quarta-feira, 8 de julho de 2009
O VELHINHO RANCHO DE COIMBRA
De aspecto decrépito, numa artéria cancerosa, eis o velhinho Rancho de Coimbra. Para os mais entradotes na idade, certamente lembram-se, fica na Rua do Moreno, ali a dois passos do Terreiro da Erva. Tantos bailaricos que dançámos lá. Tantas piscadelas de olho que demos àquela linda sopeira –ou criada. Era assim que se tratava a empregada doméstica até ao 25 de Abril de 1974. As promessas e a ginástica que fizemos para conseguir ter, ao fim de várias matinés domingueiras, a “prateleira” da Rosa bem “encostadinha” ao nosso peito ao som dos conjuntos musicais os “Walkeres” e dos “Sombras”. Só quem passou nessa época sabe do que falo.
Esta zona, à espera de ser requalificada através da SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana, para quem lá passar agora, é uma parte da cidade onde parece que o tempo parou. Salvo raras excepções, é composta por edifícios a cair de abandono, sobretudo esta rua do “Rancho”.
E o velhinho Rancho de Coimbra não foge à regra. Esta antiquíssima colectividade, com mais de um século, precisa de ser revitalizada. O seu presidente, Carlos Clemente –que é também presidente de uma das duas juntas de freguesia da Baixa, a de São Bartolomeu-, diz-me, em lamento, “fazemos o que podemos. Mas sem dinheiro, por muito boa vontade e grandes planos, pouco se pode fazer. Temos um protocolo assinado com a Integrar –em tripartido, esta IPSS, a Câmara Municipal de Coimbra e Rancho de Coimbra-, em que a colectividade cede os balneários para banhos públicos” –lembro que Carlos Clemente, na última Assembleia Municipal, levou àquele hemiciclo a ameaça de denúncia de contrato por parte da Integrar por falta de pagamento contratual da autarquia. Felizmente logo naquele plenário o assunto ficou resolvido pela promessa de Carlos Encarnação em liquidar a dívida à Integrar.
Continuando a ouvir Carlos Clemente, “sempre que nos é solicitado, cedemos a sala do “Rancho”. Para além do protocolo com a Integrar, esta é a nossa única fonte de receita para uma colectividade que faz a história da Baixa e com toda a sua valência pública”.
E quando lhe pergunto, diga-me, quantos sócios tem o clube? “Olhe, chegou a ter 400. Neste momento nem sei quantos tem efectivamente. Já há muito tempo que não cobramos quotas por impossibilidade de o fazer. Repare, havia associados que pagavam 10 cêntimos, como é que se pode? Nem para o cobrador chegava”.
Mas diga-me, senhor presidente, o rancho folclórico, um dos mais antigos e importantes da cidade está em actividade? “Está sim, embora com muitas dificuldades. Sabe que é preciso pagar aos músicos. Hoje, nos ranchos, poucos são os que tocam apenas pela carolice. Todos querem ganhar. Aí é que está o problema. Mas o grupo está em actividade, repito”, enfatiza Carlos Clemente, o presidente do Rancho de Coimbra.
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