segunda-feira, 4 de maio de 2009
"ENDIREITAR PORTUGAL"
(O MELLO NO SEU POSTO DE TRABALHO)
("MELLO" COM DOIS "L'S", ESTÁS A OUVIR? NÃO TE ESQUEÇAS, COM DOIS "L'S", QUE É PARA DAR IMPORTÂNCIA" RECOMENDA-ME O MELLO, NO MEIO DE UM LARGO SORRISO MALANDRO)
(ESTAVA O MELLO (COM DOIS "L'S") A PENDURAR PORTUGAL NO ESTENDAL, QUANDO...)
Quando, na minha volta “après-repas”, ia a passar na Rua Ferreira Borges, ali junto ao antigo Café Arcádia, estava o Mello a “pendurar Portugal no estendal”. Por outras palavras, no seu pequeno estabelecimento turístico, o comerciante, estava a pendurar umas camisolas com o nome do país para "camone" comprar. Então, no meu jeito brincalhão, pergunto: então ó Mello estás a pendurar Portugal?
Olha, o que eu fui fazer?! Foi como se destapasse a rolha de uma garrafa com clorofórmio. É impossível suster o seu efeito de onda anestésico.
O Mello é um “baril”. É um daqueles "cromos" que todos nós, sem dificuldade, gostamos imediatamente. A vida tornou este homem simples num poço de sabedoria popular. Tem resposta para tudo. “Não há feito, faz-se”, costuma dizer –este era o lema do comércio, por volta dos anos de 1980. Qualquer patrão dessa altura instruía os seus empregados de que o “não”, atrás de um balcão, era inexistente no léxico. O cliente queria verde, mas não havia no estabelecimento? Imediatamente o marçano dizia que o verde não lhe dava com a cor de pele, o melhor seria levar o azul (que era a cor que havia na loja).
Então, quando o interrogo se está a pendurar Portugal, imediatamente responde: “Não. Estou é a tentar endireitá-lo”, referindo-se à camisola com o nome do rectângulo. Como o conheço bem, e sei com o que posso contar, provoco-o, então como é que fazes, injectas Viagra? “Não, não era preciso. Se eu mandasse eu sabia o que fazer. Isto, o país, ia ao sítio que era um instante. Acabava rapidamente com metade dos crimes", diz-me o Mello com ênfase. Ai sim, e como? Interrogo. “Olha, era fácil. Por exemplo, com a pedofilia –aos pedófilos- era muito fácil. Tirava-lhes a “coisa”. Só lhes deixava um coto para mijar. Acabava com o rapto de bebés. Na maternidade, logo após o nascimento, mandava inserir-lhes no corpo um chip. Havias de ver se não se acabavam os raptos”, explica-me, tin-tin-por tin-tin, o Mello.
Então e quanto aos roubos, como fazias? Interrogo, em jeito de provocação. "Era a lei de Talião, dente-por-dente. A primeira vez, o primeiro desvio, ia abaixo o dedo mindinho. Estás a perceber, não estás?!”, interroga-me o Mello, com a certeza de que eu concordava com ele. Evidentemente que não perdi tempo a explicar-lhe que não poderia ser assim. Ele está tão certo de estar certo. Quem sou eu para lhe tentar incutir na mente que não pode ser assim?
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