quarta-feira, 27 de julho de 2011

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)



Marco Pinto deixou um novo comentário na sua mensagem "EDITORIAL: O QUE QUEREM FAZER DOS CENTROS HISTÓRIC...": 


 Esta é uma das poucas vezes que estou de acordo com a nossa esquerda «caviar», radical e ortodoxa. Falta apenas eles mencionarem e lembrarem-se dos pequenos proprietários, não englobando, como é hábito, estes no grupo «alvos a abater» do Bloco.
Para eles todos os proprietários, empresários, empregadores, donos do que quer que seja, são perigosos capitalistas e potenciais exploradores do povo. Eu acho que não. Estes pequenos empresários são o verdadeiro motor da nossa sociedade. A grande maioria dos senhorios, principalmente do Centro Histórico, são pessoas que vivem com dificuldades, têm imóveis que dão menos prejuízo vazios do que arrendados. Recebem rendas ridículas, como 5 ou 10 euros por mês, e pagam impostos e taxas exorbitantes sobre estes mesmos imóveis. Pergunto eu: se o sr. Louçã tivesse um T1 arrendado por 12 euros mensais e tivesse um inquilino a reclamar insistentemente por obras na casa, qual seria a sua reacção? Acharia justo receber de herança um mono que rende 144 euros anuais e, como bónus, um inquilino a reclamar por tudo e por nada? Além de pagar as obrigações devidas aos proprietários ter de fazer uma obra em que o rendimento obtido só dá para pagar 2 ou 3 dias de trabalho de um servente? E o pedreiro? E o material? E o projecto? E… e...? O que o sr. doutor Louçã diria? Teria a mesma opinião?
Abraço.
Marco

PS: Desculpe lá o desabafo, Luís. O meu amigo já se referiu várias vezes a estas questões, mas acho que vale sempre a pena expor casos reais como este, em que uma pessoa é senhorio sem querer, em que lhe deixaram não um bem mas um prejuízo mensal para toda a vida.
 

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NOTA DO EDITOR:

 Começo por lhe agradecer o excelente comentário que faz sobre este continuado abuso sobre os mais (alguns) necessitados senhorios descapitalizados. Como sabe, e refere, sou um desses que sofre a ditadura continuada de governos que apenas se preocupam com a sua reeleição e se estão a marimbar para os problemas reais da sociedade. Sejamos honestos, este executivo actual ainda não teve tempo de mostrar o que vale. Cá no fundo, bem no fundo, ainda detenho alguma réstia de esperança. Afinal este governo é composto por pessoas que anteriormente trabalhavam e sabem muito bem desta iniquidade que é o (Novo) Regime de Arrendamento Urbano. 
A meu ver, só quando um elenco governamental tiver a coragem de remexer de alto abaixo este código -que, quanto a mim, nos dias que correm, nem faz muito sentido toda a sua extensão de prevenção de situações, e absurdos como por exemplo a transmissão. Hoje, em paradoxo, o nosso primeiro Código Civil de Seabra, de 1867, era muito mais objectivo e eficaz do que o actual.
Quanto ao pedir desculpa por colocar aqui a sua situação, meu caro, só lhe agradeço. Tomara eu que quem como nós se sente prejudicado colocasse aqui o seu caso. E até poderá ser de forma anónima que eu darei luz ao seu desabafo.

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