eleito em representação pelos aveirenses. Mas, certamente, já terá idade para pensar que as pessoas que passaram pelos tempos miseráveis de Salazar e Caetano não emprenham pelos ouvidos. Aliás, essa passagem permite-nos não embarcar nestas viagens de duvidoso clamor patriótico antifascista.




1 comentário:

Anónimo disse...

Tendo em conta a importância de comemorarmos os factos relevantes que fazem parte da nossa memória histórica e para que a herança dos ideais da República continuem nos dias de hoje a inspirar a nossa vivência democrática, face á Resolução aprovada em Conselho de Ministros que apresenta um Programa de Comemorações do Centenário da República, onde considera essencial que os municípios se associem às comemorações, honrando, também desta forma um dos principais desígnios do seu ideário, que é o municipalismo, entendido como princípio constitutivo da descentralização administrativa.
- Considerando que todos os municípios são convidados a ter os seus próprios programas e que foi mesmo assinado um protocolo entre a Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da Implantação da República e Associação Nacional dos Municípios Portugueses, proponho que a Assembleia de Freguesia…. reunida em sessão ordinária, a… de Dezembro de 2009, recomende:
1. Que a Junta de Freguesia promova um programa de Comemorações do Centenário da República, de harmonia com as temáticas sugeridas pela Comissão Nacional das Comemorações;
2. Que a Junta de Freguesia apoie as comemorações promovidas pelas escolas e outras instituições, procurando envolver toda a população.

Coimbra, … de Dezembro de 2009