sábado, 11 de julho de 2009
EM BUSCA DE UM ABERRANTE MUNDO MELHOR
Há dias, salvo erro na RTP1, vi uma reportagem sobre uma rádio do Norte que, entre os seus ouvintes, sorteava um funeral de luxo para o vencedor.
Sempre que acedo ao “Netlog”, um site da Internet, sou bombardeado com o seguinte convite: “Peidos para os amigos –queres ter peidos no teu telemóvel? 4 E/s. Vais pôr toda a gente a rir!”. A seguir vem o endereço do site para inscrição.
Quando me miro ao espelho, em solilóquio, quando, em monólogo, falo comigo, digo, “rapaz, não te feches em convicções, ouve o que os outros têm para te dizer. Por muito absurdo que seja, escuta os seus argumentos. Tu que até gostas de escrever, pode até dar uma boa tese para um qualquer texto. Não radicalizes o teu discurso, como se fosses o dono da verdade –não existe uma verdade absoluta, mas várias relativas, e, no esmiuçar destas, se chega a uma a que poderemos dizer de aceitável ou convencionada-, ouve, e mentalmente, faz a separação, ou dirimes, entre o que concordas e te convém”.
Sou um liberal, com a carga positiva ou negativa que a palavra possa ter. Acredito que o mundo, segundo-a-segundo, está em constante mudança. E esta alteração pode não significar necessariamente para melhor ou pior. Como tudo, sujeito à dicotomia argumentativa, à dialéctica, para uns caminharemos para o inferno, para outros para um purgatório.
Pessoalmente, apesar das guerras, das velhacarias do homem, tenho para mim que a humanidade, ainda que com avanços e recuos, caminha sempre para melhor. Há alturas que se dá um grande trambolhão, como a crise actual que estamos a viver. Estas paragens obrigatórias não são mais do que momentos que servem para auto-análise e para fazer reflectir (e inflectir) sobre uma direcção em que, alienadamente, caminhávamos e não estava a surtir os efeitos desejados. Felizmente que a sociedade, mesmo que pouco faça para isso, possui mecanismos anti-corpos que, evitando o colapso, obrigam a estas paragens económicas de inflexão.
Nós humanos, temos uma extraordinária capacidade de escolher o que é melhor. Naturalmente que as lutas políticas, económicas, sociais, religiosas, e outras, provocadas pelo dissenso, em busca de um mundo melhor, acabam por levar a um consenso, ainda que não seja unânime.
O que quero dizer, é que apesar da minha abertura mental a todas as convicções possíveis e imaginárias, quando vejo os exemplos que citei –naturalmente que há muitos mais- começo a pensar sobre o que quereremos realmente. De repente, vem à ideia aquele aforismo popular que se conta acerca de determinada estrela do nosso universo humano: “olha, ele tinha tanta, tanta, mulher bela, que acabou por se fartar delas e agora é “gay”!”.
Se calhar, é isto mesmo. A fartura é tanta, e a máquina do marketing, não dorme –precisa, continuamente de, através da ansiedade, gerar novas falsas necessidades- que acabamos por cair nas aberrações.
Claro que não quero cair em contradições, e novamente reitero que cada um come do que gosta. Com franqueza é o meu lema, desde que não me incomode, tanto se me faz que seja homossexual, seja bígamo, polígamo, ateu, agnóstico, ou politeísta. Mas isso não quer dizer que eu, no fundo, ainda que lute contra isso, não tenha os meus paradigmas e estereótipos sociais.
Tenho a certeza que a percorrer o tal caminho da busca de um mundo melhor, não é possível, a qualquer preço, ou seja, valer tudo: matar, roubar, enganar. Não devemos esquecer que a ética e a forma comportamental como nos relacionamos com os outros é fundamental para uma sociedade futura mais justa e solidária.
Bom, mas, em resumo, cada um de nós, ainda que isoladamente, como átomos, fazemos o todo, é que deve escolher o que é melhor para si. Sem dúvida que é nesta extraordinária diversidade de oferta variada, de gostos, de critérios, que reside a qualidade, ainda que, no fundo, e paradoxalmente, não se saiba bem o que é afinal esta utópica “qualidade”.
Somos mesmo extraordinários, não somos?
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