segunda-feira, 2 de março de 2009
OS NOVOS VELHOS CANDIDATOS PARTIDÁRIOS
O recente anúncio, no XVI Congresso do Partido Socialista, de Vital Moreira como cabeça-de-lista às eleições europeias, enquanto professor da Faculdade de Direito de Coimbra, dever-nos-ia, a quem vive na cidade, deixar contentes sem grandes questiúnculas.
Porém, correndo o risco de cortar o entusiasmo, vou perorar sobre o assunto. E até para complementar o meu raciocínio vou trazer também à colação a notícia da semana passada do semanário Campeão das Províncias, em que era anunciada a possível candidatura de Manuel Machado à autarquia de Coimbra. Lembro que este ex-autarca foi edil da Câmara de Coimbra durante dois mandatos e até 2002.
Não me irei debruçar sobre a pessoa de Manuel Machado, que, diga-se a propósito, é bastante popular aqui na Baixa. Embora conhecendo-o, sem grande afinidade, sei que é uma pessoa querida por muitos comerciantes.
O que pretendo atingir com este escrito, como disse, não são as qualidades indiscutíveis dos indigitados e prováveis candidatos. O que discuto é a falta de renovação da classe política. Nestes dois casos é mais do mesmo.
Pode até dizer-se que Vital Moreira até está arredado da política activa há mais de uma dezena de anos. Mas, mesmo assim, é mais um candidato “requentado” que não traz nada de novo a uma classe que para seu bem precisa urgentemente, como pão para a boca, de uma renovação dos seus quadros.
Esta aposta em políticos “emparteleirados” é de certo modo preocupante. Mostra que a arte da transformação da vida da polis, a política, não se consegue rejuvenescer. Há muito que se fala no aparecimento de um “homem novo”, porém, na hora das candidaturas, quer a nível do partido de governo ou do principal partido da oposição, o PSD, estas grandes organizações partidárias, num facilitismo preocupante, preferindo não arriscar, trazem de novo à ribalta um velho produto com uma nova embalagem.
E esta carência de desabrochar, o tal novo demandante da ciência moral e normativa de governar a sociedade, deveria deixar-nos apreensivos. Com todo o respeito que nos merecem os candidatos citados, mas, uma coisa é certa, sendo ex-profissionais da política, levam atrás de si já muitos vícios adquiridos, para além de amizades e clientelas. Veja-se o caso de Manuel Machado. Quem lança o seu nome na praça pública como possível candidato é, nem mais, nem menos, do que um seu anterior braço-direito. Coincidência? Preocupação com a causa partidária? Procura incessante do melhor para o comum? Ou simplesmente o recuperar, através do candidato indigitado, um poder perdido?
E a interrogação surge: será que o partido Socialista, num universo tão vasto, em Coimbra, não terá um candidato novo? Em idade e sem “mácula”, isto é, sem passado partidário, que pode ser um ónus para a sua eleição.
Não posso deixar de lembrar dois casos que “paradigmatizam” o exemplo a que tento alcançar. Um aqui bem próximo: Penela. Outro um pouco mais longe: Óbidos. Estas apostas em novos modelos de políticos revelaram-se fundamentais na convivência e no desenvolvimento destas duas localidades.
Para Coimbra, para fazer renascer a esperança, a tal auto-estima que um também possível candidato tanto falou, para varrer o mofo e a apatia que envolve a cidade e criar uma necessária dinâmica, era importante a apresentação de novos candidatos, homens sem colagens, sem a “formatização” que os partidos lhes impõem, tanto nas pequenas organizações partidárias, caso do Bloco de Esquerda e do CDS/PP, como nas grandes, como é o caso do PSD E DO PS.
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