Esta semana passou num ápice. “Foi um ar que lhe deu”, como diria a minha tia Umbelina que foi para o Brasil e por lá ficou. Por aqui, ninguém dava nada por ela. É certo que não era exactamente nenhuma Bruna Lombardi lá do Continente americano, mas, que diabo!, daí a ninguém olhar para ela, acho que era um completo insulto. Pronto, confesso, a carita, um pouco façanhuda, não era lá grande coisa…mas o corpo…ai “Jasus”! Aquilo era só abundância de carnes. Está bem, tinha aquela bigodaça por cima do lábio, que era mais extensa que a Mata Nacional do Choupal, mas isso era alguma coisa? Coitada da minha tia. Eu sou testemunha, eu seja ceguinho destes olhos que a terra há-de comer, eu via o esforço que ela fazia para roçar o mato. Ela chegou a usar fumigações e tudo, mas, qual quê, mal ela dormia, pumba! Lá estavam os pêlos a fazerem-lhe cócegas no nariz. Aquilo era mesmo um tormento. Depois, coitada, sozinha, sem ninguém neste mundo para lhe tirar a coceira, está de ver o sofrimento da pobre alma desamparada.
Depois, os homens também são muito mauzinhos. Como a oferta suplanta a procura, os machos nunca olhavam para a minha tia Umbelina com olhos de bom ver. Em vez de olharem para o seu rosto, não senhor, começavam logo a olhar para as suas mamas e vinham-se por aí abaixo. Não sei se estou a ser claro?! E é notório, ela sofria, se sofria coitada. Porque era chato. Era como se os calmeirões só quisessem a parte de baixo. Só faltava dizer à minha tia querida que do pescoço para baixo estava tudo no sítio mas na cara tinha de colocar um pano preto. Ai coitada! Só de pensar nisso até começo a suspirar profundamente, assim como o Berlusconi por aquela boazona…estão a ver, não estão?
Mas, que raio, já nem sei bem por que fui eu lembrar a minha tia do Brasil…ah…já sei! Estava eu a escrever que esta semana, cá na parvónia, não aconteceu nada. Não sei o que é que se passa, mas, pelos vistos, ou anda tudo com os olhos em bico naquelas morenas escuras da África do Sul, lá do mundial, ou, sei lá, se calhar no futebol! O que sei é que por aqui, já há uns dias que o “Chico Broeiro” –aquele trombeiro que mora na Travessa do Volta Atrás, não sei se conhecem- não dá uma “enxerto” na mulher, a Ermelinda “dos penalties”. Aquilo lá no beco parece que anda tudo de luto, nem um gritito, nem uma panela a voar pela janela. Nada!
Está bem que está a decorrer lá o julgamento, no tribunal, do presidente da Académica, que foi, ao mesmo tempo Director Municipal da Administração do Território (DMAT) na Câmara de Coimbra e é acusado de ter recebido uns bónus de construtores civis. Como testemunhas abonatórias, por lá passaram um ex-reitor e uns professores da Universidade de Coimbra, e outros, e todos disseram que o senhor engenheiro era uma pessoa proba. E também lá passou um arquitecto, que chegou a ser vereador da autarquia, e disse que também pedia dinheiro aos empreiteiros para o clube dos estudantes e que depois o ex-director do DMAT isentava do pagamento de taxas os beneméritos.
Passou lá também o presidente da Câmara Municipal, e disse que nunca licenciaria os pisos que foram construídos a mais ali em frente ao Parque Verde. Disse também que só mais tarde teve conhecimento, através do despacho de embargo do vereador do urbanismo.
Mas bolas! Nem sei por que é que referi isto. Bom… já sei: não tenho nada de verdadeiramente importante, é óbvio. Sim, porque, com franqueza, isto não é notícia. Aliás, este caso não é nada! É tão oco de importância que não vale um pífaro. É qualquer coisa parecido com a “não-inscrição”, que o filósofo José Gil referia. Por aqui, nesta terra de pasmaceira, não se passa nada!
Mas então, vou falar de quê? Fosca-se, que a vida de colunista é mesmo difícil. Palavra que nunca tinha pensado nisto. Uma pessoa dá voltas à cabeça à procura de assunto e nada. Parece mesmo a minha avó Madalena a rapar os tachos do arroz doce do maior lavrador lá da aldeia. Claro que era mentalmente, mas eu juro que a minha parente até se deleitava toda. Parece que estou a vê-la a falar disso e a lambuzar-se toda com a língua a remolhar os beiços. E juro que era verdade, do modo como ela contava, até eu gostava do sabor do arroz doce do grande agricultor. Ai era tão bom!
Pronto! Tenho mesmo de me entregar. Por aqui não se passa nada. Tenho de deixar o texto assim um bocado para o deslambido. Está bem que também há aquele “casito” entre os dois deputados de Coimbra. Um é do PS e o outro é do Bloco. Um diz cobras e lagartos do outro, o outro diz que talvez sim ou talvez não, ou, quem sabe, talvez antes pelo contrário. Ora, mas isso também não é nada. Combinam um duelo ao murro e a coisa resolve-se.
Que porra de terra esta! Por que é nunca se passa nada aqui?
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