sábado, 2 de maio de 2009
O RENEGADO QUE MANDOU A ORTODOXIA ÀS MALVAS
Tenho para mim que Vital Moreira não é o candidato às europeias que mais interessa ao Partido Socialista. Apesar de ser de Coimbra, e um distinto professor universitário de Direito Constitucional, não é um prosélito do partido de governo, na verdadeira acepção da palavra. É um homem apagado, cinzento, e com pouca intervenção política dentro da área socialista. Para além do blogue “Causa Nossa” e de uma crónica semanal no Jornal Público, pouco mais se sabe dele na defesa da área rosa. O que se sabe, isso ressalta, é que foi um filiado notável do PCP e que ainda no tempo de Álvaro Cunhal, tal como Zita Seabra, abandonaram o partido da foice e do martelo, sendo apelidados pelo “grande Mestre ideólogo” como “folhas secas”.
O acto “dramatológico” de José Sócrates, aquando do Congresso do PS, ao apresentá-lo como um passe de mágica, como se tirasse um coelho da cartola, foi precipitado e, para além de gerar pequenos ódios dentro do partido de governo, deixou de fora muitos notáveis mais bem colocados para avançar. Estes, ressabiados, depois da agressão de ontem, estão agora a rir-se. Jamais lhe perdoarão a afronta.
Falando então da agressão de ontem, em Lisboa, numa manifestação da CGTP, este acto cobarde, vem clarificar muita coisa.
Começaria pelo próprio Vital Moreira, que em declarações ao Jornal de Notícias (JN), diz que esta agressão tem “um efeito muito positivo”, talvez pensando na agressão de Mário Soares na Marinha Grande em 1986. Porém, os tempos de hoje, ainda que haja uma similitude na depressão económica, não têm nada a ver uma coisa com a outra. Normalmente os candidatos, e Vital também, seguindo os efeitos secundários de Soares há mais de vinte anos, pensam logo em capitalizar o efeito de vítima. Simplesmente, já se sabe, os humanos são imprevisíveis, e a mesma água nunca passa duas vezes debaixo da mesma ponte.
A seguir chamava a atenção para esta atitude “democrática” de alguns membros do PC, que, nos seus gritos de “traidor”, “vira-casacas” e a seguir a agressão física, mostra bem a sua filosofia de tolerância. O quão próximo está de uma qualquer seita de fanáticos, onde só conta o imperativo categórico: depois de mim só a morte.
Ainda citando o JN, mostra a atitude cívica dos agentes da PSP, que perante os desacatos, “nenhum dos agentes presentes se aproximou da confusão”. O que estariam a fazer lá? Estariam também a comemorar o 1º de Maio? No limite, nesta omissão deliberada, é legítimo questionar para onde caminha esta polícia, e devemos pensar que também estavam de acordo com a agressão?
Para terminar, a posição de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, perante este atentado contra as boas maneiras, argumentando que não viu, é paradigmático: “não vou comentar o que não vi”.
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