segunda-feira, 2 de março de 2009

A PÉTALA FOI ASSALTADA



Desta vez, como roleta Russa, calhou a vez à Perfumaria Pétala, na Rua Visconde da Luz, ser visitada pelos amigos do alheio.
Sou amigo há muitos anos do proprietário, o meu colega, o Armindo Gaspar. Para além de gerente da Pétala, o Armindo é também o presidente da Agência Para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC). Durante muitos anos foi presidente do Sector Comercial da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra.
Há mais de um ano que as nossas relações esfriaram um pouco. Eu fui assaltado três vezes no último ano e meio. Para além de mim, vários estabelecimentos foram também violentados no centro histórico. Alguns foram assaltados mais de uma dúzia de vezes. Como cidadão solidário, como contribuinte, como comerciante lesado não pude calar esta ameaça, que, como vírus destruidor, ameaça todo o sector económico do comércio. Ainda para mais numa altura em que todo o tecido comercial está debilitado. Para além de outras denúncias públicas, em Novembro, juntamente com cerca de quatro dezenas de comerciantes, fomos à autarquia, à reunião pública do executivo, e exigimos a segurança a que temos direito. Carlos Encarnação, o presidente da autarquia, duma forma simplista, lavando as mãos como Pilatos, reiterou que nada podia fazer. Foi então que numa jogada de mestre, e aproveitando as fragilidades óbvias do presidente do executivo, Luís Vilar, ali mesmo no local, marcou uma reunião com o Governador Civil, Henrique Fernandes, para o dia seguinte.
Nesse dia, perante o Governador Civil e o então, à época, Comandante da PSP, Intendente Bastos Leitão, eu e mais dois comerciantes, que tínhamos estado na autarquia, o Presidente da ACIC, Paulo Mendes, e então o meu amigo presidente da APBC, Armindo Gaspar reunimos numa longa mesa no Governo Civil. Argumentava Bastos Leitão que não havia policiamento na Baixa…porque não havia participações na PSP. E, segundo o Comandante desta polícia, só com números registados em estatística era possível colocar mais efectivos na rua.
Não será exagero se disser que, ali, de certo modo, fui o bobo da corte. Fui o único que contrapôs os argumentos políticos do representante do governo no distrito e do comandante da PSP. Às minhas reivindicações legítimas de segurança para a Baixa, naquela reunião, o Armindo chegou a dizer que eu era um exagerado e que estava a prejudicar a zona histórica. Ou seja, eu “atacava” e o presidente da APBC, contrariamente ao seu estatuto representativo, pondo-se ao lado daqueles que tinham obrigação de atender as legítimas reivindicações de segurança, desvalorizava a minha acção.
Henrique Fernandes, naquela reunião, comprometeu-se, através do chamado “Contrato Local de Segurança” –um novo instrumento jurídico recentemente criado pelo governo para atender as falhas de segurança nas cidades- a reunir com todos os presentes no tempo de um mês. Para além disso, contratualizou connosco, a ACIC e a APBC, a tentarmos junto dos comerciantes que não apresentaram queixa para os convencermos a fazê-lo.
Posso garantir aqui que passei várias manhãs de porta em porta a sensibilizar os comerciantes para apresentarem queixa. Aos mais renitentes, em impresso próprio, captei cerca de uma dúzia de participações e entreguei-as em mão na Polícia de Segurança Pública.
Depois dessa reunião, o que fez a ACIC e a APBC? Nada. Nem uma palha moveu.
Mas o destino é cruel, e, nesta vida, tudo se paga. Esta noite passada o meu amigo Gaspar foi assaltado. Com toda a honestidade, não fico contente com isso. No entanto, para escrever, e também manifestando uma solidariedade que nunca me foi mostrada, fui hoje falar com o presidente da APBC. Tive o prazer (um pouco sádico, confesso!) de lhe dizer tudo na cara daquilo que aqui estou a escrever.
Contra-argumentou o meu amigo Armindo que já tinha pedido explicações ao senhor Governador Civil sobre a promessa de Novembro, que ficara pendente. Ai agora que foste assaltado?!, interroguei. Confesso que fui mesmo sádico. Mas que hei-de fazer? Sei que não vou para o céu (porque não existe), por isso, às vezes, confesso, sou mesmo uma peste em pessoa.

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