sábado, 25 de julho de 2009

BAIXA: VALERÁ OU NÃO A PENA?














Hoje, durante a tarde, começando pela Praça 8 de Maio, o Grupo Etnográfico Cantares e Danças de Assafarge, com as suas danças e cantares da região de Coimbra, encantou as ruelas e largos da Baixa.
Quem passava, inevitavelmente, perante um dos melhores ranchos folclóricos da zona de Coimbra, parava. Apesar de, praticamente, quase todas as lojas estarem encerradas, este agrupamento, cuja generosidade para com o centro histórico se enaltece, mostrou como se canta e dança hoje em representação de há um século atrás. O seu presidente, o Luís Carlos, está de parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido ao longo destes últimos quase dez anos. O Grupo Etnográfico de Assafarge, um dos mais importantes do princípio do século XX, esteve inactivo nos últimos vinte anos. Graças ao trabalho extraordinário de muitas pessoas, pelo amor à sua terra, à Manuela, ao marido, o Sousa, o Luís Carlos, o Armando e a mulher, o Pedro e a esposa, e tantos outros que, pela falta de espaço, não cito. Inclusivamente muitos que por lá passaram nesta última década e que, actualmente, já não fazem parte do agrupamento. A todos eles uma grande salva de palmas. Só quem sabe as dificuldades que os grupos etnográficos passam –eu sei, também por aqui passei- pode avaliar o esforço despendido por uma causa nem sempre bem compreendida pela maioria, que entende esta expressão inata de cultura popular como uma forma desprestigiante ou “pimba”. Se não fossem estas pessoas, muito se teria perdido, desde a etnografia aos cantares de antanho. São eles, que ouvindo aqui, mergulhando acolá, como investigadores, chegam então à fonte, quantas vezes uma velhinha com quase um século que vai trautear uma canção dos seus tempos de meninice, e assim se evita que o fado ou a canção popular se percam para sempre.
É uma pena que os comerciantes, desmotivados, só pensando nos cifrões, não peguem no exemplo destas pessoas, que se esforçam sem nada ganharem, e estejam abertos ao sábado durante todo o dia.
Como principal incentivador, entre outros, a ACIC e a APBC, e a própria autarquia que facilitou o que pode, como por exemplo, o não pagamento de estacionamento de parcómetros ao sábado todo o dia, sinto que perdi uma aposta, ou uma batalha. Não perdi a guerra, porque essa, metaforicamente, será a Baixa e, esta não se perderá nunca. Mesmo no desleixo, na falta de visão comercial e falta de cidadania dos comerciantes, o centro histórico persistirá e virá um dia, espero que próximo, em que, como Fénix, renascerá desta apatia dolente em que se encontra.
De qualquer modo, mesmo assim, alguns comerciantes, estão abertos ao sábado durante todo o dia. Para eles, para a ACIC, para a APBC, para a Câmara Municipal de Coimbra e para todos o que ajudam a Baixa, como hoje o rancho de Assafarge, o meu mais sentido agradecimento.

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