sexta-feira, 16 de março de 2012

À MEMÓRIA DE SALAZAR! (ERGO O COPO)

 
(IMAGEM DA WEB)


 Às vezes dou por mim a pensar que sou mesmo uma profunda desilusão para os meus amigos. Todos os dias levo no focinho com esta sensação. Basta entrar no café, a pensar em tomar meia-de-leite e um croissant, e encontrar um grupo a beber vinho e um deles, com um copo na mão, convida-me para partilhar com eles. Logo ali sou acometido por um conflito interior: “como é que faço agora? Aceito só um pequeno copo e faço que bebo sem beber?” –é que, fora das refeições, não consigo ingerir vinho. Lá dou uma resposta esfarrapada e sento-me na mesa ao lado.
Acho graça –rindo de mim-, quando estou em qualquer lado e a televisão está a transmitir um jogo de futebol. Os presentes, a um quase golo, que foi mesmo nas “abébias”, levantam-se efusivamente e fazem uma grande algazarra. Se, imaginariamente, um deles se virar para mim e perguntar: “ó pá!, viste este azar?” –eu não sei que responder, porque mesmo que estivesse a olhar para o ecrã não estaria a prestar a mínima atenção: para além de não perceber patavina, eu não ligo nada ao futebol. Verdadeiramente, o que eu gosto mesmo é de analisar o comportamento das pessoas enquanto estão fixadas no pequeno aparelho retransmissor.
Se eu entrar numa qualquer igreja –e entro muitas vezes quando acompanho a minha mulher-, já sei que assistirei aos ritos como os outros, nomeadamente o benzer, porque entendo que sendo um convidado na Casa do Senhor, independentemente do meu pensar, devo respeitar as normas do Anfitrião, mas não acredito no transcendente –aqui tenho um problema para resolver que são as muitas manifestações de espiritismo a que já assisti ao longo da minha vida. Com todo o respeito por quem crê, mas eu não tenho fé. Penso que tudo se resolve enquanto dura a vida e, se não se resolver, resolvido ficará com a morte. Tudo acaba aqui. Depois da sua finitude, o que resta a quem cá fica são memórias gravadas na mente. E nada mais. Mas como explicar as manifestações paranormais a que eu, ao longo da vida, fui assistindo sempre dividido entre o cepticismo e a verdade? Pois, aí é que bate: não tenho resposta. E já assisti a algumas bem marcantes. Será que foram apenas exteriorizações psiquiátricas? Não sei. O que sei é que já vi –e não foi há muitos anos- uma mulher rebolar-se no chão como uma cobra, revirar os olhos, o pescoço e as mãos completamente –não estou a inventar. Pode ler aqui a minha primeira experiência. 
Na política ideológica e partidária penso também de forma diferente. Não me consigo prender a nenhuma ideologia ou partido. Especulando, é como se estivesse lá em cima e, olhando para todos eles, verifico que, apesar de difundirem o contrário e retirando algumas divergências de somenos, intrinsecamente são tão iguais entre si. Se repararmos, tentando estabelecer diferenças, num comunista e um indivíduo da direita verificamos que o seu acreditar, a sua convicção forte, é igual. Há somente uma dissemelhança elementar: um e outro, como inimigos étnicos, não se podem ver e, denegrindo-se mutuamente, estão convencidos que a sua mensagem é superior ao opositor. No caso da direita, é filho de um deus aforrador, autoritário, onde a disciplina impera, separando os merecedores da graça divina pelo esforço individual dispendido, criador de riqueza, e que para distribuir tem de ter. No caso da esquerda, é herdeiro de um deus generoso, solidário, distribuidor equitativo de toda a riqueza gerada no mundo e independentemente de merecer ou não merecer. O simples facto de ser pessoa concede-lhe prerrogativas, direitos, iguais a todos e independentemente de ter-se esforçado mais ou menos do que qualquer um. O curioso é que historicamente ambos já viram que sobretudo os sistemas económicos que defendem falharam rotundamente, com milhões de vítimas inocentes de permeio, no entanto, completamente cegos, continuam a pugnar os seus “ismos” absolutos. Curioso também é que ambos acreditam totalmente na sua verdade –e, lembrando Nietzsche, há tantas verdades quantas o homem quiser-, e por ela se batem, por ela morrem se preciso for. Ou seja, o que os (re)liga ao seu crer é uma forte convicção… que eu não tenho.
Tenho para mim que o Homem, enquanto Ser grandiloquente, é simplesmente uma força das circunstâncias. Contrariamente ao que se crê, não é ele que comanda e cria as ocorrências, mas o contrário -tenho noção do quanto posso criar confusão com esta afirmação. Ou seja, numa sucessão de acasos, algumas vezes, raramente, provocados por ele, este homem interventor limita-se a ir na corrente, tentando agarrar-se a qualquer coisa, no fundo arriscando mudar o destino, mas, na maioria das vezes, renegando mil vezes o que afirmara antes, faz o pior que nunca julgara possível –um pouco para tentar ser mais claro: acredito que o homem das Cruzadas, da Idade Média, ao dizimar milhares e milhares de sarracenos foi a circunstância e não a intenção de “per si” que fez esta ocorrência.
Depois vamos continuando a percorrer a História Universal e caindo nos Descobrimentos Portugueses a mesma coisa. Vamos para a Revolução Francesa com os milhares de mortos e o próprio Robespierre –que para além de político amigo do povo era advogado, e apelidado de “incorruptível”-, depois de encabeçar os jacobinos e dizimar milhares de opositores veio a morrer na guilhotina.
E por aí adiante, passando por Espanha, com a ditadura de Franco, e em que na guerra civil espanhola morreram milhares de pessoas.
E caímos em Portugal, em 1926, quando Salazar foi chamado para ministro das Finanças, porque o nosso país estava sem crédito no exterior.
O que aconteceu depois, já todos sabemos, com a Constituição de 1933 a instaurar o Estado Novo, e por aí adiante até Agosto de 1968, quando o ditador caiu da cadeira.
Este palavreado todo para quê? Para interrogar o ódio que alguns meus amigos têm ao homem que governou Portugal durante cerca de 40 anos. Se este marco indelével da nossa história morreu em 1970, surge uma pergunta: porquê este continuado rancor de muitos portugueses? Não será um caso de psicose colectiva? Sem ofensa para ninguém, mas não deveriam ir a um psiquiatra? Se em Espanha, de 1936 a 1939, morreram cerca de um milhão de pessoas e hoje o nome de Francisco Franco continua presente em ruas e praças, porque razão, aqui, em Portugal, o nome de Salazar não pode ser invocado que causa logo dores de barriga a muita gente?
Para terminar, só gostava de dizer que a Câmara Municipal de Santa Comba Dão faz muito bem em criar a “Marca Salazar”. Quem está errado, por incrível que pareça, não será esta autarquia, mas sim tantos recalcados que temos por cá. Deixem lá o homem descansar em paz. Deixem a edilidade Santa-combense tratar da sua vida, procurando capitalizar os nomes históricos que nasceram e passaram na sua terra.

