quarta-feira, 6 de maio de 2009

BAIXA: O COMÉRCIO VAI ABRIR AO SÁBADO




Um grupo de comerciantes da Rua Eduardo Coelho, preocupados com o constante encerramento de estabelecimentos comerciais no centro histórico, tivera uma reunião na sede da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, há cerca de quinze dias, onde também esteve representada a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra.
Dessa importante troca de ideias, ficou saliente que, entre outras, para já, seria importante recuperar o sábado como dia igual a um outro qualquer de negócio. Como se sabe, actualmente, a maioria das lojas, neste sexto dia da semana, abrem quase todas às 9,30 e encerram às 13 horas. O problema é que nos últimos anos, progressivamente, este dia se transformou no pior de todos os outros da semana, mesmo tendo em conta que todos serão medíocres. As razões apontadas serão várias. Uma coisa é certa, os clientes começam a aparecer por volta das onze horas. Ou seja, ficam apenas duas horas para vender, o que é manifestamente pouco.
Portanto, na prática, a semana comercial é composta apenas por cinco dias. Ora, numa altura, de profunda crise económica, em que, semanalmente, somos confrontados com notícias de encerramentos de lojas por dificuldades financeiras, não faz sentido continuar neste “modus vivendi”.
Nos tempos que vivemos, qualquer comerciante de rua, por muito bem que esteja, sabe (deve saber) que está na fila para encerrar, como o vizinho que claudicou o mês passado. Nem é difícil de entender. Tal como a vida em sociedade, o comércio relaciona-se todo no seu conjunto em cadeia. Metaforicamente, é como se cada loja fosse um pequeno elo de uma longa corrente em forma de cadeado. À medida que cada elo desaparece, é evidente, a corrente vai ficando mais fraca até desaparecer.
Ninguém tenha dúvida, por cada loja que encerra no centro histórico, serão menos umas dezenas ou centenas de pessoas que deixarão de o frequentar. A ideia que se tem de que se o meu vizinho encerrar eu vou ficar melhor porque a sua clientela virá para mim é completamente inusitada. Encerrando o meu vizinho, os seus fregueses irão dispersar-se e a maioria deles, inevitavelmente, vai parar às grandes superfícies. O centro histórico fica mais vazio, porque cada loja encerrada é menos uma possibilidade de escolha para as pessoas virem. Cada estabelecimento é como uma pessoa, por muito que pareça igual a todos os outros, na sua personalidade, é único.
E assim sendo, é preciso sacrificarmo-nos individualmente para salvar o todo. De uma vez por todas, os comerciantes têm de acordar. Não podem esperar a morte sentados. São os nossos sonhos, é a nossa vida, é o futuro dos nossos filhos que está em causa. Não podemos desistir. O momento é de união em torno da salvação de todos. Vamos ter de trabalhar mais para ganhar cada vez menos. Mas não tem sido assim há sete anos para cá?
A ACIC e A APBC precisam que a partir do próximo dia 16 de Maio e, pelo menos, até Setembro, todo o comércio da Baixa esteja aberto ao sábado durante todo o dia. Se estas entidades estão a esforçar-se para nos ajudar a todos, é legítimo não cooperar?
Têm o apoio da Câmara Municipal que, para desenvolver o sábado, irá desonerar o pagamento de estacionamento durante a manhã. Para além disso, a autarquia irá implementar mais transportes públicos. Para além disso, também, contam com o apoio generalizado da Associação de Hotelaria que vai sensibilizar os seus associados para colaborarem na abertura da restauração todo o dia e parte da noite.
As juntas de freguesia, importantíssimas na revitalização do centro histórico, mesmo com as suas grandes dificuldades, mais uma vez, estão presentes e prontas a ajudar com animação, nomeadamente a de São Bartolomeu, que, em vontade e esforço, é um exemplo para todas as Juntas do país.
Eu tenho sido um crítico acutilante, na maioria com razão e algumas nem tanto. Neste projecto de tentativa de salvação do comércio local, estou inteiramente ao lado destas instituições. Bem sei que você está a pensar que esta pequena acção é apenas um paliativo, mas será melhor não fazer nada? Esta vai ser a primeira de muitas outras que aí virão. Acredite em mim. Peço-lhe. Adira comigo a este projecto. Contribua com um pouco do seu esforço para melhorar a vida de todos e revitalizar a Baixa.

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