“Psst! Psst!, Luís, você já viu como está aquela pedra?” –e aponta uma enorme pedra em forma de obelisco. “É uma miséria! Sabe quem é que a arranjou há cerca de um ano? Foi o Carlitos “popó”! É preciso mandar concertar isto! Assim, está mal, não está? – Não diga nada que fui eu que lhe disse!”
Assim se me dirigiu hoje um comerciante da Praça do Comércio. Confesso, solenemente, que me irritam pessoas assim, mas o que é que se pode fazer? Nem vale a pena estar a gastar latim…
UM POEMA PARA O CARLITOS "POPÓ"
Sou o Carlos Alberto Duarte,
todos me conhecem na Baixa,
uns tomam-me como baluarte,
outros, como louco que encaixa
na senilidade do seu encarte;
Sou quase um vivo monumento,
na paisagem envolvente,
tenho um pressentimento,
que para muitos não sou gente,
sou coisa sem sentimento;
Mas eu sou pessoa que ama,
dentro de mim bate um coração,
olho para quem passa, para a dama,
para a viúva triste sem consolação,
que olhando para mim, exclama:
"olha, é um maluco que aqui vai,
caminhando nas ruas sozinho,
pouco fala, parece que nunca sai
do Largo das Ameias, do cantinho,
pobrezinho, valha-o Deus, ajudai!”;
Ainda contrariamente ao pensar,
eu sou feliz com pouco ter,
basta-me apenas não chorar,
que me importa não saber ler,
ou não ter telemóvel para falar?;
Apesar de não ser religioso,
mas até sou um bom cristão,
tantas vezes sou caridoso,
dou um braço, dou a mão,
por alguém mais andrajoso;
Desconheço o ódio, pois então!
gosto de qualquer humano,
quando vou na procissão,
em passo solene franciscano,
julgam-me um igual na razão.
todos me conhecem na Baixa,
uns tomam-me como baluarte,
outros, como louco que encaixa
na senilidade do seu encarte;
Sou quase um vivo monumento,
na paisagem envolvente,
tenho um pressentimento,
que para muitos não sou gente,
sou coisa sem sentimento;
Mas eu sou pessoa que ama,
dentro de mim bate um coração,
olho para quem passa, para a dama,
para a viúva triste sem consolação,
que olhando para mim, exclama:
"olha, é um maluco que aqui vai,
caminhando nas ruas sozinho,
pouco fala, parece que nunca sai
do Largo das Ameias, do cantinho,
pobrezinho, valha-o Deus, ajudai!”;
Ainda contrariamente ao pensar,
eu sou feliz com pouco ter,
basta-me apenas não chorar,
que me importa não saber ler,
ou não ter telemóvel para falar?;
Apesar de não ser religioso,
mas até sou um bom cristão,
tantas vezes sou caridoso,
dou um braço, dou a mão,
por alguém mais andrajoso;
Desconheço o ódio, pois então!
gosto de qualquer humano,
quando vou na procissão,
em passo solene franciscano,
julgam-me um igual na razão.
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