P.S. -AOS MEUS AMIGOS QUE DESCONHECIAM ESTE MEU PENSAR, LAMENTO DESILUDI-LOS. SÓ TÊM UM CAMINHO: SE NÃO GOSTAM NÃO COMAM)


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6 comentários:

Ana disse...

Concordo consigo Luis e não fico nada chocada. Se formos a ver bem as coisas, o nosso ditador, comparado com os demais, até foi bem soft. Claro que foi um ditador, claro que eu não vivi durante o estado novo e não sei a miséria pela qual as pessoas passaram, vivo agora, que os grandes empregos na edp, cp e que tais acabaram, acabaram também as grandes reformas. claro que posso expressar-me à vontade mas miséria também há muita.
o que as pessoas se parecem esquecer sempre (e isso é que me choca) é que é impossivel uma pessoa impor-se sozinha à força, os ditadores não governam sozinhos, para haver um governo assim há muita gente a compactuar e a trabalhar para ele, e muitos de bom grado. Claro que não simpatizo nada com Salazar e com o que ele fez mas ele não estava nada sozinho...
beijos

Avelino disse...

CARO AMIGO

QUANTO Á "IRRITAÇÃO" DE QUANDO SE FALA EM SALAZAR, É SIMPLES.

O POVO PORTUGUES É MANHOSO E NÃO GOSTA DE TRABALHAR MAS SIM GANHAR MUITO.

DEPOIS A CARATERISTICA INVEJA, SEM PRE QUE ALGUEM SOBRESAI PELA INTELIGENCIA, HONRADÊS, SERIO E PATRIOTA, É LOGO O BOTA-ABAIXO MAIS POSSIVEL, DENEGRI-LO, MAS MESMO ASSIM NAO CONSEGUEM.

SALAZAR ESTEVE ACIMA DE TODAS ESTAS PEQUENAS COISAS....FOI UM GRANDE ESTADISTA, UM GRANDE HOMEM, E NINGUEM MAIS ATE HOJE ESTEVE AO SEU NIVEL.

SERIO,HONESTO, DEVOTO INTELIGENTISSIMO, NUNCA ACEITEI O 25.4.74-TRAIÇAO A PORTUGAL COMO NUINCA VISTO.

SINTO UMA ADMIRAÇÃO MUITO GRANDE POR ESTE HOMEM, O QUE ME TORNA HOJE UM "INADAPTADO" A ESTA DEMOCRACIA QUE DESTRIU UMA NAÇAO E UMA HISTORIA DAS MAIS BELAS DO MUNDO.
OS ABRILEIROS NUNCA TERAO PERDAO.

UM ABRAÇO

Avelino disse...

CARA AMIGA ANA

SENÃO VIVEU NO ESTADO NOVO COMO PODE FALAR, E PEÇO-LHE DESCULPE MAS SALAZAR NÃO FOI DITADOR, MAS SIM AUTORITARIO E SE ASSIM NÃO FOSSE PORTUGAL JA TINHA ACABADO NA 1ª REPUBLICA DE LADRÕES QUE FORAM OS AVÔS DESTES AGORA.

CARA ANA, NO TEMPO DO "DITADOR" VOCE PODERIA CORRER PORTUGAL DE PONTA A PONTA SOZINHA E TINHA A CERTEZA QUE VOLTARIA A CASA..E HOJE
VOCE MAL PODE SAIR Á RUA PASSEAR O CÃO OU VER MONTRAS.
MUITO TERIA DE LHE DIZER SOBRE ESSE TEMPO.

MAS ACHO QUE NAO VALE A PENA, AS CABEÇAS ESTÃO BEM OLEADAS PELOS INIMIGOS DE PORTUGAL.

UM ABRAÇO

Anónimo disse...

Salazar foi grande e tudo fez pelo melhor de Portugal (ponto final).

Anónimo disse...

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/perigo-na-linha-de-sintra

um relato de dois jornalistas , mas vivemos ou não vivemos melhor ? realmente desde 74 animação não nos falta !

Unknown disse...

Parabéns,morte aos destruidores dos valores morais e cívicos.FIM.