segunda-feira, 18 de maio de 2009

(RE)ENCONTROS COM A ESCOLA DA NOITE




Se você é daquelas pessoas que diz que não vem à Baixa porque “non lo passa nada”. “Um teatro, na zona histórica, faz tanta falta”, enfatiza você para o seu amigo, no Café Santa Cruz, quando, juntos lá ao fundo do lindo salão, admiram uma pintura original, assinada A. Costa. Diz o seu amigo: “não te chega um? Queres outro?” E você insiste que na Baixa o único teatro que se faz é o dos comerciantes a quererem parecer a todo o custo que estão bem financeiramente. Às tantas atira para o seu amigo: “é tão certo haver um teatro na Baixa como quem pintou este quadro (A. Costa) ser daqui de Coimbra. Já não há impressionistas destes, e muito menos aqui, na cidade”. Você não reparou, mas entre o seu amigo e o empregado de mesa do vetusto café houve uma troca de olhares trocistas em cumplicidade. Nem o seu amigo ripostou, nem o senhor Costa, empregado de mesa, e, nas horas vagas, quase ao mesmo tempo um pintor artista autodidacta, que a sua humildade não expressa a criação imanente que lhe vai na alma.
Pois é! Acontece! A Baixa é muito mais mundo do que você pensa.
Voltando ao teatro, existe de facto. E bom. É na Cerca de São Bernardo, mais conhecido por Pátio da Inquisição. E mais: com uma companhia, a “Escola da Noite”, que muito honra a cidade, e, na nossa vaidade, a Baixa.
Pois fique sabendo que está decorrer um documentário “Reencontro com Giacometti” –claro que você sabe melhor do que eu quem foi Michel Giacometti. Apenas para o lembrar, nasceu na Córsega em 1990 e morreu em Portugal, em Faro , em 1990. Veio viver para Portugal em 1959, quando soube que tinha tuberculose. Foi em Bragança que fundou os Arquivos Sonoros Portugueses. Correu o país de lés-a-lés, até 1982, e gravou tudo o que havia, e que chegou ao seu conhecimento, de músicas tradicionais que o povo cantava no seu dia-a-dia. Com o seu grande amigo Fernando Lopes Graça, lançou a “Antologia da Música Regional Portuguesa”, os conhecidos discos de serapilheira, editados em cinco volumes pela “Arquivo Sonoros portugueses”. Dizer-lhe o quanto foi importante para a cultura portuguesa, isso já você está farto de saber. Michel Giacometti foi fundamental para que a sua vasta obra, por si recolhida, não se perdesse –não olhe para mim assim, como se eu soubesse muito. Estou a ler, homem, acorde! Assim, com os livros do meu pai, qualquer um é culto.
Bom, então, só para concluir, o próximo “reencontro com Giacometti”, organizado pelo sector intelectual do PCP de Coimbra, em associação com a Escola da Noite, é no próximo dia 25 de Maio no Teatro Municipal da Cerca de São Bernardo. Embora se repita também em Junho, dia 8 e também à segunda-feira.
Agora já sabe que há um teatro na Baixa, e, não esqueça, sempre com iniciativas culturais de relevo.

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