quinta-feira, 12 de março de 2009

CARLOS, O INCLEMENTE




Ontem, cerca das 16 horas, ali na zona da Praça 8 de Maio/Câmara Municipal cheirava muito a queimado. Temeu-se o pior. É nestas alturas, quando há fumo ou odor a queimado no centro histórico, que vem ao de cima o incêndio no Chiado, ocorrido em Lisboa, há cerca de vinte anos.
Depois de grande alarido na praça, até o Conquistador foi posto de prevenção, foi chamada a protecção civil e tudo. Afinal não era incêndio nenhum de monta que se visse. Por outras palavras, alguma coisa estava a arder, isso estava, mas não havia chamas visíveis. Então o que era? Parece você, leitor, perguntar. Calma! Quem ler este blogue não pode para aqui vir stressado, eu já respondo.
Pois então, o que era, quer você saber? Eram as orelhas de Carlos Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, na Assembleia Municipal, a acusar as investidas verbais de Carlos Clemente, o presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu. O representante eleito de uma das duas juntas de freguesia do centro histórico deu forte e feio no representante do paço. Desde dizer que a autarquia não tinha sensibilidade para o momento grave que o comércio atravessa, que quase perseguia os comerciantes com coimas por causa dos toldos, dos reclamos, dos assaltos a estabelecimentos, e, como se isto fosse pouco, pôs Encarnação KO com um nocaute, quando lhe atira uma investida da esquerda, dizendo que a Polícia Municipal só serve para multar, que é uma constante caça à multa.
Diz quem viu, que o homólogo de São Bartolomeu, a determinada altura, para além das orelhas a arder, já deitava fumo da cabeça. Que ficou tão sem acção que nem a sua habitual argumentação “eu conheço a Baixa, eu moro aqui”, lhe saiu. Ficou simplesmente sem palavras perante o ataque cerrado de Carlos Clemente.
Ainda segundo o meu informador, o árbitro deste combate, Manuel Lopes Porto, como sempre não se meteu e deixou que o combate prosseguisse, apesar das fracas condições físicas e psíquicas do edil morador em Almedina.
Mesmo com esta retumbante vitória oral de retórica, de justiça e de direito à indignação, ninguém bateu palmas ao inclemente Carlos de São Bartolomeu. “Até pareceu que os presentes na assembleia ganharam pena de Encarnação. Pobre homem!, quem o viu e quem o vê. Do grande tribuno que foi parece uma sombra”, desabafa o meu interlocutor, com uma lágrima no olho prestes a rolar.

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