A mulher entrou pela porta adentro com o Diário de Coimbra (DC) numa das mãos e dirige-se-me: “bom dia, senhor Luís. Vinha pedir-lhe um favor. Leu o Jornal ontem? Viu este título? –e aponta o DC. Com notícias destas rebentam com a Baixa! Porque é que não escrevem sobre as coisas boas, como, por exemplo, as lojas que abrem? Por que razões hão-de incidir sobre o pior de nós? Olhe que ontem várias pessoas me telefonaram a lamentar o estado em que nos encontramos. Pode escrever um texto para o jornal a insurgir-se contra este tipo de notícias?”
Não, não posso. Só devo escrever sobre o que concordo. E sobre esta peça de ontem da jornalista Patrícia Isabel Silva só posso afirmar que está um bom trabalho. É a realidade. A verdade fere? Paciência para quem discordar.
Para uma grande maioria de comerciantes, tal como esta senhora, deve-se tapar o “Sol com a peneira”. Importa lá que na Baixa existam mais de uma centena de lojas encerradas? Que importa que os mais frágeis, como carne para canhão, vão caindo paulatinamente? O que interessa é o parecer e não o ser.
Há muitos anos que me insurjo contra esta forma de estar na vida. A meu ver é exactamente por isso que o comércio –e até a sua grande associação de classe- está como está. De uma forma egoísta cada um tenta safar-se como pode, pouco se preocupando se o seu vizinho está a passar mal. Aliás, “até é bom”, pensam, “porque assim vou vender mais”. Nunca dão a cara pelo colectivo. Só mesmo quando a água inunda a sua porta é que gritam por socorro aos quatro ventos.
A imprensa, para o bem e para o mal, é o único veículo que transporta a realidade até ao poder decisório. Se não se mostrar a verdade como será possível remediar seja lá o que for? É escondendo os factos que se altera uma situação ou se constrói um amanhã melhor? Como é que se reivindica do Governo medidas de salvação para um grupo profissional se se ocultar os factos?
A missão de informar não é nem nunca foi fácil. Não se pode agradar a todos. Aliás, quando se tenta corre-se o risco de não corresponder aos gostos de ninguém. Cada pessoa quer o melhor para si e tudo estará bem quando dizemos bem –somos todos iguais. O problema começa quando a verdade fere. Cai o Carmo e a Trindade. Neste meu jornaleco, que é lido diariamente por umas escassas centenas de pessoas, sinto isto mesmo todos os dias. Não é fácil escrever com verdade. Curiosamente, ainda ontem passei por uma pessoa que, à laia de cumprimento, me atirou: “então já escreveu mais mal de mim?”
Tenho a certeza que escrevendo a verdade, com imparcialidade, com equidade, não poderemos ficar com problemas de consciência, mas que não é fácil, ai não é não!
Ainda relativo à noticia de ontem do DC, um elogio para Armindo Gaspar, presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), que, de uma forma liberta de conceitos politicamente correctos, se pronunciou contra o escândalo das rendas praticadas no comércio.
Sou amigo há muito do presidente da APBC. Curiosamente, durante muitos anos, em relação à forma de relatar os factos sobre ocorrências no Centro Histórico, nomeadamente assaltos, cada um de nós esteve em margens opostas. Eu, como fui assaltado durante a noite três vezes e outros vizinhos também sofreram várias incursões, entendi que deveria denunciar publicamente esta falta de segurança. Na altura fui acusado, até pelo meu amigo Armindo, várias vezes, de querer destruir a Baixa. Tenho a certeza que a implantação das câmaras de videovigilância por Carlos Encarnação, à época presidente da edilidade, aconteceram mais depressa porque, contribuindo para a decisão, andei lá no executivo e na Assembleia Municipal a chateá-lo mais que uma melga. Depois disso muitos estabelecimentos foram assaltados, mas hoje é unanimemente afirmado por todos que a criminalidade decresceu em muito e a Baixa, apesar da sua desertificação, é um dos pontos mais seguros da cidade. E se todos nos calássemos? O que teria acontecido? As coisas teriam melhorado por obra e graça de Nosso Senhor Jesus Cristo?
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