quarta-feira, 20 de julho de 2011

SOLILÓQUIO





Meu amigo está embrenhado,
perdido em mil pensamentos,
quem sabe esteja cansado
de tentar mudar os ventos,
descansa como soldado,
da guerra de novecentos;
Talvez pense na sua vida,
nunca foi o que imaginou,
teria sido apenas avenida
nos projectos que sonhou,
como uma mulher atrevida,
que não cumpriu e abusou;
Se calhar está a querer somar
os desaires da humanidade,
junta pontos, para adivinhar
para onde caminha a cidade,
esta bela terra de encantar,
que na partida deixa saudade;
Pode estar em introspecção,
cogitando em quem o enganou,
estropício do malandro, aldrabão,
que com gestos finos o burlou,
sem olhar à sua idade de ancião,
levou-lhe uns discos e não pagou;
Por conseguinte, estará descontente,
furioso com quem nada quer fazer,
que futuro? O que irá ser desta gente,
lavradores sem esforço, sem sofrer,
por momentos, parece estar ausente,
neste logro, quase nem apetece viver;
Talvez esteja preso numa história,
naquele amor de catraio, de arrasar,
que tanto foi marcante na memória,
cujo tempo não volta atrás para lembrar,
é um retalho vago, imagem irrisória,
por isso mesmo, está somente a dormitar.

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