(POR NÃO TER OUTRA FOTO À MÃO, COM A DEVIDA VÉNIA, UTILIZO ESTA DO BLOGUE "PIOLHO DA SOLUM")
Hoje, juntamente com cerca de quatro de dezenas de comerciantes, estive na Câmara Municipal. Embora só um munícipe usasse da palavra, estávamos todos presentes com uma única intenção, que era levar ao conhecimento do executivo, liderado por Carlos Encarnação, a instabilidade e a insegurança nocturna que os homens do comércio sentem diariamente na Baixa da cidade.
Nestes quarenta comerciantes presentes, cerca de 25 já tinham visto os seus estabelecimentos vilipendiados nos últimos dois anos. Alguns várias vezes. Por exemplo, o fotógrafo Victor Ramos no último ano duas vezes. No total de vezes assaltado ao longo dos últimos anos: 16 vezes.
O Alípio, dono da sucata por detrás da antiga Zara, de Janeiro ultimo até agora: 4 vezes. Na última, há semanas, com recurso a rebarbadora, abriram-lhe um cofre de ferro e roubaram cerca de 300 euros.
A Dona Graça, da Rua Velha, de Setembro do ano passado até agora: 14 vezes.
Uma loja de Velharias, no Largo da Freiria, de Julho do ano passado até agora: 3 vezes.
Os restantes vinte e um presentes no plenário do executivo, nos últimos dois anos viram os seus estabelecimentos violados.
Como se sabe também, os assaltos têm decorrido entre as 22,30 e a 1.00 horas da madrugada. E tanto faz ter grades de ferro como não, vai tudo à frente. A técnica utilizada é pegar num paralelepípedo, jogá-lo contra a porta ou montra, forçar a grade com uma marreta ou "pé de cabra", entrar e roubar o que estiver à mão e desaparecer.
Quando a PSP chega, passados 15 minutos, limita-se a constatar o óbvio. Como durante a noite não existe um único agente, para além de se saber que a zona histórica está bastante desertificada, calcula-se a facilidade com que actuam os meliantes.
E foi isso mesmo que este grupo de comerciantes, bastante preocupados, foram dizer a Carlos Encarnação. Que acima de tudo, para além da sua responsabilidade política, enquanto presidente da Protecção Civil Municipal e, sobretudo, pela segurança autárquica, iam ali para pedir a sua ajuda. Disseram também que, numa zona comercial de mais de quinhentos estabelecimentos, era intolerável, como quem diz, absurdo, que toda esta zona comercial estivesse entregue à divina providência.
“E o que ouviram do presidente?”, interroga você, leitor. Pois pasme! Textualmente disse isto: “que não podia fazer nada! Que o problema era com a PSP, e que ele, enquanto presidente da autarquia, não podia valer em nada”. Foi então que o comerciante, que usava da palavra em nome de todos, lhe perguntou se perante a sua tolhida e confessada inoperância deveriam, os homens do comércio, pegar em armas para defender o que era seu. Indirectamente respondeu que a culpa era do Governo Nacional, pelas recentes alterações nos Códigos Penal e de Processo.
Ou seja, tinha resposta para aquilo que os comerciantes não precisavam. Que era a politiquice barata, dividida entre a “partidarite” bacoca, “azelha” e irresponsável.
Quem salvou a situação foi Victor Baptista, vereador (e deputado) do PS, que numa argumentação simples e exemplar, ali, naquele hemiciclo onde vale tudo menos fazer política verdadeira, no sentido da polis, se colocou ao lado dos comerciantes.
A seguir foi Pina Prata, que desancando em Gouveia Monteiro, lhe perguntou porque razão, para o planalto do Ingote, havia polícias e dinheiro e para a Baixa, o coração da cidade, não havia nada –saliento, nesta reunião, a posição do vereador comunista, que descaradamente se colocava ao lado de Carlos Encarnação, não só em sua defesa, como se fosse seu advogado, como em posturas ridículas de risinhos, perfeitamente descabidos num contexto de luta política. Uma tristeza, senti eu.
Seguidamente interveio Luís Vilar, de forma contundente, a defender os comerciantes e a questionar para que serve a APBC (Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra).
Seguidamente, do seu telemóvel, marcou uma reunião, para amanhã, às 11,30, no Governo Civil, em que estará presente, para além do Governador o Comandante da PSP.
Poderemos todos questionar a intervenção, quer de Pina Prata, quer dos vereadores da oposição do PS. E, no limite, até podemos dizer: “olha!, pois, actuaram assim porque estamos próximos das eleições”. É possível que a sua motivação até fosse mesmo essa, mas, e depois? Não foi lícita? Não é isso que se espera de um plenário onde estão presentes executivo e oposição? Eles apenas aproveitaram uma oportunidade dada de bandeja pelo presidente da autarquia. Que, aliás, quanto a mim, sai péssimo da fotografia. Pode-se esperar pouco de um chefe de um executivo, mas, hoje, daquele homem, nada saiu. E isso, quanto a mim, é inconcebível.
Uma coisa posso garantir, e isto é um juízo de valor, Carlos Encarnação, hoje, perante a oposição, os dois vereadores do PS e Pina Prata, que a seu modo também concorre para ela, pareceu um pigmeu, um inadaptado, um “vencido da vida”. Sinceramente, já tinha uma opinião formada, mas agora, reafirmo-o: este homem não me serve para presidente da minha cidade.
Tal como fiz lá, no salão camarário, para Pina Prata e os dois vereadores do PS, uma grande salva de palmas.
1 comentário:
somos governados por uns miseráveis desde o plano nacional ao local...
Parabéns pelo blog e pelas denúncias, a verdade não pode ser calada!
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