terça-feira, 19 de maio de 2009

QUANTAS MAIS MICRO EMPRESAS TERÃO DE MORRER?





Segundo os jornais do último 15 deste mês, 18 mil micro empresas encerraram desde Janeiro até essa data. No Jornal de Notícias (JN), citando o presidente da Associação das Pequenas e Médias Empresas (ANPME), Fernando Augusto Morais, “há micro empresários a falir todos os dias”. Só nos primeiros 13 dias deste mês (Maio) “90 empresas fecharam as suas portas” , exemplifica o responsável, lembrando que desde o início da crise, em Setembro de 2007, até 31 de Dezembro de 2008, “encerraram 40 mil empresas de pequena dimensão”. Para Fernando Augusto “a situação é crescente”. Em Portugal, existem cerca de 160 mil micro empresas”.
Continuando a citar o JN, “estes encerramentos “criam constrangimentos à sua volta”, alerta por seu turno Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa, instituição que nos últimos tempos tem recebido pedidos de ajuda de empresários “de todo o país”. “Muitos dos que nos procuram fazem parte da classe média baixa, mas também já há muitos da chamada classe média alta, com outro tipo de projectos que faliram, explica.”
Ainda segundo o JN, “De acordo com dados divulgados à Lusa pela Associação Industrial Portuguesa, as micro empresas empregam 28 por cento dos trabalhadores, mais três por cento do que as grandes empresas. Nestes casos, tentar salvar a empresa “é sinónimo de salvar a família”. “São projectos de vida que estão em causa” e muitos proprietários acabam por investir o seu património pessoal.”
Para o presidente da Associação Nacional de Jovens empresários (ANJE), Armindo Monteiro, “tem estado a fechar empresas que até agora sobreviviam a tudo e a todas as circunstâncias. O empresário tem sempre a tentação de ir até ao limite, dando o património pessoal como garantia da empresa, lembrando que quando as coisas correm mal os empresários nem têm direito a subsídio de desemprego: “Têm de pagar as dívidas e não têm nenhuma forma de rendimentos. É muito injusto”. É um drama. Neste tipo de empresas há relações familiares ou de quase família. Têm apenas três ou quatro postos de trabalho e por isso criam-se relações muito estreitas que se vão construindo ao longo dos anos”, lembra o presidente da ANJE.
Continuando a citar o JN, na pessoa do presidente da Caritas portuguesa, “Alguns além de não receberem subsídio de desemprego, ainda correm riscos de penhoras, porque na tentativa de fazer sobreviver as suas pequenas empresas deixaram de pagar ao fisco e à Segurança Social”.
Nesta reportagem do JN, penso, está tudo dito. O que será preciso para o governo ir muito mais além do que a linha de crédito PME Invest 4, num valor global de 400 milhões de euros, 200 milhões dos quais destinados a apoiar as micro e pequenas empresas? De que vale o crédito se ele apenas será possível para as empresas que não tiverem dívidas ao fisco e à Segurança Social? Não será um contra-senso? Quem mais precisa não tem acesso. Até lá, quantas mais micro empresas terão de morrer para que seja aberta uma linha de sobrevivência? Que responda quem souber…

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