terça-feira, 29 de junho de 2010

"QUEM TEIMA EM DAR-ME UMA PRENDA DE...LIXO?"




 Francisco Veiga, um reputado comerciante com estabelecimento de pronto-a-vestir com frente para a Rua Eduardo Coelho e para o Largo da Freiria, anda desolado. Alguém, na vizinhança, teima em gozar com ele. Há muitos meses e todos os dias, logo ao abrir a porta, às 9H00, tem uma prenda de…lixo. Já fez tudo para tentar conhecer e sensibilizar o benemérito. Pensa que deve ser homem, mas, perante tal teimosia, sabe lá se não será mesmo mulher? Já andou a bater às portas do Largo da Freiria, da Rua das Padeiras e até da antiga dos Sapateiros. Como detective em busca de um sinal, já revolveu sacos do “Pingo Doce”, do “Continente” e até pretos sem marca e próprios para os dejectos urbanos. Quando algumas vezes pensava ter encontrado um dado de identificação, gritava a plenos pulmões: “EUREKA…é agora!”. Pois sim, ia falar com o retratado na nomenclatura e…pimba! Não era ele, pelo menos, à sua frente, jurava a pés juntos pela alminha de um antepassado que repousa na “Quinta das Tabuletas”, não sei se conhecem...
 A verdade é que a saga continua. Francisco, perante tantas ofertas, já admite que é mesmo mulher que teima em prendá-lo. Às tantas é mesmo amor anónimo. “Ai, se calhar!”, diz ele no meio de um sorriso meio amarelo, porque, com tanto esforço, já não acha graça à brincadeira.
Há dois meses foi à Câmara Municipal, ao departamento de Salubridade, para ver se podiam fazer alguma coisa. Segundo alega, disseram-lhe: “saiba quem é que nós aplicamos a multa!”. De pouco lhe valeu argumentar que anda neste biscate há vários meses. E mais: se soubesse quem era nem lá teria ido nem à junta de freguesia de São Bartolomeu, como também lá deu conhecimento e pediu apoio para o problema. Deram-lhe um autocolante que colocou junto ao recipiente do lixo, mas não valeu mesmo nada. O benfeitor(a) é persistente e não desiste com mensagens de apelo.
Como general perante um invasor invisível a repensar nova estratégia, o Veiga, neste entretanto, deixou de apanhar o saco todos os dias. Hoje mesmo era visível no chão da calçada, espalhado no chão, uma lata de refrigerante, umas folhas de couve, umas cascas de laranja, enfim, tudo oferendas de grande valor.
O que mais aborrece o Francisco Veiga é poder ser tomado por mal-agradecido. “Bolas!” –diz-me ele-, “eu sou do tempo em que se agradecia sempre que alguém nos dava alguma coisa…”




2 comentários:

Jorge Neves disse...

Na primeira cortada a direita,andamos uns 15 metros e do lado esquerdo existe um predio onde penso que moram estudantes, já os vi duas vezes a clocarem o lixo em frente à sua loja amigo Luis.
Uma vez chamei atenção simplesmente me ignoraram.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado, Jorge, pela informação. Vou passá-la ao Veiga. É importante o seu contributo.
Abraço e agradecido.