terça-feira, 26 de maio de 2009

UM POLÍCIA AMARRADO A UM NEGÓCIO FALIDO





Como escrevi aqui, de sábado para domingo, foi assaltada a Sapataria Londres na Rua da Fornalhinha. O larápio, para além de partir o vidro da porta, teria, presumivelmente, levado alguns pares de sapatos.
Acontece –e aqui reside o busílis da questão- que esta loja está encerrada há mais de um ano. O gerente, ao que se sabe, afogado em dívidas, desapareceu de terras lusas e foi procurar ventos mais propícios para terras de Asterix. Há poucos meses todo o recheio e trespasse do estabelecimento foi penhorado pelo fisco.
Ou seja, está criado um imbróglio jurídico. Por impossibilidade de contactar o representante legal do estabelecimento para que se proceda à substituição do vidro ou “entaipamento” da loja, há três dias que um agente da PSP se mantém 24 horas por dia a guardar um estabelecimento abandonado ao deus dará.
Há quem diga por aqui, em jeito de risada, que, neste acto há mãozinha do destino. Por um lado, quem partiu o vidro estava a cuidar da saúde pública da Rua da Fornalhinha, é que há muito que as montras eram uma espécie de jardim zoológico, onde sobretudo as moscas varejeiras decidiram procriar em grande quantidade. Por outro, sem o saber, o “quebra-vitrines”, veio obrigar à permanência diária de um polícia durante a noite na Baixa, reivindicação há muito vincada pelos comerciantes desta zona histórica. Já há intenção de, através de moção, aconselhar a sua condecoração, com a medalha da cidade, no próximo 4 de Julho.
A comissão, encarregue da concessão da comenda, vem, através deste blogue, rogar encarecidamente ao herói estóico de tão abnegado acto que se apresente na PSP.
Segundo informações recolhidas sob anonimato, já foi contactado o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, e esta ordem constituiu-se assistente para –não vá o diabo tecê-las- no caso da PSP, insensível à heroicidade de cidadãos anónimos, querer dar-lhe algumas “caldaças”, ou até, quem sabe, alguma reprimenda ou processo para acusação. Desta vez, o herói pode contar na sua defesa com uma esbelta advogada que o receberá com dois beijinhos. Marinho, perante a hipótese de ser Rodrigo Santiago a protegê-lo, parece que enfatizou: “Gosto muito do Rodrigo, é um bom causídico, mas, se o anunciarmos, o “quebra-montras” foge a “sete-pés”. Para fazer aparecer o herói, só se colocarmos na sua defesa uma advogada com um generoso decote e uma curtíssima mini-saia.”

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