Já aqui falei deste artista. Simplesmente não tinha entrado em diálogo com ele. Quem passa nas ruas da Calçada, só se for surdo, ou um armário fechado para as artes, não pára e ouve este moldador de sons saídos seu saxofone.
Hoje, à hora do almoço meti conversa com ele. Como todos os artistas, nota-se, é uma pessoa amorosa e cheia de sensibilidade. Chama-se Walter Kovacs e é Austríaco. Está em Portugal há 23 anos –foi amor ao primeiro olhar, adora este país. Toca nas ruas de Coimbra desde 1992. “Vim “ocupaarr” o lugar daquele “senhorr” de “perrra”, já idoso, que tocava também saxofone, você “lembrarr”?, interroga-me o Valter no seu português a derivar para o austríaco.
Vive na Lousã. Para além disso é professor de música. Dá aulas em Antanhol e Valongo, dois lugares muito próximo de Coimbra. Tem formação musical e gosta muito de ensinar. A música é um “instrumento” de paz e concórdia.
Gosta muito de tocar na rua. “As pessoas “gostarr” muito de me ouvirr”.
Quando passar ao pé do Valter, pare, escute e olhe. A seguir, se puder, ponha a mão no bolso e ajude com a importância que puder. O Valter faz falta à Baixa. Os seus sons melódicos quebram a monotonia triste que perpassa no rosto de cada um.
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