quinta-feira, 28 de maio de 2009
A PEQUENA SIMONE
Esta pequena mulher de que vou falar trabalha num café, de uma ruela próxima do meu trabalho. Tipo “mignon”, muito bem torneada, talvez com metro e meio de altura, é uma simpatia. Sempre alegre, ou pelo menos quase sempre de sorriso nos lábios. É brasileira! Diz tudo? Se calhar diz mesmo. “Somos completamente diferentes do povo português. Para um qualquer natural da terra descoberta por Cabral, só o simples facto de estar vivo e ter saúde é motivo para comemorar e estar feliz", diz-me enfaticamente. “ O “qui maiis mi incomoodda é o lado triisste de voccêiis (portugueses). “Euu seii do qui fallo. Sou casada com um "portugueeis". "Pareci qui carregam a morti em ciima dos ombroos”, diz-me a Simone, enquanto bebo um café.
“Há “várius annos", quando cheguei ao "paíís", fiquei "abissmada com essta trissteza" toda. "Dissi" para mim: ai meu "Deuss", meu Salvador, como é que vou conseguirr viver nessta nação tão cinzenta? “Boom, a verdadii, é que mi fui habituando, mas qui foi díficili, lá isso foii!, confessa-me esta bela mulher saída das Américas para a Europa para conquistar um mundo melhor.
“Sinceramentte”, nunca vi “gentee” tão choramingas. Ora dói a cabeça, uma perna, um braço, quando, na maioria “dass vezees”, não pensam estar para morrer de uma qualquer “doençaa” maligna. “Mii respoonde”, senhor Luís, “vocêes”, com a construção do Cristo-Rei, em Lisboa, quiseram imitar o Brasil. Porque não imitam também a nossa boa disposição?, interroga-me a americana, agora lusa, no meio de um sorriso sarcástico que não me deixou espaço para qualquer argumentação.
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