segunda-feira, 13 de julho de 2009

O BLOCO, EM BLOCO, NA PRAÇA

(A praça 8 de Maio estava bem composta para receber o "Xico" Louçã)

(Chegou o "Xico". Ninguém se levanta? Fogo, já não há respeito nenhum!)

(No meio desta discussão fútil, quem denotava maior serenidade era...o rafeiro)

(Por causa deste canino gerou-se um "trinta-e-um" na plateia)

(Sem o saber este homem, no seu trabalho, parecia provocar a malta da "esquerda-rosa". Claro que foi um acaso. Como poderia ele saber que relógios de ouro e moedas de prata são artefactos de luxo do Grande Capital?)

(O "Zé" Pureza faz reajustamentos de última hora)

(O maralhal da imprensa traça grandes planos de pormenor)

(O "Tozé, sempre atento, não deixa passar nada)

(Silêncio, que se vai cantar o fado, dividido entre o "pãntano e a decência", contra o Grande Capital)

(Nos pequeninos é que se começa...a formar o Bloco)



São 17H30, as cadeiras de plástico em frente à tribuna estão quase todas ocupadas. No canto esquerdo a escritora e também apoiante do Bloco de Esquerda, Filomena Amaral, juntamente com outros simpatizantes, com indisfarçável ansiedade, esperam o líder daquele partido político, Francisco Louçã, que virá acompanhado de José Manuel Pureza, que vai ser apresentado como candidato às legislativas pelo círculo de Coimbra, para ambos discursarem no comício da Praça 8 de Maio.
Num canto recuado, ao meu lado, com ar sarcástico, comenta o António, um comerciante de uma destas ruas estreitas para um amigo: “ó pá, já viste?! Os trabalhadores estão todos aqui na praça. Olha p’ra eles…todos de ar selecto!”.
Uma senhora, chega e senta o “caõzinho” numa cadeira. Olha o que a mulher foi fazer! Apesar de ainda haver alguns lugares vazios, os vizinhos do lado direito da senhora é que não gostaram da brincadeira. Não se sabe se abominando a companhia do canino se não gostando que este ocupasse um lugar reservado a um humano, a verdade é que se gerou um “trinta-e-um” num arrazoado de razões. No meio desta discussão fútil, quem denotava mais classe e serenidade era…o rafeiro. De língua de fora, de ar complacente, olhando fixamente a dona, em pensamentos, parecia dizer-lhe: “estes humanos são mesmo muito estúpidos. Estão sempre a arranjar conflitos. Que desperdício de forças! …E o Louça, que não há maneira de chegar…”

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