segunda-feira, 20 de julho de 2009

BAIXA: DEPOIS DE PORTAS ARROMBADAS PREOCUPAÇÕES INDIVIDUAIS DOBRADAS




 Hoje, em título de “caixa-alta”, o Diário de Coimbra (DC), na primeira página, noticia: “Baixa de Coimbra –Comerciantes preocupados com vaga de assaltos”.
Na segunda página, em desenvolvimento, conta-nos o DC que a “Loja Jorge Mendes foi vandalizada ontem de madrugada. É pelo menos o quarto assalto na última semana. Proprietários lamentam inércia da polícia”.
Continuando a citar o DC, “A Praça do Comércio tem sido um alvo preferencial dos ladrões. As investidas constantes, recorrendo sempre ao mesmo método, estão a deixar os comerciantes locais frustrados. Os responsáveis dos estabelecimentos acusam a polícia de não conseguir controlar a situação. “A secção de tapeçarias da Loja Jorge Mendes, Ldª, foi o último alvo, na madrugada de ontem. “Assaltaram a caixa registadora e levaram dinheiro, mas pouco. Levaram também dois ou três tapetes e tapeçarias”, lamentou Miguel Mendes”.
Vamos por partes. O lamento deste comerciante é fundado e com carradas de razão? É, sim senhor! É verdade que, durante a noite, não há policiamento no centro histórico. É verdade que todos os comerciantes, há mais de um ano, andam com o “coração nas mãos”. Tenho a certeza que muitos como eu –que já fui assaltado três vezes- sempre que, durante a noite, toca o telemóvel, esperamos ser da central de alarmes com o quase habitual recado: “é para avisar de que o alarme no estabelecimento foi accionado. Já avisámos a PSP”.
Portanto, eu, mais do que muitos que ainda não foram assaltados, tenho obrigação de compreender os queixumes destes comerciantes e, naturalmente, colocar-me ao seu lado, mas, há um “mas” que não posso deixar passar em branco.
A vaga de assaltos –mas mesmo verdadeiramente onda- começou em Setembro de 2007 até Agosto de 2008. Chegaram, por noite, a serem assaltados quatro estabelecimentos. A “Tasca da Graça”, neste período de um ano, foi atacada 15 vezes –sim, não me enganei, foram mesmo 15. De tal modo foi catastrófico que este estabelecimento encerrou.
Não gosto muito de falar em meu nome, mas aqui não posso evitar. Nessa altura, através dos meus escritos no DC e no Diário as Beiras, fui denunciando esta insegurança crescente. Assim como na rádio e na televisão. Fui duas vezes à Assembleia Municipal e duas vezes ao executivo camarário. Em Outubro, último, juntamente com quarenta colegas fomos ao executivo mais uma vez. Sendo, no dia seguinte, recebidos pelo actual governador Civil e pelo então comandante da PSP, Bastos Leitão, agora em Setúbal, em comissão de serviço. Comprometeu-se então, nessa altura, Henrique Fernandes, o governador Civil, a estudar a situação e, no âmbito do “Contrato Local de Segurança” –uma nova portaria, criada entretanto pelo governo- no prazo de um mês, a reunirmos todos para reavaliar a situação e encetarmos novas medidas. Até hoje. Nunca mais fomos chamados ao palácio da Couraça.
Ainda, nessa reunião, contra-argumentando, perante o governador Civil, Henrique Fernandes, dizia então aquele senhor Intendente da PSP, que apesar de ter conhecimento, através dos jornais, dos assaltos, a verdade é que naquela polícia, oficialmente, não existiam participações dos lesados. Ora, segundo o então comandante, sem participações nada feito. Como poderia ele disponibilizar meios de segurança, e justificá-los perante o director Nacional, se não tinha dados?
Pois agora, vejam isto: cá o “bacoco”, sozinho, durante semanas, andou de loja-em-loja, aqui na Baixa, a recolher as participações dos últimos dois anos e foi entregá-las na PSP. Evidentemente que esta canseira de pouco valeu, porque, verdadeiramente, nunca a PSP esteve minimamente interessada em colocar aqui mais meios de segurança.
E agora, depois de subir esta montanha de argumentos, estou a chegar onde queria. Perante o alarde reivindicativo, que estava a ser feito perante as autoridades responsáveis pela segurança da “polis”, o que diziam os comerciantes que até aí ainda não tinham sido assaltados? O impensável. “Que pessoas como eu, ao denunciarem os assaltos, estavam a destruir a Baixa. Que o que estava a acontecer era transversal ao país, e, além de mais, nem havia assim tantos assaltos no centro histórico como isso”.
Um dos comerciantes de ourivesaria, com dois estabelecimentos de venda de ouro, até foi ao cúmulo de dizer que, “aqui não havia insegurança nenhuma. Eram apenas invenções”. Ele, segundo as suas declarações, “durante o dia, até transportava ouro entre as suas duas lojas”. Uma pérola, estas declarações.
O tempo foi passando, algumas destas pessoas, nesta roda que toca a todos, foram assaltados, e agora, curiosamente –pasme-se, ou talvez nem tanto-, como foram apanhados na curva do destino, vêm agora reivindicar medidas de segurança. pedindo ajuda, que não deram aos colegas que tanto precisaram dela, como o caso da Dona Graça, que, entretanto, encerrou.
Por muito que me custe –têm mesmo de me desculpar, e sobretudo você leitor- vão “bardamerda” mais os seus lamentos tardios.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem Luis. Você e mais alguns autarcas de Freguesia (S.Bartolomeu), lutaram e lutam pela segurança da Baixa.
Já agora as famingeradas câmaras que o Dr. Carlos Encarnação prometeu. Deve estar à espera de Outubro. Este Presidente é de facto um faz de conta e tem quota parte de responsabilidade. Essa Policia Municipal, podia e devia fazer mais no que respeita à vigilância da Baixa. Não, só existe para caçar multas e criar broncas. Já agora, qual a intervenção da ACIC?
Que se saiba "zero"
Um abraço amigo
Carlos Clemente

LUIS FERNANDES disse...

Muito obrigado, senhor Clemente, por ter comentado. É verdade, sim. Felizmente, que esta freguesia de São Bartolomeu tem um autarca como o senhor -não o escrevo apenas agora, tenho-o ratificado aqui várias vezes. O senhor Clemente é uma pessoa preocupada com o que se passa com os seus fregueses. Digam lá o que disserem, o senhor faz um bom trabalho, reconhecido pela maioria de quem trabalha e vive aqui. Infelizmente ou felizmente, pela inoperância de outras entidades que citou, como bombeiro de "faxina", é o senhor Clemente que está de serviço, 24 sobre 24 horas, para apagar os fogos que se abatem sobre o centro histórico.
A Baixa tem muita sorte em tê-lo à frente de uma das principais freguesias. É um bom exemplo para outros seus colegas de outras pequenas ou grandes autarquias.
Abraço.