sexta-feira, 24 de julho de 2009

EDITORIAL: O VANDALISMO SAIU À RUA


(FOTO RETIRADA DO BLOGUE DENÚNCIA COIMBRÃ)







 Ontem à noite passei na nova ponte sobre o Mondego, chamada de Pedro e Inês, e constatei que metade desta passagem pedonal, inaugurada há menos de um ano, metade dela está às escuras. Segundo se consta, foram roubadas várias luminárias que a acompanham ao longo do percurso. Outras foram pura e simplesmente destruidas. A verdade é que nos habitáculos das lâmpadas apenas está lá o sítio. Nos vãos laterais estão também vários painéis em vidro partidos.
Hoje ao ler o blogue “Denúncia Coimbrã”, e atentando nas fotos de um jipe antigo das forças armadas, que se encontra ao fundo das Escadas Monumentais e inserido na exposição “A crise saiu à rua”, queixa-se o articulista que, desde toda a bonecada alusiva à exposição de Maio de 1969, está quase tudo destruído.
Há pouco tempo foi a estátua alegórica a Camões que foi vandalizada. Há menos de um ano, foram as centenárias obras antropomórficas em pedra de Ançã no Jardim da Sereia todas "escavacadas", presumivelmente com um martelo. Ainda no Parque Verde, há pouco mais de um ano, quem não se lembra da destruição do urso, cujo restauro em relva sintética implicou ao erário público uma fortuna?!
Ainda há pouco, por altura da Queima das Fitas, foram vandalizadas várias viaturas na Ladeira do seminário.
Ao longo do país, de norte a sul, é o que se vê. São ATM's vandalizadas, são sinais de trânsito destruídos, pondo em perigo a vida de pessoas, são os constantes incêndios que desbastam a floresta nacional e outros tantos exemplos que poderia dar, mas, para o que pretendo ilustrar, chega.
Ora, perante esta destruição de património, o que se faz? Nada. Absolutamente nada. Parece que este aniquilamento quase maciço de património que é de todos não preocupa ninguém. Já não sei se começar pela educação ainda irá a tempo. Uma coisa se constata: as penalizações legais são brandas. Sinceramente, sem grandes discursos liberais, não sou a favor de um "Estado-polícia", mas muito menos serei a favor de uma organização política lamechas, de brandos costumes, em que, progressivamente os vândalos e os delinquentes, com tentáculos de pandemia, vão tomando conta da nação. O que me preocupa nem é tanto o “passar o tempo” destes “filhos de mãe incógnita”. O que me toca é a displicência e a apatia dos governos que nos têm (des)governado até hoje no desrespeito pleno pela justiça, pela memória e pela obra feita, após o 25 de Abril, que a favor de uma liberdade que ninguém entende, a não ser estes selvagens, vão assobiando para o lado como nada se passasse.
Protegidos pelo manto diáfano da impunidade, estes “touros enraivecidos”, sem se saber muito bem porquê, por onde passam, pior que os animais citados, conspurcam e destroem.
Vamos continuar de braços cruzados? Será esse o nosso papel de cidadão. É que, com franqueza, perante esta anormalidade que começa a ser normal, começo mesmo a pensar que o anormal e inadaptado sou mesmo eu.

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