quinta-feira, 5 de março de 2009

COIMBRA: O ANACRONISMO DE UMA CIDADE MEDIEVAL QUE QUER SER MODERNA




O gás natural, através da empresa Ensulmeci, subcontratada pela Lusitânea Gás, avança nas ruas estreitas. Agora vai na Rua das Padeiras. Já o escrevi anteriormente, e não será demais repeti-lo, esta empresa, nota-se, procede como um cirurgião: abre, opera e o mais rapidamente fecha para evitar complicações pós-operatórias. Isto é, para não causar mais do que os necessários transtornos aos comerciantes.
Porém, sem ter qualquer culpa, acontecem acidentes. Ontem, segundo parece, tiveram que esperar por técnicos da EDP por desconhecimento onde se encontravam os cabos de ligação. Hoje, de manhã, cortaram um ramal de água, de ligação a uma casa, e, durante uma hora, toda a Rua das Padeiras ficou sem água canalizada.
Vamos por partes: em 1999, há um a década portanto, através do PROCOM, Programa de apoio ao comércio, todo os pisos destas ruas do centro histórico foram integralmente alterados para calçada portuguesa. A meio do empedrado em granito foi colocado um lajeado em pedra de Ançã. Mandaria o bom senso que nessa altura, em todas as ruas, fosse construído um túnel por onde passasse toda a canalização de água, de electricidade, de telefone, da TVCabo e, agora, serviria para o gás natural e, no futuro, quem sabe, para outros projectos. O que acontece é que, para além de não ter sido feito nada disto, nem sequer existem planos precisos de pormenor dos ramais eléctricos e de águas que evitem os acidentes como os de hoje.
Estou a escrever alguma coisa do outro mundo? Creio que não. Não sei o que se passa noutros países, mas quase apostava que não seguirão esta rebaldaria da nossa cidade que não serve de exemplo para ninguém.
Não são só os custos financeiros que este arranja/rebenta-chão acarretam. É sobretudo os incómodos, os prejuízos inerentes que estas obras causam –por exemplo os estabelecimentos hoteleiros da Rua das Padeiras estiveram uma hora sem poderem trabalhar pela falta de água.
Será assim em todo o nosso país? Se é assim não sei. Mas está mal.
Sei que não há nenhuma cidade ideal, mas podia-se planear o chão da mesma forma que se projecta um edifício no ar.

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