terça-feira, 7 de julho de 2009

UMA IMAGEM AO ACASO...






Eis um bom exemplo de um prédio bem recuperado, tendo em atenção toda a sua identidade, desde ao ferro forjado até às janelas em guilhotina. Fica situado na Rua Eduardo Coelho, na Baixa.
Como se isso fosse pouco é encimado por um bonito painel de azulejos…de Santa Justa –pelo menos é o que me diz um meu amigo para a “causa dos Santos”. “Podes ter a certeza que é Santa Justa. Repara. Repara bem, em baixo fica o inferno, cheio de pecadores –onde por acaso está um bispo. Nossa Senhora está sentada numa nuvem, com uma criança ao colo –símbolo da pureza e da generosidade-, e tem na mão esquerda duas bandeiras, que simbolizam as boas e más acções. Consoante as boas se inclinem mais as almas serão “repescadas” para cima”, explica-me o meu informador, já que eu sou mesmo ignorante.
Sou ignorante, mas, para contrabalançar, também sou brincalhão. Então vou formular uma pergunta de algibeira: será que o bispo subiu ao céu?
Agora falando sério, e como curiosidade, é possível que este painel de azulejos tenha sido colocado ali por volta de 1850, apanhando a onda reformista do “Mata-Frades”, Joaquim António de Aguiar, que era natural de Coimbra, e em 1834 iniciou a reorganização dos municípios e a extinção das ordens religiosas, fazendo uso das primeiras expropriações a favor da Fazenda Nacional, ainda que de pendor anti-clerical.
Só assim se entende, quanto a mim, o facto de no painel, por entre vários, no inferno, estar também um bispo. Para cometer esta proeza, classificando-os como igualmente pecadores, penso, só com esta carga política que varreria a época. Admito estar enganado…

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