quarta-feira, 7 de março de 2012

MAKRO: A QUEDA DOS GIGANTES EM PORTUGAL

(IMAGEM DA WEB)



 Segundo o jornal Público de hoje, “A cadeia de “cash and carry” Makro propôs a todos os 1500 trabalhadores em Portugal a rescisão voluntária do contrato de trabalho ou redução do regime laboral para part-time.”
Ao ler esta notícia, certamente, somos atravessados por várias interrogações. A primeira, em jeito de constatação, dá para ver que este pré-levantamento do Condor infere que o país já deu o que tinha a dar. Isto é, neste momento está completamente esgotado e “esmifrado”, e o seu consumo, espelhado numa procura reduzida, já não interessa à grande multinacional –e chegados aqui poderemos fazer uma pergunta: a quem vai caber o ónus de centenas de desempregados que a Makro, apesar de, por enquanto, não levantar ferro de vez, irá lançar? E o que virá a seguir com outras grandes superfícies? Não foram estas grandes áreas apresentadas pelas autarquias como o “ovo de Colombo” na grande criação de emprego? Não foi esta a justificação apresentada, de Norte a Sul, pelas diversas câmaras municipais para fundamentar o encerramento contínuo de milhares de lojas no comércio tradicional e o lançamento de milhares de cidadãos no desemprego? Faço aqui uma interrogação, aparentemente, algo bacoca: não deveriam todos estes políticos ser julgados por gestão danosa das cidades? E agora? É outra interpelação que fica. O que vai acontecer aos centros históricos das cidades que, esvaziados de pessoas, de comércios, de vida no seu conjunto, parecem um campo de batalha, onde as famílias destroçadas são aos magotes, os mortos subjazem em suicídios mal explicados e os feridos, com mazelas depressivas, são mais que muitos?
Com tantos e tão bons economistas no país, este comportamento de ave de rapina não era previsível? O que irá acontecer às mastodônticas instalações que cercam as cidades? O que irá acontecer à imensa construção em habitação que foi criada nestas novas centralidades? Quem vai pagar o custo disto tudo? Não é preciso responder, porque todos sabemos.
E ainda outra inquirição: perante a queda iminente, em Portugal, desta e de outras grandes superfícies, o que espera o comércio de rua –que ainda vai resistindo- para mudar de atitude? Ou seja, sabendo que estas grandes áreas de venda estão a atravessar problemas, é altura dos comerciantes acordarem de vez e passarem ao ataque. E uma das formas simples que antevejo é mudarem os horários de funcionamento. Em vez de abrirem às 9 –hoje já poucos praticam-, abram às 11h00. E em vez de continuarem a encerrar às 19, façam-no às 21h00. Escusado será dizer que é preciso trabalhar à hora de almoço e sábados durante a tarde.
Perante um inimigo -com a complacência dos governos que ao passarem a bola para as autarquias se desoneraram do ónus, e estas agindo quase criminosamente destruíram quase completamente todo o tecido comercial urbano- que aniquilou completamente uma classe, não se tenha benevolência. Está na altura de atacar. Está na altura de desencadear o “Dia D”, invadindo as cidades com novos procedimentos comerciais.

2 comentários:

Ana disse...

foi uma noticia que me deixou de boca aberta, tanto trabalhador para o desemprego... assim não sei mesmo onde isto vai parar...

LUIS FERNANDES disse...

Muito obrigada, Ana, pelo comentário. Infelizmente, como deve calcular, não tenho resposta para a sua (meia) interrogação.
Abraço.