segunda-feira, 12 de abril de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)



Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "POR AMOR DE DEUS, AJUDEM OS COMERCIANTES!":



Boa tarde Srº Luis Fernandes;
Sobre o tema do comércio da Baixa, já há algum tempo me sinto tentado a transmitir a minha opinião, neste seu já "mundialmente" conhecido veiculo de transmissão de informação.
Hoje não resisti à tentação, se bem que as minhas ideias possam, porventura, ser consideradas absurdas. Não obstante são mais uma opinião e da discussão poderá sair a luz.
Adianto já que a minha opinião é no sentido de que a chave do problema estará sempre, ou pelo menos, esteve sempre, na disponibilidade da Câmara Municipal de Coimbra.
Siga então o meu raciocínio;
A Baixa, o centro histórico, está abandonado e inseguro porque não tem gente. Como é que se pode trazer gente para a Baixa?
Habitação e comércio: proporcionar-lhes condições para residir e para comprar.
Para residir, para além da necessidade de recuperar muitas habitações há um problema essencial, falta de estacionamento.
Solução; disponibilizar gratuitamente estacionamento no Bragaparques, durante a noite, a moradores da baixa, porque estes só necessitam de estacionamento nessa altura do dia.
Quando foi licenciado esse empreendimento deveria ser negociada essa contrapartida. Não o tendo sido o que temos é o estacionamento deserto durante a noite e as pessoas a fugir da Baixa porque não têm sítio para deixar o carro. Uma incongruência.
Quanto ao comércio; o que faz com que as pessoas não venham à Baixa?
Nem mais nem menos que a localização dos empreendimentos comerciais na periferia da cidade (aqui cai por terra a ideia daqueles que defendiam que se devia licenciar os centros comerciais longe das cidades porque perto ou no centro prejudicavam o comércio tradicional).
Solução; parece absurda mas, na minha humilde opinião, que de resto já vi em muitas cidades europeias, é essa mesma que está a pensar: trazer o grande comércio para o centro da cidade.
É absurdo, dirá o senhor, mas olhe que não é; para funcionar é obrigado a criar infra-estruturas, especialmente estacionamento, logo traz pessoas, as quais ao virem ao centro comercial (a céu aberto) circulam nas ruas do centro histórico e compram nas lojas aí localizadas, muitas delas, tradicionais e por isso em ramos do comércio diferentes das existentes nos centros comerciais.
Por exemplo aquele edifício do Bota Abaixo, onde pululam escritórios e consultórios às moscas, porque não foi antes pensado para um grande centro comercial no núcleo histórico da cidade.
E o outro que eu agora não sei o nome, mas que até mete dó, junto ao Terreiro da Erva, em frente à TV Cabo, que comércio tradicional existe aí?
Qual é o prestador de serviços seja médico ou advogado que tem coragem de adquirir e explorar aí um escritório?
Não poderia o mesmo ser incorporado arquitectonicamente no edifício do Bota Abaixo e fazerem um grande centro comercial e chamariz de pessoas.
Ao invés, não sei se me pode confirmar, foi licenciada e prestes a abrir mais uma grande superfície na estrada das Beira, penso, o El Corte Ingles.
Imagine o que seria por exemplo a Praça do Comércio, com dois ou três pisos de estacionamento subterrâneo, com os edifícios que a circundam adaptados a comércio, com o rés-do-chão afecto á restauração e o centro coberto com esplanadas? Seria ou não um óptimo centro comercial?
Bem sei para isso são necessários acessos e estacionamento, mas essa é a parte que cabe á Câmara e ao seu poder/ dever de negociação.
É mais fácil licenciar apenas e nada exigir, ou exigir contrapartidas com destinos suspeitos e que neste lugar não conspirativo, não cabe especular.
A alternativa é a que temos uma praça lindíssima, com uma Igreja de São Tiago, repleta de história, porém tudo pejado de vândalos e indigentes e com os prédios a cair de podres.
Sei que já estou a abusar da sua paciência por isso fico - me por aqui.
Não obstante sou de opinião que são ideiais merecedoras, pelo menos de uma discussão alargada.Se outra for porém a sua douta opinião, por favor apague e não se dê ao trabalho de publicar.

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RESPOSTA DO EDITOR: embora anónimo, naturalmente sem o (a) conhecer, começo por cumprimentá-lo. A seguir vou ao fundo do seu bom texto para lhe dizer que neste blogue tudo é publicável, excepto os insultos gratuitos. Mesmo estes, se tiverem alguma consistência, publico-os da mesma forma, porque, entendo que não estou imune a algum comentário mais desagradável. Tem é de ser justificado. Se me chamarem filho da mãe porque defendi uma determinada posição, não me importo, mas se for apenas pelo prazer de insultar, isso não.
Continuando ainda lá de baixo, gostaria de lhe dizer, com o máximo de humildade possível, que a minha opinião é tão douta quanto a sua ou outra qualquer. São opiniões e valem o que valem. Entenda isto com o máximo de franqueza.
Agora vou opinar sobre o que tão esclarecidamente expõe, começando de cima para baixo:

*A chave do problema está, ou sempre esteve, na Câmara Municipal – ora bem, quanto a mim, a autarquia, enquanto motor de desenvolvimento da cidade, tem obrigação de ser proactiva e, obrigatoriamente, deve andar de braço dado com os comerciantes, industriais, ou outro grupo de actividade que queira investir no perímetro da urbe. O que se passa –e isto já vem muito de trás- é que os sucessivos governos locais do após 25 de Abril andaram sempre de costas voltadas para quem quer criar emprego em Coimbra. Este é o verdadeiro problema que também considero. De tal modo que lhe garanto que aqui na Baixa há comerciantes que odeiam a bom odiar a autarquia. Ou seja, entenda-se as suas políticas seguidas nos últimos anos. Sobretudo –e digo isto sem qualquer interesse partidário-, Carlos Encarnação prometeu muito e nada fez pelo Centro Histórico. Talvez porque o seu ex-vice Pina Prata, para o comércio, em 1998, se transformou num D. Sebastião e veio a revelar-se uma frustração. Como as expectativas estavam altas em 2002, quando Encarnação ganhou as eleições, maior foi a queda de um pedestal inflacionado antecipadamente.
Embora, tenho de salientar, a responsabilidade da extrema aflição do comércio tradicional só em parte lhe cabe responsabilidade. Quanto a mim, este comprometimento já vem de Cavaco Silva, no princípio da década de 1990. A partir daí foi sempre a resvalar para o desaparecimento da pequena loja de rua. Claro que, entenda-se, este comércio sempre foi muito vulnerável pela dificuldade de defender-se organizadamente.
Passando mais incisivamente sobre as medidas que refere:


*Para residir na Baixa há falta de estacionamento –aqui não estou de acordo. O Centro Histórico tem estacionamento até demais. Claro que é a pagar, mas não há outra forma de disciplinar os automóveis nas cidades a não ser onerando o estacionamento. Pode argumentar-se que é demasiado caro. Concordo perfeitamente. É exagerado uma hora custar mais de um euro (num estacionamento que não refiro).


*Disponibilizar estacionamento durante a noite no Bragaparques aos moradores –quando este estacionamento foi inaugurado pela firma de Braga foi estabelecido um contrato com a autarquia de que, em troca de isenção de IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis, aquela firma cobraria apenas cerca de metade da mensalidade aos moradores e comerciantes. O que se veio a verificar, por volta de 2005, se a memória não me falha, é que havia incumprimento continuado desta firma perante o que tinha acordado e a Câmara Municipal denunciou o acordo –saliento que estou a escrever de memória e, sobretudo o que li nos jornais dessa altura. Nem sei se o pleito foi para tribunal.


*Os empreendimentos deveriam estar dentro da cidade –estou completamente de acordo consigo. Mas é agora, depois de vermos as consequências e ao que isto chegou. Posso garantir-lhe que esta é também a opinião do presidente do Sector Comercial da ACIC e a do presidente da APBC. Já conversámos sobre isso. Mas o problema é trazer grandes investimentos para a Baixa. Como é que se faz? Pega-se neles ao colo? Claro que aqui a autarquia pode ajudar, mas, mesmo assim não será fácil –pelo menos por agora- porque eles fazem estudos de mercado antes de se implantarem…e, pelos vistos, o Centro Histórico, por agora, ainda não é apetecível. Tenho a certeza que lá chegaremos.


*O edifício em frente à TV Cabo deveria ser um grande centro Comercial –Ora bem, esse espaço foi pensado para o ser, mas as coisas correram mal ao investidor. Repare que não é o único a andar pelas ruas da amargura: é o Visconde, é o Sofia, é o D. Diniz, é o Avenida, em suma, estão todos a viver uma crise sem precedentes. Claro que entendo que o edifício em frente à TV Cabo poderia servir para outro fim. Isso concordo. Mas vou dizer-lhe o que aconteceu comigo. Há cerca de três anos, fui falar com o dono para que, dentro do espaço que é lindíssimo, deixasse fazer uma feira de velharias e antiguidades todos os Domingos. Sabe o que me respondeu, mostrando um pleno desinteresse? “Não dá. Sabe, o vigilante que anda aí não trabalha ao Domingo, era preciso pagar-lhe horas extraordinárias…e isso é complicado!”. A ideia morreu na praia.


*O El Corte Inglês na Baixa –tomáramos todos que ele viesse. Os espanhóis é que não quiseram. Evidentemente que não sei se foi feita alguma força por parte da câmara. Mas, querendo eles a Solum, meu amigo. Não haveria volta a dar-lhe. Penso eu! A única forma era a autarquia não licenciar o empreendimento e isso poderia fazê-lo. E devia. Tendo em conta o excesso de oferta comercial em Coimbra.


Meu amigo (a), volte quando quiser. Esta página está inteiramente ao seu dispor. Para si e para todos que escrevam de forma correcta como o senhor(a) o fez.
Obrigado e um grande abraço.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já houve quem defendia um casino na Baixa.Porque não?